Ansiedade Eliana Eliana Melcher Martins Mestre em Ciências pelo Depto de Psicobiologia da UNIFESP Especialista em Medicina Comportamental pela UNIFESP Psicóloga Clínica Cognitivo - Comportamental 1 Definições • A ansiedade é, provavelmente, a mais comum e universal das emoções. Um acontecimento normal na vida humana. • “Uma emoção desagradável, induzida pela expectativa de perigo ou frustração que ameaça a segurança, a homeostase ou a própria vida da pessoa, ou do grupo biossocial a que ela pertence.” 2 Definições Pode ser normal quando: • motiva o indivíduo a ir buscar seus objetivos. • A experimentamos diante de um acontecimento brusco (iminência de um desastre, terminar tarefas dentro de limites determinados). • Serve de proteção contra possíveis perigos (luta ou fuga). 3 Medo Ansiedade • Medo é a resposta a uma ameaça externa, definida e conhecida. • Ansiedade é uma resposta a uma ameaça interna, vaga e desconhecida. 4 Ansiedade Patológica • Caracteriza-se pela frequência, intensidade e duração da emoção ansiosa, interferindo negativamente no bem-estar e no rendimento das atividades cotidianas. • Perde seu valor adaptativo e passa a ter uma atuação inadequada. 5 Caráter Ansioso Estado Ansioso • Caráter ansioso – predisposição a reagir de forma ansiogênica a uma grande variedade de estímulos. • Genética • Resultado de certas experiências da vida • TRAÇO DE PERSONALIDADE 6 Estado Ansioso • Condição emocional transitória, de intensidade e duração variável. • Persistente, fixo, de intensidade alta diante de circunstâncias que a pessoa avalia como ameaçadoras, independentemente da existência de um perigo real. • Ser (caráter) Estar Ansioso (estado) 7 A ansiedade possui: • Componente Psicológico • Componente Somático 8 Psicológico • Inquietação desagradável até mesmo insuportável • Acompanhada de insegurança • Apreensão com: futuro a própria saúde ou dos familiares Com as finanças Com relação às próprias aptidões Capacidade de relacionamentos sociais • Antecipa problemas • Teme perigos e desastres • Procura o apoio de terceiros 9 Somático • Sistema Sudomotor: suor frio e úmido nas palmas das mãos, axilas e testa. • Sistema Cardiovascular: Taquicardia Aumento da pressão arterial Vasoconstrição periférica (palidez e baixa temperatura nas extremidades) • Sistema respiratório: Respiração superficial, rápida e entrecortada, geralmente por suspiros Sensação de sufoco e opressão torácica • Sistema gastrointestinal: Diminuição salivar Náuseas, dispepsias Constipação/diarréia Inapetência/compulsão alimentar 10 11 Etiopatologia da Ansiedade • Teorias biológicas: papel dos neurotransmissores (noradrenalina, serotonina, ácido gama-aminobutírico (GABA)). Deficiência deles no sistema nervoso central. • Teorias psicológicas comportamentais cognitivas: resposta condicionada a estímulos ambientais específicos. Crenças errôneas que subestimam a capacidade de enfrentamento de condições adversas e superestimam a ameaça e os perigos. • • Reação: reduz ou tenta controlar a ansiedade – a esquiva – conduz às fobias Outras reações: negação, somatização, ingestão de comida, uso exagerado de cigarros, bebidas, riso, choro, fala excessiva, devaneios, exercícios físicos ou fuga na fantasia. • Há componentes hereditários, principalmente no pânico, fobias e no TOC. • Na ansiedade generalizada há predisposição familiar (não necessariamente genética e sim de compartilhamento) 12 Transtorno de Ansiedade • Doença Moderna: Boa parcela dos indivíduos sofrerá de um transtorno de ansiedade no futuro. Mais do que a depressão. Afeta a vida cotidiana mais do que se pensa: No trabalho Na vida social Em viagens (locomoção em geral) Em relações afetivas Em geral não conseguem dormir bem, podem tornar-se reclusas. Algumas precisam de hospitalização 13 Transtorno de Ansiedade • Pode levar à depressão (dando a impressão de sofrer das duas condições) • Uso de substâncias • Associado a problemas cardíacos, hipertensão, desconforto gastrointestinal, doenças respiratórias, diabete, asma, artrite, problemas de pele, fadiga dentre outros. • Afeta 16% das crianças – impacto em seu desenvolvimento problemas acadêmicos e sociais. • Doença de repercussão grave. • Custo financeiro alto para o sistema de saúde pois as pessoas ficam menos produtivas e usam mais os serviços médicos. 14 Uma questão a considerar: • Por que os problemas com ansiedade estão aumentando se vivemos com maiores facilidades do que no passado? • Se estamos mais protegidos das catástrofes, nosso nível de ansiedade deveria diminuir na mesma proporção. • Porém essa proporção de ansiedade aumentou!!!! • Por quê? 15 Nível de “Conexão Social” • • • • • • • • • • • • Menos laços afetivos com outras pessoas O divórcio é mais comum As famílias estão mais divididas e espalhadas As famílias estendidas já vivem longe Comunidades locais menos coesas (mobilidade econômica, estradas e automóveis) Locais de compras e de diversão mais distantes Crescimento das cidades As pessoas vivem mais sozinhas Aumento da criminalidade Terrorismo Falta de estabilidade no trabalho Aposentadoria inadequada na velhice • O apoio da “tribo” não está mais disponível como antes 16 Como pensamos a vida hoje • Expectativa em relação ao conforto material aumentou • Identidade enquanto consumidores • Sentimento de querer sempre mais é reforçado pela mídia • Quanto mais se consome mais solitários nos sentimos • A economia oferece várias opções e cresce a dúvida se a escolha foi a melhor • Expectativas em relação à beleza e ao sucesso levam a uma insatisfação crescente e a uma tentativa desesperada de um sentido de vida mais feliz 17 Origem da Ansiedade • Parte de nossa herança biológica • Nossos ancestrais viviam em um mundo cheio de perigos: predadores, fome, plantas tóxicas, vizinhos hostis, alturas, doenças, afogamentos, etc. • As qualidades necessárias para evitar o perigo foram as qualidades desenvolvidas em nós pela evolução. • O medo tinha a função de proteger. • Tínhamos de estar atentos a muitas coisas para sobreviver. • Em nossa formação psicológica essa cautela originou nossas mais profundas aversões e fobias. • Esses medos eram adaptativos – instintos de sobrevivência dos tempos 18 primitivos A ansiedade como adaptação Stanley • “Como a ansiedade ajudou nossos ancestrais a sobreviverem em um ambiente primitivo?” • Função de um medo particular ter servido para nos guiar e proteger diante de determinadas situações: • • • • • Os lugares altos eram perigosos A comida poderia estar estragada Era arriscado ofender os vizinhos Num campo aberto poderia encontrar animal perigoso Guardar comida para matar a fome no inverno • Os ansiosos sobreviveram por se preocuparem com situações reais de subsistência. 