tantes da investigação que dão
suporte científico para o que observamos na clínica ao trabalharmos com a OFM? Dra. Edna Araú-
jo Khoury
Este tema será muito discutido em breve nesta mesma revista, em duas edições,
quando o Dr. Melvin Moss responderá a
várias perguntas sobre o assunto, em entrevista recentemente formulada. Porém
gostaria de realçar que a Revisão da Hipótese da Matriz Funcional, publicada em
quatro números do AJODO (Julho a Outubro de 1997), traz um corpo enorme de
evidências, demonstrando a grande importância dos fatores epigenéticos na formação do Sistema Estomatognático. Investigações como a de CARVALHO, R.; SCOTT, J.
ELLIOT; BUMANN, AXEL; YEN, EDWIN
(1997, 1998) demonstram a grande
plasticidade dos tecidos duros, que são capazes de perceber as deformações a que são
submetidas (estímulos) e elaboram resposta
apropriada (Reabsorção, Manutenção ou
Formação da matriz extra-celular),
acionando o programa genético específico,
para reagir ao estímulo (deformação) percebido. Evidências de uma propriedade denominada Tensegridade, ou Estabilidade
Tensional (INGBER, DONALD E., 1995,
1998), onde os diversos componentes do
esqueleto celular, interferem na atividade dos
genes, que são estimulados a produzir respostas tão diversas quanto a apoptose (morte
celular) ou a divisão celular, a partir de deformações no citoesqueleto; a constatação
de que campos eletromagnéticos gerados durante a atividade muscular fisiológica, são
percebidos, na mesma freqüência, pelas células dos tecidos duros, enfim, um conjunto
de evidências muito grande e forte que dão
respaldo e sustentação no âmbito das matérias básicas, para vários fenômenos observados clinicamente quando se emprega a
OFM e Reabilitação Neuro-Oclusal. Quem
viver, lerá.
08 - Você poderia nos explicar
por que é importante o toque em
DA (Determinada Área) numa
MPT (Mudança de Postura Terapêutica)? Dra. Edna Araújo Khoury
Como vimos na resposta à primeira
pergunta, a Propriocepção Periodontal pode
desencadear uma série de eventos NeuroMusculares. O toque dos incisivos, superiores e inferiores, em posição de topo-atopo, é um potente inibidor da atividade
dos músculos elevadores da mandíbula, especialmente o Temporal Anterior, o Masseter
e o Pterigoideo Medial. Já o toque das faces
palatinas dos incisivos superiores com a
face vestibular dos incisivos inferiores, diminui a atividade dos músculos protrusores
da mandíbula e aumenta a atividade dos
músculos retrusores da mandíbula. Quando se faz uma MPT, com a AOF, buscando o
contato dos incisivos, um dos objetivos é
este: permitir uma diminuição da atividade
do Músculo Pterigoideo Lateral, feixe inferior, e ativar o Músculo Digástrico e Temporal Médio e Posterior, para permitir um
recuo da mandíbula. Porém, o AOF continua presente, e leva a mandíbula à frente
novamente - em um caso de Disto-oclusão
- Portanto, o toque dos incisivos, funciona
como se fosse um “relay” (interruptor) que
aumenta e diminui a atividade dos músculos que projetam e recuam a mandíbula,
ou que projetam e desviam a mandíbula,
em movimento latero-protrusivo. Este vaie-vem da mandíbula, ativa o fluxo
sangüíneo na região do coxim-retro-discal,
nas ATMs, o que ativa o metabolismo na
região da Cartilagem Condilar, cartilagem
secundária, local de adaptação, conforme
concordam os investigadores do crescimento craniofacial (Petrovic, Moss, Vardimond,
Graber, Voss, Rakosi, Enlow, etc.) e conforme descreve o Servo-Sistema de Petrovic e
Stutzmann. Este mecanismo está muito
claro em publicação de SIMÕES, WILMA A.
(1991); PETROVIC, ALEXANDRE e
STUTZMANN, JEANNE. A recomendação de
fazer o toque dos incisivos em Determinada Área (terço incisal por palatino superior
com terço incisal por vestibular inferior),
vem a partir da observação clínica de que
os resultados clínicos são mais rápidos naqueles indivíduos onde este toque foi conseguido (respeitando os limites fisiológicos
individuais para a mudança de postura
sagital, vertical e lateral da mandíbula). Em
breve, a partir de investigações em andamento, teremos o “know why”. Por enquanto temos “apenas” o “know how”,
resultado da observação clínica, de investigadores como a Dra. Wilma A. Simões.
Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial - V.4, Nº 3 - MAI./JUN. - 1999
09 - No sentido sagital a OFM
só é eficiente no retrognatismo
mandibular, ou também é eficiente no prognatismo maxilar?
Qual a principal diferença técnica para se trabalhar com essas duas má-oclusões? Dra. Edna
Araújo Khoury
Bastaria que a OFM fosse eficiente nos
casos de Retrognatismo Mandibular, que
representam cerca de 85% dos casos com
sinal clínico de Classe II de Angle, na faixa etária dos 9 aos 12 anos de idade
(MCNAMARA 1981, 1983, 1994). Na faixa etária dos 6 aos 9 anos, cerca de 95%
dos casos de Classe II de Angle (Sinal Clínico) se apresentam com Retrognatismo
Mandibular (YERKES, 1994). Por esta razão denominamos com freqüência “Disto-oclusão” os casos de Classe II de Angle.
Porém, como demonstrou WOODSIDE
(1998), a correção de uma má-oclusão
tipo “Classe II” não se faz somente à custa de crescimento mandibular. Há um efeito restritivo sobre o crescimento posteroanterior da maxila a partir da ação dos
músculos retrusores da mandíbula, que
são ativados quando da Mudança de Postura. Lembre-se que um AOF atua sempre
bimaxilarmente (2o Princípio da OFM) e
portanto está ancorado na Mandíbula e
na Maxila. Além disto, há remodelamento
dento-alveolar na maxila, na mandíbula,
reinserção de fibras musculares, etc. Este
efeito restritivo é a resposta para os casos
de Prognatismo Maxilar, muito menos
freqüentes conforme vimos acima, especialmente em idades menores. É preciso
levar em conta também, mais uma vez, a
Categoria Auxológica de cada paciente.
Um paciente com prognatismo maxilar,
pertencente a uma Categoria Auxológica
5 (alto potencial de crescimento na mandíbula), por exemplo, não deve ter uma
grande estimulação para o crescimento
mandibular. Neste caso, AOF menos elásticos (Bioplásticos) estariam mais indicados do que AOF muito elásticos (Bioelásticos). O grande atrativo para mim, entre
outras coisas, na OFM, é que é preciso
pensar. Não existe uma “Mecânica de classe II Padrão OFM”, nem um aparelho que
seja “tiro-e-queda” para esta ou aquela
má-oclusão. Cada paciente é um desafio,
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