Microeconomia Modelo empírico do mercados 1 Introdução 2 Introdução • Tendo o indivíduo liberdade de acção, os modelos empíricos (do comportamento) tornam-se limitados na previsão das alterações induzidas por choques exógenos de tipo diferente dos que ocorreram no passado. 3 Introdução • É necessário usar modelos teóricos que sejam suficientemente genéricos e distantes da realidade empírica a ponto de abarcarem novas situações. – Modelos “profundos” 4 Introdução • Como a realidade económica resulta da agregação das decisões individuais, • Os modelos profundos terão que ter por base teorias quanto à tomada de decisão individual. – Modelos à escala “micro” – Esta argumentação faz parte da critica de Lucas 5 Robert E. Lucas Júnior (1937-) Prémio Nobel de 1995 6 Introdução • Os modelos “micro”, sendo construções do intelecto, terão como desvantagem serem apenas hipóteses explicativas, mais ou menos fundamentadas, e não verdades incontestáveis. – Os princípios teóricos não são observáveis 7 Introdução • No sentido de desenvolvermos a necessidade dos modelos profundos, • Apresentamos em primeiro lugar um modelo empírico do mercado, – Posteriormente, aprofundamos este modelo e estudamos alguns problemas de política. 8 Objecto da Microeconomia • Objecto. A Microeconomia trata das decisões dos agentes económicos de pequena dimensão (etimologicamente, micro que dizer pequeno). – Além do indivíduo, pode ser a família, a empresa, etc. mas nunca um país. 9 Objecto da Microeconomia • Os bens e serviços crêem-se homogéneos mesmo que comportem algum grau de agregação – e.g., Maçãs, produtos vegetais frescos. 10 Objecto da Microeconomia • À escala “micro”, a decisão dos indivíduos quanto à afectação dos recursos escassos (i.e., bens e serviços) tem como principal variável o preço relativo. – Teoria dos preços relativos. 11 Objecto da Microeconomia • Por oposição, temos a Macroeconomia que trata das questões agregadas ao nível dos países. – Os preços têm muito menor importância. 12 Limitações da micro-teoria • Limitações. Uma das criticas mais fortes ao uso da escala “micro” é que dois indivíduos idênticos não tomam necessariamente a mesma decisão. 13 Limitações da micro-teoria • Será o modelo que erra (e.g., por falta de informação)? • Será o individuo que erra (e.g., 30% do comportamento é racional e o restante é aleatório)? 14 Limitações da micro-teoria • Modelo: apesar de parecerem idênticos, cada indivíduo tem uma história diferente que é desconhecida. – Apenas se a história fosse perfeitamente conhecida é que seria possível uma previsão sem erro. 15 Limitações da micro-teoria • Indivíduo: a capacidade de cérebro é limitada, não problemas muito complexos. • O pensamento humano parcialmente aleatório (tipo Monte Carlo). cálculo do resolvendo pode ser Método de 16 Limitações da micro-teoria • Os resultados microeconomicos devem ser interpretados como uma tendências e não podem ser olhados no pormenor. • São importantes porque permitem compreender a economia em novas situações – e.g., quando forem aplicadas novas políticas 17 Limitações da micro-teoria • Para o gestor, são importantes por estarem ao nível dos preços e das quantidades. • Permite a compreensão da resposta dos mercados à alteração das suas acções. 18 Ciência positiva • Economia positiva. • Para que haja progresso terá que ser gerado conhecimento novo. – Se nos contentarmos em saber bem o que a geração anterior criou, não podemos aspirar a ter um nível de vida superior. 19 Ciência positiva • A imaginação é mais importante que o conhecimento. Porque o conhecimento está limitado ao que sabemos e compreendemos enquanto que a imaginação abarca todo o mundo e tudo o que vier a ser conhecido e compreendido. Albert Einstein (1879-1955) 20 Ciência positiva • Para que possa haver conhecimento novo, o conhecimento antigo tem que poder ser retomado por qualquer outro homem sem necessidade de o refazer. • Terá que ser utilizado um método objectivo de criação de conhecimento: o método científico. – Terá que ser universal e não pessoal. 21 Ciência positiva • O método científico é positivo – i) o investigador não emite opinião moral sobre o fenómeno (i.e., se a Natureza está bem ou mal); – ii) o conhecimento é um modelo (matemático) da realidade (e não a realidade); – iii) resultam dos modelos predições que podem ser testadas empiricamente e; – iv) apenas as hipóteses explicativas que estão em acordo com a realidade é que podem ser aceites como válidas (não basta não poder provar que são falsas). 22 Ciência positiva • Por exemplo, • É um facto que existem OVNIs. • E não se pode provar que não sejam máquinas extraterrestres. • Mas, a sua existência não é uma evidência positiva de que existam extraterrestres. 23 Ciência positiva • O conhecimento científico serão hipóteses sobre a realidade – vão sendo progressivamente reforçadas e aceites por uma percentagem cada vez maior de pessoas, – ou enfraquecidas e aceites por uma percentagem cada vez menor de pessoas. 24 Ciência positiva • Por exemplo, • A teoria de evolução das espécies é actualmente uma teoria muito forte e aceite por muitas pessoas. • No entanto, há muitas pessoas que não a aceitam. 25 Conhecimento normativo • Economia normativa. • Além de haver muito conhecimento não objectivo (e.g., o conhecimento estético, religioso ou filosófico) • o fim último do conhecimento é a tomada de decisão (i.e., a acção). 