11/01/2013 "Não há nenhum risco inflacionário", diz Saboia Por Diogo Martins | Do Rio O atual ritmo de expansão da inflação não é um problema para o Brasil, já que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou na passagem de 2011 para 2012, de alta de 6,5% para avanço de 5,84%, respeitando a banda de variação da meta inflacionária estabelecida pelo Banco Central, entre 2,5% e 6,5%. A avaliação é do economista João Saboia, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Não há nenhum sinal de risco inflacionário. O IPCA não sairá de controle e nem subirá 8% em 2013. O resultado de 2012 acabou sendo favorável, porque a aceleração da inflação foi menor que em 2011", afirmou Saboia. Na avaliação do professor, o fato de o BC ter deixado de cumprir o centro da meta estabelecido pela própria autoridade monetária, de 4,5%, não incorre em riscos para os fundamentos da economia brasileira. A última vez em que o BC conseguiu manter a inflação próxima do centro da meta foi em 2009, ano em que o IPCA fechou com alta de 4,31%. "O sistema de metas de inflação está sendo absolutamente respeitado, pois há o intervalo de tolerância [de 2,5% a 6,5% ao ano]", diz. "É claro que o ideal é manter a taxa em 12 meses próxima ao centro da meta", complementa ele, que diz "apostar" em uma inflação, mais uma vez, acima do centro da meta em 2013. Saboia destaca a falta de pressões externas como fator de contenção da inflação. A crise internacional, diz ele, é "favorável" para a manutenção dos preços das commodities, apesar de ser esperado aumento nos preços do minério de ferro e do aço. Por outro lado, ele afirma que os alimentos podem "pesar" sobre a inflação em 2013, já que o grupo alimentação e bebidas representa 24% do IPCA. No ano passado, o grupo alimentação e bebidas se acelerou frente a 2011, de alta de 7,18% para avanço de 9,86%. Alimentação respondeu por 2,27 pontos percentuais do IPCA de 2012, cerca de 40% da taxa do indicador. Somente eventos "inesperados", afirma Saboia, poderiam fazer com que a inflação rompesse o centro da meta, como choques nos preços de alimentos, com quebras de safras, e alta do petróleo. "Isso poderia levar o IPCA para além do teto da meta do BC. Afora isso, não há perigo de inflação no país", diz ele. Outra parte abordada pelo economista tem a ver com "questões internas", que dependem de decisão do governo, como o reajuste do salário mínimo, da tarifa da gasolina e de transportes, que, juntas, podem pressionar a inflação devido ao peso que têm sobre o IPCA. "É um grande conjunto de itens que dependem de políticas internas. São essas questões que definirão o perfil da inflação em 2013", afirma Saboia.