A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA, EM CONSONÂNCIA COM A
PERSPECTIVA INCLUSIVA, NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA
EDUCAÇÃO BÁSICA
Tânia Gonçalves Martins1
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RESUMO
Com o propósito de verificar se os conteúdos trabalhos nos cursos de graduação à
distância vêm difundindo os conhecimentos mínimos necessários para um trabalho
pedagógico em conformidade com a perspectiva inclusiva, desenvolveu-se nesse estudo uma
análise documental buscando, nos currículos de cursos de graduação à distância de cursos de
Licenciatura e Pedagogia, disciplinas relacionadas com a temática da Educação Inclusiva, da
Educação Especial ou das Tecnologias Educacionais. Foram analisadas as matrizes
curriculares, disponibilizadas nas páginas eletrônicas, de quatro instituições de ensino
superior de Minas Gerais credenciadas pelo Ministério da Educação (MEC) para esta
modalidade de ensino. Verificou-se que o número de disciplinas voltadas para temas
relacionados com a Educação Inclusiva, a Educação Especial, o trabalho com alunos com
necessidades educacionais especiais e o uso de Tecnologias Educacionais ainda é pouco
representativo. Os resultados apontaram que, comparados aos cursos de Licenciatura, os
cursos de Pedagogia são os mais beneficiados com disciplinas voltadas para estas temáticas.
Foi possível constatar que as instituições de ensino superior que oferecem cursos de
graduação à distância, ao cumprir seu papel para a inclusão social promovendo a formação
inicial de professores, ainda oferecem uma formação que parece ser insuficiente para que o
profissional da educação tenha condições mínimas de trabalhar de acordo com a perspectiva
inclusiva.
1
Psicóloga, discente do Curso de Pós-Graduação em Docência do Ensino Superior. Universidade Castelo
Branco - RJ, Exército Brasileiro/ DEP/ CEP e Cátedra Unesco
Palavras-Chave: Educação à Distância, Educação Inclusiva, Educação Especial, Currículo,
Formação inicial de professores.
1. INTRODUÇÃO
A Educação à Distância (EAD) responde a um novo paradigma de inserção social
consolidando-se como um modelo diferenciado de ensino que utiliza novas Tecnologias de
Comunicação e Informação (TICs) para a difusão do conhecimento.
De acordo com informações disponibilizadas no site da Associação Brasileira de
Eduação à distância - ABEP:
Muitas são as definições possíveis e apresentadas, mas há um consenso mínimo em
torno da idéia de que EAD é a modalidade de educação em que as atividades de
ensino-aprendizagem são desenvolvidas majoritariamente (e em bom número de
casos exclusivamente) sem que alunos e professores estejam presentes no mesmo
lugar à mesma hora. (ABEP)
A Educação à Distância vem promovendo a expansão do ensino nos níveis de
graduação e pós-graduação permitindo o acesso de uma grande parcela da população que, de
outro modo, não alcançaria estes estágios de formação. Desta forma, pode revelar-se como
um meio promissor para o alcance de metas definidas pelas políticas educacionais visto que
seu potencial de inserção e acessibilidade nas diferentes regiões deste país tão extenso a torna
um meio de inclusão social.
O Programa Universidade Aberta implementado pelo Ministério da Educação (MEC),
a partir de 2006, atende a este processo de democratização do ensino visando promover
educação de qualidade para as pessoas que não têm condições de freqüentar cursos
presenciais, seja pela dificuldade de locomoção, ou pela distância em que se encontram das
instituições educacionais.
Conforme com o Decreto nº 5.800/06, voltado para o desenvolvimento da Educação à
Distância, o Sistema Universidade Aberta do Brasil–UAB tem a “finalidade de expandir e
interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior no País” (BRASIL, 2006).
Para isto, prevê parcerias entre as esferas Federais, Estaduais e Municipais do Governo. A
prioridade do programa é a capacitação de professores com a oferta de cursos de licenciatura e
formação continuada. A oferta de cursos à distância depende da aprovação do MEC devendo
as instituições interessadas encaminhar proposta de criação do curso, a ser analisada por
comissões vinculadas à Secretaria de Educação Superior, para o credenciamento da instituição
e a liberação do curso (BRASIL, 2005).