26 Conhecimento normativo • A acção obriga a classificar as situações como boas ou más e saber o sentido de evolução que melhora as situações. – e.g., eu dizer que a pobreza tem que ser combatida pressupõe que é uma coisa má. Então, estou a adoptar uma perspectiva normativa: o que fazer para transformar a realidade no sentido que eu penso ser bom. 27 Exercício • Ex1.1: Que analises têm subjacente uma perspectiva positiva ou normativa? • A) Se a EU liberalizar a politica de vistos para os indivíduos de elevada escolaridade, os países africanos ficam sem médicos; • B) Quando a temperatura desce, o preço das verduras aumenta; 28 Exercício • C) Os subsídios agrícolas da EU são prejudiciais às economias dos países africanos; • D) O investimento das autarquias deve ser canalizado para os espaços públicos (e.g., jardins e vias de comunicação) em desfavor dos espaços privados (e.g., habitação e estacionamento). 29 Exercício • R: A) e B) Perspectiva positiva; • C) e D) Perspectiva normativa. 30 Factos estilizados • Factos estilizados. A Natureza é demasiado complexa para as nossas capacidades de observação e raciocínio • É necessário que decomponhamos (i.e., analisemos) a realidade em algumas variáveis assumidas como independentes e que nos concentremos apenas nas tendências gerais dessas variáveis de estudo. 31 Factos estilizados • e.g., o salário de uma pessoa depende de muitos factores e condicionantes: – se é homem ou mulher, a sua experiência, o jeito natural, a idade, a altura e peso, etc. • Mas, se nos concentrarmos nas “mais importantes”, observa-se que, em média, existe uma tendência positiva entre o nível de escolaridade e o salário. 32 Factos estilizados • Denominam-se por factos estilizados. • as “grandes tendência” das variáveis e dos seus relacionamentos. • e.g., quando a temperatura desce, aumentam as vendas de guarda-chuvas e diminuem as de gelados. 33 Modelo empírico de mercado 34 Modelo empírico de mercado • As pessoas necessitam de trocar bens e serviços entre si. – Os indivíduos apreciam o consumo diversificado de bens e serviços. – têm uns b&s em grande quantidade e outros em pequena quantidade • por haver diversidade de clima, de recursos naturais ou resultante da especialização na produção 35 Modelo empírico de mercado • e.g., as pessoas que vivem à beira-mar têm muitas sardinhas e pouco milho enquanto que as que vivem mais no interior têm muito milho e poucas sardinhas. • Todas as pessoas melhoram se houver a possibilidade de trocar sardinhas por milho. 36 Modelo empírico de mercado • O preço traduz a razão de troca entre cada par de bens, – e.g., eu troco três kg de milho por cada kg de sardinhas preço da sardinha = 3kg milho/kg – Como vivemos numa economia com moeda, cada bem terá o seu preço monetário. – Cada b&s será vendido/comprado contra uma quantidade de moeda. 37 Modelo empírico de mercado • No modelo do mercado de um b&s existem – variáveis endógenas: o preço nominal e a quantidade transaccionada – variáveis exógenas: múltiplos parâmetros. 38 Modelo empírico de mercado • Em termos empíricos, a quantidade transaccionada é um fluxo físico que varia consoante o preço do bem ou serviço. – Também pode ser apenas uma quantidade 39 Modelo empírico de mercado • Por necessidade empírica, o fluxo é uma média em referência a uma unidade de tempo – Barris de petróleo por dia – Toneladas de carne de vaca por mês • O preço é em unidades monetárias por unidade física do bem ou serviço – Euros por consulta 40 Modelo empírico de mercado • Se não houvesse alterações nas variáveis exógenas (que traduzem tudo que é exterior ao preço e quantidades), • O mercado estaria sempre igual: – Um determinado preço – Um determinado fluxo e.g., ao preço de 1€/t são transaccionadas 10t/dias de maçãs 41 Modelo empírico de mercado 42 Modelo empírico de mercado • Mas as variáveis (que assumimos) exógenas estão em constante alteração, – A temperatura, o vento, a humidade, a hora – Os preços de outros bens e serviços – Os preços das matérias primas – A bolsa, a taxa de câmbio – O meu nível de glicemia no sangue – etc. 43 Modelo empírico de mercado • O mercado, quanto a preços e quantidades, vai sofrer influência de todas as variáveis exógenas, alterando-se hora a hora as quantidades transaccionadas e os preços 44 Modelo empírico de mercado preço 2,00 € 1,50 € 1,00 € 0,50 € 0,00 € 0 5 10 Quantidade15 (t) 45 Modelo empírico de mercado • Desta figura não é possível conjectura qualquer regularidade que possa ser aproveitada na explicação da evolução das variáveis endógenas. – Quando ocorrem alterações exógenas • No sentido de descobrir as Leis da Natureza que caracterizam o mercado, teremos que analisar acontecimentos isolados. 46 Modelo empírico de mercado • Vamos “analisar” o mercado – i.e., parti-lo em três partes – análise parcial • Walras (1834-1910) e, principalmente, Cournot, (1801-77) e Marshall (1842-1924). • Existem agentes económicos – “especializados” em vender – “especializados” em comprar – O mercado vai compatibilizar os dois tipos 47 Modelo empírico de mercado • Existem alterações exógenas que afectam (mais) a decisão dos compradores e não afectam (tanto) a decisão dos vendedores. • Vejamos primeiro “alterações da procura” – São alterações do padrão de procura induzidos por alterações dos valores das variáveis exógenas ao mercado. 