TEORIA DO CURRÍCULO?
Pós-Estruturalismo:
corrente
de
análise social e cultural;
 Teorias não se limitam a descobrir,
descrever e explicar;
 As teorias produzem “objetos”. Ao
descrever um “objeto”, a teoria, de
certo modo, inventa-o (é uma
construção social).
 Visão da Teoria como Discurso ou
Texto;

TEORIA DO CURRÍCULO?
Então: Um discurso sem currículo produz ou
constrói uma visão particular de currículo.
 Procura-se: uma compreensão da noção de
teoria que nos mantenha atentos ao seu
papel ativo na constituição daquilo que ela
supostamente descreve.
 Portanto: Não há uma definição pronta e
acabada de currículo; um verdadeiro
significado.

 Tentativa de expressar idéias s/
currículo da forma como ele é definido
por diferentes autores e teorias

A questão da definição de currículo é:
 Menos ontológica: O que é currículo?
 Mais histórica: como, em diferentes
momentos, em diferentes teorias, o
currículo tem sido definido?
Quais as questões uma teoria do
currículo buscaria responder?
O que
ensinar?
•Natureza da
Aprendizagem
Cultura
• Natureza
&
Humana
•Natureza do
Sociedade
conhecimento
O que as pessoas devem
saber??
Qual conhecimento ou saber é considerado
importante/válido/essencial para merecer ser
considerado parte do currículo?



Critérios de seleção de “conteúdos”:
 De um universo mais amplo de conhecimentos
e saberes seleciona-se aquela parte que
interessa ao currículo.
Portanto, a pergunta “o que ensinar?” nunca pode
ser deslocada de outra pergunta fundamental:
 O que as pessoas devem ser?
 O que elas vão se tornar?
Devemos pensar o que ensinar a partir das
pessoas que vamos formar e para quê formar.
Etimologia: Currículo  curriculum



No curso da “corrida” que é o currículo, o que nos
tornamos?
Afinal: um currículo busca precisamente modificar
as pessoas que vão “seguir” aquele currículo;
Qual é o tipo de ser humano desejável para um
determinado tipo de sociedade?
 Racional e Ilustrada: Modelos Humanistas;
 Otimizadora e competitiva: Modelos Tecnicistas e
Neoliberais;
 Desconfiada
e crítica dos arranjos sociais
existentes: Modelos Críticos.
Currículo & Identidades
Toda essa questão passa por
uma discussão sobre
identidades.
 Por isso o currículo é também
uma questão de identidade:
 indivíduo
 sociedade

TEORIAS DE CURRÍCULO
TRADICIONAIS
Ensino; Aprendizagem; Metodologia;
Avaliação; Didática; Organização;
Planejamento; Objetivos
CRÍTICAS
Ideologia; Reprodução Cultural e Social;
Poder; Classe Social; Capitalismo;
Relações Sociais de Produção;
Conscientização; Emancipação e Libertação;
Currículo Oculto e Resistência
PÓS-CRÍTICAS
Identidade, Alteridade, Diferença,
Subjetividade, Significação e Discurso;
Saber-Poder; Representação; Cultura;
Gênero, Raça, Etnia, Sexualidade,
Multiculturalismo
O começo da crítica:


Final da década de 60 e anos 70-80:
 Movimentos contestadores e reivindicatórios;
 Livros, ensaios, teorizações que colocavam em cheque o
pensamento e a estrutura educacional tradicional;
 Explosão da literatura crítica (70-80)
Movimento mundial:
 EUA: Movimento de Reconceptualização (Pinar, Apple,
Giroux)
 Inglaterra: Nova Sociologia da Educação (Michael
Young);
 Brasil:Paulo Freire, Saviani, Libâneo
 França: Althusser, Bourdieu e Passeron; Baudelot e
Establet
Conteúdo da crítica:



