MONICA SILVA SILVEIRA APROVEITAMENTO DAS CASCAS DE COCO VERDE PARA PRODUÇÃO DE BRIQUETE EM SALVADOR - BA Dissertação apresentada ao Programa de Pós–graduação em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo – Ênfase em Produção Limpa, Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, como requisito para obtenção do grau de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Sandro Fábio César Salvador 2008 S5871 Silveira, Monica Silva Aproveitamento das cascas de coco verde para produção de briquetes em SalvadorBA. / Monica Silva Silveira – Salvador-BA, 2008. 163 p.; il. Orientador: Dr. Sandro Fábio César Dissertação (Mestrado em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo). – Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica, 2008. 1. Coco. 2. Resíduos orgânicos – reaproveitamento. 3. Energia – fontes alternativas. 4. Briquetes. I. Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica. II. César, Sandro Fábio. III. Título. CDD 628.44 TERMO DE APROVAÇÃO MONICA SILVA SILVEIRA APROVEITAMENTO DAS CASCAS DE COCO VERDE PARA PRODUÇÃO DE BRIQUETE EM SALVADOR - BA Dissertação aprovada como requisito para obtenção do grau de Mestre em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo – Ênfase em Produção Limpa, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora: Sandro Fábio César - Orientador ____________________________________ Doutor em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC Santa Catarina, 2002. Viviana Maria Zanta ______________________________________________ Doutora em Hidráulica e Saneamento, Universidade de São Paulo - USP São Carlos, 1998. Ricardo Fernandes Carvalho___________________________________________ Doutor em Ciência e Engenharia de Materiais, Universidade de São Paulo - USP São Carlos, 2005. Salvador, 14 de março de 2008. Dedico este trabalho aos meus pais, Francisca e Benedito e ao meu irmão, Flávio. Minha família o meu maior bem. AGRADECIMENTOS A Deus, pela companhia inseparável em todos os dias da minha vida. Aos meus pais, Francisca e Benedito, e ao meu irmão, Flávio, pelos ensinamentos, amor, apoio e dedicação. A Marcos José, companheiro de todas as horas, pelo amor, incentivo e compreensão. Ao Centro de Recursos Ambientais – CRA, pela oportunidade de realização deste mestrado. Ao professor orientador, Sandro, pela atenção, incentivo e dedicação. A Empresa de Limpeza Urbana do Salvador – Limpurb, pela disponibilidade dos dados e atenção, em especial François Prudhomme, Fátima Sampaio, Pedro Rabello e Euvaldo Nunes. A Luiz Veras, da Embrapa Agroindústria Tropical, pela atenção e informações. Aos meus familiares e padrinhos, pelo carinho, em especial a Kiko, Dina, Juciene, Aládia, Iracy, Thiago, Jaqueline, Katy, Laécio, Lourdes, Carmelito e Alice. Aos meus amigos e colegas do CRA, pelo incentivo, ajuda e carinho, em especial a Cláudia, Rosana, Andréa, Verônica, Neuracy, Rosileide, Anderson, Marcelo, Letícia, Joselita, Sílvio, Jeizon, Luís Cláudio, Ana Cristina, Tatiana, Carlos, Ana Cláudia, Rita Góes, Lúcia de Fátima, Ilton, Artur Wilson e Luiz Paulo. Aos meus amigos, pelo incentivo, ajuda e compreensão, em especial Cilene, Alessandro, Patrícia, Railda, Francis, Rita Dione, Jorge Urpia, Antonio José, Jacira, Ângela, Edenildes, Jorge, Maura, Rita, Vera, Cleide, Natalino e Katy. A Fabriciano, João Paulo, Thiago e Linda Carla, pelo apoio na formatação deste trabalho. A Maria Antoanette, colega de trabalho e de mestrado, pela divisão das aflições, incentivo e orações. A todos os vendedores de água de coco verde, barraqueiros e ambulantes, localizados do Porto da Barra a Ondina, pelas informações prestadas durante a realização deste trabalho, em especial Ary, Alagoas, Marco Pólo, Diego, Luiz, Jorge, Alex, Antonio, Agnaldo e Conceição. A todos, os meus sinceros agradecimentos. RESUMO O presente trabalho consiste no aproveitamento das cascas de coco verde para a produção de briquetes. O Estado da Bahia é o maior produtor de coco do Brasil. A avaliação do potencial de aproveitamento do resíduo do coco verde pode ser uma alternativa para diminuir o espaço ocupado por estes resíduos no aterro sanitário, e desta forma aumentar a vida útil do mesmo, como as melhorias na saúde pública com a redução da proliferação de vetores. O briquete produzido com este resíduo surge também como alternativa para fornecimento de energia preservando as florestas nativas ou plantadas com espécies exóticas e como incremento na cadeia produtiva do coco verde por meio de agregação de valor e geração de emprego e renda para uma classe social menos favorecida e profissionais com mão-de-obra qualificada que estejam desempregados. A área onde foram feitos os levantamentos da quantidade de cascas geradas pelas barracas e ambulantes, além de como é realizado o fluxo do coco verde, da produção até o destino final, foi o trecho da Orla de Salvador-BA do Porto da Barra a Ondina. Os fatores que influenciaram na escolha desta área foram o impacto visual causado pela disposição destes resíduos, a zona turística, a concentração de um comércio específico, barracas, para venda de água de coco verde “in natura” e o consumo durante todo o ano. O levantamento foi realizado no período de outubro de 2006 a outubro de 2007. A média do volume ocupado por 300 cascas de coco, com peso médio de 1,5 kg, foi 1m3, sendo a média diária de cascas de coco verde geradas na alta estação de 2.798 unidades e na baixa estação de 1.375 unidades. São necessárias a média de 25,18 t de cascas de coco verde na alta estação e 12,37 t na baixa estação para atender a demanda mínima da usina de briquetagem. Com isso, o custo anual da Limpurb para coletar e dispor estes resíduos, que poderão ser aproveitados, no aterro sanitário é de R$ 727.683,00. Palavras-chave: cascas de coco verde, aproveitamento, impactos, energia, briquetes. ABSTRACT This paper concerns about the utilization of the green coconut husk for the briquettes production. The State of Bahia is the biggest producer of coconut in Brazil. The evaluation of the utilization potential of the green coconut residues means a path to reduce the gap taken by these residues on the sanitary landfill, in order to increase their useful life, such as the public health improvement because of the decrease of the vectors’ proliferation. The briquettes which are produced from these residues take form as an alternative for the energy generation, preserving so the native as the planted forests with exotic species, and also as a development of the green coconut trade chain through the value aggregation and the generation of employment and income to poor people and qualified professionals who are unemployed. The area where the surveys of the amount of husks discarded by the tents and vendors and also the way how the green coconut trade chain, from the production through the final destination, was a location along the shore of Salvador-BA, between “Porto da Barra” and “Ondina”. The reasons that influenced the choice of that area were the visual impact caused by the disposal of the residues, the tourist zone, the concentration of a specific trade market, the sum of tents to sell green coconut natural water and its consumption during all the year. The research took course from 2006 (October) through 2007 (October). The diary average of the volume taken by 300 green coconut husks, with average weight of 1,5 kg, was 1m3, and the diary average of green coconut husks discarded during the high season was 2,798 unities and 1,375 unities during the low season. It’s necessary an average of 25.18 tons of green coconut husks on the high season and 12.37 tons on the low season to satisfy the lowest demand of the briquettes manufacturing plant. Because of this, the annual costs of collecting and disposal in the landfill of residues which can be used by Limpurb is R$ 727.683,00. Keywords: green coconut husk, utilization, impacts, energy, briquettes. LISTA DE FIGURAS FIGURA 01 – DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DA PRODUÇÃO DE CARVÃO VEGETAL, DA LENHA E DE MADEIRA EM TORA DA EXTRAÇÃO VEGETAL E SILVICULTURA NO BRASIL NOS ANOS DE 2004 E 2005. ...........................................................................................................................26 FIGURA 02 – COMPORTAMENTO DA OFERTA E DEMANDA DE MADEIRA DE EUCALIPTO E PINUS NO BRASIL NO PERÍODO DE 2000 A 2020. ........30 FIGURA 03 – COQUEIRO COM DESTAQUE PARA OS FRUTOS E INFLORESCÊNCIA. ...........................................................................................................................39 FIGURA 04 – CASCAS DE COCO VERDE, OBJETO DE ESTUDO DESTE TRABALHO. ...........................................................................................................................40 FIGURA 05 – DESENHO ESQUEMÁTICO DAS PARTES QUE COMPÕEM O COCO, COM DESTAQUE PARA O ENRAIZAMENTO DO FRUTO-SEMENTE. .41 FIGURA 06 – COQUEIROS GIGANTES LOCALIZADOS NA AV. OCEÂNICA – BARRA.............................................................................................................43 FIGURA 07 – COQUEIRO ANÃO LOCALIZADO NA PÇ. BAHIA SOL – ONDINA.......44 FIGURA 08 – CASCAS DO COCO VERDE COM ÁGUA ACUMULADA NO SEU INTERIOR........................................................................................................57 FIGURA 09 – CASCAS DO COCO VERDE MISTURADAS A OUTROS TIPOS DE RESÍDUOS. ......................................................................................................57 FIGURA 10 – CASCAS DO COCO VERDE, DEIXADAS POR AMBULANTE, APÓS VENDA DA ÁGUA – LOCAL: AV. OCEÂNICA PRÓXIMO AO CRISTO. ...........................................................................................................................63 FIGURA 11 – CASCA DO COCO VERDE, DEIXADAS POR AMBULANTE, APÓS VENDA DA ÁGUA – LOCAL: AV.SETE DE SETEMBRO, ENTRE O PORTO E FAROL DA BARRA. .....................................................................64 FIGURA 12 – CASCAS DO COCO VERDE, DEIXADAS POR AMBULANTES, APÓS VENDA DA ÁGUA – LOCAL: PRAIA DO PORTO DA BARRA. ..............64 FIGURA 13 – CASCAS DO COCO VERDE, DEIXADAS POR BARRAQUEIRO, APÓS VENDA DA ÁGUA – LOCAL: AV. OCEÂNICA - ONDINA. ...................65 FIGURA 14 - CASCAS DO COCO VERDE, DEIXADAS POR BARRAQUEIRO, APÓS VENDA DA ÁGUA – LOCAL: PÇ MAL. DEODORO – COMÉRCIO. ......66 FIGURA 15 – CASCAS DE COCO VERDE, DEIXADAS POR AMBULANTE, APÓS VENDA DA ÁGUA – LOCAL: PÇ DA PIEDADE - CENTRO....................66 FIGURA 16 – CONSTITUIÇÃO ESTRUTURAL DE UMA FIBRA VEGETAL.................68 FIGURA 17 - EQUIPAMENTOS DA USINA DE BENEFICIAMENTO DAS CASCAS DE COCO VERDE, FORTALEZA-CE. ................................................................72 FIGURA 18 – FLUXOGRAMA OPERACIONAL DA USINA.............................................73 FIGURA 19 – CASCAS DE COCO VERDE SENDO DEPOSITADAS NA BAIA..............74 FIGURA 20 – CASCAS DE COCO VERDE NO ELEVADOR.............................................75 FIGURA 21 – CASCA DE COCO DILACERADA APÓS TRITURAÇÃO..........................75 FIGURA 22 – PRENSA COM CALHA PARA RECOLHIMENTO DO LCCV. ..................76 FIGURA 23 – CLASSIFICADORA DE PÓ E FIBRA. ..........................................................77 FIGURA 24 – PÓ ORIUNDO DAS CASCAS DE COCO VERDE. ......................................77 FIGURA 25 – FIBRA DE COCO VERDE APÓS SECAR A TEMPERATURA AMBIENTE. ...........................................................................................................................78 FIGURA 26 – BRIQUETES. ...................................................................................................80 FIGURA 27 – BIOMANTA DE FIBRA DE COCO APLICADA EM TALUDE. .................83 FIGURA28 – MANTAS DE FIBRA DE COCO PRODUZIDAS NA USINA DA EMBRAPA AGROINDÚSTRIA TROPICAL. ....................................................................84 FIGURA 29 – BERMALONGAS............................................................................................84 FIGURA 30 – ENCHIMENTO DE FIBRA DE COCO TERMO-ACÚSTICO. .....................87 FIGURA 31 – MANTA ANTI-RUÍDO. ..................................................................................87 FIGURA 32 – CHAPA DE PARTÍCULA COM 20% DE FIBRAS DE COCO E 6% DE ADESIVO. ........................................................................................................88 FIGURA 33 – “TELHA ECOLÓGICA”, COM IMPERMEABILIZAÇÃO (ESQUERDA) E SEM IMPERMEABILIZAÇÃO (DIREITA). ..................................................89 FIGURA 34 – FLUXOGRAMA COM O FLUXO DO COCO VERDE NA ORLA DE SALVADOR – DA PRODUÇÃO A DESTINAÇÃO FINAL.........................90 FIGURA 35 - ORGANOGRAMA DA DISTRIBUIÇÃO DE COCO NA BAHIA. ...............91 FIGURA 36 – CAMINHONEIRO DISTRIBUINDO COCOS VERDES NAS BARRACAS DE COCO DO FAROL DA BARRA...............................................................93 FIGURA 37 – COCOS VERDES ARMAZENADOS NO BALCÃO DA BARRACA DE COCO - PRAIA DO PORTO DA BARRA......................................................94 FIGURA 38 – COCOS VERDES ARMAZENADOS NA BARRACA DE COCO DA PÇ. BAHIA SOL - ONDINA ..................................................................................94 FIGURA 39 – COCOS VERDES ARMAZENADOS, PELO AMBULANTE, NA AREIA DA PRAIA E NO ISOPOR - PRAIA DO PORTO DA BARRA.....................95 FIGURA 40 – CASCAS DE COCO VERDE ACONDICIONADAS EM TONÉIS E CONTÊINER DE 240 L PRAIA DO PORTO DA BARRA............................97 FIGURA 41 – CONTÊINERES METÁLICOS NO FORTE DE SANTA MARIA-BARRA.98 FIGURA 42 – COMPACTADOR COLETANDO O LIXO DAS BARRACAS DE COCO DO FAROL DA BARRA, DESTAQUE PARA A FORMA COMO OS ESÍDUOS SÃO COLOCADOS NO CARRO..................................................................105 FIGURA 43 – COMPACTADOR DO SETOR ORLA I DESCARREGANDO NA ESTAÇÃO DE TRANSBORDO....................................................................108 FIGURA 44 – PRAIA DO PORTO DA BARRA, COM OS VENDEDORES DE COCO...110 FIGURA 45 – PRAIA DO FAROL DA BARRA, COM OS VENDEDORES DE COCO.1110 FIGURA 46 – PRAIA DE ONDINA, COM OS VENDEDORES DE COCO......................111 FIGURA 47 – QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS DE COCO DAS PRAIAS DO PORTO DA BARRA, FAROL DA BARRA E ONDINA NO PERÍODO 0UT/06 A OUT/07. ...............................................112 FIGURA 48 – QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS DE PRAIA E AMBULANTES DAS PRAIAS DO PORTO DA BARRA, FAROL DA BARRA E ONDINA NO PERÍODO DE 0UT/06 A OUT/07...113 FIGURA 49 – QUANTIDADE TOTAL DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS DE COCO, BARRACAS DE PRAIA E AMBULANTES NAS PRAIAS DO PORTO DA BARRA, FAROL DA BARRA E ONDINA NO PERÍODO 0UT/06 A OUT/07........................................................................115 FIGURA 50 – QUANTIDADE TOTAL DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS DE COCO E AMBULANTES NA ÁREA DE ESTUDO NO PERÍODO DE 0UT/06 A OUT/07. ................................................................116 FIGURA 51 – QUANTIDADE TOTAL DE CASCAS DE COCO NA ÁREA DE ESTUDO NO PERÍODO DE 0UT/06 A OUT/07. .........................................................116 FIGURA 52 - QUANTIDADE DE RESÍDUOS SÓLIDOS COLETADOS PELO SETOR ORLA I NO PERÍODO DE OUT/06 A OUT/07. ..........................................118 FIGURA 53 – LENHA ORIUNDA DE REFLORESTAMENTO PARA USO NA CALDEIRA-FRIGORÍFICO DE AMARGOSA............................................125 FIGURA 54 – BRIQUETADEIRA DO TIPO PISTÃO. .......................................................128 FIGURA 55 – BRIQUETADEIRA DO TIPO EXTRUSORA DE ROSCA SEM FIM. .......129 LISTA DE QUADROS QUADRO 01 – CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA DO COQUEIRO ................................42 QUADRO 02 – INTRODUÇÃO, ORIGEM, PROCEDÊNCIA, INTRODUTOR E LOCAL DE PLANTIO DO COQUEIRO GIGANTE NO BRASIL..............................47 QUADRO 03 – INTRODUÇÃO, ORIGEM, PROCEDÊNCIA, INTRODUTOR E LOCAL DE PLANTIO DO COQUEIRO ANÃO NO BRASIL ...................................48 QUADRO 04 – ENFERMIDADES RELACIONADAS COM O RESÍDUO SÓLIDO TRANSMITIDAS PELOS MACROS VETORES...........................................55 QUADRO 05 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA COLETA DIURNA E NOTURNA .........................................................................................................................100 QUADRO 06 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA COLETA TERCERIZADA.....105 LISTA DE TABELAS TABELA 01 – PRINCIPAIS PAÍSES PRODUTORES DE COCO E A PRODUÇÃO (1.000 T) NO PERÍODO DE 2001 A 2004 .................................................................49 TABELA 02 - QUANTIDADE PRODUZIDA (1.000 frutos) DE COCO-DA-BAIA, POR REGIÃO E OS DOIS ESTADOS COM MAIOR PRODUÇÃO EM CADA REGIÃO DO BRASIL NO PERÍODO DE 2001 A 2006 ................................50 TABELA 03 – MUNICÍPIOS BAIANOS COM MAIOR PRODUÇÃO (1.000 frutos) DE COCO-DA-BAIA NO PERÍODO DE 2001 A 2006........................................51 TABELA 04 – NOTIFICAÇÕES DE ALGUMAS DOENÇAS NO ESTADO DA BAHIA NO PERÍODO DE 2004 A 2006 ......................................................................55 TABELA 05 – CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS GASES DO EFEITO ESTUFA..59 TABELA 06 – EMISSÕES DE METANO DEVIDO A DISPOSIÇÃO E TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL NO PERÍODO DE 1990 A 1994 ...60 TABELA 07 – VALORES MÉDIOS DAS PRINCIPAIS PROPRIEDADES DA FIBRA DE COCO VERDE .................................................................................................69 TABELA 08 – COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE ALGUMAS FIBRAS VEGETAIS (% EM PESO) ...............................................................................................................69 TABELA 09 – PROPRIEDADES FÍSICAS DE ALGUMAS FIBRAS VEGETAIS E SINTÉTICAS....................................................................................................70 TABELA 10 - QUANTIDADE DE EQUIPAMENTOS UTILIZADOS PARA ACONDICIONAR CASCAS DE COCO NA ÁREA DE ESTUDO..............99 TABELA 11 – QUANTIDADE DE BARRACAS E AMBULANTES NA ÁREA DE ESTUDO.........................................................................................................109 TABELA 12 – QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS DE COCO DAS PRAIAS DO PORTO DA BARRA, FAROL DA BARRA E ONDINA NO PERÍODO 0UT/06 A OUT/07 ..............................................112 TABELA 13 – QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS DE PRAIA E AMBULANTES DAS PRAIAS DO PORTO DA BARRA , FAROL DA BARRA E ONDINA NO PERÍODO 0UT/06 A OUT/07......113 TABELA 14 – QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS DE COCO, BARRACAS DE PRAIA E AMBULANTES NAS PRAIAS DO PORTO DA BARRA, FAROL DA BARRA E ONDINA NO PERÍODO 0UT/06 A OUT/07..........................................................................................114 TABELA 15 – QUANTIDADE TOTAL DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS DE COCO E PELOS AMBULANTES NA ÁREA DE ESTUDO NO PERÍODO 0UT/06 A OUT/07................................................................115 TABELA 16 – QUANTIDADE DE RESÍDUOS SÓLIDOS COLETADOS PELO SETOR ORLA I NO PERÍODO DE OUT/06 A OUT/07 ...........................................118 TABELA 17 – CARACTERÍSTICAS DOS BRIQUETES ...................................................121 TABELA 18 - CONSUMO DE BRIQUETES EM RELAÇÃO A LENHA .........................123 TABELA 19 – QUANTIDADE DE ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS TIPO: CHURRASCARIAS, PADARIAS E PIZZARIAS EXISTENTES EM SALVADOR...................................................................................................124 TABELA 20 – QUANTIDADE DE FRIGORÍFICOS COM LICENÇA AMBIENTAL, POR MUNICÍPIO ...................................................................................................124 TABELA 21 – QUANTIDADE DE ESTABELECIMENTOS NA RMS POR ATIVIDADE E MUNICÍPIO ...................................................................................................125 TABELA 22 – CONSUMO DE LENHA MENSAL (m3) NA RMS POR ATIVIDADE E MUNICÍPIO ...................................................................................................126 TABELA 23 – QUANTIDADE, EM PESO, DE CASCAS DE COCO VERDE GERADAS DIARIAMENTE, NA ALTA E BAIXA ESTAÇÃO, NA ÁREA DE ESTUDO E QUANTIDADE NECESSÁRIA PARA ABASTECER A USINA............130 TABELA 24 – PERCENTUAL DAS DESPESAS DE CAPITAL E CORRENTES EM RELAÇÃO AO ORÇAMENTO TOTAL DO PROJETO..............................132 TABELA 25 – RELAÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA PRODUÇÃO DE BRIQUETES, COM SUAS RESPECTIVAS POTÊNCIAS – ALTERNATIVA 01.............133 TABELA 26 – CUSTOS DOS EQUIPAMENTOS E ENERGIA – ALTERNATIVA 01....133 TABELA 27 – RELAÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA PRODUÇÃO DE BRIQUETES, COM SUAS RESPECTIVAS POTÊNCIAS – ALTERNATIVA 02.............133 TABELA 28 – CUSTOS DOS EQUIPAMENTOS E ENERGIA – ALTERNATIVA 02....134 TABELA 29 – CUSTO DA LIMPURB COM OS SERVIÇOS DE COLETA E DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SOLIDOS URBANOS ......................................................136 TABELA 30 – CUSTO COM A COLETA E DISPOSIÇÃO FINAL DAS CASCAS DE COCO GERADAS NA