Neste caso, se o Sistema de Universidade Aberta visa, em especial, à formação dos
profissionais da educação, se o Ministério da Educação pretende com este programa promover
o alastramento e a interiorização dos cursos de graduação por meio da Educação à Distância
e, finalmente, se estes cursos de graduação devem formar profissionais para trabalhar de
acordo com a perspectiva inclusiva – como prevê a política educacional do país2 – espera-se
que a matriz curricular dos cursos de graduação à distância contenha conteúdos específicos
relacionados à área de formação, à área pedagógica e, além disso, disponha de conteúdos
relacionados à Educação Inclusiva, à Educação Especial, ao atendimento de alunos com
necessidades educacionais especiais3 e à utilização de tecnologias educacionais.
1.1 Educação Inclusiva: implicações na formação de professores
A inclusão educacional exige da escola transformações em sua estrutura e
funcionamento que implicam na reavaliação de sua intencionalidade e na revisão de seu papel
institucional. Neste modelo, todas as escolas devem garantir as mesmas oportunidades a todos
“[...] oferecendo-lhes diferentes modalidades de entendimento educacional que permitam
assegurar-lhes o êxito na aprendizagem e na participação.” (CARVALHO, 2006, p. 17).
Desta forma, entendendo a escola como um espaço que privilegia a aprendizagem e se
abre para a diversidade adequando seus serviços para atender à demanda e necessidades de
seus alunos, como prega o paradigma da inclusão educacional, algumas considerações fazemse necessárias.
Em primeiro lugar, existe, conforme Prieto (2005), a discussão sobre a forma mais
adequada para ser implementada a inclusão do alunado: uma vertente acredita que todas as
escolas regulares devem atender a todos os alunos eliminando os serviços oferecidos pela
educação especial; outra vertente defende que as escolas regulares devem contar com o apoio
dos serviços oferecidos pela educação especial para o desenvolvimento pedagógico de alunos
2
Pode-se citar, como principais, a Constituição Federal (Brasil, 1988) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (Brasil, 1996);
3
Entende-se aqui, conforme Prieto (2005, p. 102-103), que o termo necessidades educacionais especiais abrange
“[...] crianças, jovens e adultos que suscitam de modificações no contexto escolar para terem condições que
assegurem seu desenvolvimento e aprendizagem. E aí estão os alunos em liberdade assistida, os alunos com
autismo, esquizofrenia, com deficiência e outros.”.
que apresentam sérios problemas de aprendizagem. Outro aspecto importante, que influencia
no sucesso da proposta inclusiva, diz respeito à formação dos profissionais da educação
(professores e pedagogos) para trabalhar com esta clientela, pois a prática inclusiva envolve
uma mudança de concepção sobre o ensino, a aprendizagem, ou seja, sobre a escola.
Além destes dois aspectos iniciais, a estruturação das escolas e a formação dos
profissionais da educação para trabalhar nos moldes de uma escola inclusiva, é preciso pensar
em como garantir a qualidade do ensino e a permanência do aluno na escola nesta nova
perspectiva. Para isto, o aluno precisa ser atendido de acordo com suas necessidades, sendo
respeitado em seu ritmo, com adaptações físicas e disponibilidade de recursos e serviços
pedagógicos necessários.
Não há como ignorar que a formação do professor envolve um compromisso com a
educação, portanto, a qualidade da formação será refletida no trabalho realizado em sala de
aula.
Atuar com alunos que necessitam conhecimentos sobre educação especial exige do
professor maior atenção em relação à sua prática, o que consiste em compatibilidade
de conhecimento e postura de enfrentamento, até mesmo para identificar o
significado pedagógico de ter um aluno com necessidades educacionais em sua sala
de aula. O professor que tem esse aluno em sua sala não pode deter-se em
planejamentos padrões. Pelo contrário, as necessidades específicas do aluno especial
também criam a necessidade de novas e diferentes formas de apresentar o conteúdo
escolar; ação que proporciona maior compreensão por parte deste aluno e dos
demais. (ALMEIDA, 2005).
