seminário | energia Apetite para segurar produção de energia A necessidade do País em gerar mais energia estimula novos projetos Jamille Niero G arantir a produção de energia está no radar de seguradoras como Allianz, Ace e Swiss Re, que participaram de debate durante o Seminário Latino-Americano para o Setor de Energia Elétrica, promovido pela Marsh em abril, em São Paulo. Representantes das companhias afirmaram que têm apetite para esse tipo de seguro, especialmente quando a produção tem como fonte alguma energia renovável. A Ace, por exemplo, tem uma estrutura específica para energia, com a sede em Londres e a regional da América Latina na Argentina. “O potencial do mercado é grande”, disse Alexandre Lima, responsável pela divisão de riscos operacionais de energia da Ace. Atualmente, a produção de energia no Brasil é dominada pelas hidrelétricas, que representam 69% do total. Em seguida estão as termelétricas, responsáveis por 27%. Parques eólicos e usinas nucleares representam, respectivamente, 2% e 1,9% da produção de energia. A produção brasileira ainda deve aumentar. A ABEEólica (Associacão Brasileira de Energia Eólica) estima que a capacidade instalada no uso dos ventos para produzir energia elétrica cresça 141% em 2013, chegando a 6 gigawatts. De acordo com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o Brasil tem hoje 1.623 usinas térmicas, movidas a combustíveis como óleo, gás natural e biomassa. Em fevereiro, 27 das 57 usinas previstas para 2012 não entraram em operação, conforme levantamento da Agência. É um modelo de produção de energia utilizada quando outros tipos (como hidrelétricas ou eólicas, menos poluentes) não dão conta da demanda. Paulo Mantovani, líder da prática de energia no Brasil da Marsh, observou que as oportunidades existem porque a demanda do País por energia é crescente, ainda mais se levarmos em conta todos os projetos que estão sendo realizados – infraestrutura, Copa e Olimpíadas. “O Brasil precisa de energia e os projetos que atrasaram em 2012 precisam ser concluídos nos próximos anos”, disse. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), 34 novas usinas hidrelétricas devem entrar em operação até 2021, sendo 15 delas na Amazônia Legal. Para Felipe Aguiar, da Swiss Re, o mercado brasileiro neste ramo está muito competitivo. “O bom momento incentiva novos players a entrarem aqui”. Segundo ele, o mercado é cíclico e o cenário deve se manter bom, a não ser que ocorra um sinistro muito grande ou aconteça um desdobramento da crise econômica. Angelo Colombo, da AGCS (braço ressegurador da Allianz), observou que os projetos de energia renovável estão em alta. Uma mudança ocorrida no setor é a maior atenção dada aos tumultos, especialmente após os problemas ocorridos na construção das usinas de Jirau e Belo Monte. “Percebemos os riscos de tumultos, coisa que as seguradoras não estavam tão atentas. Hoje, os subscritores já levam em conta o fator humano”, refletiu o executivo. Para os seguradores, o mercado brasileiro possui grande capacidade para segurar os projetos de energia. No caso das termelétricas, eles acreditam que é um modelo de produção de energia que deverá ser bastante explorado no Brasil. No entanto, as seguradoras devem ficar atentas ao “risco reputacional” destes projetos. “É importante manter a sustentabilidade, mas por outro lado não podemos atrasar os projetos”, alegou Colombo. 47