ÁREA DE ESTUDO E NECESSÁRIA PARA A USINA ............................................................................................................136 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas AMC Aterro Metropolitano Centro APP Áreas de Preservação Permanente ASBRACOCO Associação Brasileira dos Produtores de Coco CERBCAA Comitê Estadual da Reserva da Biosfera Caatinga CEPLAC Comissão Executiva da Lavoura Cacaueira CETESB Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental CETREL Empresa de Proteção Ambiental COEP Comitê de Entidades no Combate a Fome e pela Vida CONDER Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia COPANT Comissão Pan-Americana de Normas Técnicas CRA Centro de Recursos Ambientais EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária FAO Organização de Alimento e de Agricultura das Nações Unidas FEMA Fórum Empresarial para o Meio Ambiente GEE Gases de Efeito Estufa GWP Potencial de Aquecimento Global IBAM Instituto Brasileiro de Administração Municipal IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INPA Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia IPCC Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas IRHO Instituto de Pesquisas de Óleos e Oleaginosas IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas JUCEB Junta Comercial do Estado da Bahia LIMPURB Empresa de Limpeza Urbana do Salvador LCCV Líquido da Casca de Coco Verde NBR Regulamentação das Normas Brasileiras OMM Organização Mundial de Metereologia ONU Organização das Nações Unidas PNEUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente RMS Região Metropolitana de Salvador SEAGRI Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária SEBRAE Serviço Brasileiro de Apóio as Micro e Pequenas Empresas SECOMP Secretaria de Combate a Pobreza e as Desigualdades Sociais SEMARH Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos SESAB Secretaria de Saúde do Estado da Bahia SESP Secretaria de Serviços Públicos UNEP Programa de União das Nações do Meio Ambiente WBCSD World Business Council for Sustainable Development SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 19 1.1 PROBLEMATIZAÇÂO 21 1.2 OBJETIVOS 23 1.2.1 Objetivo Geral 23 1.2.2 Objetivos Específicos 23 1.3 JUSTIFICATIVA 24 1.4 METODOLOGIA 31 1.4.1Classificação do Estudo 31 1.4.2 Delimitação da Pesquisa 31 1.4.3 Identificação das Variáveis 32 1.4.4 Técnicas de coletas de dados 32 1.4.5 Estrutura da Pesquisa 35 1.5 RESULTADOS ESPERADOS 36 1.6 PERSPECTIVAS 37 1.6.1 Originalidade da Pesquisa 37 1.6.2 Contribuições da Pesquisa 37 2 O COQUEIRO E O COCO 38 2.1 A ORIGEM DO COQUEIRO 38 2.2 O COQUEIRO E O FRUTO 38 2.3 CARACTERIZAÇÃO DAS VARIEDADES DO COQUEIRO 42 2.3.1 O coqueiro gigante 42 2.3.2 O coqueiro anão 43 2.3.3 O coqueiro híbrido 44 2.4 A INTRODUÇÃO DO COQUEIRO GIGANTE NO BRASIL 45 2.5 A INTRODUÇÃO DO COQUEIRO ANÃO NO BRASIL 46 2.6 A INTRODUÇÃO DO COQUEIRO HIBRIDO NO BRASIL 48 2.7 PRODUÇÃO DE COCO NO MUNDO, NO BRASIL E NA BAHIA 49 3 PRINCIPAIS IMPACTOS CAUSADOS COM A DISPOSIÇÃO DAS CASAS DE COCO VERDE 52 3.1 DEMANDA DE ÁREA 52 3.2 PROLIFERAÇÃO DE VETORES 54 3.3 PRODUÇÃO DE METANO (CH4) 58 3.4 POLUIÇÃO VISUAL 61 4 A FIBRA DE COCO 67 4.1 COMPOSIÇÃO DA FIBRA DE COCO 67 4.2 CARACTERÍSRISTICAS DA FIBRA DE COCO 68 4.3 ETAPAS DO BENEFICIAMENTO DA CASCA DE COCO VERDE PARA OBTENÇÃO DE FIBRA E PÓ 71 4.4 USOS DA FIBRA E PÓ DE COCO VERDE 79 4.4.1 Fabricação de briquetes 79 4.4.2 Outros Usos 81 Uso na agricultura 81 Produção de mantas e retentores de sedimento 82 Produção de enzimas 84 Matrizes poliméricas 85 Isolante térmico e acústico 86 Obtenção chapa de partículas e telhas 87 5 FLUXO DO COCO VERDE NA ORLA DE SALVADOR – DA PRODUÇÃO ATÉ A DESTINAÇÃO FINAL 90 5.1 PRODUTOR 91 5.2 DISTRIBUIDOR E COMPRADOR 91 5.3 ARMAZENAMENTO 93 5.4 CONSUMIDOR 95 5.5 ACONDICIONAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS 95 5.6 COLETA/TRANSPORTE 100 5.7 DISPOSIÇÃO FINAL 106 6. LEVANTAMENTO DA QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO VERDE NA ORLA DE SALVADOR - TRECHO PORTO DA BARRA A ONDINA 109 6.1 LOCALIZAÇÃO 109 6.2 ANÁLISE DOS DADOS DE GERAÇÃO DE RESIDUOS DE COCOS NO TRECHO ESTUDADO 111 6.3 DADOS DE PRODUÇÃO DE RESÍDUO NO SETOR ESTUDADO - LIMPURB 118 7 AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE APROVEITAMENTO DAS CASCAS DE COCO VERDE GERADAS EM SALVADOR PARA PRODUÇÃO DE BRIQUETES 120 7.1 BRIQUETES 120 7.1.1 Histórico 120 7.1.2 Definição 120 7.1.3 Características dos briquetes 121 7.1.4 Vantagens do uso de briquetes 122 7.1.5 Mercado Consumidor 123 7.2 MONTAGEM DA USINA 126 7.2.1 Usina de Briquetagem 126 7.2.2 Demanda de matéria-prima 130 7.2.3 Alternativas para equipamentos da Usina 131 7.3 DIRETRIZES ESTRUTURANTES PARA A AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE APROVEITAMENTO DAS CASCAS DE COCO VERDE PARA PRODUÇÃO DE BRIQUETES 137 7.3.1 Diretriz tecnológica 137 7.3.2 Diretriz Social 139 7.4 CONTROLE DE PROCESSO 140 8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 142 REFERÊNCIAS 145 ANEXO 154 1 INTRODUÇÃO No decorrer dos anos para se atender as necessidades humanas foi-se desenhando uma equação desbalanceada: retirar, consumir e descartar. É exatamente na ponta desta equação que está um dos problemas da sociedade moderna – a produção de resíduos (SÃO PAULO, 1998). Das cidades mais populosas até as comunidades mais carentes um número crescente de pessoas e administrações municipais está se esforçando para encontrar as melhores soluções para as questões dos resíduos sólidos urbanos. Esses problemas são realmente novos se comparados com décadas atrás, e infelizmente não se resolvem sozinhos. As situações são bem diferentes em cada município, porém pode-se garantir que diante dos recursos humanos e materiais atualmente existentes e disponibilizados em cada administração pública, as dificuldades ainda são grandes, cabendo as prefeituras procurar soluções adequadas para gerenciar os resíduos sólidos municipal. Segundo Grippi (2001) gerenciar os resíduos sólidos na concepção da palavra, significa cuidar dele do berço ao túmulo, ou seja, desde sua geração, seleção e disposição; a qual deve ter um destino ambiental e sanitário adequados, a fim de não contaminar o solo, o ar, as águas superficiais e subterrâneas e evitar a proliferação de vetores que podem causar doenças ao homem. A crescente preocupação com a quantidade de resíduos sólidos produzidos e o aumento do custo da matéria-prima, aliados ao desenvolvimento de tecnologia, viabilizam o aproveitamento e reciclagem cada vez maior dos resíduos, promovendo economia de recursos naturais, diminuição da poluição ambiental, geração de empregos diretos e indiretos e redução do volume de material a ser disposto. De acordo com os dados da Empresa de Limpeza Urbana do Salvador – LIMPURB (2007a), atualmente a Prefeitura Municipal de Salvador gasta, em torno de R$ 150 milhões por ano para administrar os resíduos sólidos do município que gera, em média, 2,4 mil toneladas por dia de resíduos sólidos urbanos (incluindo os resíduos domiciliar e público). 20 Salvador é uma cidade litorânea e turística, onde a água de coco verde é bastante apreciada pela população, mas este consumo acarreta na geração de uma grande quantidade de resíduo sólido, cascas do coco verde, que sem ter um aproveitamento adequado, acaba sendo destinado ao aterro sanitário municipal. A reciclagem tem papel fundamental dentro do conceito de desenvolvimento sustentável, cabendo a cada pessoa fazer sua parte e cobrar eficiência do setor público, a quem cabe gerenciar os resíduos sólidos urbanos com eficiência e responsabilidade. A publicação da Agenda 21 foi um grande passo para a realização de um verdadeiro compromisso com o desenvolvimento sustentável e pode ajudar no gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos nas cidades; principalmente no que diz respeito ao aumento da reutilização e reciclagem ambientalmente saudáveis dos resíduos. Para Teixeira e Zanin (1999) a reciclagem de materiais pode ser definida como o processo por meio do qual os constituintes de um determinado corpo ou objeto passa em momento posterior, a serem componentes de outro corpo ou objeto semelhante ou não ao anterior. Estes mesmos autores consideram a reciclagem como uma das etapas essenciais no gerenciamento integrado dos resíduos sólidos de uma comunidade; podendo ser classificada, de uma maneira geral em: a) Reciclagem primária: é o processo de um resíduo para fabricação de um produto com características similares ao original; b) Reciclagem secundária: é o processo de resíduos com obtenção de produtos diferentes ao original. É tipicamente o caso da reciclagem a partir dos resíduos sólidos urbanos, também chamados reciclagem pós-consumo; c) Reciclagem terciária: implica na obtenção a partir de um produto, dos componentes químicos básicos do mesmo. É obtida por processos como pirólise e hidrólise, sendo também denominada reciclagem química; d) Reciclagem quaternária: é a utilização do conteúdo energético dos materiais por meio de queima ou incineração; também conhecida como reciclagem energética, Neste sentido apesar do nome, não é propriamente uma reciclagem, mas sim um reaproveitamento de materiais. Segundo Kiperstok e outros (2002), na impossibilidade dos resíduos serem reutilizados ou reciclados no processo produtivo (internamente), o reuso e a reciclagem externa bem como a 21 recuperação de alguns componentes ou energia deverá ser adotada ao invés de sua simples disposição no ambiente. Para Valle (1995), um material deixa de ser considerado resíduo pela sua valorização como matéria-prima para a produção de novos produtos. Com isso, as cascas do coco verde, enquanto matéria-prima não utilizada apresenta custos e impactos para a sociedade e meio ambiente, ao passo que o seu aproveitamento, para geração de energia, agrega valor ao resíduo e pode trazer benefícios para o meio como um todo. 1.1 PROBLEMATIZAÇÂO O aproveitamento das cascas de coco vem sendo feito em alguns estados brasileiros a exemplo do Pará, Ceará e Rio de Janeiro. Empresas automobilísticas, de beneficiamento do coco, a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias – EMBRAPA, Universidades Federais e Estaduais, dentre outras, estão investindo em pesquisas para encontrar maneiras de utilização das cascas de coco verde. Em 2004, o Governo do Estado da Bahia firmou protocolo de intenções para a instalação de uma unidade de beneficiamento de cascas de coco verde em Salvador. Este projeto é uma iniciativa conjunta do Governo do Estado por meio das Secretarias de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária - SEAGRI, de Combate a Pobreza e as Desigualdades Sociais - SECOMP e a PMS por meio da Secretaria de Serviços Públicos – SESP/Limpurb, com apoio técnico da Embrapa Agroindústria Tropical que já havia implantado em Fortaleza uma unidade desta, conforme pode ser visto na seção 04 deste trabalho (Bahia, 2005). O objetivo geral do projeto era fomentar a geração de trabalho e renda com a implantação de uma unidade de beneficiamento de casca de coco verde para fabricação e comercialização solidária de produtos artesanais e insumos agrícola e industrial, ou seja, a idéia seria a venda de fibras de coco, pó da casca de coco, vasos e outros (Bahia, 2005). Apesar de o projeto ter sido elaborado, até a presente data, o mesmo não foi implantado, não tendo sido divulgada a metodologia utilizada na elaboração do mesmo. Portanto para avaliar o potencial de aproveitamento das cascas de coco verde para produção de briquetes foi preciso 22 desenvolver uma metodologia especifica para quantificar as cascas de coco verde e avaliar o potencial de aproveitamento da mesma para a produção de briquetes na cidade do Salvador. De acordo com os dados levantados pela Associação Brasileira de Produtores de Coco ASBRACOCO (BRASIL, 2002), a produção brasileira é comercializada como descrito a seguir. Trinta e cinco por cento (35%) destinam-se às agroindústrias, que produzem, principalmente, coco ralado e leite de coco, para atender a demanda de grandes empresas produtoras de chocolate, biscoito, iogurtes, sorvetes e padarias. Deste percentual, 99% são constituídos de coco seco e o restante é destinado à indústria engarrafadoras de água de coco verde; Trinta e cinco por cento (35%) destinam-se aos mercados Sudeste/Sul para atender às pequenas indústrias, a exemplo de docerias, padarias, sorveterias, e outras, sendo em torno de 90% de frutos verdes e os outros 10% de coco seco; Os trinta por cento (30%) restantes ficam no mercado nordestino, para atender ao consumo “in natura”, tanto de coco seco como de coco verde. Em decorrência da forte tradição do consumo na culinária e o grande número de pequenas indústrias, estima-se que 80% do consumo nordestino sejam de coco seco e 20% de coco verde. Desta forma, do consumo estimado de coco no mercado brasileiro, 62% é de coco seco e 38% é de coco verde. Segundo os dados do IBGE (2006), o Brasil possui uma área com plantação de coco de 294.161 ha sendo a produção de 1.985.478.000 frutos. Desta produção 66,52% encontra-se no nordeste e a Bahia, o Estado brasileiro que mais produz coco, com uma área plantada de 81.686 ha, teve uma produção de 628.376.000 frutos na safra 2006. A Bahia é responsável por 47,57% da produção de coco do nordeste e 31,32% da produção nacional. As cascas de coco verde geradas em Salvador, após o consumo da água, têm como destino final os rios, os terrenos baldios e o aterro sanitário. Representando 80% do peso do fruto (ROSA e outros, 2001), estudos já comprovaram que as cascas de coco podem ser aproveitadas para diversos fins. Neste trabalho pretende-se avaliar o potencial de aproveitamento das cascas de coco verde geradas pelos ambulantes e pelas barracas de praia e de coco da orla de Salvador para geração de energia, ou seja, para fabricação de briquetes. 23 O trabalho aborda as seguintes questões: - Como é realizado o fluxo do coco verde – da produção até o destino final, na orla de Salvador? - Qual a forma de armazenamento? Como são coletadas? Qual o destino final? - Qual a realidade da situação existente com relação a quantidade de cascas de coco verde geradas diariamente pelos ambulantes e pelas barracas? - Existe viabilidade para o aproveitamento deste resíduo? - Quais os ganhos econômicos, sociais e ambientais com o aproveitamento destes resíduos? - Deve ser feita coleta seletiva? - Os vendedores de água de coco têm interesse em viabilizar esta questão? 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo Geral Avaliar o potencial de aproveitamento das cascas de coco verde para produção de briquete. 1.2.2 Objetivos Específicos - Realizar o diagnóstico do resíduo do coco verde das barracas e ambulantes do trecho da orla de Salvador – Porto da Barra a Ondina; - Levantar e sistematizar dados por meio de revisão da literatura relacionada com a utilização do resíduo do coco verde; - Identificar os impactos ambientais gerados pela disposição do resíduo do coco verde. 24 1.3 JUSTIFICATIVA Segundo dados do IBGE (2006), a Bahia é o Estado brasileiro com maior produção de coco e uma cidade como Salvador, litorânea e turística, tem uma grande quantidade de resíduo gerado com o consumo de água de coco. As cascas de coco representam 70 a 80% do lixo de praia do nordeste, sendo a sua degradação lenta, em torno de 08 anos, o que causa grande impacto ambiental nos aterros sanitários em função, principalmente, do grande volume (ROSA, 2006; AGENCIA BRASIL, 2004). De acordo com os dados da Limpurb, em outubro de 2007, a quantidade, média, de lixo de praia gerado em Salvador foi de 43,76 toneladas/dia. Este lixo é constituído da limpeza de praia, propriamente dito, coleta dos resíduos gerados nas barracas de praia e de coco e lixo domiciliar. O modelo atual do gerenciamento do coco verde em Salvador é do tipo fim-de-tubo, ou seja, extração dos recursos e a disposição dos resíduos em aterro sanitário. A estratégia de produção mais limpa foi introduzida pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA em 1989, apresentando atualmente a seguinte definição: é a aplicação continua de uma estratégia ambiental preventiva integrada, aplicada aos processos, produtos e serviços para aumentar a eficiência e reduzir os riscos para os seres humanos e ao meio ambiente. Entendendo o coco verde como um produto a estratégia de produção mais limpa aplica-se a redução dos impactos negativos ao longo do ciclo de vida deste produto desde a extração até a disposição final (WBCSD e UNEP, 1997). Acrescenta-se que a produção mais limpa tem como propósito a minimização dos resíduos, a redução do uso de matéria-prima e insumos (utilizando-os de forma racional), a maximização da eficiência energética e a minimização dos impactos ambientais ao longo de todas as etapas do processo produtivo e de consumo do produto (CHRISTIE, ROLFE e LEGARD, 1995). O aproveitamento do resíduo do coco verde para geração de energia por meio da produção de briquetes constitui no uso sustentável de biomassa como combustível não incrementando o 25 teor de CO2 na atmosfera, já que este é produzido durante a combustão equilibrando-se com o CO2 consumido durante a fotossíntese (LORA, 2002). A substituição do uso da lenha por briquetes produzidos a partir do aproveitamento das cascas de coco verde pode trazer benefícios para a vegetação nativa já que existem basicamente duas maneiras de extração de madeira para produção de lenha: A primeira é por meio da silvicultura que, de acordo com o IBGE (2005), é a atividade que se ocupa do estabelecimento, desenvolvimento e da reprodução de florestas, visando múltiplas aplicações. O plantio em silvicultura é feito geralmente com espécies exóticas (de outros locais) como eucalipto e pinus americano e espécies nativas como pinheiro brasileiro e mogno; geralmente os produtos obtidos são madeiras em tora (para papel e celulose, construção civil, movelaria e náutica), lenha e carvão. A segunda é por meio do extrativismo vegetal, onde os produtos são simplesmente coletados em vegetações nativas espontâneas. Podem ser produtos madeireiros como madeira em tora, lenha e carvão e não madeireiros como borracha, fibras, folhas e raízes medicinais, dentre outros. De acordo com os dados do IBGE (2005), o município de Inhambupe - Ba é o sétimo maior produtor nacional de lenha da silvicultura e a Bahia lidera a produção nacional com relação à lenha originária do extrativismo vegetal, sendo os municípios de Xique-Xique, Serra do Ramalho, Riacho de Santana, Bom Jesus da Lapa, Wagner, Paratinga e Itaberaba os maiores produtores. A Figura 01 representa a distribuição percentual de produção de carvão vegetal, lenha e de madeira em tora de extração vegetal e silvicultura no Brasil nos anos de 2004 e 2005. 