Os modelos tradicionais não estavam
preocupados em fazer qualquer tipo de
questionamento relativamente aos arranjos:
 Sociais;
 Educacionais – vinculados a estrutura
social vigente;
Teorias Tradicionais: teorias de aceitação,
ajuste e adaptação;
Teorias Críticas: teorias de desconfiança,
questionamento e transformação radical.
Quadro Resumo das tendências críticas:
Tendência
CríticoReprodutivista
Movimento
Reconceptualista
Pedagogias
Dialéticas
Nova Sociologia da
Educação
Referências
Conceitos/Interesses
Representantes
França
Filosofia Marxista
Sociologia Crítica
EUA
Ideologia e Educ./AIE
Reprodução Cult/Violência Simb
Escola Dualista
Relações sociais na escola
Louis Althusser
Bourdieu e Passeron
Baudelot e Establet
Bowles e Gintis
Sociologia Crítica
Análise crítica do currículo
Michael Apple
Neomarxismo
Relação: estruturas econômicas e Henry Giroux
políticas e reprod. Cultural
Educação (EUA)
Fenomenologia/Psicanálise
Willian Pinar
Marxismo humanista
Fenomenologia Existencialista e Cristã
Marxismo (Gramsci)
Educação Bancária.
Emancipação do indivíduo e
sociedade oprimidas
PHC emancipação/ Transf. Soc
Paulo Freire
Sociologia (Inglaterra)
Crítica sociológica e
histórica dos currículos
existentes
Quais interesses cercam o
processo de seleção de
currículos? (organização curric)
Conexões:currículo & poder
Michael Young
Códigos de conduta
Noção de poder (Foucault)
Códigos transmitidos no
processo
Basil Berstein
Códigos e
Inglaterra
Reprodução Cultural Teoria Sociológica do
Currículo
Saviani
O currículo oculto


O currículo oculto é geralmente associado as
mensagens de natureza afetiva, como
atitudes e valores, porém não é possível
separar os efeitos destas mensagens das de
natureza cognitiva.
Logo, o currículo oculto está junto com as
normas de comportamento social como as de
concepções de conhecimentos, que são
ligadas as experiências didáticas.
O currículo oculto


O currículo oculto está oculto para o
estudante, no qual há uma intenção oculta,
que é conhecida por quem a ocultou (o
professor, o sistema, etc.).
Muitos professores não são conscientes do
currículo oculto. Eles estabelecem o contrato
didático, o qual traduz os seus objetivos e
não percebem que o currículo oculto é
subjacente ao contrato didático.
O currículo oculto

o currículo oculto pode estar sendo
utilizado na relação pedagógica sem
que o professor perceba. Ele utiliza a
sua experiência para transmitir o
conteúdo
da
disciplina
e
esta
experiência é uma forma de currículo
oculto.
Violência simbólica

Forma invisível de coação que se apóia,
muitas
vezes,
em
crenças
e
preconceitos coletivos. A violência
simbólica se funda na fabricação
contínua de crenças no processo de
socialização, que induzem o indivíduo a
se enxergar e a avaliar o mundo
seguindo critérios e padrões do discurso
dominante.
Violência simbólica

A violência simbólica ou institucional: que
se mostra nas relações de poder, na
violência verbal entre professores e alunos,
por exemplo. Segundo Bourdieu (2001), a
violência simbólica se tece através de um
poder que não se nomeia, que dissimula as
relações de força e se assume como
conivente e autoritário e;
TEORIAS PÓS-CRÍTICAS: processos
culturais pós-modernos









Multiculturalismo;
Questões de gênero e pedagogia feminista;
Narrativa étnica e racial;
Teoria queer;
Pós-Modernismo;
Pós-Estruturalismo;
Pós-Colonialista;
Estudos Culturais;
Etc...
As relações de gênero e a
pedagogia feminista.
Há uma profunda desigualdade
dividindo homens e mulheres, e
estende-se a educação e ao
currículo.
 Há desigualdade do gênero com
questões de acesso, sobretudo nos
paises periféricos do capitalismo.

O currículo como narrativa
étnica e racial.