A escassez de profissionais especializados e a falta de preparo na formação inicial dos
professores da rede regular de ensino e/ou mesmo das “escolas inclusivas” para lidar com
alunos que apresentam necessidades educacionais especiais criam uma necessidade de maior
qualificação, demandando um cuidado maior na formação inicial com disciplinas que
ofereçam subsídios para o trabalho conforme a perspectiva inclusiva. Os professores, com
freqüência, revelam-se inseguros e impotentes diante de salas cada vez mais heterogêneas e
da necessidade de diversificação das atividades pedagógicas. Conseqüentemente, muitas
discussões e reflexões têm envolvido estes profissionais na busca de melhor compreensão de
seu novo papel e da melhor forma de atender à nova demanda colocada.
1.2 Tecnologias Educacionais: recursos para práticas inclusivistas
O princípio inclusivo avança na exigência da qualidade do atendimento prestado aos
alunos que enfrentam problemas na aprendizagem, seja por motivo de deficiência, ou
dificuldades ocasionadas por fatores sociais, repetência, defasagem série/idade. Desta forma,
as escolas regulares devem disponibilizar recursos variados para atender às necessidades desta
clientela, e os professores, por sua vez, deverão estar capacitados para o uso e aplicação eficaz
destes recursos.
Neste sentido, as novas tecnologias aplicadas na educação podem ajudar no processo
de aprendizagem e favorecer o desenvolvimento da autonomia dos alunos na construção do
próprio conhecimento, mas esta mudança de perspectiva depende da maneira como estes
equipamentos são utilizados.
As tecnologias educacionais podem ser utilizadas nos sistemas inclusivos, por todos os
alunos, como um recurso facilitador da aprendizagem beneficiando, especialmente, alunos
com deficiência, ou aqueles que apresentam dificuldades de aprendizagem, pois, com muita
freqüência, nos ambientes escolares, as limitações físicas e sensoriais das pessoas com
deficiência, sempre motivo de preconceitos e exclusões, transformam-se em obstáculos para
seu processo de aprendizagem.
Não se trata de desenvolver um ensino individualizado para os alunos que apresentam
problemas de aprendizagem. Na perspectiva inclusiva, os atendimentos não são segregados,
nenhum aluno deve ser atendido em salas de reforço ou dispor de currículos adaptados
(MANTOAN, 2001).
O professor não predetermina a extensão e a profundidade dos conteúdos a serem
construídos pelos alunos, nem facilita as atividades para alguns, porque, de antemão
já prevê que dificuldade que possam encontrar para realizá-las. Porque é o aluno que
se adapta ao novo conhecimento e só ele é capaz de regular o seu processo de
construção intelectual (MANTOAN, 2001).
Cysneiros (2000) salienta que a atividade do professor exige, continuamente, tomada
de decisões e novas ações. O computador, a televisão ou qualquer outro aparelho só podem
ser compreendidos como tecnologias educacionais quando são utilizados com o objetivo de
ensinar, ou aprender. Portanto, o professor deve conhecer o equipamento com o qual vai
trabalhar e decidir que aspectos ensinar, questionar, discutir, explorar e relacionar, para
estimular no aprendiz a finalidade de construir conhecimento. Nesta mesma linha, Mrech
(2001) afirma: “Cabe aos professores preparar o caminho para os seus alunos. Uma mudança
na forma tradicional do professor agir, sentir e pensar. Um problema que abarca uma dupla
vertente: a da informação e a da formação”.
Cysneiros (2000) defende que seria ideal que o professor aprendesse a trabalhar com
as tecnologias educacionais durante a formação inicial, e aponta que algumas faculdades até
oferecem disciplinas específicas ou abordam este tema nos cursos de didática, porém a
abordagem ainda está muito distante da realidade encontrada na maioria das escolas. Sabe-se
que, em muitos casos, estes conteúdos nem mesmo são abordados nos cursos de formação
exigindo que o profissional busque na formação continuada meios de suprir as deficiências da
formação inicial.
Vale ressaltar que a legislação que fundamenta os cursos de graduação à distância
obedece aos mesmos documentos legais que orientam a formação presencial – a Constituição
Federal (BRASIL, 1988) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL,
1996).