26 FIGURA 01 – DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DA PRODUÇÃO DE CARVÃO VEGETAL, DA LENHA E DE MADEIRA EM TORA DA EXTRAÇÃO VEGETAL E SILVICULTURA NO BRASIL NOS ANOS DE 2004 E 2005. Fonte: IBGE – Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Produção de Extração Vegetal e da Silvicultura, 2005. Por meio da Figura 01, pode-se observar que da silvicultura, com exceção do carvão vegetal, a produção de lenha e madeira em tora aumentou; tal fato se deve ao setor madeireiro estar atuando em consonância com a legislação ambiental no sentido de diminuir a exploração de espécies vegetais nativas. Salienta-se que a demanda por matéria-prima, no setor madereiro, tem sido atendida por meio das práticas de redução dos desperdícios, cultivo de floresta homogênea e adoção de reciclagem de matérias. Com relação a extração vegetal houve um pequeno decréscimo em relação a lenha e a madeira em tora, fato que pode estar relacionado há maior fiscalização dos órgãos ambientais. A legislação ambiental no setor madeireiro está cada vez mais rigorosa no sentido de aplicação da lei. Nos últimos anos o uso de lenha em caldeiras e fornos de atividades passíveis de licenciamento ambiental como frigoríficos e olarias só é permitido, pelo CRA, mediante apresentação de documentação que comprove a procedência desta lenha. Além disto, a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SEMARH está cada vez mais atuante no sentido de autorizar a supressão de vegetação para silvicultura. Embora o Código Florestal, Lei Federal nº 4.771/65, defina as diretrizes básicas para conservação, corte e exploração das florestas existentes no território nacional, deve-se lembrar 27 que as mesmas estão relacionadas com as Áreas de Preservação Permanente - APP e Reserva Legal não protegendo o restante da vegetação existentes nos biomas, no caso do Estado da Bahia, caatinga, cerrado e mata atlântica. Em ecologia, chama-se bioma uma comunidade biológica, ou seja, fauna e flora e suas interações entre si e com o ambiente físico: solo, água e ar. Em cada bioma há um tipo de vegetação predominante, que ocupa a maior parte da área e que é determinado principalmente pelo clima e solo. O Bioma Caatinga localiza-se na região do semi-árido sendo o único bioma genuinamente brasileiro. Ocupa uma área total de 844.453 km2, estende-se por 70% da área do nordeste e 9,92% do Brasil. O Estado da Bahia detêm 37% da área deste bioma com aproximadamente 23% da população do estado vivendo no domínio da caatinga (CERBCAA, 2007; IBGE, 2004). Este bioma é considerado extremamente frágil em virtude da flora e fauna existente. Nos últimos quinze anos aproximadamente 40.000 km2 de sua área se transformaram em deserto devido a interferência do homem na região (CERBCAA, 2007). Na caatinga a situação social é extremamente complexa, com a maioria da população rural dedicada a cultura de subsistência, pecuária e ao extrativismo vegetal. O desmatamento da caatinga para o consumo industrial da lenha é cada vez maior, principalmente porque não existem leis especificas para proteção deste bioma. Alguns produtores de lenha são orientados a realizar o manejo sustentável da madeira, que consiste em dividir o terreno em várias partes e cada ano cortar as árvores de apenas uma delas, também o uso de fornos mais eficientes, que consumam menos lenha, e o uso de lenha seca (mais velha) são medidas que devem ser implantadas pelos proprietários de olarias, restaurantes e padarias para reduzir o consumo de lenha e desta forma conservar mais a caatinga. (COEP, 2007). O Bioma Cerrado está localizado basicamente no planalto central do Brasil, sendo o segundo maior bioma brasileiro, superado apenas pela Floresta Amazônica. Ocupa uma área de 2.036,448 km2, ocupando 23,92 % do território brasileiro. Na Bahia, este bioma encontra-se 28 distribuído de forma heterogênea, compondo várias áreas de transição cerrado/caatinga e cerrado/floresta atlântica, no entanto a sua maior concentração esta na região oeste (WWF, 2007; IBGE, 2004). A cobertura vegetal do cerrado varia desde os campos sem árvores ou arbustos até o cerrado lenhoso denso com matas ciliares. O cerrado brasileiro é conhecido como a savana mais rica do mundo em biodiversidade com diversos ecossistemas, riquíssima flora com aproximadamente 4.400 espécies endêmicas (AMBIENTE BRASIL, 2007). Nas últimas décadas o cerrado tem passado por um processo de urbanização e ocupação agrícola além de desmatamento para retirada de material lenhoso, principalmente nos encraves de cerrado (área de transição de duas ou mais tipologias vegetacionais que se misturam ou se interpenetram), com isso técnicas agrícolas e planos de manejo devem ser adotados para conservar a vegetação nativa. O bioma floresta atlântica ou mata atlântica estende-se por todo o litoral brasileiro, ou seja, do nordeste até o sul. Ocupa uma área de 1.110.182 km2 representando 13,04% do território brasileiro (IBGE, 2004). Este bioma é composto por uma série de tipologias fitogeográficas, constituindo desta forma em um mosaico vegetacional onde abriga uma das maiores biodiversidades do mundo, tendo sido identificada como a 5ª área mais ameaçada e rica em espécies endêmicas do mundo (IBAMA, 2007). Cabe salientar que a riqueza pontual neste bioma é tão significativa que os dois maiores recordes mundiais de diversidade botânica para plantas lenhosas foram registrados nesse bioma, 454 espécies em um único hectare do sul da Bahia e 476 espécies em amostra de mesmo tamanho na região serrana do Espírito Santo. (ALIANÇA MATA ATLÂNTICA, 2007). A exploração da mata atlântica iniciou com o descobrimento do Brasil, primeiro foi a exploração do pau-brasil depois o processo de desmatamento prosseguiu com os ciclos de cana-de-açúcar, do ouro, da produção de carvão vegetal, de extração da madeira, de plantações de cafezais e pastagens, da produção de papel e celulose, da construção de rodovias e barragens e do processo de urbanização com o surgimento das grandes capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. (IBAMA, 2007; SILVA E MIRANDA, 1997). 29 A conservação da Mata Atlântica é alvo de interesse dos setores do governo, sociedade civil organizada, instituições acadêmicas e setor privado. Apesar da forte pressão antrópica que cresce a cada dia existe um amplo arcabouço legal para a proteção deste bioma tais como: a constituição do Brasil de 1988 no seu capitulo referente ao Meio Ambiente que reconhece a importância da conservação da mata atlântica declarando-a patrimônio nacional; as portarias Federais do IBAMA nº 218/89 e 438/89 que normaliza os procedimentos quanto a autorizações de derrubada e exploração florestal envolvendo mata atlântica, além do Decreto Federal nº 11.428/06 (Lei da Mata Atlântica) que dispõem sobre a utilização e proteção da vegetação nativa no bioma mata atlântica. Com relação aos tipos de biomas existentes no estado da Bahia, o que possui maior quantidade de leis voltadas para sua conservação é o da mata atlântica, contudo nestes biomas os modelos de utilização dos recursos florestais ainda caracterizam-se, em sua grande maioria, pelo extrativismo e eliminação da vegetação por meio do desmatamento puro e simples. Em alguns casos para a ocupação do solo com agropecuária, mas muitas vezes para comercialização da lenha. Apesar de existir no litoral Norte da Bahia empresas que praticam a silvicultura muitos empreendimentos, principalmente de micro e pequeno porte localizadas na Região Metropolitana de Salvador - RMS e adjacência adquirem lenha de madeira nativa devido aos seguintes fatores: o custo para a produção da lenha oriunda de reflorestamento é maior devido aos gastos com a implantação e desenvolvimento para a formação do cultivo além dos impostos, encargos sociais e administrativos do empreendimento; a concentração da oferta em poucas empresas não oferece competitividade no mercado e a insuficiência de técnicos para a fiscalização do cumprimento da legislação vigente, favorece a realização dos desmatamentos ilegais e a comercialização da madeira clandestina (SILVA E MIRANDA, 1997). Ressalta-se que o Brasil exporta para os Estados Unidos e Europa madeira oriunda de reflorestamento como pinus e eucalipto que constituem matéria-prima da indústria de papel celulose, móveis, compensados, aglomerados e chapas; porém especialistas advertem que devido à escassez de madeira reflorestada ocorrerá num futuro próximo (a partir de 2008) o que eles chamam de “apagão da madeira” ou “apagão florestal”, onde o Brasil passará de exportador para importador desta matéria-prima (PATZSCH, 2004; SOUZA, 2005). 30 A Figura 02 mostra o comportamento da oferta e demanda de madeira de eucalipto e pinus no Brasil no período de 2000 a 2020. FIGURA 02 – COMPORTAMENTO DA OFERTA E DEMANDA DE MADEIRA DE EUCALIPTO E PINUS NO BRASIL NO PERÍODO DE 2000 A 2020. Fonte: Patzsch, 2004. De acordo com a Figura 02, a oferta de madeira de pinus e eucalipto no Brasil não acompanha o crescimento da demanda. Com isso, segundo Patzsch (2004), o consumo de móveis fabricados no país fará a demanda por madeira plantada crescer 66,38%, porém as plantações de pinus e eucalipto são insuficientes, já que a quantidade disponível para corte só crescerá 23,58%. A fim de resolver esta situação, o Governo Federal decidiu liberar crédito para plantio de florestas em pequenas e médias propriedades, investir em assistência técnica e reduzir o excesso de burocracia que envolve os licenciamentos ambientais. Como as florestas de pinus plantadas ficam prontas para corte em 15 anos e as de eucalipto em 07 anos, esta situação deverá levar alguns anos para normalizar. Diante de toda a situação exposta com relação ao extrativismo vegetal, principalmente nos biomas cerrado e caatinga, e do iminente “apagão da madeira”, o aproveitamento das cascas de coco para produção de briquetes a fim de substituir a lenha surge como uma alternativa para evitar o desmatamento de vegetação nativa consequentemente conservar os biomas e aumentar a demanda da madeira originária de floresta plantada para uso nos setores de movelaria, papel e celulose, dentre outros além de oferecer uma oportunidade de emprego e renda e economia com os gastos para coletar e dispor estes resíduos no aterro sanitário. 31 1.4 METODOLOGIA 1.4.1Classificação do Estudo Considerando a existência de um problema específico e concreto, de como aproveitar os resíduos do coco verde gerados na orla de Salvador, levanta-se a necessidade de aplicação de uma metodologia também especifica para solucioná-lo. Baseado na classificação de Silva e Menezes (2001) e considerando a natureza do problema esta pesquisa pode ser caracterizada como: a) Aplicada - pois objetiva aplicar conhecimentos dirigidos à solução de problemas específicos, no caso o aproveitamento do resíduo do coco verde para geração de energia; b) Quantitativa – os dados quantitativos, colhidos diretamente na área da pesquisa, são elementos fundamentais para a justificativa/viabilidade deste trabalho; c) Descritiva – com a descrição dos procedimentos relacionados com o manejo do resíduo do coco verde observados na área de estudo e as tecnologias sugeridas para o aproveitamento deste resíduo; d) Levantamento – pois foi necessário interrogar diretamente os vendedores de água de coco verde “in natura” para entender o fluxo deste resíduo na área de estudo. 1.4.2 Delimitação da Pesquisa O limite da Orla de Salvador escolhido para a pesquisa foi: da praia do Porto da Barra à Ondina. A escolha deste local foi determinada pelas seguintes características: - Zona turística; - Impacto visual; - Concentração de um comércio específico, barracas, para venda de água de coco verde “in natura”; - Consumo de água de coco verde “in natura”, durante todo o ano. 32 Esta área é freqüentada por soteropolitanos e turistas devido as praias de águas calmas, a exemplo do Porto da Barra, aos pontos turísticos, Fortes do Farol da Barra e Santa Maria, a concentração de hotéis, ao calçadão e área de lazer, que permitem a prática de atividades esportivas (principalmente nos finais de semana), proximidade do jardim zoológico, além de ser uma área central de Salvador. O trabalho se propôs a fazer um estudo preliminar da avaliação do aproveitamento das cascas de coco verde para produção de briquete, visando o consumo de energia para produção do mesmo e custos com equipamentos, a fim de verificar a viabilidade de implantação de uma usina de briquetagem. 1.4.3 Identificação das Variáveis Esta pesquisa tem como variáveis para o aproveitamento do resíduo do coco verde para produção de briquete. a) Quantidade de resíduo gerado na área de estudo devido ao consumo de água de coco ‘in natura”; b) Análise inicial para implementação do produto (coleta das cascas do coco nas barracas até o fornecimento de briquetes para o mercado consumidor); c) Mercado estadual para consumo dos briquetes produzidos; d) Custo de produção e preço de mercado; e) Poder calorífico do briquete produzido. 1.4.4 Técnicas de coletas de dados A coleta de dados desta pesquisa se dividiu em duas etapas: A primeira está relacionada a realização da revisão literária onde são referenciados livros e revistas técnicas, recursos da internet como acesso a teses, dissertações, artigos e publicações técnico - cientificas e em bibliotecas digitais, nacionais e estrangeiras; 33 A segunda está relacionada com os instrumentos de coleta de dados tradicionais segundo Silva e Menezes (2001), tais como: a) Observação individual e sistemática – feita apenas pelo pesquisador, com planejamento a fim de responder aos propósitos pré-estabelecidos; b) Entrevista não-estruturada – pois acontece à medida que os fatos vão ocorrendo, não existe roteiro pré estabelecido; c) Formulário – uma série de questões foi feita aos entrevistados e anotada pelo entrevistador numa situação de face a face. Para realizar o diagnóstico do resíduo do coco verde gerado na área de estudo foi necessário observar o local, os equipamentos, os serviços, o consumidor e as formas de descartar do mesmo. A entrevista com os barraqueiros e ambulantes auxiliou nas observações feita pelo pesquisador bem como o formulário aplicado, modelo no anexo A, que deu subsidio, principalmente, para auxiliar na contagem do resíduo gerado. A documentação fotográfica complementou a forma de realização deste diagnóstico. A contagem das cascas de coco verde foram realizadas quinze dias por mês, escolhidos de forma aleatória, por meio de uma sub-amostragem no programa Microsoft Excel 2003, no período de outubro de 2006 a outubro de 2007, sendo considerados os meses de outubro a março como de alta estação e abril a setembro baixa estação. Após selecionar os dias de coleta, iniciou-se o trabalho de campo; a área de estudo foi delimitada em três praias: Porto da Barra, Farol da Barra e Ondina. A partir daí, tornou-se necessária uma divisão com intuito de padronizar a coleta e por conseqüência a amostragem, assim dividiu-se os vendedores de água de coco verde “in natura” em: Ambulantes de coco e Barracas de praia e Barracas de coco. As coletas dos dados foram realizadas sempre à noite, antes da coleta feita pelo serviço de limpeza pública municipal. Apenas um pesquisador foi responsável pela contagem das cascas do coco verde, sendo assim, criado um padrão de que apenas seria considerada uma casca de coco verde, se o mesmo estivesse inteiro, e quando dividida em duas ou mais porção seria 34 necessária juntar as partes para que o mesmo fosse considerado uma casca, ou seja, apenas coco inteiro foi considerado casca de coco verde. Desta maneira, a contagem das cascas de coco foi feita de forma direta por meio de contagem sendo que na maioria das vezes os barraqueiros e os ambulantes localizados nos logradouros eram questionados com relação a quantidade de coco verde vendida a fim de checar com os valores contados “in loco”, já com os ambulantes localizadas na areia da praia e nas barracas de praia isto não ocorria pois ao chegar na praia os mesmos já haviam deixado o local de trabalho e os resíduos das cascas de coco aglomerados em torno das lixeiras, dentro das mesmas e encostado a balaustrada eram então contados. Salienta-se que nem todos os barraqueiros e ambulantes estavam dispostos a colaborar com a pesquisa, desta forma não respondiam aos questionamentos feitos pelo pesquisador, com isso para que a contagem das cascas de coco fosse realizada nestes locais era necessário esperar que os mesmos deixassem o local de trabalho. Foram consideradas, na contagem pelo pesquisador, barracas de praia e ambulantes juntos, pois as cascas de coco geradas por eles eram dispostas no mesmo local, ou seja, na areia da praia. Outra observação que merece destaque é que as cascas de coco verde eram misturadas com outros tipos de resíduos como papel, latas, garrafas, canudos e plásticos principalmente quando dispostos na areia da praia. Os dados coletados foram tabulados em Planilha eletrônica, por meio do programa Microsoft Excel 2003. A análise exploratória das variáveis foi realizada por meio de estatística descritiva (mínimo, máximo, média) para cada variável e ao final foram gerados gráficos para apresentação dos dados, todos os procedimentos estatísticos foram gerados diretamente no Microsoft Excel 2003. Durante o levantamento de campo, foi determinado, por meio de contagem diretamente no contêiner, o volume médio ocupado pelas cascas de coco verde no mesmo, além do peso médio de várias cascas de coco. Com relação aos diversos usos que são dados ao resíduo do coco verde, o levantamento foi feito por meio de visitas a usina existente de beneficiamento de casca do coco verde, 35 pesquisas em livros e revistas técnicas, dissertações e teses e artigos publicados mundialmente. Os impactos gerados pelo resíduo do coco verde relacionados com o meio ambiente, foram identificados por meio da pesquisa bibliográfica, por observações feitas na área de estudo e nos locais de disposição dos mesmos. A avaliação do potencial de aproveitamento do resíduo do coco verde para geração de energia, incluindo a forma de armazenamento e coleta além do mercado consumidor do material produzido foi desenvolvida com base na análise dos dados existentes e informações levantadas na área de estudo. 1.4.5 Estrutura da Pesquisa Esta dissertação está dividida em oito seções distintas. Na primeira tem-se a introdução com um panorama geral sobre o tema, o objetivo geral e especifico, a contextualização do problema da pesquisa, que forneceu dados para a justificativa, a metodologia, a originalidade e as contribuições esperadas do trabalho. A segunda seção refere-se ao histórico da espécie, sua introdução no Brasil, às partes que compõem o coco, a produção de coco no mundo, no Brasil e na Bahia. A terceira seção trata dos impactos ambientais gerados pela disposição do resíduo do coco tais como: a demanda de área para disposição em aterros sanitários, a proliferação de vetores, a emissão de metano e o impacto visual. A quarta seção trata da fibra do coco, sua composição e propriedades, a usina de beneficiamento de cascas de coco verde implantada em Fortaleza e os diversos usos das cascas de coco verde. A quinta seção refere-se ao fluxo do coco verde na área de estudo, ou seja, produção, distribuição, compra, armazenamento, consumo, acondicionamento, coleta e disposição final. 36 A sexta seção trata da localização da área de estudo, da quantidade de cascas de coco geradas com a venda de água de coco “in natura” e da análise destes dados. A sétima seção está relacionada a avaliação do potencial de aproveitamento do resíduo do coco verde na orla de Salvador, englobando o conceito de briquetes e as vantagens do seu uso, o processo produtivo do briquete, a quantidade de cascas de coco necessárias para a montagem da usina, o custo da Limpurb com a coleta de resíduos e as alternativas para a montagem da usina. A oitava seção finaliza a dissertação com as conclusões e recomendações finais. 1.5 RESULTADOS ESPERADOS Como resultado final desta dissertação, espera-se: - O levantamento da quantidade de resíduo produzido na orla de Salvador, no trecho da área de estudo; - Mostrar a ineficiência da sistematização de armazenamento e coleta deste resíduo; - Demonstrar a viabilidade de aproveitamento deste resíduo para produção de briquetes; - Apresentar a possibilidade de agregar valor ao resíduo de coco verde; - Mostrar o ganho ambiental e econômico com a não disposição destes resíduos no aterro sanitário; - Apresentar a possibilidade do ganho social com a geração de emprego e renda, para uma classe menos favorecida e profissional com mão-de-obra qualificada que esteja desempregado, a partir do aproveitamento das cascas de coco verde para produção de briquete; - Comprovar a necessidade de implantação de uma coleta diferenciada para este resíduo a fim de melhorar o aspecto visual da orla com a disposição/armazenamento adequada do mesmo. 37 1.6 PERSPECTIVAS 1.6.1 Originalidade da Pesquisa Esta dissertação é um dos primeiros trabalhos realizados em Salvador relacionados com o diagnóstico da quantidade de resíduo gerado com o consumo de coco verde “in natura”, as diversas formas de armazenamento e descarte do mesmo. 1.6.2 Contribuições da Pesquisa Este trabalho contribui para a preservação do meio ambiente à medida que avalia o potencial de aproveitamento de um resíduo que ocupa grandes áreas nos aterros sanitários e leva muito tempo, em torno de 08 anos, para degradar. Tem-se ainda a introdução no mercado de um produto ecológico que pode substituir a lenha e ajudar na preservação da vegetação nativa. Ressalta-se o ganho ambiental também com a não emissão de metano para a atmosfera, a redução de doenças causadas com a proliferação de vetores e não disposição destes resíduos nas praias, áreas verdes e logradouros. Com relação a contribuição econômica o aproveitamento do resíduo do coco verde fará com que haja redução de gastos públicos com a coleta e disposição final deste resíduo e ganhos econômicos com a introdução no mercado de um produto que gera energia, mais barato do que os já existentes para um determinado comércio. A contribuição social está relacionada com este trabalho à medida que sugere o aproveitamento de mão-de-obra não qualificada para coletar os resíduos e trabalhar na produção do briquete, proporcionando uma renda, consequentemente qualidade de vida melhor e um resgate social destes indivíduos, além da absorção dos profissionais com mãode-obra qualificada que estejam desempregados. Há um ganho social também com a conscientização dos barraqueiros, ambulantes e a sociedade que sabendo da existência de técnicas para o aproveitamento do resíduo do coco verde pode colaborar com a coleta diferenciada do mesmo. 2 O COQUEIRO E O COCO Esta seção trata da origem do coqueiro, as partes que o constitui, destacando o fruto objeto deste trabalho, as variedades de coqueiro da espécie Cocos Nucifera L., a produção desta espécie no mundo, no Brasil e na Bahia. 2.1 A ORIGEM DO COQUEIRO O coqueiro é uma cultura tropical, disseminada ao longo da faixa costeira entre os trópicos de Câncer e Capricórnio, largamente distribuída na Ásia, África, América Latina e região do Pacifico. É cultivada em aproximadamente 11,6 milhões de hectares em 86 paises (SIQUEIRA e outros, 2002). De acordo com alguns estudiosos, o coqueiro é originado do sudoeste do Pacifico. No entanto, De Candole (1895, apud SIQUEIRA e outros, 2002), reúne argumentos em favor da origem asiática, como correntes marítimas, rotas de navegantes e números de nomes comuns encontrados na Ásia. Segundo Purseglove (1975), a dispersão do coqueiro ocorreu do sudeste asiático para a Índia e posteriormente para o leste africano, sendo levado para o oeste africano após a descoberta do Cabo da Boa Esperança e daí para as Américas e toda área tropical da terra. 