As teorias críticas focalizadas na dinâmica da
raça e da etnia se concentram em questões
de acesso a educação ao currículo.
A
identidade
étnica
e
racial
está
estreitamente ligada às relações de poder
que opõem o homem branco europeu às
populações dos países por ele colonizados.
Um curriculo multiculturalista desse tipo
deixaria de ser folclórico para se tornar
profundamente político.
A teoria queer.
Através
da
“estranheza”
quer-se
perturbar
a
tranqüilidade
da
“normalidade”.
 O conceito de gênero foi criado para
enfatizar o fato de que as identidades
masculina
e
feminina
são
historicamente
e
socialmente
produzidas.

O pós-modernismo
Para o pós-modernismo, o progresso
não é algo necessariamente desejável
ou benigno.
 O pós-modernismo, inspirado no pósestruturalismo, o sujeito não é o centro
da ação social. Ele não pensa, fala e
produze: ele é pensado, falado e
produzido.

A crítica pós-estruturalista
do currículo.


Foucault: não existe saber que não seja a
expressão de uma vontade de poder. Ao
mesmo tempo, não existe poder que não se
utilize do saber.
Uma perspectiva pós-estruturalista sobre o
currículo
questionaria
os
“significados
transcendentais”, ligados a religião, a pátria,
a ciência, que povoam o currículo. Buscaria
perguntar: onde, quando, por quem foram
eles inventados.
Uma teoria pós-colonialista do
currículo.


A análise pós-colonial busca examinar tanto
as obras literárias escritas do ponto de vista
dominante, quanto àquelas escritas por
pessoas pertencentes às nações dominadas.
Uma perspectiva pós-colonial exige um
currículo multicultural que não separe
questões de conhecimento, cultura e estética
de
questões
de
poder,
política
e
interpretação.
Os Estudos Culturais e o
currículo.



Os Estudos Culturais concebem a cultura
como campo de luta em torno da significação
social. A cultura é um jogo de poder.
Os Estudos Culturais estão preocupados com
questões que se situam na conexão entre
cultura, significação, identidade e poder.
Nessa perspectiva, a “instituição” do currículo
é uma invenção social como qualquer outra, o
“conteúdo” do currículo é uma construção
social.
Os Estudos Culturais e o
currículo.

Não há uma separação rígida entre o
conhecimento tradicionalmente considerado
como escolar e o conhecimento cotidiano
das pessoas envolvidas no currículo, ambos
buscam influenciar e modificar as pessoas,
estão ambos envolvidos em complexas
relações de poder.

Com as teorias pós-criticas do currículo a
análise do poder é ampliado para incluir os
processos de dominação centrados na raça,
na etnia, no gênero, na sexualidade, na
cultura colonialista. Estas teorias rejeitam a
idéia de consciência coerente e centrada,
questionam a idéia de subjetividade dizendo
que ela é social. Para elas não existe um
processo de conscientização e libertação
possível.
Quais conhecimentos são
considerados válidos?

A visão pós-estruturalista, dentre as varias
teorias pós-criticas do currículo, é a que nos
parece possibilitar uma maior reflexão para a
construção de currículo dentro de uma
educação inclusiva, tratando o currículo
como prática cultural e como prática de
significação. Por esse motivo vale o esforço
de compreender os conceitos que ela traz.
A cultura é produção

A cultura é um campo de luta em torno
da construção e da imposição de
significados sobre o mundo social.
Cultura numa visão dinâmica é
produção e não produto, é criação, é
trabalho.
A cultura e as relações de poder

“Em vez de seu caráter final, concluído,
o que fica ressaltado nessa outra
concepção é sua produtividade, sua
capacidade de trabalhar os materiais
recebidos, numa atividade constante,
por um lado, de desmontagem e de
desconstrução e, por outro, de
remontagem e de reconstrução. ...
A cultura e as
relações de poder

...Além disso, nessa perspectiva, esse
trabalho de produção da cultura se dá
num contexto de relações sociais, num
contexto de relações de negociação, de
conflito e poder.” (Silva, 2001b, p.17)
O currículo tal como a cultura
é compreendido como:


