Indigènes et Etat Nation au
Brésil – 5
Florent Kohler
2013
Ecoles anthropologiques
• Structuralisme lévi-straussien
• La parole est à la langue ce que le mythe est
aux universaux de la pensée.
• Cf Vladimir Propp: racines historiques du conte
merveilleux
• Lévi-Strauss entrevoit dans le mythe et dans son
fonctionnement l’expression d’une structure
originelle de la pensée humaine.
• Le cru et le cuit: premier volume des
Mythologiques – origine du feu de cuisine:
triangle culinaire.
Perspectivisme de Viveiros de
Castro
• Valeur heuristique apparemment très élevée:
Descola, Latour.
• Mythe originel: « Temps où hommes et bêtes
parlaient ».
• Plutôt qu’aux cosmologies, s’intéresse à
l’ontologie: « anthropologie amérindienne ».
• Fabrication des corps et artefacts  agentivité
• Les corps sont les sujets, ils déterminent les
points de vue.
Les quatre matrices ontologiques
selon Philippe Descola
Matrices ontologiques: modes de
production des ontologies et modes
de classement des existants.
Continuité
Physicalité
Continuité
Intériorité
Discontinuité
Intériorité
Discontinuité
Physicalité
TOTEMISME
ANIMISME
NATURALISME
ANALOGISME
NATURALISME
• Propre à la science occidentale: continuité
des physicalités (l’univers répond à un
seul ensemble de lois physiques)
• Discontinuité des intériorités: séparation
radicale Nature/Culture (une seule Nature,
de multiples cultures humaines)
• Opération mentale: antonymie.
NATURALISME
« Grand Partage »
Nature
Culture(s)
TOTÉMISME
• Continuité des physicalités ET des
intériorités.
• Région d’élection: Australie
• Les sociétés sont partagées en clans.
Chaque clan se confond avec une
extension du monde naturel (système de
classification?).
• Opération mentale: métaphore.
TOTEMISME
Sociétés humaines
Extension du clan
au domaine naturel
Clan
Clan
Clan
Extension du clan
au domaine naturel
ANALOGISME
• Discontinuité des physicalités ET des
intériorités.
• Lieux de prévalence: Afrique de l’Ouest,
divination orientale, Méso-Amérique.
• Cf. théorie des signatures: monde
hétérogène appréhendé à l’aide de
correspondances.
• Opération mentale: analogie (A est
comme B pour C). Vin = sang, pain =
chair.
ANALOGISME
Multiples classes de choses et
d’êtres en relation de
similitude, sympathie ou
correspondance
ANIMISME
• Discontinuité des physicalités, continuité des
intériorités (« Multinaturalisme »)
• Domaine de prévalence: Amérique du Nord
et du Sud, Sibérie, Indonésie.
• Dérive d’une différenciation originelle des
corps à partir d’une condition unique:
l’Humanité.
• Opération mentale: la métonymie (univers
composé de multiples sociétés partageant
une même culture mais différant par les
ANIMISME
Société des hommes
Autres sociétés
Humanité comme
principe et comme
condition
L’animisme et la question de
l’humanité
• Viveiros théorise le
« perspectivisme
amérindien »: être sujet,
c’est être un point de vue.
• L’humanité est la condition
originelle de tous les
vivants.
• La différenciation des
corps a éloigné les autres
êtres des hommes.
• Est humain celui qui est
placé dans la condition du
sujet.
Phrase-type
• Nesse mundo [do fundo], os animais são
como nós, são gente. Quando aparecem
no nosso mundo, vestem uma capa e
aparecem, como os animais que são: os
pássaros vestem suas penas, a cobra
veste sua pele. » (Suzana Primo dos
Santos, Indienne karipuna résidant à
Belém, Cit. in Vidal…, 2001 : 301)
Cobra Grande: mythe palikur
Naquele tempo morava gente na montanha Tipoca. Tem uma lagoa la, bonita, onde a gente
vai tomar banho. De repente ai, vem uma maresia nesse lago, pega gente ai, vai embora.