19 Psicologia evolutiva • A linguagem como ferramenta conceitual tornou claro que temos mente e que pensamos. • Temos também a capacidade de imaginar como o outro pensa e sente e como estes pensamentos e sentimentos são parecidos com os nossos. • Nas tribos e comunidades isso é levado em consideração. • No cérebro é o córtex orbitofrontal responsável por essa área (lesão nessa área a pessoa não sabe como agir com o outro). Ex. autismo. • No processo evolutivo as crianças passaram por um longo período de desamparo. Elas se tornavam adultos antes da adolescência. • Foram melhores cuidadas e protegidas graças ao interesse do grupo cuidar de crianças que ficavam órfãs prematuramente. • O grupo passou a ser mais integrado para garantir a sobrevivência de todos 20 Psicologia evolutiva • Um grupo organizado tinha muito mais chances de lidar com sucesso com os perigos do ambiente primitivo do que aqueles que se dedicavam à guerra. • O sentido de cooperação foi desenvolvido para garantir nossa sobrevivência. • A linguagem facilitou esse desenvolvimento (compartilhar informações) • Armazenar informações para criar a “cultura do grupo”. Passar adiante o conhecimento coletivo essencial a uma existência planejada. • Embora a linguagem tenha nos dado as ferramentas, as emoções eram ainda a força motriz do comportamento humano. 21 A ansiedade foi uma das principais emoções As características evolutivas que mais aparecem hoje em dia são as que tendem ao cuidado e ao comedimento. Por exemplo: • Aqueles que demonstrassem respeito ou deferência eram menos atacados. • Os que demonstravam vontade de cooperar evitavam confrontos, às vezes mortais. • Impulsos de precaução evitavam a morte. • O medo de altura, de águas profundas ou áreas abertas evitavam situações perigosas. • A cautela com estranhos foi uma atitude de proteção evitando um possível desastre num encontro com uma tribo hostil. • A preocupação em guardar alimentos para o inverno seguinte poderia ajudar a tribo a chegar na próxima primavera. 22 Todos os nossos medos tem uma sua base na sobrevivência. A evolução trouxe os transtornos (Melhor prevenir do que remediar): TOC – medo extremo de se contaminar (as doenças contagiosas na idade préhistórica matavam, especialmente em populações mais numerosas) • Acumular coisas foi útil num ambiente primitivo de recursos escassos. • Medo obsessivo de perder o controle e se tornar violento seria considerado prudência nos idos primitivos. AGORAFOBIA – medo de estar em espaços abertos e públicos • Vulnerabilidade do homem primitivo ao se expor em locais onde havia feras ESTRESSE PÓS TRAUMÁTICO – maneira de nos mantermos longe de perigos experimentados ou presenciados, como testemunhas ou quase vítimas. TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA – versão moderna dessa possibilidade de ver longe, de ter cautela. 23 Origem da Ansiedade • Esses medos herdados já não são mais adaptativos (linguagem e civilização). • Nosso cérebro continua a funcionar como se nada tivesse mudado. • • • • Agimos de acordo com regras ultrapassadas: Tigre faminto Cão latindo Comida contaminada prato sujo de comida Reação agressiva de desconhecido antes hoje • A evolução programou essas regras para nos proteger dos riscos 24 Origem da Ansiedade • Temos que obedecer a essas regras como um software instalado há milhões de anos para nos manter a salvo. • Questionar essas regras a ansiedade eis a solução para • Examinar as crenças disfuncionais em que elas se baseiam, pois exercem uma influência oculta, poderosa sobre os pensamentos e os comportamentos. 25 Quais são os transtornos de Ansiedade? • Fobia Específica - medo de um estímulo ou situação específica: avião, elevador, água, certos animais. • Crença Subjacente – o estímulo ou situação são perigosos em si mesmos. Ex.: “o avião pode cair”, “o rato vai me atacar”. • Transtorno de Pânico – medo das próprias reações fisiológicas e psicológicas a um estímulo – em essência, medo de um ataque de pânico. • Crença Subjacente - respiração acelerada ou batimentos cardíacos acelerados, vertigens, suores ou tremores são vistos como sinais de colapso iminente, insanidade ou morte. • Agorafobia – evitação que acompanha as situações de pânico, limitando de maneira grave a mobilidade das pessoas. 26 Quais são os transtornos de Ansiedade? • • Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) – a pessoa tem pensamentos recorrentes ou imagens (obsessões) que considera estressantes. Ex.: pensar que está sendo contaminada, perdendo o controle, cometendo um erro ou se comportando de maneira inadequada. Há necessidade urgente de realizar certos comportamentos (compulsões) que neutralizarão essas imagens: lavar-se, realizar rituais arbitrários, fazer verificações constantes. Em geral leva à depressão. • Crença subjacente – se não realizar esses rituais, algo de muito ruim poderá acontecer comigo ou com alguém querido. • Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) – tendência a se preocupar continuamente com muitas coisas. Os pensamentos se voltam para a imaginação de todas as possíveis consequências negativas e de maneiras de impedi-las. Acompanhado, às vezes, por sintomas físicos de estresse: insônia, tensão muscular, problemas gastrointestinais, etc. • Crença subjacente – preciso estar sempre alerta, caso contrário, não conseguirei impedir consequência gravíssimas. 