Para a estruturação dos cursos de licenciatura, as instituições referenciam-se nas
Diretrizes Curriculares Nacionais que
[...] apontam princípios, fundamentos e procedimentos que devem servir de
orientação para a organização dos cursos de licenciatura; [...]. Dessa forma, cabe às
universidades desenvolver os conteúdos e eleger as disciplinas que atenderão ao
disposto nas Diretrizes mencionadas acima. (ALMEIDA, 2005)
O Conselho Nacional de Educação ao analisar a proposta de Diretrizes para a
Formação de Professores da Educação Básica, em cursos de nível superior aponta que:
A educação básica deve ser inclusiva, no sentido de atender a uma política de
integração dos alunos com necessidades educacionais especiais nas classes comuns
dos sistemas de ensino. Isso exige que a formação dos professores das diferentes
etapas da educação básica inclua conhecimentos relativos à educação desses alunos
(BRASIL, 2001, p. 21).
Adotando esta concepção, os incisos I e II do Artigo 2º das Diretrizes Curriculares
para Formação de Professores da Educação Básica, orientam que o professor deve ser
preparado, respectivamente, para “o acolhimento e o trato da diversidade” e para “o uso de
tecnologias da informação e da comunicação e de metodologias, estratégias e materiais de
apoio inovadores” (BRASIL, 2002, p. 01).
Desta forma, considerando a necessidade de adequação dos conteúdos trabalhados na
formação inicial visando preparar o professor para trabalhar conforme a perspectiva inclusiva,
e a possibilidade da utilização de variados recursos pedagógicos para o sucesso do processo
ensino-aprendizagem surgiram algumas questões: os cursos de graduação à distância para a
formação de professores oferecem subsídios para uma prática inclusivista e para o trabalho
com alunos com necessidades educacionais especiais? Os professores estão sendo orientados
sobre a utilização eficaz de tecnologias educacionais como recursos pedagógicos facilitadores
do processo ensino-aprendizagem? A Educação Inclusiva, a Educação Especial, o trabalho
com alunos com necessidades educacionais especiais e o uso de tecnologias educacionais são
conteúdos que, representados por disciplinas específicas, fazem parte do currículo obrigatório
dos cursos à distância de formação inicial para professores?
Com o intuito de responder a estas questões, foi realizado esse estudo visando auxiliar
na compreensão do momento de reestruturação pelo qual passa a prática pedagógica das
escolas regulares para atender ao princípio inclusivo.
Partindo dos aspectos apresentados sobre a contribuição da Educação à Distância para
facilitar o acesso ao conhecimento e à formação de pessoas que apresentam condições mais
restritas para freqüentar os cursos presenciais das instituições de ensino superior, da crescente
demanda por profissionais capacitados para trabalhar com alunos que possuem problemas de
aprendizagem e com classes cada vez mais heterogêneas, da necessidade de se compreender
como a nova proposição da educação inclusiva afeta a forma de atuação pedagógica
tradicional, e, ainda, acreditando que a efetivação dessa pesquisa poderia ajudar a revelar as
condições de formação que os cursos de graduação à distância oferecem para a compreensão
dos complexos fenômenos que envolvem a inclusão escolar, é que se propôs este estudo de
tipo documental, numa abordagem qualitativa. Objetivou-se verificar, na matriz curricular de
cursos de graduação à distância em Pedagogia ou Licenciaturas, a presença de disciplinas
obrigatórias relacionadas com temas específicos sobre a Educação Inclusiva, a Educação
Especial, o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais e com o uso de
tecnologias educacionais. Pretendia-se revelar, a partir da análise destes documentos, se os
cursos de graduação à distância para formação de professores estão sendo estruturados para
preparar os alunos a fim de atuar em conformidade com os princípios da educação inclusiva.
2. MÉTODO
Material: Matrizes curriculares de cursos de graduação à distância em Pedagogia ou
Licenciaturas para a formação de professores da educação básica disponibilizadas nas páginas
eletrônicas de quatro Instituições de Ensino Superior de Minas Gerais credenciadas pelo
Ministério da Educação (MEC) para esta modalidade de ensino.
