2015-02-27 Drª. Heloísa Ribeiro Rua Doutor Cândido Pinho 4520-211 Santa Maria da Feira [email protected] 966888683 Interno da Especialidade Medicina Interna Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga Revisão do perfil e evolução dos doentes com Nefrite Lúpica submetidos a biópsia renal de 2010-2013 Heloísa Ribeiro, Cátia Cunha, Carolina Lã Belino, Ana Marta Gomes, Clara Almeida, Ana Ventura, João Carlos Fernandes Introdução: O envolvimento renal ocorre em cerca de 50% dos doentes com Lupus Eritematoso Sistémico (LES) e surge habitualmente entre 6 e 36 meses após o diagnóstico. A classificação histológica desempenha um papel fundamental na orientação terapêutica. Este trabalho tem como objectivos avaliar o perfil dos doentes com Nefrite Lúpica (NL) submetidos a biópsia renal no período definido e rever a terapêutica instituída e evolução dos doentes. Material e métodos: Estudo retrospetivo dos doentes submetidos a biópsia renal entre 2010-2013, com diagnóstico de NL. Incluídos doentes que efetuaram terapêutica e foram seguidos por um período mínimo de 12 meses após o seu início. A colheita de dados foi realizada a partir de processo informático (SAM ®) e a análise estatística com SPSS versão 20.0 e Excel. Taxa de Filtração Glomerular (TFG) calculada usando a fórmula MDRD. Resultados: Foram efectuadas 14 biópsias com diagnóstico de NL, tendo-se excluído 4 doentes (1 por alteração do local de seguimento e 3 por ausência de indicação para tratamento). Incluíram-se 10 doentes, todas do sexo feminino e de raça caucasiana, com idade média de 37,9±10,1 anos. Idade média ao diagnóstico de LES de 28,8±13,3 anos e de NL aos 31,6±12,6 anos. 60% dos doentes apresentavam estudo histológico prévio e estavam clinicamente em flare. Apresentavam leucoeritrocituria 80% dos doentes, relação proteínas/creatinina em urina ocasional média de 3,71±2,39 e creatinina sérica de 2,07±2,79 mg/dL (TFG 71,7±57,4 ml/min/1.73 m2); Anti ds-DNA 479,2±404 U/L, C3 55,1±23,1 mg/dL e C4 10,2±7,6 mg/dL. Relativamente à classe histológica classificava-se 1 doente em classe III A, 1 em III A/C, 2 em IV S(A), 4 em IV G(A) e 2 em classe G(A/C). Dos doentes já previamente biopsados, 3 tinham efectuado indução com ciclofosfamida (CFF) e posteriormente azatioprina (AZA) e 1 ciclos com CCF, MMF e terapêutica de manutenção com AZA, sendo o tempo de remissão médio de 2 anos. Destes doentes, 3 apresentaram flare sob AZA e foram tratados com corticoterapia (CCT) e MMF, tendo os doentes naive sido medicados com CCT e CFF. Ao fim de 6 meses, 2 atingiram remissão parcial, 6 remissão completa, 1 não respondeu à terapêutica com CFF tendo posteriormente efetuado MMF e 1 doente evoluiu para DRC 5HD, sem recuperação. Discussão/Conclusão: Apesar do pequeno número de doentes, este estudo ilustra a importância de estar atento a todos os indicadores de atingimento renal, de ponderar a realização de biópsia bem como a boa resposta à terapêutica instituída.