27 Quais são os transtornos de Ansiedade? • • Transtorno de Ansiedade Social (TAS) ou Fobia Social – medo de ser julgado pelos outros, especialmente na situações sociais: apresentações, festas, encontros, comer em locais públicos, usar banheiros públicos, escrever ou assinar na frente de outras pessoas, ou simplesmente encontrar novas pessoas. Sintomas – tensão extrema, “paralisia”, preocupação obsessiva com interações sociais e uma tendência ao isolamento e à solidão. Pode vir acompanhado pelo uso de drogas e ou álcool. • Crença subjacente – se me expuser as pessoas podem ver minha incapacidade em vários aspectos da minha vida. • Transtorno de Estresse Pós Traumático (TEPT)– medo excessivo causado por exposição anterior a uma ameaça ou dano. Traumas comuns são estupro, violência física, acidentes graves e exposição a guerras. As pessoas reexperimentam seus traumas sob a forma de pesadelos ou flashbacks e evitam situações que tragam lembranças perturbadoras. Pode exibir irritabilidade, tensão e hipervigilância. O álcool e o abuso de drogas são endêmicos, assim como os sentimentos depressivos e a falta de esperança. • Crença subjacente – o mundo é muito hostil. O que fiz para merecer esse sofrimento. 28 Instrumentos para avaliar a Ansiedade Escalas de Ansiedade para serem aplicadas pelo profissional • Escala de Ansiedade de Hamilton (HAM-A) (Hamilton, 1959) • Escala de Ansiedade de Beck (Beck et al., 1988) • Escala de Ansiedade Clínica (Snaith et al., 1982) • Escala Breve de Ansiedade (Tyrer et al., 1984) Escalas de Ansiedade para serem aplicadas pelo paciente • Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) (Spieberger et al., 1970) • Escala de Ansiedade de Zung (Zung, 1971) • Escala de Ansiedade Manifesta de Taylor (Taylor, 1953) • Subescala de Ansiedade do Symptom Checklist (SGL-90) (Derogatis et al., 1973) 29 Como tratar a Ansiedade 30 Tratamento Medicamentoso: • Antidepressivos ou ansiolíticos? Stahl (2002) • Antigamente eram bem definidos os quadros de depressão e ansiedade. • Atualmente há uma sobreposição (isoladas ou associadas). • 1960 – Ansiedade – Benzodiazepínicos (BZD) – menos sedativos e causavam menos dependência. • Posteriormente antidepressivos tricíclicos e inibidores da MAO eram eficazes. • 1990 – ISRS (inibidores seletivos de recaptação de serotonina) drogas de 1ª.linha para o tratamento dos transtornos ansiosos, deixando aos anteriores papel secundário. 31 • Segundo Stahl (2002), há de se reconhecer que nem todos os ansiolíticos são antidepressivos ou vice-versa. • A desipramina (antidepressivo tricíclico) e a bupropiona (antidepressivo), por exemplo, são de pouca utilidade para tratar os diversos tipos de transtornos de ansiedade, da mesma forma que a buspirona (ansiolítico) combate a ansiedade generalizada, mas não a depressão. • Nesses casos, há de se associar duas drogas concomitantes, uma com ação ansiolítica, outra com ação antidepressiva. 32 Tratamento com TCC 33 Aspectos-chave da Teoria da Aprendizagem 1. Um estímulo (não condicionado) inicial provoca uma resposta (não condicionada) de medo que se torna generalizada a outros estímulos condicionados, os quais produzem respostas condicionadas. Por ex.: o lugar onde uma pessoa foi assaltada (ENC) passa a provocar (EC) medo e a pessoa não retorna àquele lugar, pois teme ser assaltada novamente. 34 Aspectos-chave da Teoria da Aprendizagem 2. Um padrão de evitação de estímulos temidos reforça a crença do paciente de que ele não consegue lidar com o objeto ameaçador ou com a situação. No ex. do assalto a pessoa passa a desencadear sintomas de ansiedade toda vez que passa por aquele local. Para evitar ela deixa de sair de casa. 35 Aspectos-chave da Teoria da Aprendizagem 3. O padrão de evitação deve ser rompido para o paciente conseguir superar a ansiedade. 36 Processos Cognitivos no tratamento dos transtornos de ansiedade • Enriquecem o modelo comportamental • Pesquisas mostram o pensamento catastrófico ilógico dos ansiosos (maximiza o perigo e minimiza o poder de enfrentamento). • Experiências de medo podem ser aprendidas na infância com pessoas que confirmam crenças sobre risco, perigo e a capacidade dessas pessoas lidarem com isso. • O estímulo original de medo que desencadeou o padrão de estímulos condicionados e evitação nem sempre é identificado facilmente (TAG, Pânico, TOC). • Enriquecem o modelo comportamental. 37 Rompendo a conexão estímuloresposta • Desfazer o pareamento ENC/EC e RNC/RC. • Inibição Recíproca e Exposição 38 Inibição Recíproca • Processo de redução da excitação emocional, fazendo com que o paciente vivencie uma emoção positiva ou saudável que se contraponha à resposta disfórica 39 Inibição Recíproca Método • Relaxamento profundo da musculatura voluntária =calma (incompatível com a ansiedade) • Usado regularmente diminui o poder do estímulo de evocar o medo 40 Respiração diafragmática • Primeiro, é preciso tomar contato com sua forma de respirar, buscando alcançar uma frequência lenta e mais prolongada. • A sua mente deve estar sempre concentrada no ato de respirar. • Escolha um lugar tranquilo e quieto onde você possa se sentar confortavelmente e espere alguns minutos para se acalmar. • Comece contando suas respirações: inspire totalizando 4 segundos e expire em mais 5. • Não tome muito ar. Apenas respire devagar, leve e facilmente. • Puxe o ar com os músculos do abdômen, empurrando-o para fora enquanto você inspira e contraindo para dentro ao expirar. • Para facilitar a desaceleração da respiração, faça uma pequena pausa após cada expiração. 41 Meditação Concentrativa Durante o treinamento de respiração diafragmática pense na palavra: RESPIRAÇÃO Não deixe que outros pensamentos invadam sua mente 42 Técnicas de Relaxamento • Relaxamento: pode ser complementado com exercícios de imaginação e autosugestão. • Estimula-se a prática do relaxamento nas mais diversas posições e situações até que o paciente esteja apto a utilizá-Io nas situações desencadeantes de ansiedade ou de ataques de pânico. • É importante lembrar que em pacientes com transtorno de pânico é muito comum o relaxamento desencadear crises de ansiedade e, por isso, no início, deve ser feito sob supervisão. 43 Relaxamento Bioprogressivo Jacobson • Tensionar-se grupos de músculos numa contagem até 10 e depois processa-se o relaxamento e a respiração diafragmática. • Pode-se iniciar com os músculos dos membros inferiores até se atingir os músculos faciais ou vice-versa. 