Procedimentos: Para a análise dos documentos, fez-se uma busca no site do
Ministério da Educação, na página da Secretaria de Educação à Distância, a fim de localizar
as Instituições de ensino Superior de Minas Gerais credenciadas para oferecer cursos de
graduação à distância. Localizadas as instituições e as páginas referentes aos seus
centros/núcleos de Educação à distância, fez-se uma busca no site de cada instituição para
identificar os cursos que ofertavam e localizar a grade curricular de cada curso levantando,
desta forma, os dados necessários para o desenvolvimento desse trabalho a partir da análise do
material coletado.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir do levantamento dos cursos de graduação à distância oferecidos pelas
Instituições de Ensino Superior de Minas Gerais autorizadas pelo MEC para esta modalidade
de ensino, encontrou-se o seguinte panorama:
a) Instituições que não ofereciam cursos de graduação em Pedagogia ou Licenciaturas e
que, por este motivo, foram desconsideradas nos procedimentos futuros por não atenderem
aos critérios de seleção para a análise documental (Quadro 1)
Instituição
Oferta de curso de graduação à distância
Centro Universitário Newton Paiva
- Curso superior de Administração: Habilitação em Empresas
Faculdade de Estudos Administrativos de
- Administração; Ciências Econômicas; Ciências Contábeis;
Minas Gerais - FEAD
Turismo
Pontifícia Universidade Católica de Minas
- Ciências Contábeis
Gerais - PUC MG
Universidade Federal de Viçosa - UFV
- Bacharelado em Administração
Universidade Estadual de Montes Claros Possui autorização, mas ainda não oferece cursos de graduação à
UNIMONTES
distancia
Quadro 1 - Instituições que possuíam cursos de graduação à distância em áreas diferentes às focalizadas neste
estudo
Fonte: Páginas eletrônicas das respectivas Instituições de Ensino Superior
b) Instituições que ofereciam cursos de graduação em Pedagogia ou Licenciaturas, mas
que não disponibilizaram a matriz curricular dos cursos na Rede e, por este motivo, também
foram desconsideradas (Quadro 2)
Instituição
Universidade Federal de Minas Gerais UFMG
Universidade de Uberaba - UNIUBE
Oferta de curso de graduação à distância
- Licenciatura em Química; Licenciatura em Ciências Biológicas;
Normal Superior
- Ciências Biológicas; História; Letras; Matemática; Pedagogia;
Química
- Licenciatura em Matemática; Licenciatura em Química; Normal
Superior
- Geografia; História; Pedagogia
Universidade Federal de Juiz de Fora UFJF
Faculdade do Noroeste de Minas - FINOM
Universidade Vale do Rio Verde - Pedagogia
UNINCOR
Quadro 2 - Instituições que ofereciam cursos de graduação em Licenciaturas ou Pedagogia, mas que não
disponibilizavam na rede a grade curricular dos cursos.
Fonte: Páginas eletrônicas das respectivas Instituições de Ensino Superior
c) Instituições que ofereciam cursos de graduação em Licenciaturas ou Pedagogia e que
disponibilizaram na Rede a matriz curricular dos cursos atendendo, portanto, aos critérios de
seleção do material para a análise (Quadro 3).
Instituição
Fundação Mineira de Educação e CulturaFUMEC
Universidade Federal de Juiz de Fora UFJF
Oferta de curso de graduação à distância
- Educação Física
- Pedagogia
- Licenciatura em Pedagogia para Educação Infantil
- Educação básica: anos iniciais
- Licenciatura em Matemática
- Pedagogia
- Licenciatura em Letras
- Licenciatura em Pedagogia
Centro Universitário do Sul de Minas - Licenciatura em Ciências Biológicas
UNIS
- Licenciatura em Física
- Licenciatura em Matemática
Quadro 3 - Universidades que ofereciam cursos de graduação em Pedagogia ou Licenciaturas e que
disponibilizaram a grade curricular dos cursos para consulta
Fonte: Páginas eletrônicas das respectivas Instituições de Ensino Superior
Universidade Federal de Ouro Preto UFOP
No processo de seleção das instituições e dos cursos que atendiam aos critérios de
seleção determinados para a realização do estudo, verificou-se que, entre as treze instituições
credenciadas no estado de Minas Gerais para oferecer cursos de graduação à distância, oito
possuíam cursos de graduação à distância em Pedagogia ou de Licenciaturas, perfazendo um
total de vinte e sete cursos, dos quais três foram apresentados pelas instituições como
vinculados ao Sistema Universidade Aberta. Porém, entre as oito instituições credenciadas a
oferecer cursos de licenciaturas ou pedagogia, apenas quatro delas - a Fundação Mineira de
Educação e Cultura-FUMEC; a Universidade Federal de Juiz de Fora-UFJF; a Universidade
Federal de Ouro Preto-UFOP e a Centro Universitário do Sul de Minas-UNIS -
disponibilizaram, na Rede, a matriz curricular de seus respectivos cursos, sendo selecionadas
entre as demais por fornecerem a documentação apontada como objeto de análise deste
estudo.
