Novas Mídias e Relações Sociais.
Eduardo Foster1
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Caiena – Soluções em Gestão do Conhecimento, Av. 34 - 578,
CEP 13504-110 Rio Claro, Brasil
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Resumo. A comunicação é uma disciplina que acompanha o ser-humano, sua organização social e
evolução tecnológica, desde que passamos a nos organizar em sociedade. Ao mesmo tempo em
que a comunicação estabeleceu condições para o desenvolvimento técnico-científico, muitas
vezes, o resultado desse desenvolvimento foi aplicado à comunicação. Em certo ponto, o modelo
de comunicação ad-hoc deixa de existir, sendo substituído por um novo modelo de comunicação
de propósito geral: a Internet.
1. Comunicação e Internet
A organização em sociedade é resultado direto da capacidade de transmissão de informações, ou
comunicação. Através de uma sofisticada ferramenta de comunicação, a linguagem, foi possível
estabelecer uma nova forma de transferência de conhecimento, entre indivíduos de determinado
grupo, muito mais efetiva do que o aprendizado através da observação [Pagel 2011].
Os avanços tecnológicos do século XIX, principalmente nas áreas de eletricidade e
eletromagnetismo, deram início a uma nova fase da comunicação: a telecomunicação moderna.
Por volta de 1860, já era possível, via telégrafo, se comunicar com o Reino Unido a partir dos
Estados Unidos. Nesse mesmo período, surgem também outras novas mídias importantes como
o telefone e o rádio.
Já no século XX, no contexto da Guerra Fria, os Estados Unidos lançam um projeto militar
para rede de computadores em contraposição ao lançamento do satélite de comunicação
soviético, Sputnik. Com a diminuição da tensão entre os dois blocos, o projeto da rede de
computadores, inicialmente conhecida como ARPANET, deixa de ser exclusivamente militar e
passa a receber contribuições de diversas universidades.
Na década de 1980, o pesquisador do CERN (Organização Europeia para a Investigação
Nuclear), Tim Berners-Lee constrói o ENQUIRE, percursor do que seria conhecido uma década
depois como World Wide Web, ou apenas Web. A Web pode ser definida como um sistema de
hipertextos disponibilizados pela Internet. Hipertextos são documentos multimídia capazes de
referenciar, através de ligações, ou links, outros hipertextos.
É importante notar que Internet e Web não são sinônimos. A Internet é formada por um
conjunto de protocolos de comunicação de propósito geral organizado em camadas. Cada
camada é responsável por um processo específico da comunicação. Uma das camadas é
chamada de Camada de Aplicação, e é nesse contexto em que a Web está inserida na Internet. A
Web é apenas a implementação de um protocolo de aplicação específica. A Internet possuí
inúmeros outros protocolos de aplicação, como o SMTP (envio de e-mails), FTP (transferência
de arquivos), entre outros.
2. Redes Sociais
Redes sociais são grupos de pessoas que possuem relações e interesses comuns. A vida humana
em sociedade sempre foi formada por redes sociais. No contexto da Internet, o termo é usado
para denominar sítios ou aplicações Web em que é possível definir relações entre pessoas
participantes de determinados serviços. Estas relações podem ser de parentesco, de amizade,
profissionais, entre outras.
Por volta de 2004, cunhou-se o termo Web 2.0 [Forrest 2006] para designar um novo modelo
de interação com a Web. A invenção não possuía nenhuma grande inovação tecnológica, mas se
apoiava sobre uma remodelação na forma como as informações são oferecidas e utilizadas na
Web. A proposta é que as aplicações devam considerar a Internet como uma plataforma e não
apenas como um meio de acesso a aplicações Web.
Após a definição do termo Web 2.0, as aplicações e serviços Web passaram a incorporar
determinadas funções comuns, como:
- colaboração: há sempre a possibilidade do usuário interagir com a informação,
geralmente, através de comentários;
- compartilhamento: a informação pode ser compartilhada através de vários outros
serviços;
- classificação ou folksonomia: a informação pode ser classificada;
- redes sociais: capacidade de se relacionar e formar de grupos de interesse;
- API (Application Program Interface): disponibilidade das informações e funções e
uma aplicação para que sejam utilizadas por outras aplicações;
Não importa qual seja o tipo de informação que determinado serviço Web oferece, como fotos,
vídeos, notícias, etc. Atualmente, as funcionalidades de colaboração, compartilhamento,
classificação e redes sociais, quase que certamente, existirão.
A possibilidade de acessar as informações dos serviços através de API, cria um enorme campo
para que outras aplicações façam uso dessas informações. A partir dos dados brutos, é possível
aplicar algoritmos e métodos que transformem essa informação em algum conhecimento
específico. O serviço Twitter (microblog), por exemplo, disponibiliza suas informações através
de sua API e permite que outras aplicações monitorem um fluxo de, aproximadamente, 200
milhões de mensagens por dia [Twitter 2011].