44 Técnicas Específicas para o tratamento dos diversos Transtornos de Ansiedade 45 Fobia Específica (fobia simples) • Medo acentuado e persistente ou irracional de objetos ou situações claramente discerníveis e circunscritas (DSMIV). • A exposição ao estímulo fóbico causa uma resposta de ansiedade, que pode chegar à intensidade de um ataque de pânico. • Há evitação do elemento fóbico e isso causa prejuízo no cotidiano das pessoas interferindo em seu desempenho ou na vida social, causando grande sofrimento. 46 Fobia Específica Alguns subtipos • Animal – animais ou insetos • Ambiente natural – tempestades, alturas ou água • Sangue – injeção – ferimentos – a visão de sangue e ferimentos, tomar injeção ou submeter-se a cirurgias (queda dos batimentos cardíacos e da pressão arterial, náusea e desmaio”fingir-se de morto”no olhar primitivo) • Situacional – túneis, pontes, lugares fechados, aviões ou dirigir • Medo de doenças, de espaços abertos, de engasgar, vomitar, ou de situações que poderiam levar à asfixia 47 Etiologia • Nem sempre uma fobia acontece devido a um trauma, como muita gente pensa. Ele pode ser inato. • Sua manifestação diante de um evento, como um elevador enguiçar, significa que a pessoa já traz esse medo consigo. • De alguma forma evitar certos perigos levou o homem a sobreviver. • O medo pode ser aprendido através do condicionamento pavloviano (caso do menino Albert de Watson). 48 Etiologia • O medo pode ser mantido através do condicionamento operante: evitar a ameaça leva à redução do medo. A evitação é recompensada. Passa-se a ter uma associação positiva, mas ao mesmo tempo o medo ao estímulo se mantém. • Não há medicação eficaz nesses casos. Às vezes a administração de BZD interfere no processo de habituação. • Se o medo pode se manter pela evitação, ele, também, pode ser desaprendido pela experimentação do objeto temido e pela constatação de que ele é inócuo. 49 Tratamento na TCC • Inibição recíproca através da respiração diafragmática e relaxamento progressivo. • Dessensibilização Sistemática • Exposição ao vivo • RPD com pensamentos catastróficos 50 Vencendo a fobia específica • Identificar os medos • Identificar comportamentos de segurança/evitação • Desenvolver motivação para a mudança • Construir uma hierarquia do medo • Avaliar a racionalidade do medo • Fazer uma imagem-teste do medo • Praticar a exposição na vida real • Comprometer-se com uma estratégia a longo prazo 51 Identificar os medos diagnósticos diferenciais • Um medo não vem sozinho • Não se inclui medos de natureza psicológica (ansiedade social, pânico...) • “O elevador vai cair” • “O cachorro vai me atacar” • “A cobra vai me picar” • Medo imediato, não depende de reflexão • É uma resposta instantânea do sistema nervoso a algo do ambiente. Não significa que a mente não esteja envolvida. • A fobia específica geralmente está associada a algo a que você esteja predisposto a temer. 52 Medir o medo específico • Escala de Avaliação do Medo Escolha um número da escala abaixo que demonstre o quanto vc teme cada uma das situações listadas, escrevendo o número ao lado de cada uma delas. 0______________25__________50______________75___________100 Nada Um Moderadamente Muito Extremamente Pouco 1. Viagem de avião 6. Animais 11. Exercícios 2. Elevadores 7. Sangue ou injeções 12. Trovões 3. Insetos 8. Ratos 13. Críticas 4. Cobras 9. Água 14. Ônibus 5. Encontros com estranhos 10. Espaços Fechados 15. Escuridão 53 Identificar Comportamentos de Segurança/Evitação • • • • • • • • Tensionar o corpo ou agarrar-se a algo Examinar o ambiente Pedir confirmação Rezar Repetir frases memorizadas Cantar para si mesmo Alterar a respiração Permanecer imóvel Uma crença supersticiosa sobre o medo e sobre buscar segurança 54 Identificar Comportamentos de Segurança/Evitação • Tanto os comportamentos de segurança quanto a evitação confirmam, ao longo do tempo, que não se consegue lidar com os medos. • Quanto mais se confiar neles mais a fobia aumenta. Ex. fazer viagens desnecessárias de ônibus quando se podia ir de avião, etc. • Portanto precisam ser eliminados 55 Motivação para a mudança Custos e benefícios de superar um medo: Prejuízos: • Fazer coisas desconfortáveis • Gastar dinheiro e tempo • Arriscar o fracasso para superar o medo Benefícios: Não precisar evitar situações amedrontadoras Viajar com mais facilidade Preocupar-se menos com situações temidas Sentir mais controle sobre a própria vida Técnica: Vantagens e Desvantagens de ter essa fobia 56 Motivação para a mudança • Se não houver disposição para a superação da fobia, pode ocorrer o fenômeno da generalização, ou seja o medo poderá atingir outras situações. • Por ex.: se você ceder ao medo de elevador poderá evitar outras coisas com as quais se sinta desconfortável. 57 Hierarquia para enfrentar o medo • Pode ser usada no tratamento de todos os transtornos de ansiedade. • Faz-se uma lista de todas as situações relacionadas com o medo em questão • Da mais até a menos assustadora. • Ex. Medo de elevador 58 Um caso de medo de elevador • Adolescente trazido pelos pais com trauma de elevador há 1 ano e meio. • Ele não teria vindo por iniciativa própria. • Nenhum antecedente traumático anterior. • Terapeuta o tranquilizou dizendo que teria alívio do sofrimento em pouco tempo. • Conseguia usar elevadores panorâmicos desde que tivessem ascensorista • Estar em elevador sozinho sem interfone e sem o dispositivo indicador de andares era problemático. • Sentia taquicardia, tremor, fraqueza nas pernas, e, às vezes, enjoo. • Usava exclusivamente as escadas, mesmo precisando ir ao 20º.andar de um prédio. Foi construída a seguinte hierarquia:59 Medo de elevador • Usar o elevador de serviço do prédio sozinho – 80 • Usar o elevador de serviço do prédio dos avós – 60 • Usar o elevador de serviço do seu prédio com seus amigos – 50 • Usar o elevador social do seu prédio sozinho – 40 • Usar o elevador de serviço do prédio dos avós com eles – 35 • Usar o elevador social do prédio dos avós sozinho – 30 • Usar o elevador social do seu prédio com sua mãe – 30 • Usar o elevador social do seu prédio com seu avô ou com sua avó – 20 60 As exposições foram feitas da seguinte forma: • Usar o elevador social do seu prédio com seu avô ou com sua avó – 20 • Usar o elevador social do seu prédio com sua mãe – 30 • Usar o elevador social do prédio dos avós sozinho – 30 • Usar o elevador de serviço do prédio dos avós com eles – 35 • Usar o elevador social do seu prédio sozinho – 40 • Usar o elevador de serviço do seu prédio com seus amigos – 50 • Usar o elevador de serviço do prédio dos avós – 60 • Usar o elevador de serviço do prédio sozinho – 80 61 Registro de Ansiedade durante a exposição imaginária e ao vivo Data/hora Etapa da Hierarquia Ansiedade antes Ansiedade depois 12/09/12 Das 10:00 às 10:15 Usar o elevador social do seu prédio com seu avô ou com sua avó – 20 10 15/09/12 Das 10:00 às 10:15 Usar o elevador social do seu prédio com seu avô ou com sua avó – 10 0 20/09/12 Das 12:00 às 12:15 Usar o elevador social do seu prédio com sua mãe 30 10 22/09/12 Das 12:00 às 12:10 Usar o elevador social do seu prédio com sua mãe 10 0 62 As hierarquias podem ser construídas com outras fobias: • • • • • • • • • Avião Altura Dentista Fobias alimentares (medo de engasgar com alimentos sólidos ou aversão a algum tipo de alimento) Animais e insetos Dirigir Chuva, trovões e raios (criar simulacro) Escuridão Doenças 63 Sangue-ferimentos-Injeção • Intensa náusea que pode ser seguida de desmaio. • Evitação de qualquer situação que envolva esses 3 elementos. Difícil evitar. • Resposta fisiológica diferente de outras fobias: o coração após um breve período de aceleração, passa a bater cada vez mais devagar, chegando a parar de bater por um breve período, o que leva a pessoa a desmaiar por uma diminuição da oxigenação no cérebro (hipoxia). • 67% dos pacientes apresentam esse quadro por fatores genéticos 64 Sangue-ferimentos-Injeção Tratamento diferenciado • Exposição aos estímulos fóbicos (hierarquia).Usada juntamente com a técnica descrita abaixo. • A pessoa deve estar deitada ou recostada numa poltrona. Técnica da “tensão aplicada” para impedir que a síncope ocorra: • Tensione os músculos dos braços, tronco e pernas • Mantenha-os tensionados até sentir um calor surgindo na face (10 a 20 segundos) • Alivie a tensão, mas não relaxe a musculatura. Apenas retorne ao estado inicial • Aguarde meio minuto e repita o procedimento até completar um total de 5 ciclos • Pratique a técnica realizando os 5 ciclos 5 vezes ao dia, como tarefa de casa • Acompanhante terapêutico é importante durante as exposições ao vivo. 65 Avaliar a racionalidade do medo • Seu medo é racional ou extremo? • Observar as chances reais dos perigos, (ou probabilidades) sejam eles de qualquer natureza, pode ajudar testando a ideia de que os medos podem ser irracionais. • Analisar os fatos reais, as estatísticas para questionar a probabilidade de que algo ruim possa acontecer e reforçar suas fobias. • Pode-se confrontar o medo fóbico pensando na probabilidade de ele acontecer de fato. • Tais reflexões podem não aliviar a ansiedade, mas podem oferecer um ambiente ou contexto para se trabalhar ao confrontar os medos. (Debate Socrático) 66 Fazer uma imagem-teste do medo • Observar as pessoas que fazem o que se teme. Ex.: ver as pessoas chegando a salvo de uma viagem de avião. Pessoas que entram e saem do elevador, etc. • Praticar imaginar as diferentes situações que se teme, conforme a lista da hierarquia construída (dessensibilização sistemática) • Exposição à situação real. Começar com o menos até o mais assustador. Observar os comportamentos de segurança para depois eliminá-los também. • Fazer imaginação do “encontro” com o medo (exposição imaginária). Ensaio para a realidade. • À medida que o valores altos da hierarquia vão diminuindo a pessoa se aproxima cada vez mais do fenômeno da HABITUAÇÃO e a ansiedade tende a diminuir. 67 Dessensibilização sistemática ou exposição na imaginação • Pacientes que encontram obstáculos para iniciar o programa de exposição ao vivo, a técnica de exposição na imaginação é bastante útil. • Quando sentir ansiedade, o paciente deve assinalar (levantando o dedo, por ex.) e utilizar as técnicas de relaxamento. • À medida que o paciente não sente mais ansiedade em determinado item da hierarquia, passa-se para o seguinte. • Quando o paciente estiver dominando essas técnicas, passa-se para a exposição ao vivo e para a associação de técnicas de indução de ataques de pânico ou exposição interoceptiva. • Exposição a estímulos interoceptivos e indução aos ataques de pânico: os ataques de pânico podem ser desencadeados por condicionamento, simplesmente pela sua ocorrência em situações, como: sair de casa, ir a uma rua movimentada, etc. 68 Dessensibilização sistemática ou exposição na imaginação • Também podem ser provocados pela simples visualização na imaginação das situações em que costumam acontecer. • Algumas vezes, precisa-se estimular a imaginação das sensações desencadeantes ou experimentadas durante o ataque de pânico. • Com frequência o desencadeante é um pensamento, com características catastróficas, por exemplo: "vou desmaiar!" ou "vai acontecer de novo!" 69 Exposição ao vivo Praticar a exposição na vida real • Estratégia de enfrentamento. • Se exposta intencionalmente ao objeto fóbico a pessoa sentirá medo, mas o medo tem tempo limitado, pois a excitação fisiológica não pode ser mantida indefinidamente. • Ocorre fadiga e não havendo outros estímulos excitatórios, a pessoa se adapta à situação. • Com a repetição, a resposta fisiológica à situação temida diminui, à medida que a pessoa conclui que o estímulo pode ser enfrentado e controlado. 