O SR. SIMÃO SESSIM (PP-RJ) pronuncia o seguinte discurso: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, no próximo dia 16 de dezembro, a Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel realizará o esperado leilão de “energia nova”. Esse leilão constitui um marco no processo de implementação do novo modelo do setor elétrico, estabelecido por intermédio da Lei no 10.848, de 15 de março de 2004. Em função do leilão de energia nova, serão outorgadas implantação, as concessões respectivamente, e autorizações das novas para usinas hidrelétricas e termelétricas responsáveis pelo suprimento da energia elétrica necessária para sustentar o crescimento da economia brasileira a partir de 2009. Adicionalmente, os preços dos contratos de energia decorrentes desse leilão definirão o valor que remunerará os novos investimentos do setor elétrico nacional em geração, estabelecendo um novo patamar de preços de 2 energia elétrica que definirá a atratividade dos futuros investimentos em geração de energia elétrica. Com base nos resultados dos seis leilões de energia existente realizados anteriormente pela Aneel, projeta-se um preço da ordem de 110 R$/MWh (cento e dez reais por megawatthora) para usinas hidrelétricas e de 140 R$/MWh (cento e quarenta reais por megawatthora) para termelétricas a gás natural. Infelizmente, dificuldades para a obtenção do licenciamento ambiental reduziram significativamente o número de novas usinas hidrelétricas a serem licitadas, nesse certame, pelo governo federal. Entre especialistas do setor elétrico, é crescente a preocupação em relação ao fornecimento de energia para o final da década. Documento produzido pela Câmara Brasileira dos Investidores em Energia Elétrica - CBIEE e pela Câmara Americana de Comércio – Amcham, divulgado em 10 de outubro passado, aponta para chances reais de falta de energia em 2008 ou 2009. 3 Há dois focos principais de preocupação no setor: a perspectiva de falta do gás natural e o atraso no cronograma de implantação de novas usinas hidrelétricas. A falta de gás natural pode prejudicar o fornecimento de energia elétrica em 2008, quando o Brasil deve apresentar déficit de cerca de 15 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. Simultaneamente, constata-se que as usinas hidrelétricas necessárias para suprir o crescimento da demanda de energia elétrica em 2009 não tiveram as obras iniciadas. A construção de uma hidrelétrica de médio porte, que já tenha todas as licenças ambientais necessárias, demoraria cerca de três anos e meio. Uma usina de grande porte demoraria, no mínimo, cinco anos para entrar em operação. Conclui-se, portanto, que as poucas usinas hidrelétricas, cujas concessões serão licitadas no leilão de 16 de dezembro, dificilmente poderão garantir o suprimento de energia elétrica necessário para atender o crescimento 4 da economia que projetamos e desejamos que o Brasil seja capaz de atingir. O governo informa que, na hipótese de falta de gás natural, seria possível a utilização de óleo diesel nas termelétricas originalmente concebidas para utilizar gás natural. Esta alternativa, estima o documento da Amcham e da CBIEE, representaria para o País um custo adicional estimado entre US$ 2 e 3 bilhões (dois ou três bilhões de dólares americanos), aos preços atuais do petróleo. O Ministério de Minas e Energia se opõe às previsões pessimistas dos especialistas do setor. Entretanto, as atas do Conselho de Monitoramento do Setor Elétrico - CMSE, que permitiriam à sociedade compartilhar das informações que aparentemente tranqüilizam o MME, não são divulgadas ao público em geral. Nessa polêmica, é evidente a importância estratégica para o País de considerarmos os custos, os prazos e os benefícios associados à implantação da Usina Nuclear de Angra III. 5 Inicialmente, trata-se de uma ampliação da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, que se encontra em operação e já dispõe do licenciamento ambiental necessário. Cerca de US$ 750 milhões (setecentos e cinquenta milhões de dólares americanos) já foram investidos em equipamentos e mantê-los convenientemente armazenados custa, anualmente, ao País, cerca de US$ 20 milhões (vinte milhões de dólares americanos). Com investimentos adicionais de US$ 1,7 bilhões (um bilhão e setecentos milhões de dólares americanos), Angra III poderia ser construída num prazo máximo de seis anos e geraria energia a um custo de 140 R$/MWh (cento e quarenta reais por megawatthora), valor semelhante ao associado a uma termelétrica a gás natural. De fato, o Brasil não pode deixar de considerar as conveniências econômicas e tecnológicas associadas à retomada do Programa Nuclear Brasileiro. 6 Com a redução da disponibilidade dos combustíveis fósseis e do potencial hidrelétrico viável do ponto de vista ambiental, a produção de energia a partir de fontes nucleares apresenta-se como a alternativa mais adequada. A retomada do Programa Nuclear Brasileiro, com a implantação da Usina de Angra III, além de permitir a viabilização econômica do ciclo de combustível nuclear nacional, incentivaria a evolução em diversas áreas que aplicam tecnologia nuclear tais como, medicina, eletrônica avançada, metalurgia, óptica, agricultura e outras. Assim, retomando a implantação de Angra III, objetivos estratégicos diversos podem ser atingidos, muitos empregos podem ser criados e, contra um possível racionamento de energia elétrica no final da década, poderemos fazer muito mais do que simplesmente rezar para São Pedro. 2005_14589_Simão Sessim_211