2.2 O COQUEIRO E O FRUTO O coqueiro requer um clima quente, sem grandes variações de temperatura, com média anual em torno de 27º C e variações diárias de 5 a 7º C para o crescimento e produção. A umidade atmosférica também influência no desenvolvimento do coqueiro, locais com umidade relativa do ar inferior a 60% ou muito elevadas prejudica o seu crescimento provocando a redução da absorção de nutrientes, queda prematura dos frutos além de favorecer a propagação de doenças fúngicas. Contudo, a distribuição das chuvas é o fator que mais influi no 39 desenvolvimento do coqueiro; o regime ideal de chuvas é caracterizado por uma precipitação anual de 1500 mm, com pluviosidades mensais não inferiores a 130 mm. Locais com baixo índice pluviométrico podem recorrer ao cultivo por irrigação para suprir esta necessidade, porém uma quantidade de chuva excessiva por um longo período pode ser também prejudicial e causar redução da insolação (já que o coqueiro exige luminosidade para se desenvolver), falta de aeração do solo, lixiviação dos elementos minerais e prejudicar a fecundação (BRASILIA, 2003). O coqueiro é considerado a “árvore da vida” por suas diversas aplicações tais como: fonte de alimento, habitação, locomoção, energia, dentre outros. É constituído de raiz, caule cilíndrico (tipo estipe), folhas, inflorescência (onde se localiza as flores) e fruto; tudo, praticamente, é utilizado (FERREIRA e outros, 1998). Neste trabalho o fruto é o objeto a ser estudado a fim de quantificar as cascas geradas com o consumo de água de coco verde “in natura” em um determinado trecho da orla de Salvador e avaliar o potencial de aproveitamento das mesmas para produção de briquetes. As Figuras 03 e 04 apresentam, respectivamente, um coqueiro com destaque para os frutos e inflorescência e as cascas de coco verde objeto deste estudo. INFLORESCÊNCIA FIGURA 03 – COQUEIRO COM DESTAQUE PARA OS FRUTOS E INFLORESCÊNCIA. Fonte: Autora, 2007. 40 FIGURA 04 – CASCAS DE COCO VERDE, OBJETO DE ESTUDO DESTE TRABALHO. Fonte: Autora, 2006. De acordo com as definições de Ferri e outros (1981) e Vasconcelos Sobrinho (1934) o fruto do coqueiro, o coco, é formado pelas seguintes partes: Pericarpo Epicarpo Mesocarpo Fruto Endocarpo Semente Tegumentos Albúmen Líquido (água de coco) Sólido (polpa) a) Pericarpo – é a parte do fruto que envolve a semente; b) Epicarpo (epiderme lisa) – é a camada externa do pericarpo, chamada de “casca” do fruto; c) Mesocarpo – é a camada que fica entre o epicarpo e o endocarpo (não considera a semente), em geral é a parte mais desenvolvida do fruto. No caso do coco se constitui de fibras; d) Endocarpo (camada pétrea que envolve a parte comestível) – é a camada mais interna do pericarpo. No caso do coco o endocarpo forma a casca dura em torno da semente, possui 41 três depressões circulares na base (buracos fechados, chamados carpelos) formando triângulo, por onde sai o embrião; e) Semente – é toda estrutura que serve para reproduzir um vegetal; f) Tegumentos – é qualquer estrutura que reveste e protege uma parte do vegetal. No caso do coco é uma camada fina de cor marrom. g) Albúmen (endosperma) – é um tecido contendo substâncias nutritivas na semente. O albúmen líquido (água de coco) começa a se formar em média dois meses depois da abertura natural da inflorescência e atinge o seu volume máximo (300 a 600ml, dependendo da variedade) nos frutos com idade de 6 e 7 meses. O volume decresce com a formação do albúmen sólido (polpa), ou seja, amadurecimento do fruto e a evaporação. (ARAGÃO e outros, 2002). A Figura 05 apresenta o desenho esquemático do coco, destacando as partes principais. 1 – Epicarpo 2 – Mesocarpo 3 – Endocarpo 4 – Albúmen FIGURA 05 – DESENHO ESQUEMÁTICO DAS PARTES QUE COMPÕEM O COCO, COM DESTAQUE PARA O ENRAIZAMENTO DO FRUTO-SEMENTE. Fonte: Correiosgourmand, 2007. 42 De acordo com Joly (1966) a classificação taxonômica do coqueiro está representada no Quadro 01. QUADRO 01 – CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA DO COQUEIRO Divisão Classe Sub-classe Ordem Família Sub familia Gênero Espécie Nome vulgar Espermatófita Angiosperma Monocotyledoneae palmales Palmae (=Aracaceaes) Cocoidae Cocos Cocos nucifera, L. Coqueiro, coco-da-baia Fonte: Autora, adaptado de Joly, 1966. O Gênero Cocos é constituído apenas pela espécie Cocos nucifera L. que é composta por algumas variedades, sendo as mais importantes, do ponto de vista agronômico, socioeconômico e agroindustrial as: Typicar e Nana (FERREIRA e outros, 1998). 2.3 CARACTERIZAÇÃO DAS VARIEDADES DO COQUEIRO Dentro do gênero cocos, distinguem-se duas variedades principais: Typicar Nar (gigante) e Nana Griff (anão). 2.3.1 O coqueiro gigante A variedade Typicar Nar, conhecida como coqueiro gigante é predominantemente de polinização cruzada (meio de reprodução é a alogamia) devido as flores masculinas se formarem antes das flores femininas. As plantas têm estipe, com circunferência média de 84 cm e altura média de 18 metros. As folhas são compridas, com comprimento médio de 5,5 metros. O florescimento é tardio, ocorrendo normalmente entre seis e oito anos após o plantio. A produção de flores é continua. Os frutos variam de tamanho, de médio a grande, produz de 50 a 80 frutos por planta ao ano. As plantas se adaptam aos diversos tipos de solos e climas. 43 Sob condições favoráveis, o período de produção econômica é de cerca de 60 anos (SIQUEIRA e outros, 2002; WADT,1997). A variedade gigante possui variações morfológicas, principalmente, na cor, na forma e tamanho do fruto. Sendo identificados pelo nome da região ecofisiografica na qual a população se desenvolveu ou pelo nome do país ou lugar no qual foram descobertos (PURSEGLOVE, 1975). Por exemplo: coqueiro gigante da Polinésia e coqueiro gigante da Malásia. A Figura 06 mostra alguns coqueiros gigantes localizados na área de estudo. FIGURA 06 – COQUEIROS GIGANTES LOCALIZADOS NA AV. OCEÂNICA – BARRA. Fonte: Autora, 2006. 2.3.2 O coqueiro anão A variedade Nana Griff conhecida como coqueiro anão, é predominantemente de autopolinização (auto fecundação), onde as fases de formação das flores masculinas e femininas são coincidentes. Tem estipe estreito com circunferência média de 56 cm e altura média de 10,7 metros. As folhas são curtas com comprimento em torno de 4,0m. Florescem cedo três a quatro anos após o plantio. Produz de 100 a 120 frutos por planta ao ano. As 44 plantas se desenvolvem bem em solos profundos, férteis e cultivados em regiões com precipitação bem distribuída. São susceptíveis a praga e doenças e sofrem muito com a seca. A vida útil de produção econômica está em torno de 40 anos. (SIQUEIRA e outros, 2002; WADT,1997). De acordo com Ribeiro (1993) apud Wadt (1997), a variedade anão é dividida em três grupos os quais são distinguidos, principalmente, pela cor do epicarpo do fruto: coqueiro anão verde, coqueiro anão amarelo e coqueiro anão vermelho. Dentro do grupo vermelho existe o coqueiro anão vermelho da Malásia e o coqueiro anão vermelho dos Camarões. A Figura 07 mostra um coqueiro anão localizado na área de estudo. FIGURA 07 – COQUEIRO ANÃO LOCALIZADO NA PÇ. BAHIA SOL – ONDINA. Fonte: Autora, 2006. 2.3.3 O coqueiro híbrido Além das duas variedades de coqueiro já mencionadas (gigante e anão) tem-se que considerar a variedade hibrida, obtida pelo cruzamento entre as variedades do coqueiro gigante e anão ou vice-versa. Ressalta-se que hibridação é o cruzamento entre indivíduos geneticamente distintos e a escolha dos pais é feita a partir dos objetivos da atividade a ser desenvolvida (SIQUEIRA e outros, 2002). 45 O coqueiro hibrido reúne características desejáveis dos dois grupos, é rústico, possui frutos grandes, com maior teor de polpa e água, é precoce e produtivo, produzindo a partir do terceiro ou quarto ano de idade, de 150 a 180 frutos por planta por ano. A vida útil de produção econômica está em torno de 50 anos (SEBRAE, 2006; ARAGÃO e outros, 2001). Devido às características de maior interesse econômico como: precocidade, produção de frutos e copra (albúmen sólido), o coqueiro hibrido é superior ao gigante. Por outro lado, com relação ao coqueiro anão, o híbrido tem as seguintes vantagens: os frutos são mais utilizados nas agroindústrias de alimentos, uso culinário e água de coco; maior flexibilidade para o produtor definir a oferta do fruto no mercado a melhor preço; fruto maior com mais quantidade de água; maior estabilidade de produção por ter sido formado geneticamente de dois ou mais parentais (ARAGÃO e outros, 2001). Com relação à utilização do albúmen do coco, tem-se que: os frutos do coqueiro gigante são utilizados para a produção de copra, de coco ralado e consumo “in natura”, enquanto que o fruto do anão é indicado para consumo de água de coco (“in natura” ou engarrafado), pois sua copra é pouco espessa e de baixa qualidade e a produção de água é de melhor qualidade e maior quantidade do que o gigante. Os frutos produzidos pelo coqueiro hibrido podem ser utilizados tanto para a produção de copra como de água de coco (WADT,1997). 2.4 A INTRODUÇÃO DO COQUEIRO GIGANTE NO BRASIL O coqueiro não existia no Brasil quando da sua descoberta pelos portugueses em 1500 sendo que as primeiras referências aparecem no “Tratado Descriptivo do Brasil”, escrito por Gabriel Soares de Souza em 1587, que diz: “As palmeiras que dão os cocos se dão bem na Bahia, melhor que na Índia, porque colocando um coco debaixo da terra, a palmeira que dele nasce dá coco em cinco e seis anos, e na Índia não dão estas plantas, frutos em vinte anos” (BONDAR, 1955, apud SIQUEIRA e outros, 2002). Segundo Siqueira e outros (2002), a introdução do coqueiro no Brasil se fez com a variedade gigante em 1553 no Estado da Bahia, sendo precedentes das Ilhas de Cabo Verde. 46 A segunda introdução aconteceu em 1839 com a variedade cabocla (tipo de coqueiro gigante) proveniente de Kuala Lampur na Malásia e importada por Paulo Burte e Carlos Browne pelo Porto do Rio de Janeiro e plantados no município de Cabo Frio. A terceira introdução foi realizada pela Comissão Executiva da Lavoura Cacaueira CEPLAC, em 1976, com o coqueiro gigante Oeste Africano, procedente da Costa do Marfim. A quarta introdução ocorreu em 1981, quando a Sococo importou o coco gigante Oeste Africano para montar um campo de híbridos no Pará. A quinta introdução ocorreu em 1983. A Embrapa importou da Costa do Marfim várias populações para constituir o Banco Ativo de Germoplasma que se encontra instalado em Sergipe. 2.5 A INTRODUÇÃO DO COQUEIRO ANÃO NO BRASIL Segundo Siqueira e outros (2002), a introdução do coqueiro anão no Brasil é atribuída a Arthur Neiva e Miguel Calmon. Em 1920 o pesquisador da Fundação Osvaldo Cruz, Arthur Neiva, fez uma viagem para o oriente com o objetivo de estudar o coqueiro e a seringueira e ao retornar atendendo a Miguel Calmon, fez conferência na Sociedade Nacional de Agricultura, no Rio de janeiro em 27/12/1921 na qual fez referência a variedade do coqueiro anão. Posteriormente, Miguel Calmon, quando era ministro da Agricultura, apoiou-se nessa conferência de Arthur Neiva para importar das Índias, em 1925, várias centenas de mudas de coqueiro anão verde, que foram distribuídas pelos Estados do Norte. Na Bahia, a Sociedade Bahiana de Agricultura recebeu uma dezena de mudas que foram plantadas no Horto do Retiro, no Campo Experimental em Ondina e na estação Experimental de Água Preta (Uruçuca). No Estado do Rio de Janeiro as mudas foram plantadas na Estação Experimental do Governo Federal em Deodoro. A segunda introdução ocorreu em 1938, quando Paulo Burle e Carlos Browne introduziram, no Estado do Rio de Janeiro, a variedade Nyor Gading, importado diretamente da Malásia 47 sementes de matrizes selecionadas. Tratava-se da variedade da cor amarela e foram plantadas nos municípios de Araruama e Cabo Frio no Rio de Janeiro. A terceira introdução foi realizada em 1939, também por Paulo Burle e Carlos Browne, que importaram outras três cultivares: a vermelha, a verde e a variedade gigante, caboclo. A quarta introdução ocorreu em 1978, por meio da CEPLAC, que em convênio com o extinto Instituto de Pesquisa de Óleos e Oleaginosas - IRHO, importou sementes de anão amarelo da Malásia e anão vermelho de Camarões, visando à formação do campo de produção de sementes, cujo plantio foi realizado na Estação Experimental Lemos Maia em Ilhéus – Ba. A quinta introdução ocorreu em 1981 quando a Sococo importou de Costa do Marfim o anão amarelo da Malásia, visando instalar no município de Moju – Pa um campo de produção de híbridos. A sexta introdução foi realizada pela Embrapa em 1982, que trouxe da Costa do Marfim para a sua coleção, em Sergipe, os anãos amarelo e vermelho da Malásia e o anão vermelho de Camarões. Os Quadros 02 e 03, respectivamente, resumem as informações acima descritas sobre a introdução do coqueiro gigante e anão no Brasil. QUADRO 02 – INTRODUÇÃO, ORIGEM, PROCEDÊNCIA, INTRODUTOR E LOCAL DE PLANTIO DO COQUEIRO GIGANTE NO BRASIL. Ano Ecotipo Origem Procedência Importador Local do plantio 1553 Gigante Índia ou Sri Lanka Ilhas do Cabo Verde Portugueses Bahia 1939 Cabloco Kuala Lampor Malásia Paulo Burte e Carlos Browne Cabo Frio RJ 1978 Gigante Oeste Africano Una - BA Gigante Oeste Africano Costa do Marfim Costa do Marfim CEPLAC 1981 Sococo Mojú - PA 1983 Gigante Oeste Africano, da Malásia, da Polinésia, dentre outros Sudoeste Asiuático Sudoeste Asiático Sudoeste Asiático, Malásia, Taiti, Fiji, Tonga Embrapa Neopólis SE Fonte: Siqueira e outros, 2002. Costa do Marfim 48 QUADRO 03 – INTRODUÇÃO, ORIGEM, PROCEDÊNCIA, INTRODUTOR E LOCAL DE PLANTIO DO COQUEIRO ANÃO NO BRASIL. Local do Ano Ecotipo Origem Procedência Importador plantio Ministério da 1925 Anão Verde Desconhecida Índia RJ, BA e PE Agricultura Paulo Burle e Araruama, 1938 Anão Amarelo Malásia Malásia Carlos Browne Cabo Frio - RJ Anão Vermelho e Paulo Burle e Araruama, 1939 Malásia Malásia Anão Verde Carlos Browne Cabo Frio - RJ Anão Amarelo e Malásia e Costa do 1978 CEPLAC Ilhéus - BA Anão Vermelho Camarões Marfim Costa do 1981 Anão Amarelo Malásia Sococo Mojú - PA Marfim Anão Amarelo e Malásia Costa do 1982 Embrapa Sergipe Anão Vermelho Camarões Marfim Fonte: Siqueira e outros, 2002. 2.6 A INTRODUÇÃO DO COQUEIRO HIBRIDO NO BRASIL Com a chegada do coqueiro anão ao Brasil em 1925, não se teve o cuidado de orientar os trabalhadores e produtores com relação o plantio desta nova variedade que deveria ficar isolada do coqueiral gigante. Com isso houve o cruzamento espontâneo das duas variedades gerando o hibrido. Em 1930, surgiram os primeiros híbridos naturais e daí em diante foi ocorrendo muita mistura nos plantios comerciais, a ponto de se tornar difícil, atualmente, a localização de material jovem puro do coqueiral gigante (Siqueira e outros, 2002). Além da hibridação natural na década de 60 houve a produção de híbridos artificiais no Rio Grande do Norte e importação de híbridos em Pernambuco e Alagoas na década de 80, onde as sementes foram utilizadas para o plantio comercial, sem os devidos cuidados, contribuindo para o empobrecimento do material genético (Siqueira e outros, 2002). Destacam-se as pesquisas lideradas a partir da década de 1980 pela EMBRAPA, por meio da sua unidade de Sergipe, para melhoramento genético do coqueiro e os trabalhos conduzidos, nesta mesma linha, pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte e no Pará pela Sococo. 49 2.7 PRODUÇÃO DE COCO NO MUNDO, NO BRASIL E NA BAHIA. A produção de coco vem crescendo a cada ano a nível mundial, nacional e baiano, nas Tabelas 01, 02 e 03 isto pode ser melhor visualizado. A Tabela 01 representa a produção de coco dos principais países produtores do mundo. TABELA 01 – PRINCIPAIS PAÍSES PRODUTORES DE COCO E A PRODUÇÃO (1.000 T) NO PERÍODO DE 2001 A 2004. PAISES 2001 2002 2003 2004 Indonésia Índia Brasil Sri Lanka México Malásia Tanzânia China Moçambique C. do Marfim Jamaica Fiji Islands 15.815 9.530 2.131 2.104 1.100 712 370 293 265 240 170 170 15.495 8.942 2.892 1.818 1.065 712 370 276 265 240 170 170 16.145 9.288 2.978 1.947 1.015 597 370 278 265 240 170 130 16.285 9.500 2.947 1.950 959 642 370 270 265 240 170 140 Fonte: Organização de Alimentos e de Agricultura das Nações Unidas - FAO, 2006. Como pode ser observado, a Indonésia lidera como o país que mais produz coco no mundo, seguido da Índia e do Brasil. Os dados da Organização de Alimentos e de Agricultura das Nações Unidas - FAO, representados na Tabela 01 apontam uma produção de coco para o Brasil superior aos da Tabela 02 fornecidos pelo IBGE (2006). Este fato pode estar relacionado com a falta de esclarecimento dos dados, ou seja, os dados do IBGE tratam da produção de coco-da-baía e os dados da FAO podem abranger outras espécies de coco. A Tabela 02 mostra a quantidade produzida de coco-da-baia segundo as grandes regiões e os dois Estados com maior produção em cada região do Brasil no período de 2001 a 2006. 50 TABELA 02 - QUANTIDADE PRODUZIDA (1.000 frutos) DE COCO-DA-BAIA, POR REGIÃO E OS DOIS ESTADOS COM MAIOR PRODUÇÃO EM CADA REGIÃO DO BRASIL NO PERÍODO DE 2001 A 2006. BRASIL, 2001 2002 2003 2004 2005 REGIÃO E 2006 ESTADO BRASIL 1.420.527 1.928.236 1.985.661 2.078.226 2.079.291 1.985.478 NORTE 211.095 248.436 257.076 265.785 272.572 280.705 Pará 197.383 220.361 225.388 240.664 247.627 256.378 10.578 Rondônia 9.443 21.817 22.645 12.819 12.373 NORDESTE 960.569 1.398.951 1.432.992 1.467.822 1.432.211 1.320.933 Bahia 424.444 731.208 684.016 705.732 713.571 628.376 Ceará 203.769 202.366 217.610 228.818 237.968 243.513 SUDESTE 225.332 251.885 251.811 300.512 324.396 336.802 Espírito Santo 152.790 155.317 135.937 165.705 175.457 180.245 77.738 Rio de Janeiro 41.038 51.084 56.523 67.966 71.206 1.503 SUL 61 172 445 691 1.326 1.503 Paraná 61 172 445 691 1.326 45.535 C. OESTE 23.490 28.792 43.337 43.416 48.786 26.323 Mato Grosso 16.462 17.778 27.955 25.933 27.365 14.759 Goiás 4.965 7.665 11.863 12.881 16.481 Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal, 2006. Analisando a Tabela 02, observa-se que a maior produção de coco no Brasil está na região nordeste, representando 66,52 % da produção nacional no ano de 2006. A Bahia é o Estado brasileiro que mais produz coco, representando 47,57 % da produção do nordeste e 31,67 % da produção nacional no ano de 2006. A produção do Nordeste caiu 7,77% de 2005 para 2006 devido a queda na produção nos Estados do Maranhão, Paraíba, Pernambuco e Bahia, conforme dados do IBGE (2006). Com relação à produção nas regiões Norte e Sudeste, houve um acréscimo de 2,98% e 3,82%, respectivamente, devido ao aumento de produção nos estados do Pará, Rio de Janeiro e Espírito Santo, conforme mostra a Tabela 02. A Tabela 03 apresenta os municípios com maior produção de coco-da-baía no Estado da Bahia no período de 2001 a 2006. 51 TABELA 03 – MUNICÍPIOS BAIANOS COM MAIOR PRODUÇÃO (1.000 frutos) DE COCODA-BAIA NO PERÍODO DE 2001 A 2006 2006 MUNICÍPIO 2001 2002 2003 2004 2005 Bahia Conde Esplanada Acajutiba Jandaíra Rio Real Valença Cairu Juazeiro 424.444 81.600 18.600 33.150 48.000 19.800 17.056 21.362 731.208 204.000 122.616 79.560 48.000 19.800 16.970 16.730 684.016 163.200 123.552 80.496 48.000 19.800 17.050 16.750 705.732 180.000 123.552 80.496 48.000 19.800 17.075 16.700 713.571 180.000 123.552 80.496 48.000 19.800 17.250 16.725 4.728 35.400 7.024 6.875 14.301 628.376 90.000 123.552 80.496 47.200 16.200 17.275 16.750 23.607 Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal, 2006. De acordo com a Tabela 03, pode-se observar que os municípios de Conde e Esplanada, localizados no Litoral Norte, lideravam a produção de coco do Estado da Bahia no período de 2001 a 2005 chegando a representar juntos 42,64% da produção do Estado em 2005. Porém, em 2006 houve uma queda de 50% na produção de coco no município de Conde, ficando na liderança estadual o município de Esplanada. A microrregião de Alagoinhas possui dois grandes produtores de coco: os municípios de Acajutiba e Rio Real. Já a microrregião de Juazeiro tem como o maior produtor o município de Juazeiro que em 2006 aumentou sua produção em 65%. Os municípios do sul da Bahia com maior produção de coco são: Valença e Cairu. Ressalta-se que os municípios de Mata de São João e Camaçari no ano de 2001 tiveram uma produção de coco de 17.100.000 e 14.850.000 frutos, respectivamente, se destacando entre os maiores produtores do Estado; porém a partir de 2002 iniciou-se um decréscimo na produção sendo que em 2006 a quantidade produzida foi de 3.900.000 frutos para Mata de São João e 6.702.000 frutos para Camaçari.(IBGE, 2006), este fato poderá está associado ao aumento de implantação de loteamentos e hotéis nestes municípios em áreas antes ocupadas por coqueirais. 3 PRINCIPAIS IMPACTOS CAUSADOS COM A DISPOSIÇÃO DAS CASAS DE COCO VERDE Esta seção aborda os principais impactos causados com a disposição do resíduo do coco verde, tais como: a grande demanda de área, já que este tipo de resíduo ocupa muito espaço nos aterros; a proliferação de vetores devido ao acúmulo de água nas cascas e a oferta de alimento no lixo; a emissão de gás metano devido a decomposição do resíduo e o impacto visual. 