70 Terapia de exposição • É o fator essencial do tratamento. Consiste em permanecer em contato por tempo prolongado com os desencadeantes da ansiedade e ou com as situações de esquiva fóbica. • Para ser eficaz, deve durar até que a ansiedade diminua de maneira significativa ou cesse, deve ser planejada, repetida sistematicamente e a atenção deve estar voltada para o exercício. • Deve-se estimular a autoexposição, embora nas primeiras vezes o paciente pode ser acompanhado por um familiar ou amigo. • É importante que o paciente perceba que a exposição é o instrumento mais poderoso de que dispomos atualmente para ajudá-Io a controlar seu problema, devido à habituação. Gina no elevador 71 Pensamentos automáticos irracionais e racionais RPD (técnica) Pensamento Automático Tipo de Distorção Resposta racional “O elevador vai cair” Advinhação Pensamento Catastrófico A chance de o elevador cair e de eu morrer é de 1 em 398.000.000. Fiz essas previsões antes e elas nunca aconteceram. “Sim – mas desta vez poderia acontecer. Não tenho garantia alguma de que não cairá”. Desqualificando o positivo Perfeccionismo Exigência de certeza É claro que qualquer coisa pode acontecer, mas a vida tem de ser vivida com o que é provável, não com o que minha imaginação diz. “Não devo entrar no elevador até que me sinta à vontade.” Exigência de certeza Necessidade de estar pronto A única maneira de progredir é fazer coisas quando você não está pronto – exercitando e enfrentando seus medos. Na verdade, é preciso que eu sinta o medo para poder superá-lo. 72 Comprometa-se com uma estratégia a longo prazo • Um medo alimentado por anos de história evolutiva não acaba para sempre. • No caso de estresse ou fadiga pode haver recaída. • Não representam fracasso, mas oportunidades de se lidar com elas. • Utilize as estratégias aprendidas com a terapia. • Se houver recaída a exposição imaginária pode ser útil num primeiro momento e depois a exposição in vivo. • É como meditar: estar presente, mesmo com o desconforto, é a 73 melhor maneira de garantir a liberdade no futuro. Transtorno de Pânico • Caracteriza-se pela presença de ataques de pânico: • crises espontâneas, súbitas, de mal-estar e sensação de perigo ou morte iminente, acompanhadas de diversos sintomas físicos e cognitivos que, em geral, atingem seu ponto máximo em segundos ou minutos e decrescem logo após. • O primeiro ataque de pânico é, em geral, seguido de outros, em lugares e situações diversas. • Por medo de uma nova crise, a pessoa passa a evitar esses lugares (agorafobia), principalmente aqueles onde a passagem ou a saída é mais difícil, como: supermercados cheios, trânsito congestionado, meios de transportes coletivos, etc. 74 Diagnóstico • Em geral, os ataques de pânico, não são espontâneos e estão associados a: • • • • fatores de estresse situações específicas pensamentos ansiogênicos sensações corporais (palpitação, pressão no peito, falta de ar, dores,tensão muscular, tonturas, etc.) • A presença de depressão e a necessidade de medicação antidepressiva ou a retirada de tranquilizantes devem ser avaliados. 75 Tratamento com Técnicas Comportamentais • • • • • • Técnica de Respiração Diafragmática Técnicas de Relaxamento Progressivo Hierarquia de enfrentamento (Agorafobia) Dessensibilização Sistemática Exposição ao vivo Exposição interoceptiva 76 Exposição Interoceptiva 77 Os exercícios • No.1 • Sentado em uma cadeira ou poltrona balance rapidamente a cabeça de um lado para o outro, como se estivesse expressando um “não” • Procure fazer um giro amplo de cabeça e mantenha os olhos SEMPRE abertos • Duração do exercício: 30 segundos • A seguir inicie imediatamente o controle da respiração até que a tontura passe • Vá para o segundo exercício • No. 2 • Sentado na cadeira, incline o tronco para frente,deixando-o repousar sobre as coxas (se possível) e soltando os braços para baixo. • Deixe que suas mãos toquem o chão, mas evite ter uma lombalgia por forçar excessivamente o movimento de flexão. • Permaneça nessa posição por 30 segundos e erga rapidamente o tronco retornando à posição original. • Faça o controle da respiração até que volte a se sentir bem • Poucas pessoas sentem mais que uma vertigem discreta com esse exercício • No.3 • Fique de pé e corra parado no mesmo lugar, acelerado, durante 1 minuto • Ou então, suba e desça um lance de escada (sem correr) durante 3 ou 4 minutos • O importante é que o exercício produza algum grau de taquicardia e falta de ar • Aumente o tempo no caso de não se obter esse efeito • Retorne ao controle da respiração e não se preocupe se tiver mais dificuldade para obter controle • Lembre-se que se exercitou e há falta de ar • Aos poucos o rítmo respiratório volta ao normal • No. 4 • Pegue uma cadeira e ponha no meio da sala, longe de objetos e quinas • Caminhe rapidamente ou corra ao redor da cadeira, usando uma de suas mãos ou os dedos sobre a sua borda como guia deste movimento circular • Faça isso durante 1 minuto e a seguir sente-se na cadeira • O exercício deve provocar uma tontura giratória • Controle a respiração até que o desconforto passe • No.5 • Sentado na cadeira, respire rápida e profundamente com a boca aberta e usando o tórax durante 30 segundos • Exercício de HIPERVENTILAÇÃO provoca estranheza, tontura e formigamento nas mãos • Aumente o tempo para 1 minuto se não houver esses sintomas, ou respire mais rápido e com mais profundidade • Controle a respiração logo a seguir 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Data Exercício Ansiedade antes Ansiedade depois 25/07 No.1 Girar a cabeça 3 6 “ No.2 Tronco inclinado 6 2 “ No.3 Correr no lugar 4 7 “ No.4 Correr em volta da cadeira 4 8 “ No.5 Hiperventilação 3 7 Técnicas Cognitivas filme do Jô Ajudam no processo de despareamento Facilitam a resposta de relaxamento Promovem envolvimento em intervenções de exposição Reduzem ou desligam PANs e diminuem a tensão 84 Técnicas Cognitivas Análise dos erros Cognitivos Auto Sugestão Parada de Pensamento Distração Descatastrofização Reatribuição Teste de Hipótese 85 Análise dos erros de lógica • Analisar os pensamentos não como fatos, mas como hipóteses ou teorias a serem investigadas. Procura-se questioná-Ios de modo que o paciente perceba quando está cometendo um erro. • Delineando as consequências específicas do acontecimento temido, pode, no início, ocorrer um aumento da ansiedade, mas em geral verifica-se que sempre há alternativas e que as consequências são manejáveis, suportáveis e limitadas no tempo. • Fatores de ajuda: a discussão detalhada dos fatores temidos permite a exploração de medidas que podem ser tomadas para corrigir essas situações e que não foram levadas em consideração anteriormente pelo paciente. Pensamentos Distorcidos • • • • • • • • • • • • Vou morrer Vou ter um ataque cardíaco Vou ter um