Todo dia assim. Quando ja ta diminuindo a gente la, ai o cacique disse: que foi isso? Eu nao
acreditava, mas agora acredito: nos tamos diminuindo. Começou de novo. Que foi isso? O
pajé disse: isso foi uma coisa muito grande, Mahwê (cobra grande)! Ele vem aí. No lago
Tipoca, tem igarapé que vem da montanha. É la onde mora. Veio de novo, comeu mais dois
pessoa. Aí o irmão do pai de Labonté, pegou ele, levou ele. Aí a mulher disse: porque você
traz esse aí? Ta cheio de ferida, nao presta pra comer. Eu peguei ele, nao matei ele, embora
criar ele pra reparar nosso filho. Entao ta bom. Fez remédio. A casa era grande. Aí a cobra
grande, o Mahwê, disse pra ele: esse caminho aí nao presta nao. Vai pra la nao. Todo dia vou
buscar comida pra minha esposa, tu fica em casa, repara nossa casa. Porque que Mahwê me
disse pra nao sair daqui? De manha ele faz comida, meio dia todo mundo dorme, ele nao
dorme. Dia seguinte (...) pega uma vasilha, cheia de cinza, vai pro caminho, chega na casa
dele: vê o pai, o irmao dele. E eles: “Nao es tu nao! Muito tempo ja! A cobra te comeu.” “Nao,
é eu! A cobra me pegou mas me criou. Ele mora aqui, nessa montanha, o caminho é bem
aqui.” O pai diz ta bom, vou la depois de amanha. (...) Quando chega o dia, a cobra grande foi
juntar caramujo no oceano. Traz muito. Vai dormir no quarto. Meio dia, ouve grito muito forte.
Que foi? Grito de novo. Ele levantou, pegou a camisa dele – quando tira a camisa dele, é
gente, uma pessoa branca, francês. Aí quando coloca a roupa dele, é uma cobra muito
grande. Foi ver a esposa dele: se eu nao voltar mais, pode vai la. Ta. (…)
Historia da guariba (Cunani)
Historia da guariba, dos tempos dos avos : um caçador matou uma guariba.
Tirou o couro pra defumar. Foi tomar banho, volta, o couro sumiu. Ele
esquece, nao pensa mais nisso. Entra em casa: a janta esta pronta, ta tudo
pronto, e la no quarto uma lourona estendida. No dia seguinte, é a mesma
coisa: a comida esta pronta, a loura esta ai a espera. O tempo passa. Um dia
a mulher diz pra ele: vai ter festa na casa de meu pai. Quero que você me faça
esse serviço: o senhor vai la e nao fala, nem abre a boca. Ta bom.
Foram la pra casa do pai dela: é uma grande festa, ta cheia de gente. Ele
come bebe, dança. Depois de um momento ele nao agüenta, e ele fala.
Quando da por si, ele esta em cima de um pau, nao pode descer. Vem um
tucano que lhe diz: olha, vou te ajudar. Eu vou babar, e minha baba vai virar
um cipo. Quando virar cipo, você desce e corre, corre sem olhar pra tras.
Assim ele faz: a baba vira cipo, ele desce e corre. Ai ele olha: ta preto de
macacos correndo atras dele.
Todo bicho tem mãe. Por isso eu nunca mato uma guariba.
Exercice pratique:
• Rute Ozeni Cavalcante Martins :
Minha mãe não era índia, pra nós era daqui mesmo, cabocla como a gente
chama.
O tuxauá de Marajaí nós chama de tio. Minha mãe tinha esse parentesco,
descendência de índio. Então o tuxauá de lá, o tio Lourival, a gente chama
ele de tio.
Nao sei se casaria com indio. Acho que meu marido é descendente de indio,
vem de Sao Paulo de Olivença, indio peruano chamamos.
Tenho amigo em Tefé ele queria ser indio. Porquê? Porque diz ele o caboclo é
besta, o indio é esperto, é mais sabido.
Eu acho que o indio ele tem um pensamento da criatividade, da cultura, quer
proteger o que é dele. O que é dele vai cuidar, e o caboclo não conserva,
so agora que tem essa consciência.
Conservar nossa cultura, é leva-la pra frente. Estudar, mas não se afastar.