3.1 DEMANDA DE ÁREA No Brasil, 71,51% dos resíduos sólidos são dispostos em lixões, ou seja, em áreas afastadas dos centros urbanos sem os devidos cuidados de preservação ambiental e de engenharia sanitária enquanto 17,32 % dos resíduos são dispostos em aterros sanitários (IBGE, 2000). Aterros sanitários são áreas planejadas destinadas à disposição de resíduos sólidos no solo que fundamentado em critérios de engenharia e normas operacionais especificas, permite uma confinação adequada do mesmo. Estas áreas devem ser impermeabilizadas para evitar o vazamento de chorume, (com conseqüente contaminação do solo e águas superficiais e subterrâneas) o qual deve ser tratado antes de ser lançado no meio ambiente, os gases liberados devem ser captados (para evitar a contaminação do ar) e os resíduos sólidos devem ser coberto com material inerte a fim de impedir que ele fique exposto e atraia animais nocivos à saúde humana como: insetos, ratos e baratas. Com isso os aterros sanitários permitem uma confinação segura dos resíduos em relação ao controle da poluição ambiental e proteção à saúde pública (CETESB apud LIMA, 1995). A crescente urbanização, as questões ambientais e econômicas limitam as áreas disponíveis para a disposição final dos resíduos sólidos. Muitas vezes grandes cidades precisam exportar seus resíduos para áreas de municípios vizinhos como é o caso, atual, de Salvador (CETESB, 2002). 53 De acordo com os dados da Limpurb (2007a), no mês de outubro, a média de resíduos sólidos coletados em Salvador foi de 2.429 t/dia, toda esta produção é encaminhada para o Aterro Metropolitano Centro – AMC, que é um aterro sanitário compartilhado com os municípios de Simões Filho e Lauro de Freitas, localizado BA 526, Estrada Parafuso, Km 07, no município de Simões Filho, a aproximadamente 20 Km do centro de Salvador. A BATTRE Bahia Transferência e Tratamento de Resíduos S/A, subsidiária brasileira controlada pela SUEZ Environment, gerencia e opera o AMC, o qual está em atividade desde setembro de 1997 em uma área total de 250 ha sendo a área reservada para disposição dos resíduos sólidos igual a 60 ha. Este tem sistema de impermeabilização duplo, em argila e manta sintética de polietileno de alta densidade, drenagem de águas pluviais, sistema de drenagem e captação de gases, monitoramento de águas superficiais e subterrâneas além de bacias de acumulação de chorume o qual é transportado por meio de carro pipa para ser tratado na Estação de Tratamento de Efluente da Empresa de Proteção Ambiental - CETREL. Este aterro foi projetado para ter uma vida útil de 20 anos (Limpurb, 2007b). Apesar do Decreto Estadual nº 7.967/01 que Regulamenta a Lei Estadual nº 10.431/06 referente a Legislação Ambiental do Estado da Bahia classificar o porte dos aterros sanitários de acordo com a produção (t/dia); um dos critérios adotado pelos técnicos da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia - CONDER e do Centro de Recursos Ambientais - CRA é a área mínima necessária para implantação de um aterro sanitário. Considerando uma população urbana de até 30 mil habitantes a área mínima admitida para viabilizar um aterro sanitário simplificado é de no mínimo 05 ha e para um aterro sanitário convencional a área deve ser suficiente para implantar também a Estação de Tratamento de Efluente. Com isso observa-se que para a disposição adequada dos resíduos demandam-se grandes áreas. Conforme os dados da Limpurb, em torno de 96,4% da população de Salvador são atendidos com os serviços de limpeza urbana. Com exceção dos resíduos coletados pela Cooperativa de Agentes Autônomos de Reciclagem - COOPCICLA todo o restante dos resíduos sólidos que são coletados em Salvador (domiciliar, comercial, limpeza de praia, feira, varrição, animais e misto) são encaminhados para disposição final no AMC. 54 Com isso, tem-se que todo o resíduo do coco verde gerado em Salvador, que é coletado, é disposto no AMC. Como este tipo de resíduo leva em torno de 08 anos para se degradar e associado a sua forma e constituição as quais dificultam a sua compactação, tem-se como conseqüência a ocupação de maiores áreas no aterro para sua disposição devido ao seu volume. Segundo Fortuna (2008), um dos fatores para determinar a área ocupada por um determinado volume de resíduo em um aterro sanitário é a cota do terreno, sendo que atualmente, fevereiro de 2008, o volume de 07 milhões de m3 de resíduos sólidos está ocupando uma área de 30 ha no AMC, em 11 anos de operação. De acordo com o levantamento de campo a quantidade média diária de cascas de coco verde, na alta estação, necessário para o abastecimento da usina para produção de briquete (a ser abordado na seção 07), corresponde a um volume de 56 m3 o que equivale a uma ocupação média de 0,00024 ha/dia, ou seja, 2,4 m2/dia no aterro sanitário. O aproveitamento do resíduo do coco verde surge como uma alternativa para o aumento da vida útil do aterro já que uma parcela considerável de resíduo deixará de ser disposta neste local. Ressalta-se também que a reciclagem, reutilização e aproveitamento de diversos tipos de resíduos farão com que não exista, ou seja, bem menor as áreas requeridas para futuros aterros sanitários com isso, haverá uma disponibilidade maior de áreas para utilização de outras atividades tais como: habitação, lazer, escolas, usinas e indústrias. 3.2 PROLIFERAÇÃO DE VETORES Os resíduos sólidos depositados de maneira inadequada além de degradar a paisagem e produzir mau cheiro colocam em risco o meio ambiente e a saúde pública. O acúmulo de resíduos sólidos contribui na transmissão de doenças por meio de vetores como: moscas, mosquitos, baratas e roedores que encontram nos resíduos alimentos, abrigo e condições adequadas para proliferação. O Quadro 04 mostra as enfermidades relacionadas com os resíduos sólidos transmitidas pelos macros vetores. 55 QUADRO 04 – ENFERMIDADES RELACIONADAS COM OS RESÍDUOS SÓLIDOS TRANSMITIDAS PELOS MACROS VETORES Macro vetores Forma de transmissão Enfermidades Leptospirose, peste bubônica, tifo Ratos Mordida, urina, fezes murino Moscas Asas, patas, corpo, fezes e saliva Febre tifóide, cólera, amebíase Mosquito Picada Malária, febre amarela, dengue Barata Asas, patas, corpo e fezes Febre tifóide, cólera, giardiase Fonte: Autora, adaptado de Ministério da Saúde, Fundação Nacional de Saúde, Coordenação de Saneamento, 1994. A Tabela 04 mostra as notificações de algumas enfermidades, relacionada no Quadro 04 referente ao Estado da Bahia no período de 2003 a 2005. TABELA 04 – NOTIFICAÇÕES DE ALGUMAS DOENÇAS NO ESTADO DA BAHIA NO PERÍODO DE 2004 A 2006 Enfermidades/Ano 2004 2005 2006 Leptospirose 245 313 294 Cólera 18 10 14 Dengue 6.678 26.887 10.270 Febre tifóide 141 195 134 Fonte: Secretaria de Saúde do Estado da Bahia - SESAB/Superintendência de Vigilância e Proteção a Saúde SUVISA/Diretoria de Informação em Saúde - DIS, 2008. Analisando o Quadro 04 pode-se verificar que a leptospirose e dengue são as doenças, relacionadas na Tabela 04, mais notificadas no Estado da Bahia e todas elas transmitidas pelos vetores que podem estar associado aos excretas, água e resíduos sólidos. A deficiência do serviço público de coleta regular de resíduos sólidos favorece o acúmulo de recipientes como: vasilhames, latas, casca de coco, garrafas, pneus, dentre outros, que acumulando água no seu interior tornam-se locais propícios, por exemplo, para que o mosquito da dengue ponha os seus ovos, que ficando acumulados por vários dias tornam-se larvas e geram novos mosquitos, fazendo com que o vírus se espalhe cada vez mais por toda a área atingindo a população. Todo o resíduo que não é coletado fica exposto a céu aberto nas ruas, quintais das casas, terrenos baldios, encostas, praias, áreas verdes e próximos a córregos conseqüentemente os vetores se instalam nestes locais e proliferam doenças nos seres humanos. Contudo, para que seja evitada a proliferação de vetores e haja uma redução dos criadouros do Aedes aegypti, por exemplo, por intermédio dos recipientes encontrados nos resíduos sólidos acumulados, é necessário que se faça armazenamento, coleta, transporte e se dê um destino 56 adequado aos resíduos, além de incentivar e educar a população a reciclar, reutilizar e criar tecnologias e meios para aproveitamento dos vários tipos de resíduos que são atualmente descartados como o resíduo do coco verde. Esses devem ser recolhidos diariamente e levados para locais que tenham uma infra-estrutura adequada, para que a disposição inadequada aliada com a falta de coleta não se constitua também como um foco potencial de transmissão de doenças. Na área de estudo deste trabalho, pode-se observar uma situação bastante comum que é o resíduo do coco verde disposto em vários locais: caixas, contêineres, papeleiras, areia da praia, logradouros, no entorno de coqueiros, dentre outros; ele pode estar separado ou junto com vários outros tipos de resíduos, o que acaba atraindo vetores, mesmo com o serviço de coleta de resíduos sólidos sendo regular na orla de Salvador, ou seja, realizada diariamente, diversas cascas de coco permanecem por vários dias acumulando água e atraindo vetores devido à falta de fiscalização dos agentes que efetuam a varrição e a limpeza das praias que não recolhe todo o resíduo deixado pelos consumidores de água de coco. As Figuras 07 e 08 são exemplos de disposição inadequada de resíduos de coco verde, na área de estudo, se constituindo em foco potencial para proliferação de vetores. Ressalta-se que durante a pesquisa de campo pode ser observado que a praia do Farol da Barra possuía várias tocas de ratos, localizadas nas fendas do paredão e nas tubulações de drenagem pluvial/esgoto, de onde os ratos saiam para procurar alimentos deixados pelos banhistas no final do dia. A Figura 08 retrata exatamente o acúmulo de água no interior da casca de coco, se constituindo em um foco potencial para o mosquito da dengue. Esta situação ocorre, principalmente, pela falta do serviço de varrição/catação nas áreas verdes do município. 57 FIGURA 08 – CASCAS DO COCO VERDE COM ÁGUA ACUMULADA NO SEU INTERIOR. Fonte Autora, 2006. A Figura 09 ilustra um caso comum na área de estudo que são os resíduos deixados pelos ambulantes e banhistas na areia da praia. Esta situação colabora para o aparecimento de vetores, principalmente, ratos e baratas a procura de alimento, o que contribui, além das enfermidades citadas, para possíveis problemas de pele devido ao contato com a areia suja. FIGURA 09 – CASCAS DO COCO VERDE MISTURADAS A OUTROS TIPOS DE RESÍDUOS. Fonte: Autora, 2006. O armazenamento e a coleta adequados bem como o aproveitamento das cascas de coco verde podem contribuir para melhorar a saúde pública devido a redução das doenças causadas pela proliferação de vetores. 58 3.3 PRODUÇÃO DE METANO (CH4) Os resíduos do coco verde quando dispostos em lixões, vazadouros, encostas e até mesmo em aterros sanitários passam por um processo de decomposição causado pela ação de microorganismos que empreendem processos de biodigestão da fração orgânica desses resíduos. Este processo de biodigestão pode ter características aeróbias, anaeróbias ou ambas. A decomposição anaeróbia é um processo biológico, fermentativo, em que microrganismos degradam a matéria orgânica, na ausência de oxigênio, e produzem um gás que contém, principalmente, metano e dióxido de carbono. A degradação orgânica por microrganismos em presença de oxigênio é dita aeróbia e não produz o metano. O metano oriundo da decomposição anaeróbia da matéria orgânica contribui para o aumento dos Gases do Efeito Estufa - GEE. De acordo com Lara (2002) efeito estufa é o acréscimo constante da temperatura da terra devido à absorção da radiação infravermelha terrestre pelos GEE, tais como: CO2 (dióxido de carbono), CH4 (metano), N2O (óxido nitroso), CFCs (clorofluorcarbonos), dentre outros. O efeito estufa é responsável pela manutenção da temperatura terrestre em torno de 15º C; porém o excesso de carbono causado pelas atividades antrópicas tende a aprisionar mais radiações infravermelhas e a elevar ainda mais a temperatura do planeta trazendo como conseqüência direta o aquecimento global (AMARAL,2004). Para o surgimento do efeito estufa, tem-se que considerar a parcela devido a natureza, ou seja, aquela que não depende das atividades humanas, por exemplo o vapor d´água, proveniente principalmente da evaporação dos oceanos. Como também a parcela proveniente das atividades humanas, cujos principais gases, suas concentrações estimadas no período préindustrial e atual além dos anos de vida e GWP (Global Warming Potential – Potencial de Aquecimento Global) que é a medida de comparação entre os diversos gases, tomando-se como referência o CO2, estão descritas na Tabela 05 (AMARAL, 2004). 59 TABELA 05 – CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS GASES DO EFEITO ESTUFA. Concentração Anos Principais fontes Gás/fórmula GWP PréEm de vida antropogênicas industrial 1994 Combustíveis fósseis, mudança Dióxido de ~ 208 358 50 a 200 no uso da terra, produção de 1 carbono (CO2) ppmv ppmv cimento. Combustíveis fósseis, ~700 1720 plantações de arroz alagado, Metano (CH4) 7 a 17 21 ppbv ppbv depósito de lixo, criação de gado. Óxido nitroso ~275 311 Uso de fertilizantes, combustão 120 310 (N2O) ppbv ppbv industrial. Tetrafluoreto de 72 0 50.000 Produção de alumínio. 6.500 carbono (CF4) pptv Hexafluoreto de 32 0 3.200 Fluido dielétrico. 23.900 enxofre (SF6) pptv Herofluorcarbonos 105 0 121 Fluído refrigerante. ~1.300 (HCFCs) pptv Fonte: Painel Intergovernamental sobre Mudanças de Clima – IPCC (1996) apud Amaral (2004). De acordo com Lora (2002) e pela Tabela 05, os gases mais importantes do efeito estufa são: dióxido de carbono, metano e óxido nitroso. Observando a referida tabela pode-se constatar que a quantidade de carbono na atmosfera aumentou bastante do século XVIII para o XX devido principalmente à queima de combustíveis fosseis. O dióxido de carbono surge como o principal gás responsável pelo efeito estufa seguido pelo metano, que apesar da sua concentração ser menor tem potencial de aquecimento global vinte e uma vezes maior do que ele para influenciar no aquecimento global. Os outros gases possuem concentrações bem menores do que os dois citados, porém o potencial de aquecimento é bem maior, conforme pode ser observado na Tabela 05. Com isso, além de se constituir um dos problemas ambientais mais importantes e discutidos atualmente no mundo; os resíduos sólidos, nele incluso os resíduos do coco verde, também contribuem para o aquecimento global (AMARAL,2004). Com o objetivo de estimar as emissões de metano decorrentes da disposição de resíduos sólidos e líquidos no Brasil, para o período de 1990 a 1994, o estudo mais recente foi elaborado pela Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental - CETESB a pedido do Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT o Inventário Nacional de Metano pelo Manejo de 60 Resíduos no Brasil, baseado nas diretrizes revisadas em 1996 pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças de Clima - IPCC. O IPCC foi constituído pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNEUMA e pela Organização Mundial de Metereologia – OMM, com o objetivo de apoiar com trabalhos científicos as negociações da Convenção – Quadro das Nações Unidas para a Mudança do Clima. De acordo com o Inventário supracitado, as emissões de metano devido à disposição e tratamento de resíduos sólidos no Brasil no período de 1990 a 1994 estão relacionadas na Tabela 06. TABELA 06 – EMISSÕES DE METANO DEVIDO A DISPOSIÇÃO E TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL NO PERÍODO DE 1990 A 1994. Ano 1990 1991 1992 1993 1994 Emissões de metano (Gg/ano) 618,01 636,34 649,68 673,28 677,18 Fonte: Autora, adaptado de Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental - CETESB, 2002. Esses dados da Tabela 06 indicam que a emissão de metano na atmosfera em decorrência da decomposição dos resíduos sólidos é crescente e que a redução da disposição desses resíduos por meio do aproveitamento, por exemplo, do resíduo do coco verde, contribuirá para diminuir a emissão dos GEE e consequentemente o aquecimento global. Ressalta-se que por meio do protocolo de Kyoto assinado por 84 países, não incluindo os Estados Unidos um dos países que mais emitem GEE, estabeleceram-se metas e prazos para controlar e reduzir os gases do efeito estufa a fim de alcançar a estabilização das concentrações destes gases na atmosfera num nível que não interfira perigosamente no efeito climático. O Protocolo de Kyoto inclui três mecanismos de flexibilização a serem utilizados para cumprimento dos compromissos os quais são: implementação conjunta, comércio de emissões e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL. Os dois primeiros são utilizados pelos paises industrializados, já o MDL que foi desenvolvido a partir da proposta da delegação brasileira que previa a constituição de um Fundo de Desenvolvimento Limpo, acabou se consistindo na possibilidade de um país desenvolvido financiar projetos em países em 61 desenvolvimento como forma de cumprir parte dos seus compromissos. Com isso o MDL tem por objetivo a mitigação de GEE em países em desenvolvimento, na forma de sumidouro, investimentos em tecnologias mais limpas, eficiência energética e fontes alternativas de energia (BRITTO, 2006). Com o intuito de reduzir a emissão de metano para a atmosfera, o AMC está drenando o biogás (mistura gasosa rica em metano), captando, purificando e queimando em torre flarh, enquanto não o utiliza para geração de energia no próprio aterro. De acordo com os dados fornecidos por Fortuna (2007), a quantidade média de biogás produzida no aterro é de 10.000 m3/h, sendo 3.800 m3/h de metano (que corresponde a 38% do biogás) Apesar da queima do biogás emitir CO2 este GEE é 21 vezes menos nocivo do que o metano. Como existem custos relacionados com o aproveitamento do biogás e possibilidades de ocorrer problemas operacionais no sistema, implicando na emissão direta de metano para a atmosfera, o aproveitamento do resíduo do coco verde surge como alternativa de diminuir a quantidade de resíduo disposto no AMC e consequentemente a emissão de gás metano. 3.4 POLUIÇÃO VISUAL Quando se fala em poluição todos lembram logo da poluição ambiental causada, dentre outras maneiras, pelo lançamento de efluente e resíduo nos rios, emissão de dióxido de carbono (CO2) no ar, utilização de agrotóxicos nas plantações e não se recordam da poluição visual. De acordo com Mota (1981), a poluição ambiental pode ser classificada nos seguintes tipos: poluição do solo, ar, água, acústica e visual. Na realidade nem sempre é possível separar a poluição ambiental por modalidades, pois muitas vezes elas ocorrem conjuntamente havendo vários fatores de interdependência entre as mesmas. Segundo Santos (2004), poluição visual são os efeitos danosos resultantes dos impactos visuais causados por determinadas ações e atividades, a ponto de prejudicar a saúde, a segurança e o bem estar da população; criar condições adversas às atividades sociais e 62 econômicas; afetar desfavoravelmente a biota; afetar as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente. A definição de Santos remete, basicamente, o que está estabelecido na Lei Nº 6.938/81 de Política Nacional do Meio Ambiente no Art. 3º Inciso III alíneas “a” a “d” com relação à poluição. De acordo com o glossário do Fórum Empresarial para o Meio Ambiente – FEMA, a poluição visual é um conceito subjetivo que diz respeito às interferências do homem na paisagem natural ou antrópica, em desarmonia com os demais elementos que a definem (a paisagem) ou considerados desagradáveis pelo observador. Os fatores que contribuem para a poluição visual são, por exemplo, as pichações, fios de eletricidade e telefônico, edificações com falta de manutenção e a disposição inadequada do resíduo sólido (ROLLO, 2006). Pelo fato da poluição visual afetar mais o psicológico do que o físico, geralmente, não é dado à devida atenção por parte do Poder Público, já que as suas conseqüências não são facilmente observadas. Porém assim como os outros tipos de poluição, ela causa danos à saúde como: stress, fadiga, ansiedade, podendo até desencadear o início de uma depressão (MAURANO, 2007; MOTA, 1981). A Constituição Federal do Brasil, no Art. 225, inciso V, garante a todos o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, e impõe ao Poder Público a incumbência de “controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente”. Ademais, o Estatuto da Cidade Lei Nº 10.257/01 deu grande ênfase ao planejamento municipal, para que a Cidade possa oferecer todas as condições de vida saudável e bem estar dos munícipes, estabelecendo como objetivo da política urbana a ordenação de pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, e trazendo, no seu Art. 2º inciso VI, alíneas “f” e “g” dentre as diretrizes gerais, a ordenação e controle do uso solo, de forma a evitar a deterioração das áreas urbanizadas e a poluição e a degradação ambiental (MAURANO, 2007). 