“Exposição à hiperoxia leva à morte celular no desenvolvimento cerebral” Hyperoxic exposure leads to cell death in the developing brain Uluc Yis a,*, Semra Hız Kurul a, Abdullah Kumral b, Serap Cilaker c, Kazım Tug˘yan c, Sermin Genc d, Osman Yılmaz e Brain & Development 2008 Oct ;30 (9): 556–562 Realizado por: Ana Graziela S. Antón1; Eduardo Carrari1; Rodolfo Bregion1. Coordenação: Paulo R. Margotto . www.paulomargotto.com.br 1 Ddos curso de medicina da Escola Superior de Ciências da Saúde – ESCS. Obrigado! Dr. Paulo R. Margotto, Ddo Eduardo, Dda Ana e Ddo Rodolfo 25-10-2008 Introdução • Evidências: prematuros apresentam elevada prevalência de comprometimento cognitivo e motor devido a encefalopatia hipóxico-isquêmica, hemorragia intracerebral, infarto cerebral. • Mas: uso de concentrações supra-fisiológicas de O2 em UTINeo (ressuscitação, desconforto respiratório...) altas concentrações de O2 exercem efeitos tóxicos; prematuros possuem menos antioxidantes enzimáticos; • Hiperoxia: fator de risco aditivo para morte neuronal em RN que apresentaram asfixia intraparto; • Poucos estudos analisaram os efeitos da hiperoxia no desenvolvimento cerebral. Objetivo • “investigar os efeitos da hiperoxia em diferentes regiões do desenvolvimento cerebral”. Materiais e métodos • Modelo animal: – Em conformidade com as orientações do Laboratório Animal Experimental e aprovado pelo Comitê de Uso e Cuidados Animal do Dokuz Eylul University School of Medicine; – Filhotes de ratos Wistar (IG semelhante) em 2 grupos acompanhados do nascimento ao 5º dia pós-natal P(5): caso (n=8): expostos, em câmara, a 80% de O2, com concentração do O2 controlada 2x/dia, umidade mantida a 80% e CO2 removido; controle (n=8): mantidos em local com ar ambiente (21% O2); – Mães trocadas a cada 24h (prevenção de dist. respiratório no adulto); – Determinação da concentração sanguínea de O2 : coleta em cavidade cardíaca esquerda (sob anestesia); – Em P(5): sacrifício dos animais animais pesados, anestesiados com éter e tecidos cerebrais coletados. – Desenvolvimento cerebral desses ratos (nesta idade pós-natal) é semelhante ao de um RN nascido com ± 24 sem de gestação. Materiais e métodos • Avaliação histopatológica: – Realizada por investigador “cego” em relação ao estudo; – Animais perfundidos por formalina, tecidos fixados em formol, processados em blocos de parafina, cortados em 6µm e corados com cresilo violeta; – Imagens analisadas em microscópio equipado com câmera de vídeo, computador e software (padronizados). Materiais e métodos • Estimativa do hipocampo, córtex préfrontal, córtex parietal, subiculum e córtex retrosplenial : – Estimativa das áreas cerebrais em toda as amostras (de acordo com Mouse Brain Atlas); – Densidade/contagem de neurônios determinadas com uso de software; – Procedimentos realizados às cegas. Materiais e métodos • Detecção de morte celular in situ : – Detecção de fragmentação de DNA com “deoxynucleotidyl transferase-mediated dUTP nick endlabeling (TUNEL)”; • Morte celular detectada por ELISA: – Para detecção de fragmentação de DNA; – Técnica utilizada para detecção específica de fração citoplasmática de tecido cerebral; • Peso dos cérebros: – Após removido da cavidade craniana, encéfalos pesados em balança com sensibilidade de 0,0001g; • Análise estatística: – Valores apresentados como média ±SEM; – Comparações: teste Mann-Whitney U; – p<0,05: estatisticamente significativo. Resultados • Avaliação de pesos corporais e gasometria sanguínea: – Média do peso corporal: sem diferença estatística (12.14 ± 0.69 vs 12.57 ± 0.53; P = 0.318); – PaO2 arterial: 82 ± 2 mm Hg nas crias expostas a 21% O2 e 324 ± 18 mm Hg naquelas expostas a 80% O2 (n = 2 por grupo); Resultados • Efeitos da densidade neuronal em hiperoxia: – TUNEL: revelou típicas características morfológicas de apoptose (condensação de cromatina e corpos apoptóticos); – Seguem tabelas e figuras. Resultados • Efeitos da densidade neuronal em hiperoxia: Fig. 1: efeitos da hiperoxia na densidade Fig. 2: efeitos da hiperoxia na densidade neuronal e TUNEL na região CA1 do hipocampo. Ampliações de secção coronal de CA1 tecidos cerebrais de ratos do grupo controle (A) e grupo de hiperoxia (B), coradas com cresilo violeta. A densidade neuronal é significativamente menor no grupo de hiperoxia. (C) Resultados de TUNEL imunorreatividade no grupo controle. TUNEL células positivas reforçada no grupo de hiperoxia (D) (setas). neuronal e TUNEL no córtex pré-frontal. Ampliações de secção coronal partir do córtex pré-frontal tecidos cerebrais de ratos do grupo controle (A) e grupo de hiperoxia (B), coradas com cresilo violeta. A densidade neuronal é significativamente menor no grupo de hiperoxia. (C) Resultados de TUNEL imunorreatividade no grupo controle. TUNEL células positivas significativamente reforçada no grupo de hiperoxia (D). Fig. 3: efeitos da hiperoxia na densidade neuronal e TUNEL no córtex parietal. Ampliações de secção coronal de córtex parietal dos tecidos cerebrais dos ratos do grupo controle (A) e grupo de hiperoxia (B), coradas com cresilo violeta. A densidade neuronal é significativamente menor no grupo de hiperoxia. (C e D) Resultados de TUNEL imunorreatividade no grupo controle. TUNEL células positivas reforçada no grupo hiperoxia (E e F). Fig. 4: efeitos da hiperoxia na densidade Fig. 5: efeitos da hiperoxia na densidade neuronal e TUNEL no subiculum. Ampliações de secção coronal de córtex parietal tecidos cerebrais de ratos do grupo controle (A) e grupo de hiperoxia (B), coradas com cresilo violeta. A densidade neuronal é significativamente menor no grupo de hiperoxia. (C) Resultados de TUNEL imunorreatividade no grupo controle. TUNEL células positivas reforçada no grupo de hiperoxia (D). neuronal e TUNEL no córtex retrosplenial. Ampliações da secção coronal de tecidos do córtex retrosplenial dos ratos do grupo controle (A) e grupo de hiperoxia (B), coradas com cresilo violeta. A densidade neuronal é significativamente menor no grupo de hiperoxia. (C) Resultados de TUNEL imunorreatividade no grupo controle. TUNEL reforçada nas células positivas grupo de hiperoxia(D). Resultados • Efeitos da hiperoxia em quebra da fita de DNA: Resultados • Efeitos da hiperoxia sobre a morte celular no ELISA: Fig 6: Comparação dos resultados teste ELISA morte celular (grama / absorvância proteína) entre os grupos controle e hiperóxia. Resultados • Peso dos cérebros: Fig 7: Comparação dos pesos dos cérebros entre controle e grupo de hiperoxia. Discussão • Estudo: – Concentrações suprafisiológicas levam a reação apoptótica e neurodegenerativas, morte celular e diminuição da massa cerebral alteração do desenvolvimento cerebral; – Morte celular relacionada à hiperoxia em todas as regiões estudadas locais importantes de controle cognitivo, motor, sensorial, além de funções de memória e aprendizagem. Discussão • Animais selecionados devido à semelhança com o desenvolvimento pós-natal de um RN nascido com ± 24sem de IG: – Período crítico para o desenvolvimento cerebral; – RN comumente intubados e recebendo quantidades excessivas de O2; • Estudos sobre os efeitos da hiperoxia no desenvolvimento cerebral são escassos; • Um estudo: exposição de prematuros à hiperoxia é importante fator de risco para desenvolvimento de paralisia cerebral, piora o resultado em RN com asfixia; • Lembrar que em UTINeo existem muitos fatores de risco que levam a morte neuronal silenciosa (sedativos, antiepiléticos), que somam os riscos com a hiperoxia. Discussão • Mecanismos da hiperoxia responsáveis pela morte celular no cérebro em desenvolvimento ainda não são conhecidos; • Hiperoxia: produção de radicais livres: -danos ao DNA-mitocôndriamembranas; -mudança na expressão de genes; -fosforilação de proteínas; Conclusão • Hiperoxia: – Capaz de produzir morte celular no cérebro em desenvolvimento, assim como no pulmão e na retina; – Estudo sugere que a morte neuronal induzida pela hiperoxia pode ter parte na responsabilidade da deficiência cognitiva e motora desenvolvida posteriormente em prematuros. Consultem também: • Danilov CA, Fiskum G. Hyperoxia promotes astrocyte cell death after oxygen and glucose deprivation. Glia. 2008 May;56(7):801-8 (A hiperoxia promove a morte celular do astrócito após deprivação de oxigênio e glucose) Impacto das práticas clínicas no cérebro em desenvolvimento Autor(es): Augusto Sola (EUA). Realizado por Paulo R. Margotto