Goiânia, 3 de Setembro de 2015. OPOPULAR > GOIAS POLÍTICA Falta de consenso atrasa projeto Por Caio Henrique Salgado 3/9/2015 Envio do texto à Assembleia foi adiado por insatisfação de lideranças empresariais, que pedem mais explicações. Sem Sebastião Nogueira consenso com outros poderes e com os empresários, o governo estadual deve adiar o envio à Assembleia Legislativa de projeto de lei que institui a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) goiana. Diante de questionamentos relacionados à proposta, a Secretaria da Fazenda (Sefaz) seguirá discutindo as mudanças nesta semana com lideranças políticas e empresariais. Paralelamente, deputados estaduais se mobilizam para analisar a matéria antes mesmo de ela começar a tramitar no Parlamento. O envio da LRF, que estava previsto para esta semana, foi atrasado devido principalmente à tentativa do governo de costurar com o setor produtivo o apoio às mudanças nas regras para empresas conseguirem os incentivos fiscais, que ficariam mais rígidas na nova lei. O texto elaborado pela Sefaz prevê que sejam estabelecidos limites de tempo para a concessão deste tipo benefício e estabelece que a renúncia de arrecadação via incentivos fiscais deverá ser acompanhada de medidas de compensação e aumento de receita (veja quadro com os principais pontos da minuta do projeto de lei). O empresariado goiano tem mostrado resistência e, com o objetivo de tentar minimizar as resistências, a secretária da Fazenda, Ana Carla Abrão, tem agenda com entidades empresariais nesta semana. Hoje, ela almoça com o presidente Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Pedro Alves de Oliveira, para tratar da LRF. Procurado, o presidente da Fieg preferiu não comentar o assunto antes da conversa com a auxiliar do governador Marconi Perillo (PSDB). Diretor-Executivo da Associação Pró-desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás (Adial), Edwal Freitas Portilho defende que, em relação aos incentivos, o governo precisa explicar melhor a LRF goiana. “Não conseguimos enxergar como isto pode ser praticado sem diminuir a competitividade e capacidade do Estado de continuar interessante para investimentos”, diz. A Sefaz sustenta que a proposta apenas consolida regras já existentes em uma lei complementar. Edwal discorda. Para ele, um dos maiores problemas é o limite temporal, que ele chama de teto, para a concessão do benefício. O diretor da Adial diz aprovar a contenção de gastos públicos e medidas que aumentam a transparência, também previstas na minuta. A reação da Assembleia, Judiciário e Ministério Público, além dos tribunais de contas, está relacionada justamente à interferência do Executivo naquilo que diz respeito às suas despesas. Nos últimos dias, todos os setores que serão atingidos pela LRF estadual iniciaram mobilizações políticas e governistas admitem a possibilidade de marcar audiência pública ampla para a próxima semana. Com isso, o envio do projeto pode ficar até mesmo para a segunda quinzena de setembro. Um dos articuladores da audiência pública, o deputado estadual governista Talles Barreto (PTB) afirma que ele e outros deputados são procurados com frequência por representantes dos outros órgãos. Segundo ele, há uma resistência especialmente no que diz respeito aos gastos com pessoal. “Há órgãos com concursos finalizados, mas que não poderão convocar os aprovados por conta da redução nos limites”, diz ele, se referindo à redução de 10% nos limites de gastos com pessoal de todos os poderes e demais órgãos. Talles afirma que uma das saídas já discutidas seria flexibilizar o porcentual do limite de gastos com pessoal de acordo com o crescimento da receita estadual. Pela minuta do projeto de lei, haverá uma redução de 60% para 55% no limite de gastos com pessoal, que é contabilizado a partir da soma das despesas de todos os órgãos. Presidente da Assembleia Legislativa, Helio de Sousa (DEM) tem posição parecida e diz que é preciso flexibilizar as regras previstas no texto preliminar para, pelo menos, garantir prazo maior para a adequação.”Mas outros questionamentos e propostas certamente surgirão”, completa. Paralelamente, a Assembleia pediu para sua procuradoria analisar a legalidade da LRF goiana com base em dois questionamentos. A Casa quer verificar se há algum tipo de atropelo legal por conta da existência de lei federal, fazer um estudo sobre a interferência do Executivo nos outros poderes. Especialistas consultados pelo POPULAR divergiram ao analisar os dois pontos (leia reportagem nesta página). Leia mais em: http://www.opopular.com.br/editorias/politica/falta-de-consenso-atrasa-projeto-1.937404