derrame Vou ficar louco Vou desmaiar e todos vão rir de mim Sou um fraco Vou perder o controle e bater o carro Não posso praticar esportes ou ter relações sexuais porque vou morrer Tenho que controlar tudo Não posso me emocionar ou chorar para não perder o controle Se eu não dormir, vou enlouquecer Não posso ficar sozinho Autosugestão • Pode ser útil para ajudar o paciente a lidar com medos, crenças ou a realizar uma tarefa que desencadeia ansiedade. - O paciente deve formular frases que melhoram seu autocontrole quando: • se prepara para uma situação ansiogênica • se defronta com a situação de estresse • está se sentindo encurralado pela situação • após a situação temida. • O objetivo é lembrar ao paciente que ele tem controle sobre si próprio, mesmo na vigência de um ataque de pânico; que apesar do desconforto provocado por deliberadamente tentar entrar na situação, pode, conversando consigo mesmo, conseguir permanecer nela. A partir do confronto com a situação e da avaliação correta e realista dos sintomas que são obtidos os melhores efeitos terapêuticos. Parada de Pensamentos 1. Reconheça que está ativo um PAN 2. Dê um autocomando para interromper o pensamento-diga a si mesmo em tom de comando:”PARE”(stop) ou “DEIXE DE PENSAR ASSIM”. Pode ser um pensamento interno ou falado em voz alta 3. Evoque uma imagem visual para reforçar o comando, como um sinal de “pare”, um semáforo vermelho ou a mão de um guarda de trânsito 4. Mude a imagem de um sinal de “pare”para uma cena agradável ou relaxante (trabalhe essa imagem). Teste na sessão antes da TCasa Distração • Parada de Pensamento = Distração • Imagens mentais • Ler • Ir ao cinema • Hobby • Trabalhos manuais • Socializar-se • Internet • Pode ser mais útil no TOC do que a Parada de Pensamento Cuidar para que não sejam comportamentos para evitar as situações fóbicas Descatastrofização (vídeo 2) 1. Faça uma estimativa da probabilidade de ocorrer um resultado catastrófico. após a análise dos erros de lógica, pode-se perguntar: "Vamos supor que o pior aconteça, qual será a sua conseqüência?" e continuar perguntando "e se... acontecer?", "e daí?". 2. Classificar a crença em uma escala de 0 a 100%. Anote as respostas 3. Avalie as evidências contra e a favor de ocorrência do evento. 4. Monitore a ocorrência de erros cognitivos e utilize o questionamento socrático para ajudá-lo a discriminar entre temores e fatos Descatastrofização 5. Revise a lista de evidências e peça ao paciente para refazer as estimativas da probabilidade de ocorrer uma catástrofe 6. Avalie a percepção do controle, pedindo ao paciente para classificar até que ponto acredita ter controle sobre a ocorrência ou o resultado do evento. Anote Descatastrofização 7. Crie um plano de ação, fazendo um brainstorm das estratégias para redução da probabilidade de que a catástrofe ocorra. Colocar no papel. 8. Desenvolva um plano para enfrentar a catástrofe, caso ocorra 9. Reavalie a percepção da probabilidade do resultado catastrófico, bem como o grau de percepção do controle sobre o resultado. Compare-os com os originais e discuta as diferenças 10. Faça uma análise, perguntando ao paciente como foi falar sobre seus pensamentos catastróficos dessa maneira. Reforce esse processo. Reatribuição: • O paciente ansioso tende a assumir responsabilidade total sobre um dado evento e a se preocupar com outros tantos sobre os quais não tem nenhum controle. • Deve-se levantar os aspectos do problema sobre os quais o paciente não tem controle ou responsabilidade, focalizando aqueles em que pode atuar de maneira mais eficaz e nos quais uma mudança possa ser efetuada. 94 Teste de hipóteses • Testar se uma determinada antecipação é verdadeira ou não, através de uma pequena experiência planejada em que o paciente tenha condição de sucesso. Fobia Social ou Ansiedade Social • Caracteriza-se por medo persistente e irracional que compele o indivíduo a evitar situações em que possa ser observado, avaliado pelos outros e encontrar-se em posição humilhante ou embaraçosa. • As situações sociais mais comuns incluem falar em público, escrever, comer e beber diante de outras pessoas, usar o banheiro público, falar ao telefone, relacionar-se com pessoas em posição de autoridade e a maioria das situações que envolvem contato interpessoal, como festas e reuniões, onde o indivíduo teme dizer coisas tolas ou ser incapaz de responder a perguntas. • Os sintomas mais frequentes decorrentes da exposição a essas situações são tremor, rubor, sudorese, taquicardia, tensão e/ou abalos musculares e "dar branco na mente". 96 Tratamento na TCC • • • • • • Exposição ao vivo Dessensibilização sistemática Reestruturação cognitiva - RPD Treino de habilidades sociais Respiração diafragmática Relaxamento Filme do Roberto 97 Transtorno Obsessivo Compulsivo TOC Avaliação: • Escala de sintomas obsessivo-compulsivos de Yale-Brown (Y-Bocs), • Entrevista semi-estruturada • Lista de comportamentos evitativos; • Diário de auto registro e outros • Avaliação médica psiquiátrica 98 O que é TOC? • Obsessão – pensamentos ou imagens intrusivos e recorrente dos quais o indivíduo quer se livrar por serem desagradáveis e indesejáveis. • Compulsão – comportamento com o qual o indivíduo tenta se livrar das obsessões. 99 Sequência típica do TOC • Surgimento de certos pensamentos sem uma razão aparente • Sentimento de que tais pensamentos são desagradáveis • Urgência em suprimir ou expurgar tais pensamentos da mente • Urgência simultânea de aplacar esses pensamentos por meio de certos comportamentos compulsivos 100 Pensamentos Obsessivos Você: • Corre o risco de ser contaminado • Não tenha percebido um erro • Tenha inadvertidamente causado dano a alguém • Tenha deixado algo inacabado • Precise organizar as coisas de maneira específica • Esteja prestes a dizer ou fazer algo inadequado 101 Compulsões típicas • Verificar as fechaduras das portas constantemente • Lavar as mãos repetidamente • Evitar qualquer contato com sujeira • Perfeccionismo extremo em relação às tarefas • Guardar objetos desnecessários • Buscar constantemente o apoio dos outros 102 Rituais Mentais • Repetir silenciosamente um pensamento. • Substituir um pensamento indesejável por uma imagem ou repetir um pensamento neutralizador, tal como uma reza ou outra forma de falar consigo mesmo. • Crença Subjacente: Se esses impulsos forem obedecidos, se todos os pequenos rituais forem realizados, os pensamentos indesejados desaparecerão da mente. • Porém isso não ocorre e o desaparecimento é bastante temporário. • Necessidade de usar medicação. Encaminhamento para psiquiatra. 