48 Modelo empírico de mercado • e.g., nos últimos anos, a apetência para consumir milho tem aumentado – na alimentação animal e humana (há + pessoas). – na produção de bio-combustíveis. • As condicionantes da oferta (tecnologia e área disponível) têm-se mantido. – Apresento na figura seguinte a evolução do mercado (preço e quantidade transaccionada) • dados inventados 49 Modelo empírico de mercado 400 € 130 Mt Preço 350 € 125 300 € 120 250 € 115 Quantidade 200 € 150 € 100 € 1990 110 105 1995 2000 2005 100 Ano 50 Modelo empírico de mercado • Nesta figura nota-se uma regularidade na evolução das variáveis endógenas (estão positivamente correlacionadas) • Façamos um gráfico com os preços de transacção e com as quantidades transaccionadas – quando aumenta o preço de mercado, também aumenta a quantidade transaccionada. 51 Modelo empírico de mercado preço 400 € 350 € 300 € 250 € 200 € 150 € 100 € 100 105 110 115 Quantidade 120 (Mt) 52 Modelo empírico de mercado • Nesta figura, em simultâneo com o aumenta do preço de mercado, observase um aumento da quantidade transaccionada. – Se houver um novo reforço da procura, o preço e a quantidade transaccionada aumentarão. 53 Modelo empírico de mercado • e.g., os consumidores apreciam mais as verduras cruas no Verão que no Inverno, não havendo diferenças na produção. • O mercado tem dois períodos distintos: o Verão e o Inverno. • Apresento na figura seguinte a evolução do preço e da quantidade transaccionada de verduras (dados simulados) 54 Modelo empírico de mercado Preço 1,7 1,6 Verão 1,5 1,4 1,3 Inverno 1,2 1,1 100 110 120 130 140 150 Quantidade 160 170 55 Modelo empírico de mercado • Nesta figura também, em simultâneo com o aumenta do preço de mercado, observase um aumento da quantidade transaccionada. • Em ambos os exemplos, a um preço mais elevado está associada uma quantidade transaccionada maior. 56 Modelo empírico de mercado • Vejamos agora “alterações na oferta” • e.g., a produção de leite é menor quando o Inverno é seco e vice-versa. • O consumo não se altera. • Apresento na figura seguinte a evolução do preço e da quantidade transaccionada de leite (dados simulados) 57 Modelo empírico de mercado Preço 400 (€/t) 390 Seco 380 370 Húmido 360 350 100 105 110 115 Quantidade (Mt) 120 125 58 Modelo empírico de mercado • Observa que um preço mais elevado está associado a uma menor quantidade transaccionada. • Esta associação é contrária à “observada” nos dois primeiros exemplos. – Parecia que estávamos a avançar mas voltamos a não ter uma associação clara entre preços e quantidades. 59 Modelo empírico de mercado • Em termos económicos, estas associações opostas devem representar fenómenos económicos diferentes. – Uma deve representar as decisões dos vendedores enquanto que outra deve representar as decisões dos compradores. 60 Modelo empírico de mercado • Curva da oferta: Quando se alteram as condições da procura, o que se torna visível são as decisões dos vendedores – Como a quantidade vendida é influenciada pelo preço de mercado. – Os vendedores, para um preço mais elevado, disponibilizam-se a vender maior quantidade. 61 Modelo empírico de mercado • Curva da oferta: Será uma função com uma relação positiva entre a quantidade disponível para venda e o preço de mercado S(p) tem derivada positiva. • S de supply 62 Modelo empírico de mercado • Curva da procura: Quando se alteram as condições da oferta, o que se torna visível são as decisões dos compradores – Como a quantidade comprada é influenciada pelo preço de mercado. – Os compradores, para um preço mais elevado, disponibilizam-se a comprar menor quantidade 63 Modelo empírico de mercado • Curva da procura: Será uma função com uma relação negativa entre a quantidade disponível para venda e o preço de mercado D(p) tem derivada negativa. • D de demand 64 Modelo empírico de mercado • Equilíbrio de mercado: As vontades dos vendedores e dos compradores encontram-se no mercado. S(p) encontra-se com D(p) • O mercado vai encontrar o preço que compatibiliza as vontades de ambos. 65 Modelo empírico de mercado • Equilíbrio de mercado: O encontro das vontades traduzem-se por a quantidade que os vendedores pretendem vender igualar a quantidade que os compradores pretendem comprar. – Será a quantidade mercado. transaccionada no 66 Modelo empírico de mercado Preço 130 C. Procura 120 Equilíbrio C. Oferta 110 100 90 100 105 110 115 120 125 Quantidade 130 67 Modelo empírico de mercado • Apesar de considerarmos S(p) e D(p), em termos gráficos representamos as funções inversas – A quantidade está no eixo horizontal e o preço no eixo vertical – Torna difícil compatibilizar o raciocínio “matemático” com o raciocínio “gráfico”. 68 Modelo empírico de mercado • Non-tâtonnement de Walras: No mercado apenas existem as transacções do ponto de equilíbrio. – tâtonnement: tentativa e erro Enquanto o mercado está fechado, os agentes calculam o ponto de equilíbrio. Quando o mercado abre, realizam-se as transacções. 69 Modelo empírico de mercado • Não nos vamos preocupar agora sobre uma teoria profunda para o equilíbrio de mercado. • Aqui é apenas uma Lei da Natureza. 70 Exercício • Ex1.2: Sendo a curva de oferta de mercado dada por S(p) = 50 + 0.25p e a curva de procura de mercado dada por D(p) = 100 – 0.75 p, determine a quantidade transaccionada no mercado e a que preço. 