63 Diante do exposto, pode-se observar que a paisagem urbana deve ser preservada a fim de garantir a população uma melhor qualidade de vida além de um ambiente sustentável. Como já foi supracitado, a disposição inadequada dos resíduos sólidos causa poluição visual, com isso as cascas de coco verde oriundas da venda de água de coco “in natura” pelos barraqueiros e ambulantes na área de estudo e em vários pontos da cidade estão contribuindo para a poluição visual do município a medida que estes resíduos ficam dispostos nos logradouros, na areia da praia e quando são armazenados os recipientes são inadequados. Como a limpeza da praia e a coleta são realizadas durante a noite esta situação permanece por um longo período de tempo afetando os turistas, esportistas e a população em geral que freqüentam/transitam nestas áreas. As Figuras 10 a 15 retratam, exatamente, a poluição visual causada pelos resíduos do coco na área de estudo e em outros pontos da cidade. A Figura 10 mostra o acondicionamento das cascas de coco de forma inadequada, deixada por ambulantes na calçada da avenida principal da área de estudo; onde há um fluxo grande de pessoas e turistas fazendo caminhada e freqüentando os bares e restaurantes da área. FIGURA 10 – CASCAS DO COCO VERDE, DEIXADAS POR AMBULANTE, APÓS VENDA DA ÁGUA – LOCAL: AV. OCEÂNICA PRÓXIMO AO CRISTO. Fonte: Autora, 2006. Na Figura 11 apesar das cascas estarem acondicionadas em sacos plásticos próprios para lixo a maneira com que o ambulante os colocou para serem coletados acabou contribuindo para um impacto visual da área, já que se trata da exposição em uma avenida principal da orla. 64 FIGURA 11 – CASCA DO COCO VERDE, DEIXADAS POR AMBULANTE, APÓS VENDA DA ÁGUA – LOCAL: AV. SETE DE SETEMBRO, ENTRE O PORTO E FAROL DA BARRA. Fonte: Autora, 2007. A Figura 12 é um caso típico de poluição visual nas areias das praias, pois os ambulantes de água de coco verde depositam as cascas na areia, dentro e no entorno das lixeiras distribuídas ao longo da praia, o que acarreta também na diminuição do espaço físico para os banhistas. FIGURA 12 – CASCAS DO COCO VERDE, DEIXADAS POR AMBULANTES, APÓS VENDA DA ÁGUA – LOCAL: PRAIA DO PORTO DA BARRA. Fonte: Autora, 2006. A Figura 13 ilustra a caixa de lixo cheia e as cascas de coco verde sendo depositadas ao seu lado, causando um impacto visual aos transeuntes da área já que a caixa está localizada em frente a estabelecimentos comerciais. 65 FIGURA 13 – CASCAS DO COCO VERDE, DEIXADAS POR BARRAQUEIRO, APÓS VENDA DA ÁGUA – LOCAL: AV. OCEÂNICA - ONDINA. Fonte: Autora, 2006. A Figura 14 mostra as cascas de coco verde depositadas na Praça Marechal Deodoro no bairro do Comércio, onde os transeuntes têm que desviar o percurso por causa dos resíduos. Esta Praça é bastante freqüentada por abrigar pontos de ônibus, bares e lanchonetes, sendo a poluição visual causada pela disposição das cascas de coco verde um dos principais problemas deste bairro. Ressalta-se que as Figuras 14 e 15 servem para ilustrar a falta de preocupação do vendedor de água de coco verde “in natura” com os resíduos, pois o mesmo não providenciou armazenar de forma adequada ou simplesmente ensacar o resíduo de modo a não comprometer a circulação das pessoas na praça e evitar o impacto visual do local, situação esta que os ambulantes da área de estudo mesmo sem equipamentos para acondicionamento das cascas procuram amenizar a situação utilizando sacos plásticos. 66 FIGURA 14 - CASCAS DO COCO VERDE, DEIXADAS POR BARRAQUEIRO, APÓS VENDA DA ÁGUA – LOCAL: PÇ MAL. DEODORO – COMÉRCIO. Fonte: Autora, 2007. A Figura 15 ilustra as cascas de coco verde dispostas na Praça da Piedade, bairro do centro; onde se localizam dois dos principais shoppings da cidade, uma estação de ônibus, igrejas e toda uma área comercial. Este depósito de cascas é ao lado do ponto de ônibus e o impacto visual causado afeta os transeuntes, as pessoas que ficam no ponto e as que estão dentro do ônibus. FIGURA 15 – CASCAS DE COCO VERDE, DEIXADAS POR AMBULANTE, APÓS VENDA DA ÁGUA – LOCAL: PÇ DA PIEDADE - CENTRO. Fonte: Autora, 2007. Por meio destas figuras pode-se observar o impacto visual causado pela disposição das cascas de coco verde, onde faltam locais e equipamentos para o acondicionamento adequado dos resíduos e conscientização de alguns vendedores em dispor adequadamente os resíduos gerados com o seu comércio, com isso o aproveitamento das cascas de coco pode contribuir para que haja um acondicionamento adequado dos resíduos bem como, uma coleta diferenciada o que pode reduzir este tipo de problema. 4 A FIBRA DE COCO Esta seção trata da composição da fibra de coco, suas características e propriedades, aborda também o fluxograma do processo produtivo de fibra e pó a partir das cascas de coco verde por meio dos equipamentos desenvolvidos pelos pesquisadores da Embrapa Agroindústria Tropical do Ceará e os múltiplos usos da fibra e pó de coco verde. 4.1 COMPOSIÇÃO DA FIBRA DE COCO Como já foi citada na Seção 02, a estrutura do coco é formada de epicarpo, mesocarpo, endocarpo e semente; sendo fibra o nome dado ao material fibroso que constitui o mesocarpo, a qual será objeto de estudo deste capitulo. As fibras vegetais são formadas por diversos componentes químicos constituídos a base de Hidrogênio (H) e Carbono (C), sendo os principais a celulose, a hemicelulose e a lignina.(SILVA, 2003). A celulose é um polissacarídeo formado por resíduos de D-glicopiranoses que formam longas cadeias lineares com alto grau de polimerização (formação de polímeros), se constitui na principal componente de todas as fibras vegetais, pois confere a mesma resistência mecânica. (SILVA, 2003; PASSOS, 2005). A hemicelulose é constituída por uma mistura de polissacarídeos amorfos com grau de polimerização de 10 a 100 vezes menor que o da celulose. Em células maduras a hemicelulose encontra-se mais associada a lignina do que a outros polissacarídeos. (REDVET, 2007). A lignina é constituída por polímero complexo de estrutura amorfa, com componentes aromáticos e alifáticos, que se associa a celulose e hemicelulose durante a formação da parede celular dos vegetais e tem como finalidade conferir rigidez a mesma. Sua concentração nas fibras influencia a estrutura, as propriedades, a morfologia, a flexibilidade e a taxa de hidrólise (BRAUSS, 1952; PASSOS, 2005). 68 Cada fibra vegetal é constituída de várias fibras elementares ligadas entre si por um material de cementação, formado principalmente por lignina. A Figura 16 mostra a constituição estrutural de uma fibra elementar, que possui uma parede espessa formada por diversas microfibrilas de celulose que formam espirais ao longo do eixo da fibra, tendo um lúmen no centro (SILVA, 2003). FIGURA 16 – CONSTITUIÇÃO ESTRUTURAL DE UMA FIBRA VEGETAL. Fonte: Rong e outros,2001 apud Silva, 2003). 4.2 CARACTERÍSRISTICAS DA FIBRA DE COCO De acordo com a sua origem as fibras vegetais podem ser agrupadas em fibras de semente (ex. algodão), raiz (ex. zacatão), caule (ex. linho, juta, cânhamo), folhas (ex. bananeira, piaçava, sisal) e fruto (ex. coco) (MORASSI, 1994). Segundo Aragão e outros (2005), a fibra do coco verde (frutos de 07 a 08 meses de idade) é classificada como fibra branca longa e os valores médios de suas principais propriedades físico-quimicas são apresentados na Tabela 07. 69 TABELA 07 – VALORES MÉDIOS DAS PRINCIPAIS PROPRIEDADES DA FIBRA DE COCO VERDE Propriedades Valores pH 5,4 Condutividade elétrica 1,8 dS/m Relação C/N 132 Densidade 70g/L Porosidade total 95,6% Retenção de água 538 mL/L Água facilmente assimilável 19,8% Percentagem de lignina 35 a 45% Percentagem de celulose 23 a 43% Percentagem de hemicelulose 3 a 12% Fonte: Adaptado pela autora de Aragão e outros, 2006. Salienta-se que a composição química da casca de coco varia conforme a região de cultivo, tipo de solo, a época do ano e a quantidade de chuva (KAMPF e FERMINO, 2000 apud ROSA, 2001; SILVA, 2003). Na Tabela 08 são apresentados dados da composição química de algumas fibras vegetais, oriundas de cultivo principal e de subproduto da agricultura. TABELA 08 – COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE ALGUMAS FIBRAS VEGETAIS (% EM PESO) Fibra Celulose Hemicelulose Lignina Algodão 82,7 5,7 Juta 64,4 12,0 11,8 Linho 64,1 16,7 2,0 Rami 68,6 13,1 0,6 Sisal 65,8 12,0 9,9 Bagaço de 32-48 19-24 23-32 cana Folha de 70-82 18,0 5-12 abacaxi Folha de 60-65 6-8 5-10 bananeira Fonte: Adaptado de Passos, 2005 e Silva, 2003. Como podem ser observadas nas Tabelas 07 e 08, as fibras convencionais (algodão, juta, linho, rami e sisal) possuem percentual de celulose que confere as mesmas o uso como material de reforço em compósitos. Já as fibras de casca de coco têm percentual menor de celulose em comparação as outras fibras vegetais, porém a quantidade de lignina é em torno de duas a quatro vezes maior do que os valores para a juta e o sisal, oferecendo-lhe um comportamento diferenciado com relação as outras fibras. 70 Nas outras fibras oriundas de subprodutos da agricultura (bagaço de cana, folha de abacaxi e folha de bananeira), pode-se verificar as concentrações maiores de hemicelulose e lignina com relação as fibras convencionais, conferindo as mesmas diversas aplicações. A hemicelulose, que é a fração facilmente atacada por microorganismo, na fibra de coco tem um baixo percentual o que favorece o seu uso. Por meio das propriedades físicas, pode-se entender o comportamento das fibras e determinar as suas várias aplicações. A Tabela 09 apresenta as propriedades físicas de algumas fibras vegetais e sintéticas normalmente usadas como reforço em compósitos. TABELA 09 – PROPRIEDADES FÍSICAS DE ALGUMAS FIBRAS VEGETAIS E SINTÉTICAS Resistência à Módulo de Diâmetro Densidade Alongamento Fibra tração Elasticidade (µm) (g/cm3) (%) (MPa) (GPa) Algodão 16-21 1,5-1,6 287-597 5,5-12,6 7-8 Juta 200 1,3 393-773 26,5 1,5-1,8 Linho 1,5 345-1035 27,6 2,7-3,2 Cânhamo 690 1,6 Rami 1,5 400-938 61,4-128 3,6-3,8 Sisal 50-300 1,45 511-635 9,4-22 3-7 Casca de coco 100-450 1,15-1,45 131-175 4-13 15-40 Vidro - E 8-14 2,5 2000-3500 70 1,8-3,2 Carbono 7-10 1,6-1,9 4000 230-240 1,4-1,8 Fonte: Silva, 2003. Visualizando a Tabela 09, pode-se observar que o maior valor de densidade é da fibra de vidro o que confere peso maior aos compósitos que utilizam esta fibra, pois quanto maior a densidade da fibra maior o peso do compósito formado com ela. Com relação à resistência a tração e ao módulo de elasticidade, as fibras sintéticas tem valores maiores do que às fibras vegetais, sendo as fibras de casca de coco as que apresentam os menores valores. Os valores de alongamento são semelhantes tanto nas fibras sintéticas como vegetais; exceto para as fibras de algodão e principalmente de cascas de coco que possuem valores bem mais altos. 71 Por meio das Tabelas 07 e 09, conclui-se que as fibras de casca de coco têm valores de celulose mediana e lignina alta comparada com as outras fibras vegetais. Com relação as propriedades mecânicas, alongamento, resistência a tração e módulo de elasticidade, se faz necessário uma análise mais detalhada sobre as características da fibra como: idade; tipo de celulose; relação entre celulose, hemicelulose e lignina, dentre outras para determinar a sua utilização em compósitos (PASSOS, 2005). Ressalta-se que em caso de incineração das fibras após sua vida útil, a quantidade de cinzas formada pode se constituir um grande problema. Com relação às fibras de casca de coco há uma grande quantidade de silício que pode se transformar em carbureto de silício (SiC) e ser usado como reforço de metais e cerâmicas (SELVAM e outros, 1998 apud PASSOS,2005). 4.3 ETAPAS DO BENEFICIAMENTO DA CASCA DE COCO VERDE PARA OBTENÇÃO DE FIBRA E PÓ. Os Pesquisadores da Embrapa Agroindústria Tropical, localizada em Fortaleza-Ceará, desenvolveram em parceria com a metalúrgica FORTALMAG um conjunto de equipamentos, composto por um triturador, uma prensa e um classificador, conectados de forma contínua, para beneficiamento da casca de coco verde e obtenção de fibra e pó (material de enchimento dos espaços entre as fibras) (VERAS, 2007). A Figura 17 apresenta a vista geral destes equipamentos, os quais estão em operação, desde julho de 2005, em uma usina localizada na área da Estação de Triagem e Transbordo de Resíduos Sólidos de Fortaleza no bairro do Jangurussu. A usina tem capacidade de processar de 1.200 a 2.000 cascas de coco por hora (VERAS, 2007). 72 FIGURA 17 - EQUIPAMENTOS DA USINA DE BENEFICIAMENTO DAS CASCAS DE COCO VERDE, FORTALEZA-CE. Fonte: Luiz Veras – Embrapa Agoindústria Tropical, 2005. Em visita técnica realizada a usina em julho de 2007, a autora coletou informações junto ao técnico da Embrapa, Luiz Veras, que possibilitou a elaboração do fluxograma operacional da usina, Figura 18, onde cada etapa é descrita no próximo item. 73 1 – Coleta dos resíduos (cascas de coco) 2 – Recepção dos resíduos 3- Trituração 4 - Prensagem 5 - Seleção FIBRA PÓ 6 - Peneiramento 7 – Tratamento térmico 8 - Prensagem 9 - Embalagem 10- Armazenamento 11 - Comercialização FIGURA 18 – FLUXOGRAMA OPERACIONAL DA USINA. Fonte: Autora, adaptado da comunicação pessoal de Luiz Veras da Embrapa Agroindústria Tropical, 2007. 74 4.3.1 Etapas de Operação 1 – Coleta do resíduo (cascas de coco verde) A coleta é feita diariamente e preferencialmente de modo que não ultrapasse 24 horas entre a extração da água até o processamento. Este procedimento tem como finalidade elevar a qualidade dos produtos finais (pó e fibra), pois a desidratação da casca prejudica as etapas subseqüentes do processamento. 2 – Recepção do resíduo de coco verde O veículo que transporta os resíduos deve despejar a carga em uma baia de recepção, localizada na entrada da linha de processamento. Neste momento são retirados os materiais indesejáveis como: canudos, plásticos, pedras, cascas ressecadas podres, entre outros. Vale ressaltar a importância de manter um fluxo uniforme de alimentação da linha de processamento, que é feito por meio de um elevador (que tem velocidade controlada), para garantir a eficiência da prensagem. As Figuras 19 e 20 apresentam, respectivamente, o momento em que os resíduos são despejados na baia e a maneira como eles são colocados no elevador. FIGURA 19 – CASCAS DE COCO VERDE SENDO DEPOSITADAS NA BAIA. Fonte: Luiz Veras – Embrapa Agoindústria Tropical, 2005. 75 FIGURA 20 – CASCAS DE COCO VERDE NO ELEVADOR. Fonte: Luiz Veras – Embrapa Agoindústria Tropical, 2005. 3 – Trituração Nesta etapa, o resíduo é cortado e triturado por meio de facas rotativas em disco, as quais fazem o fatiamento da casca e em seguida passa por martelos fixos os quais são responsáveis pelo esmagamento do produto. Este procedimento possibilita a realização da etapa de seleção da fibra com o pó do coco e prensagem. A Figura 21 mostra a casca de coco dilacerada após a trituração. FIGURA 21 – CASCA DE COCO DILACERADA APÓS TRITURAÇÃO. Fonte: Luiz Veras – Embrapa Agoindústria Tropical, 2005. 4 – Prensagem para retirada da umidade e sais A casca de coco verde tem aproximadamente 85% de umidade e a maior parte dos sais se encontra em solução. Na prensagem, remove-se 60% da umidade, ou seja, é liberada a água 76 que se encontra livre dentro dos elementos anatômicos (água de embibição), o que acarreta também na remoção conjunta dos sais. A eficiência desta etapa é de grande importância para a perfeita seleção do material na etapa seguinte e também para a adequação do nível da salinidade do pó obtido no processamento. O líquido oriundo da prensagem, chamado de Liquido da Casca de Coco Verde - LCCV é conduzido por meio de calha, conforme pode ser vista na Figura 22, para a rede de esgotamento sanitário do município a fim de ser tratado. FIGURA 22 – PRENSA COM CALHA PARA RECOLHIMENTO DO LCCV. Fonte: Luiz Veras – Embrapa Agoindústria Tropical, 2005. 5 – Seleção de fibra e pó Após a prensagem, as fibras são separadas do pó por meio de uma máquina classificadora que é equipada com um rolo de facas fixas e uma chapa perfurada. O material é turbilhonado ao longo do eixo da máquina e por diferença de densidade, o pó cai pela chapa perfurada e a fibra sai no fim do percurso. As Figuras 23, 24 e 25 apresentam, respectivamente, a máquina classificadora, o pó e a fibra oriundos do processo. 77 FIGURA 23 – CLASSIFICADORA DE PÓ E FIBRA. Fonte: Luiz Veras – Embrapa Agoindústria Tropical, 2007. FIGURA 24 – PÓ ORIUNDO DAS CASCAS DE COCO VERDE. Fonte: Luiz Veras – Embrapa Agoindústria Tropical, 2005. 78 FIGURA 25 – FIBRA DE COCO VERDE APÓS SECAR A TEMPERATURA AMBIENTE. Fonte: Autora, 2007. 6 – Peneiramento das fibras É utilizada uma peneira grossa para retirar pequenas impurezas que vêm com as fibras (por exemplo: pó e restos de endocarpo do coco) a fim de conferir qualidade ao produto final para comercialização. Há necessidade de secar as fibras (ao sol, ao vento ou utilizando ar quente) por aproximadamente 02 horas para remoção de umidade. Vale ressaltar que a máquina classificadora, por densidade, lança as fibras e acumula pequenos pedaços do endocarpo, ou seja, a quantidade de endocarpo que vai misturado com as fibras é mínima. 7 – Tratamento térmico do pó Para utilização do pó da casca de coco, é necessário que o mesmo esteja isento de microrganismos fito patogênicos. Por isso, o pó pode ser submetido a um tratamento térmico, em forno rotativo, a 80º C durante 20 minutos. No caso da usina da Embrapa do Ceará, o pó é colocado em leiras, onde é feito o reviramento diário e o controle da temperatura, até que haja a estabilização do produto final (em torno de 90 dias). As leiras ficam em locais cobertos para que não haja contaminação do produto, principalmente com fezes de pássaros. No final do processo é feito o peneiramento do produto para retirada das fibras curtas. 79 8 – Prensagem Por serem o pó e a fibra pouco densos, é necessário realizar a compactação do material em uma prensa hidráulica horizontal a fim de reduzir os custos com o transporte. Após a compactação são obtidos blocos de 40x40x40 cm de pó ou fibra. 9 – Embalagem Os blocos prensados serão embalados em sacos plásticos de 15 micras com as dimensões de 90x90x90 cm. Os sacos poderão ser selados ou amarrados com fita de nylon. 10 – Armazenamento Após a embalagem, os produtos deverão ser armazenados empilhados sobre pallets, evitando o contato com o solo que poderia transferir umidade ao material. As etapas de 08 a 10 geralmente são utilizadas quando da comercialização do produto final sem beneficiamento; mas o que esta sendo praticada na unidade visitada, é a comercialização de produtos como as mantas e vasos a partir das fibras de coco. 4.4 USOS DA FIBRA E PÓ DE COCO VERDE Há alguns anos várias pesquisas vêm sendo feitas para a utilização da fibra e do pó oriundos das cascas de coco verde, descritas na seqüência. 4.4.1 Fabricação de briquetes Briquetes são produtos de alto poder calorífico, obtido pela compactação dos resíduos de madeira como o pó de serragem e as cascas vegetais como a casca de coco. Apresenta forma regular e constituição homogênea sendo muito utilizado para a geração de energia. É considerado uma lenha ou carvão ecológico de alta qualidade, feito a partir da compactação de resíduos ligno-celulosicos, sob pressão e temperaturas elevadas (BIOMAX, 2007; BIOMACHINE, 2007). 80 A densificação mediante a briquetagem consiste em gerar mecanicamente elevadas pressões (até 1.200 kg/cm2) que provocam um incremento térmico da ordem de 100º C. Esta temperatura provoca a plastificação da lignina, que atua como elemento aglomerante das partículas da fibra do coco dispensando o uso de produtos aglomerantes adicionais como resinas e ceras. Para que haja perfeita aglomeração das partículas as mesmas tem que possuir tamanho entre 5 e 10 mm e umidade entre 8 e 15% (BIOMAX,2007; BIOMACHINE, 2007). Os briquetes podem ser utilizados em toda empresa que tenha forno ou caldeira na qual possa ser utilizada lenha, como por exemplo: padaria, pizzaria, frigorífico, olaria e churrascaria. A utilização de briquetes possui as seguintes vantagens: são produzidos em tamanhos padrões, espaço de armazenagem reduzido, produto higiênico sem os inconvenientes da lenha, produto 100% reciclado e ecologicamente correto, pois diminui o desmatamento, em razão da sua regularidade térmica mantém o calor homogêneo, maior temperatura de chama, menor índice de poluição pois é um combustível renovável, permite o aproveitamento do resíduo das industrias de base florestal, agroagricolas, agroalimentares, entre outros de origem vegetal, reduz o impacto negativo sobre as florestas nativas para a retirada de lenha, dispensa guia e reposição florestal junto ao órgão fiscalizador (BIOMAX,2007; BIOMACHINE, 2007). A Figura 26 apresenta briquetes, com diversos tamanhos, feitos com resíduo ligno-celulosico. FIGURA 26 – BRIQUETES. Fonte: MFrural,2007. Como a proposta deste trabalho é o aproveitamento das cascas do coco para produção de briquetes, este assunto será mais detalhado na seção 07. 