Abstract Nº PO-QU029 DEZOITO ANOS DE SEGUIMENTO DE DOENTES SUBMETIDOS A BIÓPSIA RENAL NUM HOSPITAL CENTRAL Francisco Ferrer (1); Luís Oliveira (2); Carlos Botelho (1); Nuno Oliveira (1); Karina Lopes (1); Patrícia Cotovio (1); Helena Raposo (1); Pedro Maia (1); Teresa Mendes (1); Maria J Galvão (2); Ana Santos (2); Helena Viana (2); Fernanda Carvalho (2); Armando Carreira (1); João Ribeiro Santos (2) (1) - Serviço de Nefrologia / Centro Hospitalar de Coimbra / Coimbra / Portugal (2) - Laboratório de Morfologia Renal / Hospital Curry Cabral / Lisboa / Portugal Introdução: A Biópsia Renal é uma técnica essencial em Nefrologia, não só devido às suas implicações no diagnóstico, como também na terapêutica e no prognóstico de muitas das afecções renais. Objectivo: Conhecer o follow-up dos doentes submetidos a biópsia renal no Serviço de Nefrologia do Centro Hospitalar de Coimbra (CHC) entre 1990 e 2008, nomeadamente no que diz respeito à necessidade de terapêuticas substitutivas da função renal (TSFR), à sobrevivência e à função renal. Material e Métodos: Estudo observacional, descritivo, baseado na revisão das biopsias renais efectuadas no Serviço de Nefrologia do CHC e observadas no Laboratório de Morfologia Renal do Hospital Curry Cabral (HCC), entre 1990 e 2008. Com base na consulta dos processos clínicos, procedeu-se à avaliação da evolução dos doentes submetidos a biópsia renal. Foram excluídos desta análise os doentes cuja biópsia não tivesse sido diagnóstica. Resultados: No referido período foram efectuadas 360 biópsias renais a 339 doentes no Serviço de Nefrologia do CHC e posteriormente observadas no Laboratório de Morfologia Renal do HCC; destas, 52 não foram diagnósticas por insuficiência de material; em 20 doentes não se obteve qualquer informação relativa ao seguimento. Na Tabela 1 apresentam-se os principais diagnósticos histológicos, bem como os restantes dados relacionados com o seguimento. Achados histológicos e respectivo seguimento Diagnóstico Histológico Número de biópsias Número de doentes Tempo de seguimento (Anos) TSFR (%) Sobreviventes (%) Nefropatia de IgA 53 52 7,15 ± 5,24 20,4 98 GN Membranosa 37 36 5,66 ± 3,50 20,5 85 Glomerulosclerose focal e segmentar (GSFS) 30 30 8,32 ± 6,37 40 88 GN mesangial/segmentar 16 16 8,41 ± 4,67 15,4 100 Doença de Lesões Mínimas (DLM) 15 15 10,46 ± 5,12 0 93 GN endocapilar 5 5 5,51 ± 5 0 100 GN membrano-proliferativa 4 4 9 ± 4,84 25 100 Nefrite lúpica 28 21 5,56 ± 4,56 9,5 95 Vasculite 11 11 2,7 ± 4,6 55 55 Nefropatia diabetica 9 9 3,09 ± 2,14 75 75 Nefrite intersticial crónica 10 10 5,75 ± 6,85 44 100 Nefrite intersticial aguda 3 3 4,78 ± 4,73 0 100 Nefroangiosclerose 6 6 10,5 ± 5,4 33 83 Rim Mieloma 7 7 2,38 ± 2,88 86 14 Amiloidose 5 5 3,49 ± 4,72 60 20 4 4 1,9 ± 1,08 66 0 42 42 7,45 ± 5,55 70 80 8 ± 5,4 0 100 Doença de Deposição de Cadeias Leves (DDCL) Nefropatia Crónica Outras 8 8 Rim sem Alterações 15 15 GN: glomerulonefrite [Tabela 1] Conclusões: Os doentes com diagnóstico histológico de rim de mieloma, amiloidose e doença de deposição de cadeias leves (embora em número reduzido), evoluíram mais frequentemente para doença renal terminal (DRT) e a sua sobrevivência foi inferior. Já no que diz respeito aos doentes com outras glomerulopatias, a GSFS foi aquela que com maior frequência progrediu para DRT, seguida da nefropatia membanosa e da nefropatia de IgA. Os resultados apresentados estão de acordo com a literatura publicada. © 2010 Sociedade Portuguesa de Nefrologia