71 Exercício • O preço garantirá que as quantidades que querem vender são iguais às quantidades que querem comprar S(p) = D(p) 50 + 0.25p = 100 – 0.75p p = 50€ e Q = 62.5€/u. 72 Modelo empírico de mercado • A curva da oferta e a curva da procura apenas traduzem vontades e não realizações – Os vendedores apenas vendem o que os compradores compram e vice-versa. • De todas as curvas, apenas o “ponto” de equilíbrio é que vai ser concretizado 73 Modelo empírico de mercado • Assim, há que distinguir claramente a oferta e a procura enquanto curvas da oferta e da procura enquanto quantidades transaccionadas. – Curva da oferta vs. quantidade oferecida – Curva da procura vs. quantidade procurada 74 Alterações nas curvas de oferta e de procura. 75 Alterações na curva de oferta • Deslocamento da curva de oferta. Quando há alterações nos valores das variáveis exógenas que influenciam a vontade dos vendedores, dizemos que acontece um deslocamento da curva de oferta como um todo. – Uma “visão” gráfica. 76 Alterações na curva de oferta • Enfraquecimento da oferta: quando, para cada preço, diminui a quantidade que os vendedores disponibilizam para venda. – e.g., quando o vento destrói as estufas da nossa região, a curva de oferta de legumes enfraquece. – Traduz-se, graficamente, pelo deslocar da curva de oferta para a esquerda (e para cima). 77 Alterações na curva de oferta Preço 130 C. Procura 120 o P. Equilíbrio muda 110 100 C. Oferta 90 100 105 110 115 120 125 Quantidade 130 78 Alterações na curva de oferta • Fortalecimento da oferta: quando, para cada preço, aumenta a quantidade que os vendedores disponibilizam para venda. – e.g., o acordo multifibras, ao permitir aos chineses vender camisas na EU, fez com que a curva de oferta de camisas se fortalecesse. – Traduz-se, graficamente, pelo deslocar da curva de oferta para a direita (e para baixo). 79 Alterações na curva de oferta 130 Preço C. Procura 120 110 o P. Equilíbrio muda 100 C. Oferta 90 100 105 110 115 120 130 125 Quantidade 80 Alterações na curva de oferta • Podemos ver que quando há alterações na curva de oferta, ceteris paribus, o equilíbrio de mercado torna visíveis pontos ao longo da curva de procura. – Do enfraquecimento da oferta resulta um aumento do preço e diminuição da quantidade transaccionada – Do fortalecimento da oferta resulta uma diminuição do preço e um aumento da quantidade transaccionada. 81 Alterações na curva de oferta • ceteris paribus é uma expressão latina que traduz a condição de que tudo o resto (neste caso, a curva da procura) se mantém inalterado. – É a condição imposta na análise e equilíbrio parcial. – Na análise parcial temos em atenção metade de um mercado – No equilíbrio parcial temos o mercado de um bem ou serviço. – Em termos matemáticos consiste na “análise de derivadas parciais”. 82 Exercício • Ex1.3: Referente a cada ano, a curva de oferta de leite (Mt) é influenciada pela pluviosidade (mm) e a curva de procura não: S(p) = 50 + 0.50p + 0.10h, D(p) = 150 – 0.75 p. • Determine como se altera o mercado (preço e quantidade) se num ano a pluviosidade for maior em 1mm? 83 Exercício • R: O equilíbrio de mercado será onde S = D 50 + 0.50p + 0.01h = 150 – 0.75p 1.25p = 100 – 0.01h p = 80 – 0.008h e Q = 90 + 0.006h. Um aumento da pluviosidade em 1mm, ceteris paribus, induz um aumento da quantidade transaccionada de 0.006Mt e uma diminuição do preço de 0.008€/l. 84 Alterações na curva de oferta • Apesar de a pluviosidade não alterar a (curva da) procura, influencia (indirectamente) a quantidade adquirida e o preço de aquisição 85 Alterações na curva de procura • Deslocamento da curva de procura. Quando há alterações nos valores das variáveis exógenas que influenciam a vontade dos compradores, dizemos que acontece um deslocamento da curva de procura como um todo. – A mesma “visão” gráfica. 86 Alterações na curva de procura • Enfraquecimento da procura: quando, para cada preço, diminui a quantidade que os compradores pretendem adquirir. – e.g., no Inverso existe um enfraquecimento da procura de gelados. – O enfraquecimento, graficamente, faz com que a curva de procura se desloque para a esquerda (e para baixo). 87 Alterações na curva de procura Preço 130 C. Procura 120 C. Oferta 110 o P. Equilíbrio muda 100 90 100 105 110 115 120 125 Quantidade 130 88 Alterações na curva de procura • Fortalecimento da procura: quando, para cada preço, aumenta a quantidade que os compradores pretendem adquirir. – e.g., quando chove, existe um fortalecimento da procura de guarda-chuvas. – O fortalecimento, graficamente, faz com que a curva de procura se desloque para a direita (e para cima). 89 Alterações na curva de procura Preço 130 C. Procura 120 o P. Equilíbrio muda 110 100 C. Oferta 90 100 105 110 115 120 125 Quantidade 130 90 Alterações na curva de oferta • Quando há alterações na curva de procura, ceteris paribus, o equilíbrio de mercado torna visíveis pontos ao longo da curva de oferta. – Do enfraquecimento da diminuição do preço transaccionada – Do fortalecimento da aumento do preço transaccionada. procura resulta uma e da quantidade procura resulta um e da quantidade 91 Exercício • Ex1.4: Numa região, onde normalmente se consumem 100u./dia de pão a um preço unitário de 0.15€/u., têm-se ultimamente consumido 150u./dia de pão a um preço unitário de 0.18€/u.. • Será que esta alteração é induzida por a ASAE ter fechado uma das padarias? 92 Exercício • R: Não. O fecho de uma das padaria induziria um enfraquecimento na oferta sendo de espera uma diminuição da quantidade transaccionada acompanhada por um aumento do preço. • No entanto, observa-se um aumento do preço em simultâneo com o aumento da quantidade transaccionada o que indicia um reforço da procura. 