81 4.4.2 Outros Usos Uso na agricultura Um dos principais fatores envolvidos na formação de mudas com qualidade são a escolha e o manejo corretos do substrato escolhido; pois o mesmo exerce a função do solo, fornecendo a planta, sustentação, nutrientes, água e oxigênio. Os substratos podem ter diversas origens: animal (esterco, húmus); vegetal (tortas, fibras, bagaços, serragem); mineral (turfa, lã de rocha, areia, perlita, verniculita) e artificial (espuma fenólica, isopor) (BEZERRA E ROSA, 2002). O pó oriundo do processo de beneficiamento da fibra de coco pode ser utilizado como substrato agrícola no cultivo de várias espécies como, por exemplo, hortaliças, flores e tomate, propagação de plantas em viveiros e germinação de sementes. Como este substrato não possui os nutrientes essenciais para as plantas se faz necessário adicionar adubos em préplantio ou em fertirrigação de acordo com o tipo de cultivo (CARRIJO, LIZ, MAKISHIMA, 2002). Segundo Noguera e outros (1998), a grande quantidade de lignina e celulose e a pequena quantidade de hemicelulose, proporcionam ao substrato da fibra de coco uma grande durabilidade. A fibra de coco é uma matéria-prima para elaborar substratos que se destaca por apresentar elevada estabilidade de retenção de água, bem como uma boa aeração. Por possuir uma textura micro-alveolar e uma porosidade próxima a 90%, compatível com a “lâ de rocha”, é utilizada também para cultivo hidropônico (CARRIJO, LIZ, MAKISHIMA, 2002; SENHORAS, 2003). Deve-se destacar que para esta finalidade alguns cuidados são importantes com relação à obtenção das fibras de coco; as mesmas devem ser bem lavadas em água corrente para que haja uma redução das substâncias químicas e patogênicas e o processo de aglomeração das fibras deve ser feito de modo a não prejudicar a compactação (CARRIJO, LIZ, MAKISHIMA, 2002; SENHORAS, 2003). 82 As principais vantagens do uso da fibra do coco como substrato agrícola, principalmente em relação aos substratos minerais e orgânicos, esta relacionada com suas boas propriedades físicas, a não reação com os nutrientes da adubação, longa durabilidade sem alteração de suas características físicas, a possibilidade de esterelização, a abundância de matéria-prima e baixo custo. (CARRIJO, LIZ, MAKISHIMA, 2002). Cabe ressaltar que este substrato pode substituir a turfa - solo orgânico proveniente de áreas inundadas - que com a sua exploração vem impactando o meio ambiente (ROSA e outros, 2001). Produção de mantas e retentores de sedimento As mantas produzidas a partir das fibras de coco podem ser trançadas em malhas de nylon, telas de polipropileno ou juta ou borrifadas com látex. As mantas podem ser usadas em superfícies sujeitas a erosão provocada pela ação de chuvas e ventos, como em taludes nas margens das rodovias e ferrovias, áreas de reflorestamento, parques urbanos, qualquer área de declive acentuado ou de ressecamento rápido, sobre dunas, ravinas, voçorocas, encostas rochosa, concreto projetado, dentre outros (ARAGÂO, 2002; DEFLOR, 2006). A usina da Embrapa Agroindústria Tropical atualmente esta produzindo mantas para serem utilizadas sobre dunas localizadas em alguns municípios do Estado do Ceará. De acordo com as informações da Deflor (2006), algumas mantas são capazes de reter até 04 vezes do seu peso em água, suportando índices pluviométricos de até 20mm/hora, ajudando no controle da erosão até o completo estabelecimento da vegetação. Conforme o uso há uma variação na degradabilidade do material que pode ser de 08 a 60 meses, dependendo também do tratamento que pode ser dado com fungicidas e bactericida. O uso das mantas biodegradáveis tem as seguintes vantagens: protege imediatamente o solo contra erosão superficial, serve para germinação de sementes, aumenta a capacidade de troca iônica do solo, reduz a erodibilidade e incorpora matéria orgânica no solo, possui degradação programável, reduz a evaporação de água no solo, reduz a insolação direta sobre o solo, ancora sementes e fertilizantes, reduz o escoamento superficial da água, favorece a infiltração 83 de água no solo, reduz o carreamento de sedimentos para os cursos d´água, permite o plantio em épocas de estiagem, incorpora e mantém os nutrientes no solo, melhora o aspecto visual das áreas degradadas imediatamente, proporciona rapidez no processo de revegetação e impede a erosão eólica além de proteger margens de cursos d´água, reservatórios e canais de drenagem (DEFLOR, 2006). A Deflor também desenvolveu os retentores de sedimentos chamados de bermalonga o qual pode ser constituído de fibra de coco, formando um cilindro flexível, envolvido por uma malha resistente de polipropileno. Estes bermalongas podem ser utilizados para ancorar e reter sedimentos, construir bermas artificiais e reduzir o comprimento dos taludes, proteger margens de reservatórios e cursos d´água, reter e absorver vazamentos de óleos e produtos tóxicos, ornamentação e paisagismo, dentre outros. As Figuras 27 e 28 apresentam as mantas biodegradáveis e a Figura 29, as bermalongas. FIGURA 27 – BIOMANTA DE FIBRA DE COCO APLICADA EM TALUDE. Fonte: D`arte flores, 2007. 84 FIGURA 28 – MANTAS DE FIBRA DE COCO PRODUZIDAS NA USINA DA EMBRAPA AGROINDÚSTRIA TROPICAL. Fonte: Autora, 2007. FIGURA 29 – BERMALONGAS. Fonte: DEFLOR, 2006. Produção de enzimas Enzimas são catalisadores orgânicos, responsáveis por milhares de reações bioquímicas envolvidas nos processos biológicos dos sistemas vivos, apresentando ampla utilização na indústria alimentícia, principalmente em processos de maceração de vegetais e frutas para a produção de purês e néctares, no processamento de produtos cárneos (tenderização), na produção de queijos, na extração e clarificação de sucos de frutas e vinho, na desengomagem de fibras naturais e na recuperação de óleos vegetais (COELHO, 1993; CUNHA, 1999). A casca de coco verde poderia ser utilizada em processos fermentativos, como a produção de enzimas. Como este material contém grande quantidade de celulose, hemicelulose, lignina e 85 outros, não há necessidade de complementações nutricionais para o adequado desenvolvimento microbiano (COELHO e outros, 2001). De acordo com pesquisas realizadas por Coelho e outros (2001), foi possível obter enzimas, mediante o processo de fermentação semi-sólida, utilizando cascas de coco verde como matéria-prima. Como o mercado mundial da tecnologia enzimática movimenta bilhões de dólares, pode-se justificar o interesse em produzir enzimas a partir de subprodutos da agricultura, como as cascas de coco, já que envolve tecnologia de baixo custo energético, com um menor impacto ambiental (COELHO e outros 2001). Cabe salientar que o Brasil ainda adquire enzimas de outros países; podendo utilizar o resíduo do coco verde para o desenvolvimento nacional de uma indústria enzimática. (Senhoras, 2003). Matrizes poliméricas A fibra do coco verde está sendo utilizada na composição de novos materiais (bicompostos), com polímeros tais como polietileno, poliéster e polipropileno. O uso desta fibra é importante por ser um processo barato, natural e renovável, quando comparável com as fibras sintéticas, além de agir como um componente reforçador da matriz dos polímeros, alterando as propriedades mecânicas destes compostos tais como resistência, tração e elongação na ruptura (ISHIZAKI, e outros, 2006). Em compósito polímero-fibra celulósica, a escolha da matriz polimérica é limitada pela temperatura necessária ao processamento, já que as fibras lignocelulósicas (como é o caso da fibra de coco) degradam a alta temperatura. Desta forma a temperatura de processamento deve ser tal que permita a obtenção de misturas homogêneas, sem degradação da fibra (ISHIZAKI, 2006). A fim de proporcionar maior adesão com a matriz do polímero, a fibra de coco precisa passar por um processo de modificação química superficial como tratamento com base, ácidos, acetilação, cianoetilação e inserções de vinil. A escolha do tratamento depende do tipo de 86 polímero que será usado e das características finais desejadas ao produto, como rigidez e a resistência ao impacto (TAKEUCHI, 2003, apud SENHORAS, 2004; ISHIZAKI, 2005). O politereftalato de etileno – PET é o plástico mais importante dentre os poliésteres e muito utilizado como embalagens, principalmente para bebidas; a utilização da fibra de coco como carga para o PET pode gerar materiais plásticos com propriedades adequadas para aplicações práticas além de reduzir o tempo de decomposição do plástico (DIAS, 2007). Isolante térmico e acústico No Brasil, são fabricados alguns isolantes tais como: lã de rocha, lã de vidro, cortiça, fibra cerâmica, silicato de cálcio e poliuretana. A finalidade primordial de um isolante térmico é inibir o fluxo de calor. A partir daí é possível obter: conservação de energia diminuindo os gastos em combustível, controle de temperatura superficial visando proteção pessoal – temperatura de segurança e redução de absorção ou perda de calor em equipamentos ou estruturas (FAQ, 2007). A Amorim Isolamento S.A concentra suas atividades na produção de materiais de isolamento incluindo placas e rolos de fibra de coco como solução ideal de isolamento térmico e acústico, principalmente de divisórias, paredes interiores, tetos e lajeta flutuante (ruído de impacto). A fibra de coco, quando adicionada ao aglomerado de cortiça expandido, é um produto utilizado para isolamento acústico, devido à absorção de baixas freqüências, onde apresenta bons resultados dificilmente alcançados por outros materiais. Devido ao bom comportamento da cortiça em termos de estabilidade dimensional e elasticidade faz com que a fibra seja a melhor solução técnica, natural e renovável para a solução de problemas de isolamento acústico e térmico. No caso do isolamento acústico, apresenta reduções de 48 dB em isolamento de paredes interiores e de 35 dB em sub pavimentos. (SALVADOR, 2001). As Figuras 30 e 31 mostram enchimento de fibra de coco termo-acústico e manta ante ruído. 87 FIGURA 30 – ENCHIMENTO DE FIBRA DE COCO TERMO-ACÚSTICO. Fonte: D´arte flores, 2007. FIGURA 31 – MANTA ANTI-RUÍDO. Fonte: D´arte flores, 2007. Obtenção chapa de partículas e telhas Chapas de partículas são painéis manufaturados a partir de partículas de madeira e de materiais ligantes, são conhecidos também como aglomerados. A substituição parcial da madeira por fibras de coco não altera a sua utilização no setor de movelaria e para uso em divisórias (PASSOS, 2005). Na pesquisa feita por Passos (2005), foi utilizada a resina uréia-formoldeído como material ligante, sendo necessários estudos adicionais para determinar as melhores percentagens de fibras a serem utilizadas para reduzir a quantidade de resina. 88 Por outro lado, a fabricação das “telhas ecológicas”, em fase experimental (com bons resultados desde 2004), é uma mistura de fibra de coco com polpa de papel reciclado e uma impermeabilização com cimento asfaltico (CAP 20). Este produto poderá ser oferecido ao mercado formal com valor muito mais acessível e com conforto térmico adequado, podendo ser utilizado em áreas rurais e urbanas não se restringindo aos programas sociais de eliminação de déficit habitacional (PASSOS, 2005). De acordo com Passos (2005), a “telha ecológica” poderá ser feita em escala industrial, devido ao seu baixo custo. Com isso, o uso das fibras em telhas depende de ações que viabilizem a produção e comercialização do produto. A Figura 32 apresenta a chapa de partícula com 20% de fibra de coco e 6% de adesivo. FIGURA 32 – CHAPA DE PARTÍCULA COM 20% DE FIBRAS DE COCO E 6% DE ADESIVO. Fonte: Passos, 2005. 89 A Figura 33 apresenta a “telha ecológica”, com e sem impermeabilização. FIGURA 33 – “TELHA ECOLÓGICA”, COM IMPERMEABILIZAÇÃO (ESQUERDA) E SEM IMPERMEABILIZAÇÃO (DIREITA). Fonte: Passos, 2005. Ressalta-se que durante visita a Embrapa Agroindústria Tropical em Fortaleza-CE puderam ser observados vários objetos como cordas, estofamento de carros, palmilhas e vasos para plantas, feitos a partir da fibra do coco verde. Segundo o técnico Luiz Veras muitos objetos feitos com a fibra do coco maduro podem ser feitos com a fibra do coco verde. Por meio desta seção obteve-se informações com relação a constituição da fibra do coco e suas características, a forma de processamento das cascas de coco verde, desenvolvida por pesquisadores brasileiros, para obtenção da fibra e pó além dos diversos usos que são dados quando do aproveitamento deste resíduo. 90 5 FLUXO DO COCO VERDE NA ORLA DE SALVADOR – DA PRODUÇÃO ATÉ A DESTINAÇÃO FINAL Esta seção trata do fluxo do coco verde na orla de Salvador da produção até a destinação final. O fluxo inicia com a produção de coco, destacando os maiores produtores da Bahia, seguindo pela distribuição aos barraqueiros e ambulantes a forma de armazenamento do coco para venda, o mercado consumidor de água de coco, a forma de acondicionamento das cascas, a coleta deste resíduo e finaliza com a disposição final dos mesmos. O fluxo do coco verde na orla de Salvador ocorre conforme fluxograma representado na Figura 34. FIGURA 34 – FLUXOGRAMA COM O FLUXO DO COCO VERDE NA ORLA DE SALVADOR – DA PRODUÇÃO A DESTINAÇÃO FINAL. Fonte: Autora, 2007. 91 5.1 PRODUTOR O Estado da Bahia é o maior produtor de coco do Brasil, como já foi abordado na Seção 02. De acordo com os dados do IBGE, em 2006 a produção foi de 628.376.000 frutos para uma área plantada de 81.686 ha. Considerando uma produção de coco maior ou igual a 14.000.000 de frutos no ano de 2006, segundo os dados do IBGE, os municípios baianos que mais produzem coco atualmente são: Juazeiro, Acajutiba, Rio Real, Conde, Esplanada, Jandaíra, Cairu e Valença. 5.2 DISTRIBUIDOR E COMPRADOR Conforme organograma, representado na Figura 35, a distribuição do coco produzido na Bahia dá-se do seguinte modo: FIGURA 35 - ORGANOGRAMA DA DISTRIBUIÇÃO DE COCO NA BAHIA. Fonte: Autora, 2007. 92 Na área de estudo, a compra do coco verde é feita por meio de caminhoneiros, que compram os cocos diretamente do produtor e vendem a mercadoria nas barracas e aos ambulantes, ou por compra direta em feiras livres e CEASA, conforme destacado na Figura 35. A compra do coco verde durante a alta estação é feita três vezes por semana e na baixa estação uma ou duas vezes por semana. Geralmente os barraqueiros e ambulantes compram a mercadoria de um único fornecedor, apesar de ter vários caminhoneiros oferecendo o produto, esta “fidelidade” é devido principalmente a qualidade do coco (aparência física e qualidade da água), preço, prazo de entrega (caso a mercadoria termine antes do previsto há uma reposição quase que imediata) e devolução do fruto (quando ultrapassa o tempo de venda). Durante o período de coleta de dados, a demanda dos vendedores das barracas de coco variou entre 400 a 700 frutos por vez. Em duas barracas de coco, ambas localizadas em Ondina, a distribuição era quase diária, sendo pessoalmente realizada pelo proprietário. No que tange à distribuição nas barracas de praia, a distribuição era feita quando da entrega nas barracas de coco, ou optava-se pela aquisição direta junto às barracas de coco. Nesse caso, o produto é levado para as barracas de praia sempre que solicitado pelo consumidor final. Os ambulantes compravam dos caminhoneiros e armazenavam o produto em depósitos próximos da área de trabalho, ou recebiam a quantidade necessária para a venda diária dos detentores oficiais do ponto de venda. Neste período, foi possível constatar que os cocos verdes vendidos na orla de Salvador, na área de estudo, eram oriundos principalmente dos municípios de Acajutiba, Valença e Juazeiro. Os caminhões que faziam a distribuição de coco verde na área de estudo continham na sua carroceria 4.000, 6.000 ou 10.000 cocos, a depender do tamanho da mesma, e, após a distribuição nesta área, seguiam para outros pontos da cidade até que toda a mercadoria fosse vendida. A Figura 36 mostra como é realizada a distribuição de coco verde, pelos caminhoneiros, para venda nas barracas de coco. 93 FIGURA 36 – CAMINHONEIRO DISTRIBUINDO COCOS VERDES NAS BARRACAS DE COCO DO FAROL DA BARRA. Fonte: Autora, 2007. 5.3 ARMAZENAMENTO Os cocos verdes ao serem distribuídos aos vendedores são armazenados na areia da praia, nos logradouros, nos balcões e no interior das barracas, para a venda de água natural e em frízer e isopor para venda de água gelada. Cabe salientar que, de acordo com as informações dos vendedores, não é aconselhável armazenar uma quantidade muito grande de coco verde, pois a qualidade da água modifica quando o tempo entre a colheita e o consumo ultrapassa 08 dias, o que somado a falta de espaço faz com que se compre apenas a quantidade que possa ser comercializada rapidamente. Outra questão que merece destaque está relacionada às condições de higiene do produto, pois, como pode ser observado na Figura 39, por exemplo, os cocos estão dispostos na areia da praia, como este fruto é consumido “in natura” há a probabilidade de contrair algum tipo de bactéria quando do consumo do albúmen líquido ou sólido. As Figuras 37, 38 e 39 mostram a forma de armazenamento do coco verde na área de estudo. 94 FIGURA 37 – COCOS VERDES ARMAZENADOS NO BALCÃO DA BARRACA DE COCO PRAIA DO PORTO DA BARRA. Fonte: Autora, 2006. FIGURA 38 – COCOS VERDES ARMAZENADOS NA BARRACA DE COCO DA PÇ. BAHIA SOL - ONDINA Fonte: Autora, 2006. 95 FIGURA 39 – COCOS VERDES ARMAZENADOS, PELO AMBULANTE, NA AREIA DA PRAIA E NO ISOPOR - PRAIA DO PORTO DA BARRA. Fonte: Autora, 2006. 5.4 CONSUMIDOR Os consumidores de água de coco verde são os transeuntes, turistas, banhistas, praticantes de esportes, munícipes de Salvador em geral. 5.5 ACONDICIONAMENTO DOS RESÌDUOS GERADOS De acordo com a NBR 12.980/93, acondicionamento é o ato ou efeito de embalar os resíduos sólidos para seu transporte. Ou seja, prepará-lo para a coleta de maneira adequada sanitariamente e de forma compatível com o tipo e a quantidade de resíduo (IBAM, 2001). A qualidade da coleta e transporte dos resíduos sólidos depende, dentre outros fatores, da forma de como foi acondicionado e da disposição dos recipientes utilizados. Um acondicionamento adequado é importante sobre os principais aspectos: evita acidentes, evita a proliferação de vetores, minimiza o impacto visual e olfativo, reduz a heterogeneidade dos resíduos (no caso de haver coleta seletiva) e facilita a coleta (MANSUR e MONTEIRO, 1993; IBAM, 2001). 96 São inúmeros os tipos de recipientes utilizados pela população para acondicionamento dos resíduos sólidos, a exemplo de: latas, baldes, tonéis, bombonas, caixotes de madeira ou papelão, sacos plásticos de supermercados ou especiais para lixo, contêineres metálicos ou plásticos. A escolha pelo recipiente mais adequado para o armazenamento dos resíduos sólidos deve estar associada a alguns fatores tais como: característica e geração do resíduo, freqüência da coleta, custo do recipiente, local de exposição. Os recipientes adequados para acondicionar os resíduos sólidos, cuja coleta é mecânica, devem ter as seguintes características: dispositivos que facilitem o seu deslocamento até o local da coleta, ser herméticos para evitar derramamento ou exposição dos resíduos, serem padronizados (quando permitirem uma maior carga) a fim de que possam ser manuseados por dispositivos mecânicos existentes nos próprios veículos coletores. Os contêineres são recipientes fabricados em polietileno de alta densidade (PEAD) com capacidade de 120, 240 e 360 L (contêineres de duas rodas) e 760 e 1100 L (contêineres de quatro rodas), constituído de tampa, recipiente e rodas. São utilizados para o recebimento, acondicionamento e transporte de resíduos sólidos; podem ser utilizados também como carrinho para coleta de resíduos da varrição dos logradouros. Há também os contêineres metálicos que podem ser utilizados para o acondicionamento dos resíduos sólidos, estes recipientes estacionários podem ter capacidade de 5 ou 7 m3 e podem ser basculados por caminhões compactadores. Em se tratando da coleta manual os sacos plásticos são as embalagens mais apropriadas para o acondicionamento dos resíduos sólidos devido as seguintes características: facilidade de amarração das bocas o que garante o fechamento; são leves, sem retorno (resultando uma coleta mais produtiva), permitem recolhimento silencioso e possuem preço acessível permitindo a padronização. De acordo com a NBR 9.190/93 os sacos plásticos utilizados para o acondicionamento dos resíduos sólidos, dentre outras características, devem ter resistência para não se romper com o manuseio; ter volume de 20, 30, 50 ou 100L e possuir fita para fechamento da boca. 97 Um outro tipo de recipiente para acondicionamento dos resíduos sólidos são as chamadas papeleiras, ou seja, cestas plásticas com capacidade de 50 L, constituída de corpo para recebimento dos resíduos e tampa. Estes recipientes são próprios para pequenos resíduos e refugos descartados por pedestres em trânsito nos logradouros. Devem ser instaladas nas ruas, parques, jardins e nos locais públicos onde haja um trânsito de pessoas, a fim de reduzir a quantidade de resíduos disposta no chão. Na área de estudo os resíduos do coco verde são depositados em contêineres plásticos de 120 e 240 L, os quais foram distribuídos pela Prefeitura Municipal de Salvador aos barraqueiros, em contêineres metálicos de 1m3 que ficam estacionados em pontos estratégicos da orla, em sacos plásticos, tonéis e bombonas. As Figuras 40 e 41 mostram alguns recipientes supracitados onde as cascas de coco são acondicionadas. FIGURA 40 – CASCAS DE COCO VERDE ACONDICIONADAS EM TONÉIS E CONTÊINER DE 240 L PRAIA DO PORTO DA BARRA. Fonte: Autora, 2006. 