Processos Psicológicos Básicos As bases genéticas e comportamentais da ansiedade PUC-Rio 2009.1 Ansiedade Existem tantas definições de ansiedade quanto as causas de suas manifestações; De um modo geral: estado subjetivo de tensão ou apreensão, difuso ou vago, muitas vezes acompanhado por uma ou mais sensações físicas (aumento da pressão arterial, da frequência cardíaca, da respiração, da urgência de micção ou defecação); Induzida pela expectativa de perigo, dor ou a necessidade de um esforço especial; Ansiedade É também um importante impulso motivacional, fundamental em diversas formas de comportamento, tendo um significado adaptativo e evolutivo; Dentro de certos níveis a ansiedade é benéfica ao organismo, preparando-o para uma infinidade de situações e tarefas do dia-dia; Lei de Yerkes-Dodson Experimento realizado no início do século XX (1908); O princípio delineado preconiza que toda tarefa possui um ponto ótimo de ansiedade/ativação para que ela possa ser executada da melhor forma possível; Níveis acima ou abaixo desse ponto tendem a prejudicar o desempenho da tarefa. O experimento Robert Yerkes (1876-1956) e John Dodson (18791955) foram dois psicólogos experimentais americanos; Empregando ratos numa tarefa de discriminação, eles delinearam um efeito relacionado ao estresse associado a três tarefas distintas. É importante lembrar que este mesmo efeito encontrado não era exatamente o que eles esperavam. O experimento Os animais tinham que aprender a entrar numa caixa branca (w) e a evitar a caixa escura (b); Se entrassem na escura, levariam um pequeno choque nas patas (3 intensidades); Havia 3 tipos de tarefas: uma discriminação fácil, uma média e uma difícil. Os resultados São 3 curvas: a III representa a tarefa difícil, a II uma tarefa fácil e a I a tarefa de dificuldade média; É interessante observar que, ao contrário do que os pesquisadores pensaram, um aumento na intensidade do choque não fez os animais aprenderem mais rápido (menos tentativas). A Curva do “U” Invertido Este termo foi cunhado por Donald Hebb, em 1956. Esta é uma das poucas leis gerais da Psicologia, e pode ser empregada de diversas formas, de acordo com a teoria. Adaptativa sim, mas até certo ponto... Níveis exageradamente elevados de ansiedade irão prejudicar a execução de uma tarefa, seja ela média, fácil ou difícil; Neste caso, podemos observar que este sistema pode se tornar patológico; Nestas situações, o indivíduo é caracterizado como tendo um transtorno de ansiedade generalizada, que possui várias divisões (fobias, transtornos de pânico etc). A Ansiedade Patológica É uma resposta inadequada a um determinado estímulo, em virtude de sua intensidade ou duração; Pode provocar distorções da percepção temporal, espacial e em relação ao significado dos acontecimentos; Interferem no aprendizado pela diminuição da concentração, prejuízo da memória e capacidade de associação; Nos dias de hoje, devido ao alto grau de estresse de origem social, pessoal e econômica, o uso de drogas ansiolíticas superam o de qualquer outro agente farmacológico; Prevalência da ansiedade seja de 5% da população mundial, sendo maior nas mulheres. A ansiedade é uma resposta emocional... Sendo assim, é um fenômeno complexo. Sua manifestação pode ser expressa de 3 formas distintas: (1) Atividade Consciente: sensações de desconforto, hipervigilância, insônia e perda de concentração; (2) Reações Comportamentais: inquietude, movimentação das mãos e pés, andar de um lado para o outro, alterações das expressões faciais e da tonalidade da voz; (3) Respostas Fisiológicas: sudorese, palpitações, náuseas e sensações de vazio no estômago. Como entender estas respostas emocionais? Diferentes modelos teóricos têm sido formulados com o objetivo de compreender a origem patológica da ansiedade; No entanto, estas teorias não são suficientemente sólidas para explicar apropriadamente a etiologia destes distúrbios. Isto se deve ao fato de, apesar de se manifestarem de formas distintas, os diferentes transtornos de ansiedade são expressos subjetivamente pelos indivíduos de forma muito parecida... Além disso, as diferentes teorias psicológicas partem de princípios distintos, o que também contribui para uma visão diferente do sistema, o que leva a diferentes formas de tratamento. Teoria Visão das Emoções Patologia Plano de tratamento Psicodinâmica Expressões do “transbordamento” da energia psíquica, assumindo a forma de transtornos neuróticos e mecanismos de defesa. A doença é vista como o resultado do afeto “estrangulado” e da inadequada descarga da energia psíquica. Insights sobre os conflitos psíquicos e impulsos negados, feito através da relação transferencial e das interpretações do terapeuta. Comportamental Respostas condicionadas que podem servir de estímulos discriminativos para outras respostas. Produzem indesejável efeito sobre a organização do comportamento Os padrões desadaptativos do comportamento emocional são fruto de deficiências de habilidade ou de condicionamentos patogênicos. “Contra-condicionar” as respostas indesejáveis (dessensibilização, extinção, técnicas massivas), com o objetivo de eliminar ou controlar estas respostas. Humanista Valiosas experiências, guiando nossa sensação, a ação e reflexão das pessoas. As emoções atuam na ação e consciência. Ocorre quando as emoções são negadas, interrompidas ou suprimidas (“inacabadas”) Autoconscientização, liberdade experencial, emocional e expressiva. Emoções como valiosos guias para a atividade pessoal. Cognitiva Racionalista Emoções são produtos de pensamentos e imagens, além da interpretação da percepção. Emoções negativas são efeito dos padrões de pensamento incorretos e irracionais. Eliminação, controle ou substituição dos afetos negativos através da alteração no padrão de pensamento irracional. Cognitiva Construtivista Processos primitivos e poderosos de conhecimento, representando padrões de organização e desorganização da experiência individual. Emoções negativas ou dolorosas refletem tentativas individuais imperfeitas para o desenvolvimento. Por vezes, esta desorganização é ocasionada pela reorganização sistema geral. Experiência e na expressão apropriada das emoções, e na exploração de seu desenvolvimento, funções e papéis desempenhados no desenvolvimento. Dependendo de cada indivíduo, as experiências emocionais representam oportunidades de mudança. MAHONEY, M.J. Processos Humanos de Mudança – As Bases Científicas da Psicoterapia. Trad. Fábio Apolinário. Porto Alegre: ArtMEd, 1998. Um breve histórico... Para Freud a ansiedade seria o resultado de conflitos intrapsíquicos, sendo que as neuroses decorreriam de mecanismos de defesa excessivos ou inapropriados (conversão, repressão, etc), acionados pelo indivíduo contra a ansiedade, produzindo sintomas; Psiquiatras Americanos, na década de 1950, avançaram este conceito ao considerarem que todas as formas de psicopatologia seriam secundárias à ansiedade. Desta forma, a psicoterapia agiria reduzindo os conflitos internos, sendo aplicável a todas as doenças mentais; O DSM-IV e o CID 10 Extraído de: Landeira-Fernandez, J. Silva, M.T.A. 2007. Intersecções entre Psicologia e Neurociências. Editora Medbook, Rio de Janeiro Referências