93 Exercício • Nos ciclos económicos sucedem-se períodos de expansão a períodos de crise. – Na expansão observa-se o aumento dos preços e do produto enquanto que nas crises se observa o contrário. • Serão os ciclos económicos são induzidos por alterações da procura ou da oferta? 94 Exercício • A correlação positiva entre preços e quantidades indicia que os ciclos económicos são induzidos por alterações da curva da procura. – Na expansão há reforço da procura e na crise há enfraquecimento da procura. 95 Exercício • A tendência dos últimos 10 anos no mercado de viagens aéreas é a diminuição dos preços e o aumento da quantidade de viagens. • Poderemos pensar que tal se deve a os consumidores estarem em crise? 96 Exercício • Não. • Uma crise dos consumidores (i.e., um enfraquecimento da procura) levaria à diminuição dos preços mas associada a uma diminuição da quantidade de viagens. • Trata-se de um reforço da oferta 97 Curvas agregadas / individuais 98 Curvas agregadas / individuais • As curvas que se observam no mercado resultam da soma das curvas dos agentes económicos individuais que estão presentes no mercado. – Se, e.g., ao preço de 0.50€/kg o João quer adquirir 3kg de maçãs e a Maria 5kg de maçãs, então, no mercado, ao preço de 0.50€/kg, querem adquirir 8kg de maçãs. – Somam-se as quantidades para cada preço. 99 Curvas agregadas / individuais • No caso de termos as curvas individuais como funções explicitadas em ordem à quantidade, bastará somá-las. – Se o João se caracteriza por dJ(p) = 5 – 0.1p e a Maria por dM(p) = 10 – 0.2p, a curva de mercado será – D(p) = dJ(p) + dM(p) = 15 – 0.3p. – Agregam-se de forma idêntica as curvas de oferta 100 Curvas agregadas / individuais • Ex1.5: Numa mercado existem 1000 compradores idênticos cujas curvas de procura individual são d(p) = 1 – 0.01p e 50 vendedores idênticos cujas curvas de oferta são s(p) = –1 + 0.1p (preço em c/kg). • Qual será a quantidade adquirida por cada comprador e a que preço? 101 Curvas agregadas / individuais • R: Primeiro, somamos para cada preço as quantidades. • Com compradores idênticos, teremos • D(p) = 1000d(p) = 1000.( 1 – 0.01p) D(p) =1000 – 10p. • Com vendedores idênticos, teremos • S(p) =50s(p) = 50.(– 1 + 0.1p) = –50 + 5p. 102 Curvas agregadas / individuais • Segundo, o equilíbrio de mercado que será em • D(p) = S(p) 1000 – 10p = –50 + 5p 15p = 1050 p = 70 c/kg e Q = 300kg. 103 Curvas agregadas / individuais • Terceiro, o preço será o de mercado, p = 70 c/kg, enquanto que a quantidade individual se obtém dividindo o total transaccionado pelos 1000 compradores, q = 0.3 kg – Também podíamos substituir o preço na curva individual 104 Curvas agregadas / individuais • Reforço que a soma das curvas individuais se faz sempre nas quantidades e nunca nos preços. • Supondo que temos a representação gráfica de dois grupos de consumidores (grupo 1 e 2), em termos gráficos, como o preço está representado no eixo vertical, a soma será feita na horizontal 105 Curvas agregadas / individuais Preço 120 100 80 60 S = s1 + s2 40 s2 s1 20 0 0 10 20 30 40 Quantidade 50 60 106 Curvas agregadas / individuais • Ex1.6: A curva de procura é linear e passa por dois pontos conhecidos, para mulheres (1000) e homens (1500). Consumo Mulheres Homens 1 u./mês 1€ 0.5€ 2 u./mês 0.5€ 0.25€ • Determine a curva de procura de mercado 107 Curvas agregadas / individuais • a curva de procura de cada mulher será dm(p) = a + b.p {1 = a + b 2 = a + 0.5b} {a = 3 b = –2} dm(p) = 3 – 2p, p<3/2 • de cada homem será dh(p) = c + d.p {1 = c + 0.5d 2 = c + 0.25d} {c = 3 d = –4} dh(p) = 3 – 4p, , p<3/4 ; 108 Curvas agregadas / individuais • A curva de procura de mercado será D(p) = 1000 dm(p) + 1500 dh(p) = 3000 – 2000p + 4500 – 6000p D(p) = 7500 – 8000p, p ≤ 3/4 D(p) = 4500 – 6000p, 3/4<p ≤ 3/2 • Assumindo S(p) = – 2500 + 2000p, qual a quantidade adquirida por indivíduo? 109 Curvas agregadas / individuais • o equilíbrio de mercado será D(p) = S(p) 7500 – 8000p = – 2500 + 2000p 10000 = 10000p p = 1€/u. • dm(1) = 3 – 2=1u. e dh(1) = 3 – 4= – 1u.X Os homens não estão no mercado: 1>3/4 110 Curvas agregadas / individuais • o equilíbrio será antes D(p) = S(p) 3000 – 2000p = – 2500 + 2000p 5500 = 4000p p = 1.375€/u., p>3/4 • dm(1.375) = 0.25u. e dh(1.375) = 0 u. Os homens não podem comprar uma quantidade negativa: passariam a ser vendedores 111 Variações relativas Elasticidade 112 Variações relativas • Em termos económicos, faz mais sentido a variação relativa que a absoluta. – a variação dos preços aumenta uma percentagem por ano, 2.4% ao ano. – o produto dos países pobres cresce em termos absolutos (€/pessoa/ano) muito menos que o produto dos países ricos mas, a taxa de crescimento anual (é semelhante) é que traduz a melhoria do nível de vida. 113 Variações relativas • Podemos ter uma variação relativa numa variável e uma variação absoluta noutra variável. – Quando o número de passageiros aumenta numa unidade, o consumo de combustível aumenta 1%. – Quando as vendas aumentam em 1%, o consumo de trabalhadores aumenta em 3 unidades. 114 Elasticidade • A variação relativa também pode ser em ambas as variáveis. – Quando as exportações crescem 1%, as importações crescem 1.3%. – Quando as vendas aumentam 1%, as necessidades de pessoal aumentam 0.7%. 