Os cursos ofertados e a ocorrência de um mesmo curso em mais de uma instituição
foram registrados na Tabela 1, a seguir.
Tabela 1
Freqüência de Cursos de Graduação à distância ofertados pelas instituições pesquisadas
Cursos de Graduação à distância
Educação básica: anos iniciais
Licenciatura em Ciências Biológicas
Licenciatura em Educação Física
Licenciatura em Física
Licenciatura em Geografia
Licenciatura em História
Licenciatura em Letras
Licenciatura em Matemática
Licenciatura em Pedagogia para Educação Infantil
Licenciatura em Química
Normal Superior
Pedagogia
nº de ofertas
entre as instituições
01
03
01
01
01
02
02
04
01
03
02
06
Assim dispostos, estes dados revelam que os cursos de Licenciatura oferecidos pelas
instituições compreendem as áreas essenciais trabalhadas no ensino básico. Porém, prevalece
a oferta de cursos de pedagogia, que preparam para atuação como professor nas séries iniciais
do ensino fundamental e para outras funções no âmbito da educação básica.
Para iniciar o processo de análise dos currículos, as disciplinas que compunham os
documentos de cada curso foram relacionadas e classificadas entre quatro categorias criadas
conforme a temática que intitulava a disciplina: 1) Disciplinas específicas da área de formação
(ESP); 2) Disciplinas de formação prática e pesquisa (PP); 3) Disciplinas de fundamentação
pedagógica (PED); 4) Disciplinas referentes à Educação Inclusiva, Educação Especial ou
Tecnologias Educacionais (IET)
A classificação das disciplinas entre estas categorias permitiu identificar aquelas
relacionadas com conteúdos relativos à Educação Inclusiva, à Educação Especial ou às
Tecnologias Educacionais. O quadro abaixo (Quadro 4) apresenta as disciplinas identificadas
sobre as temáticas em estudo em cada instituição incluindo o número de cursos de graduação
que a instituição oferece na área de Educação, e em quais deles cada disciplina é oferecida.
A organização dos dados, neste quadro, deixou evidente que os cursos de Pedagogia
são os mais beneficiados com disciplinas voltadas para as temáticas estudadas. Esta
constatação pode estar relacionada com o fato de o curso de Pedagogia preparar o profissional
para docência nas séries iniciais do ensino fundamental, e também assumir outras funções que
exigem conhecimentos que devem subsidiar e orientar a prática de outros professores e
desenvolver a capacidade de elaborar e implementar projetos pedagógicos.
