FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Professor bem formado,
aluno capacitado
A formação inicial de professores é a principal ferramenta para uma educação de qualidade. Formar significa equipar os profissionais com os conhecimentos e habilidades para que ensinem de forma eficaz e para que estejam aptos a
atender às necessidades dos alunos. O tema foi alvo da última intervenção do
professor Roger Beard, no segundo dia de atividades do VIII Seminário Internacional do Instituto Alfa e Beto.
Estudos feitos no âmbito da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) demostram que melhorar a qualidade dos professores
talvez seja a política mais eficaz para produzir ganhos significativos no desempenho das escolas. Dados referentes a 25 países membros da organização mostram
diferenças marcantes no enfoque em que cada nação dá ao recrutamento, formação, salários, condição de emprego e trabalho dos professores, bem como as das
formas de avaliação e estrutura dos planos de carreira da categoria.
Mas começa a ganhar corpo a ideia de que, para ser professor, não basta
demonstrar conhecimento acadêmico. A tendência internacional é a de esperar
que os professores, além disso, demonstrem um conjunto de habilidades profissionais, especificadas em listas de competências diferenciadas. Eles precisam
estar preparados para enfrentar desafios comuns de início de carreira – como
comunicar-se bem
com os pais, ter
domínio de turma,
disciplina, autoconfiança, identidade profissional
– e outros mais
complexos, à medida que avançam
na profissão. Para
tanto, necessitam
de muita prática e
mentores qualificados.
Muitas nações
já se conscientizaram sobre a importância da formação
inicial. Em sua fala
sobre a formação
Parceria entre universidades e escolas podem render bons frutos,
de
professores,
diz Roger Beard.
Beard registrou haver preocupação de muitos países com a definição das habilidades e qualidades
que se esperam dos profissionais na hora do recrutamento. Diz ele: “O professor
é a chave para impactar positivamente a performance dos alunos.”
Beard ressalta também que uma formação inicial bem-feita é fator crítico para
explicar a diferença no rendimento escolar. Uma boa formação é essencial para
prover o conhecimento necessário para o professor poder ensinar com eficácia e
atender às demandas de aprendizagem dos alunos. Ele afirma ser importante para
o profissional contar com experiências práticas, para fundamentar suas intervenções, mas também precisa ter formação sólida, para embasar seu desempenho e
ter capacidade de reflexão.
O especialista citou que esteve em uma universidade em que os estudantes
eram encorajados a se dedicar, antes do fim das aulas, por uma ou duas horas, à reflexão sobre suas necessidades e traçar objetivos para o desenvolvimento pessoal
e da carreira: “Essa é uma dinâmica rica e que, com certeza, faz a diferença.”
A experiência de parcerias entre as universidades e as escolas podem também influir positivamente na carreira do professor. Isso porque é essencial ter conhecimento
especializado sobre o impacto da aplicação do que é ensinado no mundo real. Beard
cita que, na Inglaterra, cada vez mais, estreitam-se parcerias dessa natureza.
A busca por talentos
O Brasil pode aprender com os exemplos externos?
Sim, diz Beard. O País deve inspirar-se no que fizeram as nações mais comprometidas com a educação, e que hoje colhem bons resultados de suas práticas, e
investir no desenvolvimento profissional do professor. As carreiras de magistério
devem ser valorizadas.
TIPOS DE PROGRAMAS DE FORMAÇÃO
1. Concorrente: especialmente para educação infantil e séries iniciais.
-
3 anos de curso superior em qualquer áre com alguns cursos de F.I.
O Brasil, como integrante dos BRICs, desperta hoje a atenção da comunidade internacional interessada no acompanhamento das práticas de desenvolvimento em andamento e seus possíveis resultados. “O Brasil, assim como
a Índia, a China, a Rússia, é um país global e acompanhamos com muito interesse o desempenho da educação nessas nações.”
Falta de preparo pedagógico, entrada tardia na escola, absenteísmo estão
entre os problemas que mais afetam o desempenho dos professores em sala
de aula. Num ranking de 25 nações que apresentam a maior incidência desses três fatores negativos, o Brasil ocupa a 7ª posição, destacando-se mais, no
País, a questão das faltas cotidianas desses profissionais, que atrapalham a
performance do aluno e de seu aprendizado.
Países como Coreia do Sul, Finlândia, Cingapura e Hong Kong recrutam
seus professores entre os 5% a 30% melhores alunos do Ensino Médio. Para
chegar a despertar o interesse dos jovens para o magistério, têm como prática
valerem-se de técnicas de recrutamento e marketing usuais no mundo dos
negócios. Isso ajuda a aumentar a
oferta de candidatos com nível
de
excelência,
mas, sem dúvida,
a oferta de salário inicial atrativo
também interfere
para bons resultados no processo
de seleção dessa
mão de obra.
O especialista Com o tema Formação de Professores, Roger Beard encerra o VIII
afirma que os sis- Seminário do Instituto Alfa e Beto.
temas de ensino
de maior alcance permitem atrair as pessoas certas para a profissão. E são capazes de transformá-las em instrutores eficazes, desenvolvendo estruturas e
mecanismos de apoio capazes de assegurar que toda criança poderá receber
ensino de qualidade.
Esses sistemas, para serem efetivos, precisam identificar candidatos com
elevado desempenho acadêmico em linguagem e matemática, fortes habilidades de comunicação e relacionamento pessoal e o desejo de aprender e
de ensinar.
São características dos programas de formação inicial:
• Estágio supervisionado, antes de iniciar e como parte do programa de
formação;
• Atividade docente inicial supervisionada;
• Estágio probatório supervisionado;
• Período de indução apoiado por mentores/supervisores.
Em síntese, os países da OCDE e os de melhor desempenho educacional
utilizam diferentes estratégias, mas com características comuns:
• Quanto melhor o nível de entrada dos professores, melhor o desempenho dos alunos;
• Para a atrair bons alunos para a profissão, os países valem-se de estratégias de marketing comuns a outras ocupações e oferecem salários iniciais atrativos;
• Estratégias de formação são as mais variadas, os tipos de curso, muito
diferentes, pois o objetivo é capturar os melhores talentos;
• A formação pedagógica é importante, mas é ministrada em paralelo ou
de forma sequencial ao curso, e sempre associa teoria e prática;
• A qualidade é aferida no ingresso e reforçada nos primeiros anos por
meio de mecanismos de indução, que no Brasil são chamados de período probatório supervisionado;
• O sucesso desses mecanismos depende da escola ser boa e dos tutores
serem experientes;
• Cada vez mais surgem mecanismos de certificação para assegurar que
os professores efetivamente dominem as estratégias de ensino próprias
de suas disciplinas.
2. Consecutivo: especialmente para séries finais e ensino secundário
(mas também para 50% dos professores primários na Inglaterra).
-
3 anos (sem F.I.) + 1 (F.I.) + 1 ano de estágio probatório remunerado.
(+ 1 ano de estágio probatório remunerado).
3. Entrada direta após terminar um curso superior.
-
-
4 anos de curso superior em qualquer área com alguns cursos de F.I.
(+ 1 ano de estágio probatório remunerado).
Pouco usual, mas em ascensão para todos os níveis.
+ 2 anos (F.I., incluindo estágio probatório, com tudo remunerado).
| Voltar para o índice da newsletter |
www.alfaebeto.org.br
fb.com/alfaebeto
@iab_alfaebeto
@instituto_alfaebeto
Download

LEIA MAIS - Instituto Alfa e Beto