115 Elasticidade • Quando temos variação relativa em ambas as variáveis, estamos em presença de uma elasticidade que é uma grandeza sem unidades. – Se a elasticidade do ordenado relativamente à escolaridade for 2, então se a escolaridade aumentar 1%, o ordenado aumenta 2%. – Denomina-se por elasticidade escolaridade do salário 116 Elasticidade • Também faz sentido definir as curvas de procura e de oferta em termos relativos. – na vizinhança do ponto de equilíbrio. – e.g., quando o preço aumenta 1%, a quantidade oferecida aumenta 0.75%. – A elasticidade preço da oferta é 0.75 = a variação relativa da quantidade oferecida quando o preço aumenta em 1% 117 Elasticidade arco • Elasticidade arco. A determinação da elasticidade arco (ou média) é feita quando se conhecem dois pontos da curva e obtém-se dividindo a variação relativa da quantidade pela variação relativa do preço. – e.g., conhecemos os pontos S(5) = 90 e S(7) = 110. – em torno do ponto médio, existe uma variação relativa da quantidade oferecida de (110 – 90)/100 = 20% e uma variação relativa do preço de (7–5)/6 = 33.3% pelo que a elasticidade quantidade oferecida / preço é 20%/33% = 0.6. 118 Exercício • Quando o preço é 10€/kg, os vendedores pretendem vender 12.5t/hora enquanto que quando o preço é de 10.5€/kg, os vendedores pretendem vender 17.5t/hora. • Determine a elasticidade da quantidade oferecida relativamente ao preço 119 Exercício • Variação do preço: (10.5-10)/10.25 = 4.88% • Variação na quantidade (17.5-12.5)/15 = 33.33% • A elasticidade quantidade / preço é 33.33%/4.88% = 6.83 Quando o preço aumenta 1%, a quantidade oferecida aumenta 6.83% 120 Elasticidade arco • Também poderíamos utilizar logaritmos (i.e., ajustar um função isoelástica). • Partindo de dois pontos, (y1, x1) e (y2, x2) determinamos e ajustando y = A.xe: e y A . x ln( y1 ) ln( y2 ) 1 1 e y1 / y2 ( x1 / x 2) e e ln(x1 ) ln(x2 ) y2 A.x2 • Com os pontos D(5) = 90 e D(7) = 110: ln(90) ln(110) e 0.596 ln(5) ln(7) 121 Elasticidade ponto • Elasticidade arco. A determinação da elasticidade ponto é feita com recurso ao cálculo matemático. • é o limite da elasticidade arco quando a diferenças dos preços se aproxima de zero. 122 Elasticidade ponto Q2 Q1 D( p h) D( p) D( p ) Q D( p) D( p) e lim lim p 2 p1 h 0 p2 p1 h p p p p D( p ) p p e D' ( p) p D( p) D • Tem em consideração o valor da derivada da função e os valores da quantidade e do preço no ponto. 123 Elasticidade ponto • Podemos agora confirmar que a elasticidade ponto de y = A.xe é e em qualquer abcissa: x e 1 x y' ( x) A.e.x e y A.xe 124 Elasticidade • • • • • Procura elástica ou inelástica: Se a elasticidade da função (procura) for maior que um, a procura é inelástica for menor que um, a procura é elástica. No caso fronteira, a procura é de elasticidade unitária. 125 Exercício • Ex1.7: Sendo as funções procura e oferta D(p) = 100 – p S(p) = –10 + 10p, • No ponto de equilíbrio, qual a elasticidade da procura? – Quanto aumenta, em termos percentuais, as intenções de aquisição quando o preço aumenta 1%? 126 Exercício • R: O equilíbrio é D(p) = S(p) 100 – p = – 10 + 10p p = 10€/u. e Q = 90u. • A elasticidade no ponto é D’(p).p/Q = –1x10/ 90 = – 0.11. • Se o preço aumentar 1%, a quantidade procurada diminui 0.11%. 127 Elasticidade preço da procura • Meio de transporte, utilização Viagem de avião, passeio Viagem de comboio, passeio Viagem de avião, negócios Viagem de comboio, negócios –1.52 –1.40 –1.15 –0.70 (Fonte: Besanko, 2ªed, Table 2.2) 128 Exercício • Ex1.8: Sendo que a curva de procura se fortalece com o rendimento disponível, D(p) = 100 – p + 0.25R, e a curvas de oferta é S(p) = –10 + 5p, para um rendimento de 1000€ qual será a variação relativa da quantidade procurada induzida por um aumento do rendimento em 1%? 129 Exercício • O equilíbrio será D(p) = S(p) 100 – p + 0.25R = –10 + 5p 360 = 6p p = 60€/u. e Q = 290u. • A elasticidade no ponto será relativamente ao rendimento D’R(p).R/Q = 0.25x1000/290 = 0.86. • Então, o aumento de 1% no rendimento induz um aumento de 0.86% na quantidade procurada. 130 Elasticidade rendimento da procura • Alimentos Natas Maças Ervilhas frescas Cebolas Manteiga Margarina 1.72 1.32 1.05 0.58 0.37 –0.20 (Fonte: Besanko, 2ªed, Table 2.4 ) 131 Aplicações Intervenções do governo 132 Intervenções do governo • O governo, por vezes, julga que o mercado não está a funcionar de forma conveniente • Intervém no sentido de alterar os preços e a quantidade transaccionadas. • Vamos considerar, – a imposição de um preço máximo ou mínimo – a cobrança de um imposto ou atribuição de um subsídio 133 Imposição de um preço máximo ou de um preço mínimo 134 Imposição de um preço máximo • Por vezes, os governos intervêm no mercado impondo um preço máximo. • e.g., o mercado aponta para que o preço do pão suba de 0.15€/u. para 0.20€/u. mas o governo, pensando defender os consumidores, impõe que o preço não possa ultrapassar os 16€/u. 135 Imposição de um preço máximo • A imposição de um preço máximo apenas existem efeitos no mercado da imposição de um preço máximo se o preço imposto for inferior ao preço de equilíbrio de mercado. • • e.g., se o governo impusesse que o preço do pão não podia ultrapassar 1.00€/u., a política não teria qualquer efeito. Já a imposição de um preço máximo de 0.16€/u. terá efeitos no mercado. 