1. Uma prática de significação – no seu texto
há uma trama de significados que analisado
como discurso é visto como prática
discursiva.
2. Uma prática produtiva - nesta prática
discursiva há uma produção de significações
produzida na tensão entre o fechamento da
significação e na produção de sentidos.
O currículo tal como a cultura
é compreendido como:

3. Uma relação social – a produção de
significação se dá na relação com outros
indivíduos e com outros grupos sociais. Neste
processo construímos nossa posição de
sujeito e nossa posição social, a identidade
cultural e social de nosso grupo, e
procuramos constituir as posições e as
identidades de outros indivíduos e de outros
grupos.
O currículo tal como a cultura
é compreendido como:

4.Uma relação de poder – produz
significados e sentidos que queremos
que
prevaleçam
sobre
outros
significados e sentidos produzidos por
outros indivíduos e grupos. A luta por
domínio de significado se resolve no
terreno das relações de poder.
A construção da identidade

Uma prática que produz identidades sociais –
a diferença e portanto a identidade é
produzida no interior das práticas de
significação, em que os significados são
contestados, negociados, transformados. Ela
é estabelecida de forma hierarquizada a partir
de posições do poder. A identidade é uma
relação e um posicionamento.
O currículo como espaço de
significação produz identidades
sociais.

“A tradição crítica em educação nos ensinou que
o currículo produz formas particulares de
conhecimento e de saber, que o currículo produz
dolorosas divisões sociais, identidades divididas,
classes sociais antagônicas. As perspectivas
mais recentes ampliam essa visão: o currículo
também produz e organizam identidades
culturais, de gênero, identidades raciais,
sexuais...
O currículo como espaço de
significação produz identidades
sociais.

Dessa perspectiva, o currículo não pode
ser visto simplesmente como um
espaço
de
transmissão
de
conhecimentos. O currículo está
centralmente envolvido naquilo que
somos, naquilo que nos tornamos,
naquilo que nos tornaremos. O currículo
produz, o currículo nos produz.” (Silva,
2001b, p.27)
O que estamos formando?


Se no currículo se forja a nossa identidade é
preciso nos perguntar o que estamos
formando e se é isto o que queremos.
Os alunos não aprendem apenas a partir das
interações entre professores e alunos; grande
parte do que é aprendido na escola é
aprendido através das interações entre os
alunos.
Críticas ao Currículo seqüenciado
padronizado:


Aulas ministradas pelo professor e os alunos
lendo livros didáticos e preenchendo folhas
de atividades para aprender e exercitar os
termos, conceitos e habilidades essenciais à
matéria;
Se a criança não consegue aprender o
currículo através desse tipo de abordagem,
ela falhou, e, em alguns casos, é excluída das
turmas de educação regular;
Críticas ao Currículo
seqüenciado padronizado:


A falta de adaptação à diversidade, inerente
às experiências passadas e à velocidade de
aprendizagem, aos estilos e os interesses de
todos os alunos;
Um currículo padronizado é muitas vezes prédefinido por indivíduos tais como consultores
das secretarias de educação e especialistas
em currículo que compilam por exemplo,
leituras básicas e livros didáticos de
matemática e história.
Depois das teorias críticas e pós-críticas
do currículo torna-se impossível pensar
o currículo simplesmente através de
conceitos técnicos como os de ensino e
eficiência ou de categorias psicológicas
como as de aprendizagem.
 Nas teorias pós-críticas o conhecimento
não é exterior ao poder, não se opõe ao
poder, é parte inerente do poder.

Referências Bibliográficas:
SAVIANI, D. Escola e democracia. São Paulo: Cortez,
1995.
SILVA, T. T. da. Documentos de identidade: uma
introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte:
Autêntica, 2004.
TEIXEIRA, P. M. M. Educação científica e movimento
CTS no quadro das tendências pedagógicas no Brasil.
Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em
Ciências, v. 3., n. 1, 2003.
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TENDÊNCIAS CURRICULARES