103 • O TOC pode levar a depressão na maioria dos casos. • Outras comorbidades são comuns: pânico e fobias específicas. • Geralmente ocorre no início da vida adulta ou na adolescência. Embora se tenha notícia de crianças portadoras de TOC. • Uma boa porcentagem das pessoas com TOC passa por situações de conflito com seus parceiros íntimos. Suas obsessões e compulsões interferem na vida do casal e produzem estresse e conflito. 104 Etiologia • • • • • • • • Predisposição genética Probabilidade de anormalidade do nascimento Traumatismos cranianos Epilepsia Encefalite Meningite Coreia de Sindenham (devido à febre reumática) Leves sinais neurológicos 105 Tratamento na TCC • Respiração Diafragmática • Relaxamento Progressivo ou outro equivalente • Exposição in vivo (Hierarquia das obsessões e compulsões) • Prevenção de Resposta • Flooding (inundação) • RPD 106 Prevenção de Resposta • Encoraje o paciente a se expor em situações temidas e ao mesmo tempo não pode utilizar as respostas habituais de evitação. • Um paciente obsessivo compulsivo apresenta um aumento do grau de ansiedade, quando as obsessões lhe vêm a mente ou quando é exposto a situações específicas. • Em seguida a urgência em ritualizar, que aumenta até que o paciente execute o ritual, durante o qual e nos momentos que se seguem o paciente sente alívio transitório da ansiedade, o que contribui para manter o problema. 107 Prevenção de Resposta • Se exposto a uma situação desencadeante e impedido de ritualizar, a ansiedade e a urgência em ritualizar aumentam até atingir um platô, para então começar a cair gradualmente. • Se essa experiência for repetida de forma sistemática, tanto a ansiedade como a urgência em ritualizar diminui, mas de forma duradoura. É o princípio da Habituação. • A técnica de exposição inclui o confronto repetido com os estímulos temidos, até que ocorra a extinção da resposta de medo. • Tal exposição deve ser feita ao vivo ou na imaginação, ser de curta ou longa duração e provocar alta ou baixa ansiedade. 108 Estresse Pós-Traumático TEPT • Costuma se manifestar como resposta tardia a um evento estressante de curta ou longa duração, de natureza ameaçadora ou catastrófica. • O desencadeante é a própria experiência traumática vivida pela pessoa. • Resposta condicionada a um evento traumático: 109 Evento traumático: • Desastres naturais ou causados pelo homem: inundações, incêndios, desabamentos. • Acidentes sérios: de carro, avião, transporte coletivo. • Testemunhar morte violenta ou tortura ou ser vítima de tortura, terrorismo, estupro, assalto, sequestro. • Guerras. • Confinamento em campo de concentração. • Morte súbita ou doença inesperada de um membro da família • Privações, fome. 110 Características importantes do TEPT • Diante do evento traumático, a pessoa experimenta medo, desamparo e sensação de impotência. Sintomas: • Episódios repetidos de revivescência do trauma sob a forma de flashbacks e pesadelos • Irritabilidade • Raiva • Tensão • Depressão • Insônia • Sobressaltos • Esquiva de tudo que possa lembrar o fato • Pode evoluir por meses ou anos 111 Características importantes do TEPT • Pode acontecer de a pessoa com TEPT ter entorpecimento ou anestesia emocional. • A pessoa fica apática, indiferente, sobretudo se a esquiva das situações que a fizeram lembrar do trauma não for possível. • Essa indiferença parece proteger a pessoa da sensação aversiva que se instala quando o evento original é lembrado. • Pode haver também abuso de álcool e drogas. • Pode ocorrer vitimização ( Por que isso aconteceu comigo?) • Pode ocorrer culpa (trabalhar o dizer “não”) 112 Tratamento do TEPT pela TCC • Medicamentoso: Imipramina (Tofranil) mostra-se eficaz na diminuição das imagens intrusivas (flashbacks) e promove a redução dos sintomas físicos. Pouco eficaz na esquiva de situações relacionadas ao trauma. • Poucos trabalhos sobre a eficácia de técnicas cognitivas e comportamentais para esse tratamento. Mas... 113 • ...para Foa e colaboradores “quando alguém associa algo negativo com a resposta de medo (“É horrível ser ansioso”), a exposição repetida às situações de medo altera o seu valor negativo.” • Ao reviver as cenas de um evento traumático, a pessoa sente grande dor e ansiedade, mas através da exposição repetida isso pode ser modificado com a diminuição da ansiedade, fazendo com que reduza o valor atribuído àquele evento. 114 Exposição Imaginária: • As cenas relacionadas ao trauma são listadas • Ordenadas da menor para a maior intensidade da ansiedade (nota de 0 a 100) • A pessoa se expõe a cenas de menor para maior intensidade • Pode ser gravado ou escrito, com sua própria voz em primeira pessoa, o conteúdo das revivescências traumáticas. • Explicitadas com a maior riqueza de detalhes possível 115 Exposição Ao vivo (em relação às situações que são evitadas): • Construir hierarquia. • O número de itens pode ser menor (5 ou 10). • Durante a exposição poderá ocorrer o aparecimento de memórias traumáticas esquecidas. • Se isso ocorrer faz-se a exposição imaginária com esse conteúdo. Caso Viviam (pg.171 – Sem medo de ter Medo) 116 Trabalho sobre Ansiedade Livro: Livre de Ansiedade, Robert L.Leahy Leitura dos Capítulos: • 4-“Isso é perigoso!”: Fobia Específica – 48 • 5- “Estou perdendo o controle.”: T.de Pânico e Agorafobia – 70 • 6- “Nunca é o suficiente.”: TOC – 91 • 7- “Sim, mas e se...?”: T. Ansiedade Generalizada – 116 • 8- “Estou tão envergonhado!”: T. de Ansiedade Social - 138 • 9- “Está acontecendo de novo.”: T. Estresse Pós Traumático - 162 117 Referências Bibliográficas Wright J.H.,Basco M.R. & Thase M.E. Aprendendo a Terapia Cognitivo-Comportamental, um guia ilustrado.Artmed: Porto Alegre, 2008. Tito Paes de Barros Neto. Sem medo de ter medo. Artmed. Robert L.Leahy. Livre de Ansiedade