136 Imposição de um preço máximo • A imposição de um preço máximo inferior ao preço de equilíbrio induz uma • Diminuição da quantidade transaccionada • Diminuição do preço de mercado. – É semelhante a um enfraquecimento da procura 137 Imposição de um preço máximo Preço 2,4 D S 2,2 2 1,8 1,6 1,4 95 100 105 110 Quantidade 115 138 Imposição de um preço máximo • Ao preço máximo obrigatório, os consumidores estariam disponíveis para consumir maior quantidade mas os vendedores não estão disponíveis para colocar à venda tanta quantidade. • Observa-se que deixa de haver mercadoria disponível: no caso dos bens, as prateleiras ficam vazias e, no caso dos serviços, aumenta o tempo de espera para o atendimento. 139 Imposição de um preço máximo • Pode ainda verificar-se uma degradação da qualidade do bem ou serviço e surgir um mercado paralelo em que as transacções acontecem a um preço maior que o valor máximo imposto pelo governo. • Nas situações de imposição de um preço máximo efectivo, o mercado vai ficar fora do “normal” ponto do equilíbrio e sobre a curva da oferta. 140 Exercício • Ex1.9: Num mercado de pão, as curvas de procura e oferta são D(p) = 280 – 6p S(p) = 80 + 4p – (preço em c./carcaça e quantidade em milhares de carcaças). • Qual o “normal” equilíbrio de mercado e que alterações induz o governo ao impor 16c./carcaça como preço máximo? 141 Exercício • R: 1) O equilíbrio de mercado será D(p) = S(p) 280 – 6p = 80 + 4p 200 = 10p p = 20 e Q = 160. • Se for imposto 16c/carcaça como preço máximo, então Q = menor{280 – 6p; 80 + 4p} Q = menor{184; 144} = 144. – O mercado vai ficar sobre a curva de oferta. 142 Imposição de um preço mínimo • Os governos também podem intervir no mercado pela imposição de um preço mínimo. • e.g., o mercado aponta para que o preço da carne de vaca diminua de 5.00€/kg para 3.50€/kg mas o governo, pensando defender os agricultores, decreta que o preço não pode ser inferior a 4.00€/kg. 143 Imposição de um preço mínimo • Apenas existirão efeitos desta política se o preço mínimo for superior ao preço de equilíbrio. • Se, no exemplo, o governo impusesse que o preço da carne não podia ser menor que 1.00€/kg não haveria qualquer alteração no mercado. 144 Imposição de um preço mínimo • A imposição de um preço mínimo superior ao preço de equilíbrio normal induz uma diminuição da quantidade transaccionada e um aumento do preço de mercado. – É semelhante a um enfraquecimento da oferta 145 Imposição de um preço mínimo Preço 4,5 D 4 S 3,5 3 100 102 104 106 108 110 112 Quantidade 114 146 Imposição de um preço mínimo • Ao preço mínimo obrigatório (mais elevado que o de equilíbrio normal), os vendedores estariam disponíveis para vender maior quantidade mas os compradores não estão disponíveis para adquirir tanta quantidade. • Observa-se que começa haver excesso de mercadoria disponível: no caso dos bens, as prateleiras ficam cheias e, no caso dos serviços, não existem clientes. 147 Imposição de um preço mínimo • Como os vendedores têm muitos stocks, surge um mercado paralelo em que as transacções acontecem a um preço de saldo (preço menor que o obrigatório). • Nas situações de imposição de um preço mínimo efectivo, o mercado vai ficar fora do normal ponto do equilíbrio e apenas sobre a curva da procura. 148 Exercício • Ex1.10: No mercado de carne, as curvas de procura e de oferta são D(p) = 430 – 60p S(p) = 80 + 40p – (preço em €/kg e quantidade em mil kg). • Qual o equilíbrio de mercado e que alterações induz o governo ao impor 4€/kg como preço mínimo? 149 Exercício • R: O equilíbrio de mercado será D(p) = S(p) 430 – 60p = 80 + 40p 350 = 100p p = 3.5€ e Q = 220t. • Se for imposto 4€/kg como preço mínimo, Q = menor{430 – 60p; 80 + 40p} Q = menor{190; 240} = 190. • O mercado vai ficar sobre a curva de procura. 150 Exercício • Ex1.11: Num hipotético mercado, as curvas de procura D e de oferta S são dadas na tabela seguinte. • Qual será o preço e a quantidade transaccionada em equilíbrio de mercado? • Qual será a quantidade transaccionada se o governo impuser 4€/kg como preço máximo? E 10€/kg como preço mínimo? 151 Exercício p 2€/kg D 150kg S 4€/kg 140kg 80kg 6€/kg 130kg 130kg 8€/kg 120kg 137kg 10€/kg 110kg 140kg 12€/kg 100kg 155kg 25kg 152 Exercício • Equilíbrio de mercado é p = 6€/kg e Q=130kg • Para 4€/kg como preço máximo p = 4€/kg e Q = 80 kg • Para 10€/kg como preço mínimo p = 10€/kg e Q = 110 kg 153 Cobrança de um imposto Atribuição de um subsídio 154 Cobrança de um imposto • Os governos também podem intervir no mercado cobrando um imposto sobre o preço, tipo IVA. • Os objectivos do governo são, além de controlar o mercado, obter rendimentos para cobrir os custos do seu funcionamento e poder atribuir subsídios noutros mercado. 155 Cobrança de um imposto • O imposto faz com que o preço que os compradores pagam seja superior (no valor do imposto) ao preço que os vendedores recebem. • O imposto aumenta o preço que os consumidores pagam e diminui o preço que os vendedores recebem de forma que diminui a quantidade transaccionada. 156 Cobrança de um imposto Preço 4,5 D 4 S Imposto 3,5 3 2,5 100 102 104 106 108 110 112 Quantidade 114 157 Cobrança de um imposto • Na figura, inicialmente no mercado são transaccionadas 110u. ao preço de 3.5€/u. • O imposto de 1€/u. faz diminuir a quantidade transaccionada para 105u., aumentar o preço que os compradores pagam para 4€/u. e diminuir o preço que os vendedores recebem para 3€/u. 158 Exercício • Ex1.12: No mercado de bacalhau, as curvas de procura e oferta são D(p) = 1500 – 50p S(p) = 950 + 5p – preço em €/kg e quantidade em toneladas. • Qual o equilíbrio de mercado? • Que alterações induz a imposição de 3€/kg de imposto? 