Instituição
(nº de
cursos
oferecidos)
Curso responsável pela disciplina
Pedagogia para Educação Infantil
UFOP
(4cursos)
Licenciatura em Matemática
Pedagogia
Educação Básica: anos iniciais
Disciplinas relacionadas com os temas pesquisados
Cidadania e Educação Inclusiva
O Mundo Social e a Diversidade Cultural
Tecnologias da informação e comunicação e
educação matemática
Processos educacionais de inclusão e exclusão I e II
Tecnologia da Informação e da Comunicação
(não oferece disciplinas com os temas pesquisados)
Atividade Física para Portadores de Necessidades
Especiais
Elementos de Informática
FUMEC
(1curso)
Educação Física
UFJF
(1 curso)
Pedagogia
(não oferece disciplinas com os temas pesquisados)
Licenciatura em Letras
Licenciatura em Pedagogia
Licenciatura em Ciências Biológicas
Licenciatura em Física
Licenciatura em Matemática
Libras: Linguagem Brasileira de Sinais
UNIS
(5 cursos)
Educação Inclusiva
Tecnologias de Informação e Comunicação
Quadro 4 – Disciplinas curriculares relacionadas com as temáticas em estudo
Fonte: Dados da pesquisa
Pedagogia
Nos cursos de Licenciatura persiste uma formação muito restrita em relação a
conteúdos que orientam o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais e em
conformidade com a perspectiva inclusiva. É certo que muitas disciplinas consideradas, neste
trabalho, como conteúdos de fundamentação pedagógica podem tratar destas temáticas
ressaltando alguns pontos que sejam comuns entre a disciplina cursada e aspectos da
Educação Inclusiva e da Educação Especial. Isto acontece, com alguma freqüência, em
disciplinas como: Estrutura e Planejamento de Ensino, Políticas Educacionais, Psicologia
Educacional, entre outras. Porém, nestes casos, o número de horas/aula trabalhado é sempre
restrito se comparado com o tempo que é reservado para a disciplina que trabalha,
especificamente, determinado tema e, além disso, o conhecimento fica fragmentado
dificultando uma apropriação do conteúdo que permita construir uma concepção sobre a
atuação pedagógica que propicie o trabalho com a diversidade e promova uma prática
inclusivista.
Entre os onze currículos analisados, dois não continham disciplinas relacionadas com
a Educação Inclusiva, Educação Especial ou Tecnologias Educacionais. Estes currículos
referiam-se ao Curso de Pedagogia da UFJF, que está vinculado ao Sistema Universidade
Aberta e o Curso de Educação Básica – anos iniciais, da UFOP. A análise terminou por ser
mais restrita do que se esperava devido ao pequeno número de instituições que disponibilizam
seus currículos para consulta on-line. Esta barreira poderia ter sido transposta por meio de
solicitação, junto às instituições, de tais documentos, porém, não se dispunha de tempo hábil
para este procedimento.
Como pôde ser observado, todos os cursos de Licenciatura da UNIS incluem uma
disciplina sobre a Linguagem Brasileira de Sinais em seus currículos. É curiosa a presença de
uma disciplina tão específica, enquanto disciplinas mais genéricas sobre a Educação Inclusiva
ou a Educação Especial não aparecem no currículo destes cursos. Isto não impede que estes
temas sejam abordados como tópicos de alguma disciplina que componha o currículo, mas a
instituição parece privilegiar o trabalho com um conteúdo mais específico antes de fornecer
conhecimentos gerais relacionados ao trabalho com as pessoas com deficiência.
De modo geral, verificou-se com o levantamento destes dados que o número de
disciplinas voltadas para temas relacionados com a Educação Inclusiva, a Educação Especial,
o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais e o uso de Tecnologias
Educacionais ainda é muito pouco representativo se considerarmos a complexidade de
aspectos que elas compreendem e a necessidade de uma carga horária maior para tratar destes
aspectos, os quais são essenciais para um trabalho que se propõe atender à diversidade. Em
última instância, estes cursos à distância, ao cumprir seu papel para a inclusão social
promovendo a formação inicial de professores, ainda oferecem uma formação que parece ser
insuficiente para que o profissional da educação tenha condições mínimas de trabalhar de
acordo com a perspectiva inclusiva.
É oportuno ressaltar que um estudo mais aprofundado, tendo como referência as
ementas destas disciplinas, provavelmente, forneceria dados mais precisos para uma discussão
mais ampla sobre o alcance destas disciplinas na formação do profissional e na preparação
para uma prática inclusivista. De qualquer modo, no processo de busca eletrônica das
instituições do Estado de Minas Gerais que ofereciam cursos de graduação à distância, foi
constatada uma maior concentração de cursos na área de educação. Este fato demonstra que as
instituições de ensino superior vêm cumprindo o compromisso de formar profissionais para a
educação básica contribuindo para a inclusão social. Desta forma, como foi verificado neste
estudo, a presença, ainda que reduzida, de disciplinas relacionadas com a Educação Inclusiva
e a Educação Especial demonstra um movimento de adequação dos currículos às demandas
educacionais para o atendimento das políticas educacionais.
REFERÊNCIAS
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