Outros serviços, como o Facebook (página de relacionamentos), também disponibilizam
acesso para que outras aplicações façam uso das informações. Como no exemplo da Figura 1,
em que mapeou-se as relações entre as pessoas de acordo com sua posição geográfica. A
imagem que se formou tem o mesmo formato que as divisões geográficas, mostrando que no
mundo da Internet as relações são, em grande parte, apenas reflexos das relações sociais
tradicionais.
Figura 1. Mapa desenhado a partir das relações interpessoais do serviço Facebook. [Butler 2010]
3. Novas Mídias
O termo nova mídia é, geralmente, utilizado para designar o conjunto de tecnologias usadas para
comunicação e que se distinguem dos meios tradicionais, como rádio, televisor, entre outros. A
distinção entre os dois modelos se dá em diversos aspectos como distribuição, colaboração,
publicação e consumo das informações. Em um modelo tradicional, como o modelo antigo de
televisão, por exemplo, a única interação possível ao espectador é o consumo da informação.
Uma característica comum ao que podemos considerar como novas mídias é a capacidade de
comunicação. Esta capacidade é construída sobre os protocolos de comunicação da Internet
fazendo com que, em certo ponto, esses dispositivos e aplicações sejam automaticamente
interoperáveis.
A partir do desenvolvimento tecnológico e do barateamento das tecnologias empregadas na
área de telecomunicações, diversos dispositivos, como geladeiras, que não teriam relação direta
com a comunicação, passam a incorporar a possibilidade através da Internet.
A classe de dispositivos que mais emprega os conceitos das novas mídias são os chamados
dispositivos móveis. São dispositivos computacionais com poder de processamento,
armazenamento e tamanhos reduzidos. Nos últimos anos, a partir da criação de arquiteturas de
hardware e software voltadas a esse tipo de equipamento, foram lançados diversos modelos.
Com o emprego da mesma tecnologia, é possível produzir dispositivos para os mais diversos
propósitos, como telefones celulares, tablets, GPS, entre outros.
Além disso, a grande maioria dos dispositivos móveis vêm equipados com certos sensores,
como GPS, acelerômetros, câmeras filmadoras, entre outros, que podem ser integrados às
soluções de modo a prover funcionalidades e serviços extras.
4. Novas Mídias e Relações Sociais
Na medida em que se define um novo modelo de atuação das aplicações Web, a chamada Web
2.0, e que se produz dispositivos capazes de interagir com essa nova realidade, um grande leque
de oportunidades de aplicações surge. Para cada informação extraída da algum serviço, como
Twitter ou Facebook, é possível relacioná-lo com outras informações providas pelo próprio
dispositivo, como o GPS. Da mesma forma, a interação do usuário com esses serviços é
ampliada de modo a suportar e utilizar o conjunto de informações adicionais disponibilizadas
pelo dispositivo. Ao tirar uma fotografia e enviar a uma rede de armazenamento de fotos, é
possível informar ao serviço a posição geográfica de onde foi tirada a foto.
Em 2009, o jornal estadunidense New York Times, criou uma aplicação para monitorar, através
do serviço Twitter, a reação das pessoas durante o evento esportivo Super Bowl, a final do
campeonato de futebol americano. Como resultado, foi possível acompanhar a reação das
pessoas através de uma linha do tempo representando o período do jogo, como pode ser visto na
Figura 2.
Figura 2. Acompanhamento da reação das pessoas na rede Twitter durante o evento Super Bowl. [NY Times 2009]
5. Conclusões
A convergência de aplicações da chamada Web 2.0 com as novas mídias é total. Porém, o fato
dessas tecnologias convergirem não significa que os desafios estejam superados para qualquer
tipo de aplicação. No caso específico do monitoramento de redes sociais, é importante
considerar que a subjetividade humana também se manifesta na Internet. Ou seja, em alguns
casos, para que se possa extrair conhecimento com certa segurança, é necessário aplicar
determinados métodos, como os da área de Inteligência Artificial, de modo a minimizar a
subjetividade e chegar a conclusões mais precisas sobre os fenômenos estudados. Neste ponto, o
fato de uma solução ser focada em determinado evento, como Copa do Mundo ou Olimpíadas,
minimiza o fator subjetividade na medida em que é possível estimar o assunto específico.
Além disso, as possibilidades de soluções em novas mídias para grandes eventos não se
restringe apenas ao monitoramento de reações, há uma infinidade de soluções, de diversas áreas
como turismo, comércio, publicidade, entretenimento, entre outras, que podem fazer uso das
potencialidades do modelo interativo através das novas mídias.
Referências
Pagel,
M.
(2011)
“How
language
transformed
humanity”.
http://www.ted.com/talks/mark_pagel_how_language_transformed_humanity.html,
Setembro/2011.
Forrest,
B.
(2006)
“Controversy
about
our
"Web
2.0"
service
mark”,
http://radar.oreilly.com/archives/2006/05/controversy-about-our-web-20-s.html, Setembro/2011.
Twitter. (2011) “Getting Started”, https://dev.twitter.com/start, Setembro/2011.
Butler,
P.
(2010)
“Visualizing
Friendships”,
note_id=469716398919, Setembro/2011.
http://www.facebook.com/note.php?
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