159 Exercício • R: O equilíbrio de mercado será D(p) = S(p) 1500 – 50p = 950 + 5p 550 = 55p p = 10€/kg e Q = 1000kg. 160 Exercício • R: 2.1) Se for cobrado o imposto de 3€/kg, o cálculo do novo ponto de equilíbrio de mercado pode ser feito ao preço dos vendedores (o pc será maior que o pv). pc = pv + 3 D(pv + 3) = S(pv) 1500 – 50(pv+3) = 950 + 5pv 400 = 55pv pv = 7.27€/kg, pc = 10.27€/kg e Q = 986.4kg. 161 Exercício Preço 4,5 D pc4 S Imposto 3,5 pv3 2,5 100 102 104 106 108 110 112 Quantidade 114 162 Exercício • 2.2) De forma equivalente, podemos calcular o novo equilíbrio de mercado ao “preço dos compradores”: pv = pc – 3 D(pc) = S(pc – 3) 1500 – 50pc = 950 + 5(pc – 3 ) 565 = 55pc pc = 10.27€/kg, pv = 7.27€/kg e Q = 990.9t. 163 Exercício • O imposto induz uma redução de 13.6t na quantidade transaccionada, um aumento de 0.27€/kg no preço pago preços compradores e uma redução de 2.73€/kg no preço recebido pelos vendedores. 164 Cobrança de um imposto • Repartição do imposto entre vendedores e compradores. • O imposto, I, induz um aumento do preço que os compradores pagam, pc, e uma diminuição do preço que os vendedores recebem, pv, de tal forma que pc – pv = I 165 Cobrança de um imposto • Podemos calcular, em termos percentuais, a distribuição do efeito relativo do imposto no preço dos compradores e dos vendedores. • Retomando o Ex.1.12, em termos absolutos, o imposto de 3€/kg repartiu-se 0.27€/kg para os compradores e 2.73€/kg para os vendedores. 166 Cobrança de um imposto • Pc passou de 10€/kg para 10.27€/kg • Pv passou de 10€/kg para 7.27€/kg • Em termos relativos, 9% do imposto será suportado pelos compradores e 91% do imposto será suportado pelos vendedores 167 Cobrança de um imposto • Em regra, quanto mais sensível for a curva (da procura ou da oferta) ao preço, menor será a percentagem do imposto suportada (pelo consumidor ou pelo vendedores, respectivamente). 168 Exercício • Ex1.13: Num mercado de seguros, a curva de procura e oferta são • D(p) = 3000 – 10p • S(p) = –750 + 5p – preço em €/seguro e quant. em seguros • Qual o equilíbrio de mercado? • Que alterações induz um imposto de 30€/s e como é distribuído o imposto? 169 Exercício • R: O equilíbrio de mercado será D(p) = S(p) 3000 – 10p = –750 + 5p 3750 = 15p p = 250€/s e Q = 500s. 170 Exercício • Se for cobrado o imposto de 30€/s, o novo ponto de equilíbrio de mercado ao preço dos vendedores será pc = pv + 30 D(pv + 30) = S(pv) 3000 – 10(pv+30) = –750 + 5pv 3450 = 15pv pv = 230€/s, pc = 260€/s e Q = 400s. 171 Exercício • Suportam os compradores (260–250)/30 = 1/3 e os vendedores (250–230)/30 = 2/3 do imposto. 172 Atribuição de um subsídio • Em termos algébricos, um subsídio corresponde a um imposto de sinal negativo. • A atribuição de um subsídio faz com que o preço que os compradores pagam seja inferior (no valor do subsídio) ao preço que os vendedores recebem. 173 Atribuição de um subsídio Preço 4,5 S 4 Subsídio 3,5 3 D 2,5 108 110 112 114 Quantidade 116 174 Atribuição de um subsídio • Na figura, inicialmente no mercado são transaccionadas 110u. ao preço de 3.5€/u. • A atribuição de um subsídio de 1€/u. faz aumentar a quantidade transaccionada para 115u., baixa o preço que os compradores pagam para 3€/u. e aumenta o preço que os vendedores recebem para 4€/u. 175 Atribuição de um subsídio • Ex1.14: No mercado de bacalhau, a curva de procura e de oferta são • D(p) = 1500 – 50p • S(p) = 950 + 5p – preço em €/kg e quantidade em toneladas • Qual o equilíbrio de mercado e que alterações induz a atribuição de 3€/kg de subsídio? 176 Atribuição de um subsídio • R: O equilíbrio de mercado inicial é (ver Ex1.12) p = 10€/kg e Q = 1000kg. • Com o subsídio de 3€/kg, o novo ponto de equilíbrio de mercado (ao pv) será pc = pv – 3 D(pv – 3) = S(pv) 1500 – 50(pv – 3) = 950 + 5pv 700 = 55pv pv = 12.73€/kg, pc = 9.73€/kg e Q = 1013.6kg. 177 Atribuição de um subsídio • O subsídio • Aumenta a quantidade transaccionada de 1000t para 1013.6t • Aumenta o preço dos vendedores de 10€/kg para 12.73€/kg • Diminui o preço dos compradores de 10€/kg para 9.73€/kg 178 Atribuição de um subsídio • Repartição do subsídio entre vendedores e compradores. O subsídio, S, é um imposto de sinal negativo pelo que virá o preço que os compradores pagam, pc, menor que o preço que os vendedores recebem, pv, de tal forma que pv – pc = S. 179 Atribuição de um subsídio • Podemos calcular, em termos percentuais, a distribuição do efeito relativo do subsídio no preço dos compradores e dos vendedores. 180 Atribuição de um subsídio • Retomando o Ex.1.13, em termos absolutos, o subsídio de 3€/kg repartiu-se 0.27€/kg para os compradores e 2.73€/kg para os vendedores. • Em termos relativos, 9% do subsídio vai para os compradores e 91% do subsídio vai para os vendedores. • Semelhante ao caso do imposto 181 Exercício • Ex1.15: Num mercado de “tomar conta de crianças ao fim de semana”, a curva de procura e de oferta são D(p) = 500 – 25p S(p) = –250 + 50p – preço em €/criança e quant. em crianças • Qual o equilíbrio de mercado, que alterações induz a atribuição de 5€/c de subsídio e como é distribuído o subsídio? 182 Exercício • R: O equilíbrio de mercado será D(p) = S(p) 500 – 25p = –250 + 50p 750 = 75p p = 10€/c e Q = 250c. 183 Exercício • Atribuído 30€/s de subsídio, o novo ponto de equilíbrio de mercado (ao pc) será pc + 5 = pv D(pc) = S(pc + 5) 500 – 25pc = –250 + 50(pc + 5) 500 = 75pc pc = 6.67€/c, pv = 11.67€/c e Q = 333c. 184 Exercício • Beneficiam os compradores (10–6.67)/5 = 2/3 e os vendedores (11.67–10)/5 = 1/3 do subsídio. – Os compradores são os pais. 185