Duas funções importantes Carlos Eduardo Paulino, 43, Psicopedagogo, Especialista em Saúde Mental, Licenciado em Geografia e História A micela, com forma arredondada, ou esférica, no sentido tridimensional, foi uma solução inteligente das moléculas que se encadearam afinal essa é a forma mais perfeita da natureza, pois equaciona na menor área possível o maior volume, ao mesmo tempo em que cria um ambiente interno responsável pela sua manutenção, bem como uma proteção externa contra as agressões do meio. Acontece que a natureza testou milhões de formas até que essa desse certo, quando aconteceu, a mesma, precisava se repetir, e isso não foi impossível, uma vez que tínhamos as enzimas que guardavam a memória da construção, no entanto, faltava a molécula para que ocorresse a reprodução dessa micela. Havia o construtor (enzimas) e, também, as matérias-primas, moléculas e aminoácidos a base de carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e fósforo. Pronto. Depois de milhões de combinações, surge uma molécula capaz de reproduzir a forma da micela esférica, melhor solução aos desafios do meio e da preservação, era o ácido ribonucleico (RNA) e, em seguida, o ácido desoxirribonucleico (DNA). A natureza, através do incrível mecanismo de seleção, que funciona a partir de tentativa e erro, numa escala de milhões de anos, tinha presenteado a micela, ou coacervado como gostava Aleksandr Ivanovich Oparin, com a função da reprodução. Porém para que se protegesse a micela, das agressões do meio, e ao mesmo tempo permitisse que ela se reproduzisse, era necessária uma nova função. A membrana externa, com função de proteção, precisava agora, obter a matéria-prima do meio, para isso se torna seletiva, criando canais moleculares, para obter esse material. Dessa forma, temos uma micela, que se protege, se reproduz e se alimenta, num sistema coerente, parcialmente fechado e que regula as condições físico-químicas internas, para poder sobreviver. Estávamos diante das células, aliás, mais que isso. A vida começa na Terra.