Tem muitos que vão estudar na cidade, e não quer voltar, tem vergonha de
ser indio. Mas eu, aonde eu for, faço como a colega minha: digo que sou
india.
• Foi minha mae, quando estava com oito anos, me incentivou para estudar.
Meu pai era pescador: vamos estudar, que a escola esta na biqueira da
casa.
Ai meu pai brigava com minha mae: “eu quero ela em casa”. Minha mae
queria o melhor pra nossas vida.
Ce que dit son frère Tito:
• Eu acho que essa TI, é uma lei que o índio criou para
ganhar dinheiro. Muita comunidade se transformou em
TI por causa disso. Vila Alencar era para ser indígena,
até aqui. Dá mais oportunidade de ganhar dinheiro...
Isso foi em 2007. Foi o presidente da comunidade que
falou, numa reunião, mas aí o pessoal do Instituto disse
que ia ser difícil pra eles, porque o branco não pode
entrar em TI, so FUNAI. Foi nós mesmo que pensou em
pedir. Foi o tuxaua de Jaquiri que veio para saber se a
gente não queria ser indígena... A gente ia ter muito
apoio mas já não podia receber turista. Jaquiri, eu já fui
lá, é tudo parentela lá. Lá é bem melhor para a saúde
Indien: -
Indien peruano +
vs
Indien local -
Indien + vs caboclo « Caboclíndio » –
vs cidade +
Indien: +
Pai roça vs
Mãe cultura
Minha mãe não era índia,
pra nós era daqui mesmo,
cabocla como a gente chama.
O tuxauá de Marajaí nós chama de tio.
Minha mãe tinha esse parentesco, descendência de índio.
Então o tuxauá de lá, o tio Lourival, a gente chama ele de
tio.
Nao sei se casaria com indio.
Acho que meu marido é descendente de indio, vem de Sao
Paulo de Olivença, indio peruano chamamos.
Tenho amigo em Tefé ele queria ser indio.
Porquê? Porque diz ele o caboclo é besta,
o indio é esperto, é mais sabido.
Eu acho que o indio ele tem um pensamento da
criatividade, da cultura, quer proteger o que é dele. O
que é dele vai cuidar,
e o caboclo não conserva,
so agora que tem essa consciência.
Conservar nossa cultura, é leva-la pra frente.
Estudar, mas não se afastar.
Tem muitos que vão estudar na cidade, e não quer voltar,
tem vergonha de ser indio.
Mas eu, aonde eu for, faço como a colega minha: digo que
sou india.
Minha mãe me incentivou para estudar. (...)
Ai meu pai brigava com minha mãe: “eu quero ela em
casa”.
Minha mãe queria o melhor pra nossas vida.
Ebauche d’analyse
• Grande labilité de l’appartenance ethnique. Ou
alors…
• … peut-être qu’il ne s’agit pas d’appartenance
ethnique?
•  réfléchir aux implications d’une identification
ethnique:
– Indio: FUNAI (Saúde, educação). Extrativismo
(pesca, madeira, não controlado).
– Caboclo: Instituto Mamiraua. Emprego de
funcionários. Parceiros econômicos. Ecoturismo.
Interprétation
• Ces définitions s’apparentent à des positions relatives
sur le plan socioéconomique.
• C’est le réseau de parenté qui est pertinent pour
l’autodéfinition (é tudo parentela lá).
• Les conflits se résolvent
– 1) par scission et création de nouveaux sitios
– 2) par conversion religieuse
• Les identifications ethniques se confondent avec des
stratégies d’alliances motivées par les opportunités
économiques.
La question des définitions
locales
• « Développement Durable » et autres
« preservação » sont réinterprétés
localement en fonction du cadre
interprétatif prédominant.
• Il s’agit de « choses conceptuelles »:
elles sont « bonnes à penser » mais
sont régies par une logique floue.
Conclusions
• Sans approche qualitative, les données
quantitatives sont difficilement
interprétables dans un sens ou dans
l’autre
• Elle permet de confirmer ou d’infirmer des
hypothèses relatives à la cohésion sociale
et à la transmission du patrimoine
• Elle contribue à appréhender la logique
des mobilisations et des réseaux
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Indigènes et Etat Nation au Brésil – 5