98 FIGURA 41 – CONTÊINERES METÁLICOS NO FORTE DE SANTA MARIA- BARRA. Fonte: Autora, 2007. Os contêineres de 120 e 240 L que foram distribuídos aos barraqueiros não são apropriados para o armazenamento dos resíduos de coco verde que é gerado durante o dia com a venda de água de coco pelos motivos relacionados a seguir: • Capacidade insuficiente - a geração de resíduo de coco verde é grande, principalmente na alta estação, final de semana e nos dias ensolarados, com isso os contêineres distribuídos são insuficientes para armazenar estes resíduos já que em média um contêiner de 1 m3 armazena 300 cascas de coco verde na forma inteiro ou partido, com peso médio de 1,5 kg, e como foram distribuídos alguns contêineres 120 e 240 L por barracas de coco, os mesmos tem capacidade reduzida para acondicionar todos os resíduos gerados. • Rachaduras e quebras - como cada coco após o consumo da água pesa em média 1,5 kg (BAHIA, 2005) os contêineres não suportam o peso deste resíduo, devido a sobrecarga de resíduo nos mesmos, e acabam danificando as rodas que auxiliam o transporte para a coleta; com isso aparecem as rachaduras destes equipamentos causado pelo manuseio de forma inadequada e pelo inteperismo. 99 • Manutenção do contêiner – geralmente os contêineres ficam localizados em áreas descobertas e acabam sendo usado por banhista e transeuntes para deposito de garrafas, papéis, sacos dentre outros tipos de resíduos, não há manutenção por parte dos barraqueiros nem por parte da Prefeitura o que resulta em equipamentos sujos causando repulsas as pessoas que transitam na área. Pelos motivos supracitados os contêineres distribuídos pela Prefeitura são insuficientes e inadequados além de que nem todos os vendedores de água de coco (nele incluso barraqueiros e ambulantes) possuem este tipo de equipamento o que acarreta na utilização de tonéis, bombonas (compradas nas feiras) e sacos plásticos, que da forma como são utilizados, tornamse tão inadequados quantos os contêineres. Salienta-se que os muitos consumidores após beberem a água de coco depositam o resíduo dentro ou sobre as papeleiras distribuídas nos postes dos logradouros, nas sarjetas das ruas e nos contêineres plásticos e metálicos distribuídos em alguns pontos da orla, situação que contribui para o impacto visual já mencionado na seção 03. Os resíduos dos cocos que são depositados pelos consumidores de água de coco, na areia da praia e nas caixas plásticas distribuídas nas praias; durante a limpeza das praias, efetuada pelos agentes de limpeza, são armazenados em sacos plásticos padronizados e depositados nos contêineres metálicos localizados próximos as praias ou nas escadarias das mesmas. Na Tabela 10, tem-se a quantidade de caixas plásticas, conteinedores plásticos e metálicos, tonéis e bombonas usados para o acondicionamento das cascas de coco na área de estudo. TABELA 10 - QUANTIDADE DE EQUIPAMENTOS UTILIZADOS PARA ACONDICIONAR CASCAS DE COCO NA ÁREA DE ESTUDO. Tipo de equipamento Contêiner Metálico (1m3) Contêiner plástico (120 e 240 L) Tonéis ou bombonas Papeleiras (50L) Caixas plásticas (60 L) Porto da Barra Farol da Barra Ondina 04 - 05 05 08 09 03 05 08 07 04 18 15 03 Fonte: Autora, 2007. Nota: Estes dados foram atualizados em out/07, pois do inicio da pesquisa até o referido mês muitos destes equipamentos foram destruídos. 100 5.6 COLETA/TRANSPORTE Segundo a NBR 12.980/93, coleta é o ato de recolher e transportar resíduos sólidos de qualquer natureza, utilizando veículos e equipamentos apropriados para tal fim. Com isso, coletar os resíduos sólidos significa recolher o que foi armazenado por quem o produz, para encaminhá-lo, mediante transporte adequado, a um eventual tratamento e a disposição final. A coleta dos resíduos sólidos deve ser efetuada em dias e horários pré estabelecidos a fim de que as pessoas se condicionem a colocar os recipientes ou embalagens de resíduos nas calçadas sempre nos dias e horários em que o veículo coletor irá passar; desta maneira os resíduos não ficarão exposto o que pode atrair vetores e animais, nem a população jogará resíduos em qualquer local formando os chamados “pontos de lixo”. A freqüência da coleta está diretamente relacionada com os tipos de resíduos sólidos gerados, as condições climáticas, os recursos matérias e humanos a disposição do órgão prestador de serviço e a limitação do espaço necessário ao armazenamento dos resíduos (MANSUR e MONTEIRO, 1993). Já a escolha do horário da coleta deve ser feito de modo a reduzir os incômodos a população local, proporcionar bem estar a guarnição, aumentar a produtividade dos veículos, dentre outros. O Quadro 05 mostra algumas vantagens e desvantagens da coleta diurna e noturna. QUADRO 05 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA COLETA DIURNA E NOTURNA Horário Vantagens Desvantagens Interfere muitas vezes no trânsito de veículos; Mais econômica; Maior desgaste dos trabalhadores em regiões de Diurno Possibilita melhor fiscalização climas quentes, com a conseqüente redução de do serviço. produtividade. Causa incomodo pelo excesso de ruído Indicada para áreas comerciais provocado pela manipulação dos recipientes de e turísticas; lixo e pelos veículos coletores; Não interfere no trânsito em Dificulta a fiscalização; áreas de tráfego muito intenso Aumenta o custo de mão-de-obra (adicional durante o dia; Noturno noturno) O lixo não fica a vista das Pode causar danos a guarnição com a falta de pessoas durante o dia. iluminação das vias Oferece maior produtividade Custo adicional ao fardamento (inclusão de dos veículos devido a maior faixas fluorescentes) velocidade média Fonte – Autora, adaptado de Mansur. G.L, Monteiro. J.H.R.P., 1993. 101 Toda a coleta de resíduos sólidos deve seguir um itinerário que é um percurso de coleta planejado para ser efetuado por um veículo coletor, dentro de um setor de coleta em um determinado período (NBR 12980/93). Para se implantar um itinerário de coleta, deverão ser levantados alguns dados tais como: as características topográficas e o sistema viário urbano; a definição das zonas de ocupação da cidade (áreas de difícil acesso, concentrações comerciais e outros); dados sobre a população total e quantidade média de moradores por residência; geração e a composição dos resíduos sólidos; os costumes da população, onde deverão conter os mercados e feiras livres, festas religiosas e locais preferidos para a prática do lazer e o local para a disposição final dos resíduos (MANSUR e MONTEIRO, 1993). Existem alguns fatores que influenciam na mudança do itinerário de coleta tais como: o aumento ou diminuição da população; as mudanças de características dos bairros e a existência do recolhimento irregular dos resíduos. Com a finalidade de reduzir as distâncias e o tempo de percurso os itinerários de coleta devem ser planejados de forma que tenha inicio no ponto mais afastado do local da disposição e finalize do ponto mais próximo, esta prática favorece a guarnição que trabalha no veículo coletor já que o desgaste físico é maior no final do setor e a proximidade com o local da disposição ameniza esta situação. A Prefeitura ou o órgão prestador de serviço deverá regulamentar os tipos de resíduos a serem removidos pelo serviço de coleta. De acordo com o Manual de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, IBAM (2001) e Schalch (1995), a natureza ou origem do resíduo é o principal elemento de classificação e segundo este critério os resíduos podem ser classificados como: a) Lixo domiciliar – gerados nas atividades diárias das casas, apartamentos, condomínios, e demais edificações residenciais; b) Lixo comercial – gerados em estabelecimentos comerciais cujas características dependem da atividade desenvolvida. 102 c) Lixo público – provenientes dos logradouros públicos (folhas, areia, terra – lixo de varrição), dos descartes irregular e indevido da população (entulho, alimentos, embalagens), feiras livres e limpeza de praia. d) Lixo industrial – resultantes das atividades industriais, são resíduos bastante variados com características diversificadas, pois dependem de produto manufaturado. e) Lixo dos Serviços de Saúde – gerados nos estabelecimentos de serviços de saúde destinados a preservação da saúde da população; f) Lixo radioativo – são os resíduos que emitem radiações acima dos limites permitidos pelas normas ambientais; g) Lixo dos portos, aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários – gerados tanto nos terminais, como dentro dos navios, aviões e veículos de transporte; h) Lixo agrícola – formado pelos restos de embalagens impregnados com pesticidas e fertilizantes químicos, utilizados na agricultura que são perigosos além dos resíduos agroindustiais. Com relação aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente e a saúde pública a NBR 10.004/04 classifica os resíduos em: Classe I – Perigosos: são aqueles que apresentam periculosidade ou características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxidade ou patogenicidade; apresentam risco a saúde pública por meio do aumento da mortalidade ou da morbidade, ou ainda provocam efeitos adversos ao meio ambiente quando gerenciado de forma inadequada; Classe II A – Não Perigosos - não inertes: são aqueles que podem ter características de condutibilidade, biodegrabilidade ou solubilidade em água, com possibilidade de acarretar riscos à saúde ou ao meio ambiente, não se enquadrando na classificação de resíduos Classe I ou Classe II – B; Classe II – B Não Perigosos – inertes: são aqueles que não tem constituinte algum solubilizado a concentração superior ao padrão de potabilidade da água, excetuandose aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor; não oferecem riscos a saúde e ao meio ambiente. 103 Em Salvador a Prefeitura é responsável pela coleta dos resíduos sólidos domiciliar, público e comercial. De acordo com a origem e aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente e a saúde pública a casca de coco verde é classificada como lixo domiciliar, comercial e público e Classe II A - não Inerte, respectivamente. Os veículos utilizados na coleta dos resíduos sólidos podem ser de dois tipos: compactadores e sem compactação. Os veículos de coleta devem ter as seguintes características: não permitir derramamento de resíduos sólidos ou chorume na via pública; apresentar taxa de compactação de pelo menos 3:1; apresentar altura de carregamento na linha de cintura da guarnição, ou seja, no máximo 1,20m de altura em relação ao solo; possibilitar esvaziamento simultâneo de pelo menos dois recipientes por vez; possuir carregamento traseiro de preferência; dispor de local adequado para transportar a guarnição; apresentar descarga rápida dos resíduos sólidos no destino (no máximo em três minutos); possibilitar basculamento de contêiner de diversos tipos; distribuir adequadamente a carga no chassi do caminhão e apresentar capacidade adequada para o menor número de viagens ao destino, nas condições de cada área (IBAM,2001). O coletor compactador de carregamento traseiro é o veículo mais utilizado nos grandes municípios, ele é fabricado em aço, com capacidade volumétrica de 6, 10, 12, 15 e 19 m3, montado em chassi com Peso Bruto Total – PBT compatível (9,12,14,16 e 23 t), podendo possuir dispositivo hidráulico para basculamento automático e independente de contêineres plásticos utilizados. Os veículos compactadores destinam-se a coleta de lixo domiciliar, público e comercial e a descarga deve ocorrer nas estações de transbordo, usinas de reciclagem ou nos aterros sanitários. De acordo com informações da Limpurb na área de estudo a coleta é realizada diariamente, pelo setor orla I, no turno matutino com inicio às 05h30. Neste setor o itinerário de coleta inicia na Barra e termina na Chapada do Rio Vermelho, além dos resíduos da orla, ou seja, da limpeza de praia (incluindo as cascas de coco produzidas pelos barraqueiros e ambulantes) são coletados também os resíduos domiciliar por caminhões compactadores. 104 O veículo compactador utlilizado para coleta dos resíduos na área de estudo tem capacidade de 15 m3. O carregamento é feito na parte traseira do veículo, o qual tem uma abertura ampla e uma placa giratória que empurra os resíduos para o interior do veículo onde é comprimido/compactado, conforme Figura 42. Ressalta-se que devido a forma e composição das cascas de coco as mesmas não sofrem compactação, sendo apenas empurradas para o interior do veículo. A proposta inicial desta pesquisa, referente ao levantamento da quantidade de resíduos gerados com a venda da água de coco verde “in natura”, compreendia o trecho da Orla de Salvador compreendido entre o Porto da Barra e Amaralina. Tal direcionamento teve como base o roteiro do veículo de coleta, que iniciava no Porto da Barra, passando pelo Farol da Barra, Ondina, Rio Vermelho, Amaralina e finalizava na Chapada do Rio Vermelho. Todavia, o trecho do levantamento foi reduzido, pois a Prefeitura Municipal de Salvador, no momento de coleta de dados desta pesquisa, decidiu começar uma série de obras de revitalização no bairro de Amaralina, num local conhecido como Largo das Baianas onde havia a comercialização de coco verde por 11 barracas de coco. Apesar do estabelecimento de barracas improvisadas pelos vendedores de coco nas proximidades de um ponto de ônibus localizado no Largo das Baianas, a venda do produto diminuiu consideravelmente. Relatos dos próprios barraqueiros comprovaram esta observação, acrescentando que as obras que estavam sendo realizadas no local impediam o acesso das pessoas até as barracas. Dessa forma, a quantidade de resíduo nesta área ficou limitada a vinte cascas por dia, no máximo, e no restante da praia de Amaralina só restavam quatro barracas de praia. Na área do pequeno trecho de praia do Rio Vermelho não se observou o comércio. Diante dessas constatações, optou-se por pesquisar o trecho do Porto da Barra a Ondina. 105 FIGURA 42 – COMPACTADOR COLETANDO O LIXO DAS BARRACAS DE COCO DO FAROL DA BARRA, DESTAQUE PARA A FORMA COMO OS RESÍDUOS SÃO COLOCADOS NO CARRO. Fonte: Autora, 2006. Na área de estudo, a coleta dos resíduos sólidos é feita por uma empresa terceirizada a BATTRE Bahia Transferência e Tratamento de Resíduos S/A e o pagamento do serviço é feito com base na quantidade de resíduo coletado. As vantagens e desvantagens da terceirização desta forma de prestação de serviço estão relacionadas no Quadro 06. QUADRO 06 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA COLETA TERCERIZADA Vantagens Desvantagens • Redução dos investimentos na • Necessidade de fiscalização compra de equipamentos e rigorosa por parte da implantação de instalações Prefeitura, principalmente se físicas; o pagamento do serviço se • Eficiência da mão-de- obra; der em função de quantidade • Agilidade na aquisição de Coleta de lixo coletado; material para os veículos; terceirizada • Pouca flexibilidade do • Eliminação de procedimentos sistema em atender a burocráticos e injunções situações não previstas na políticas, quando se desejar ocasião do contrato, como por modificações imediatas de exemplo, a remoção de equipe e pessoal; resíduos decorrentes de • Conhecimento prévio dos gastos inundações, greves e outros. com o sistema; Fonte: Adaptado de Mansur. e Monteiro, 1993. 106 Durante o período de levantamento de dados, pode ser observado que a coleta, na alta estação, estava sendo feita por outros setores de coleta que faziam o repasse na área de estudo. Observou-se muitas vezes que os resíduos ficavam acumulados por várias horas na orla sem que houvesse a coleta no final do dia o que acarretava um desconforto para as pessoas que transitavam no local. A fiscalização por parte da Limpurb é imprescindível para contornar este tipo de problema. 5.7 DISPOSIÇÃO FINAL Como o próprio termo sugere, disposição final é a última etapa de um sistema de limpeza urbana. Existem várias formas de disposição final dos resíduos sólidos a escolha dependerá além das características do resíduo e dos custos financeiros, de alguns benefícios como: preservação do meio ambiente; melhoria das condições sanitárias e dos aspectos sociais envolvidos; economia de divisas com o reaproveitamento de matérias; desenvolvimento da agricultura por meio do recondicionamento de solos (com aplicação de composto orgânico) e geração de energia por meio de componentes combustíveis encontrados nos resíduos sólidos (FEAM, 1996). Os resíduos sólidos coletados na área de estudo são transferidos para a estação de transbordo e posteriormente são dispostos no aterro sanitário. De acordo com a definição do IBAM (2001) estação de transbordo ou de transferência são unidades instaladas próximo ao centro de massa de geração de resíduos para que os caminhões de coleta, depois de cheios, façam à descarga e retornem rapidamente para completar o itinerário de coleta. Esta solução costuma ser empregada quando a área disponível para a destinação final dos resíduos sólidos encontra-se muito afastada dos locais de coleta, já que esta distância pode causar os seguintes problemas: atraso nos itinerários de coleta, estendendo o tempo de exposição dos resíduos nas ruas; aumento do tempo improdutivo da guarnição, a espera do veículo que foi vazar a carga; aumento do custo de transporte e redução da produtividade dos veículos de coleta, que são especiais e caros (IBAM, 2001). 107 As estações de transbordo podem ser de dois tipos: 1 - com compactação – este modelo conta com silo de armazenamento de desnível entre os pavimentos de carga e descarga. Um sistema hidráulico instalado no silo compacta os resíduos no interior do veículo de transferência; 2 – sem compactação – o modelo mais utilizado são as estações com armazenamento no pátio, o qual deve ser pavimentado, coberto e fechado nas laterais (com o objetivo de evitar a exposição dos resíduos e manter a estética das instalações). O carregamento dos resíduos nos veículos de transferência pode ser feito por meio de escavadeiras hidráulicas ou pás carregadeiras (IBAM 2001). O transporte dos resíduos sólidos da estação de transbordo para o aterro sanitário deve ser feito por veículos ou equipamentos de maior porte e de menor custo unitário de transporte. Geralmente utilizam-se caixas do tipo roll on/roll off, intercambiáveis por meio de veículos dotados de guindaste ou carreta. A estação de transbordo de Salvador está localizada em Pau da Lima no antigo “lixão” de Canabrava, em uma área construída de 4.000 m2, ela é do tipo sem compactação e tem capacidade de transferir até 2,5 mil t/dia de resíduos (Limpurb, 2007b). São utilizadas caixas roll on/roll off para a transferência dos resíduos até o AMC A Figura 43 mostra o compactador que faz a coleta dos resíduos sólidos na área de estudo descarregando na estação de transbordo, por esta Figura pode-se observar que as cascas de coco não sofreram compactação no veículo. 108 FIGURA 43 – COMPACTADOR DO SETOR ORLA I DESCARREGANDO NA ESTAÇÃO DE TRANSBORDO. Fonte: Autora, 2007. Durante a descarga do compactador do setor Orla I no pátio da Estação de Transbordo, pôdese observar que o lixo continha além dos resíduos provenientes da limpeza de praia, resíduos de coleta domiciliar haja vista a quantidade de matéria orgânica presente no lixo, este fato já era esperado devido a falta de coleta seletiva no local. 6. LEVANTAMENTO DA QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO VERDE NA ORLA DE SALVADOR - TRECHO PORTO DA BARRA A ONDINA Esta seção trata da localização e quantidade das barracas de coco, barracas de praia e ambulantes localizados na área de estudo, além dos resultados do levantamento relacionados com a quantidade de resíduos de coco verde e análises destes dados. 6.1 LOCALIZAÇÃO O número de barracas e ambulantes no trecho onde foram feitos os levantamentos de dados está descrito na Tabela 11 TABELA 11 – QUANTIDADE DE BARRACAS E AMBULANTES NA ÁREA DE ESTUDO Barracas de Ambulantes Praia Barracas de coco praia Logradouro Areia da praia Porto da Barra 02 03 (a) 01 (b) 18 (a) 08 (b) Farol da Barra 04 06 08 (a) 04 (b) 10 (a) 03 (b) Ondina 06 17 Fonte: Autora, 2007. Nota: a = alta estação, b = baixa estação. A Figura 44 mostra o trecho do Porto da Barra estudado observa-se as 02 barracas de coco, os 18 ambulantes localizados na areia da praia e os 03 do logradouro. A Figura 45 mostra o trecho do Farol da Barra estudado observa-se as 04 barracas de coco, as 06 barracas de praia, os 10 ambulantes localizados na areia da praia e os 08 do logradouro. A Figura 46 mostra o trecho de Ondina estudado; observa-se as 06 barracas de coco e as 17 barracas de praia, sendo que nesta área não há ambulantes de coco. 110 Barracas FIGURA 44 – PRAIA DO PORTO DA BARRA, COM OS VENDEDORES DE COCO. Fonte: Autora, adaptado da imagem de satélite do Google 2007. Barracas FIGURA 45 – PRAIA DO FAROL DA BARRA, COM OS VENDEDORES DE COCO. Fonte: Autora, adaptado da imagem de satélite do Google 2007. 111 Barracas FIGURA 46 – PRAIA DE ONDINA, COM OS VENDEDORES DE COCO. Fonte: Autora, adaptado da imagem de satélite do google 2007. 6.2 ANALISE DOS DADOS DE GERAÇÃO DE RESÍDUOS DE COCOS NO TRECHO ESTUDADO As Tabelas 12 a 15 apresentam as quantidades de cascas de coco geradas por mês pelas barracas de coco, barracas de praia e ambulantes nas praias do Porto da Barra, Farol da Barra e Ondina. As Figuras 47 a 51 reproduzem os dados das Tabelas 12 a 15. 112 TABELA 12 – QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS DE COCO DAS PRAIAS DO PORTO DA BARRA, FAROL DA BARRA E ONDINA NO PERÍODO 0UT/06 A OUT/07 Barracas de coco Meses Outubro-06 Novembro-06 Dezembro-06 Janeiro-07 Fevereiro-07 Março-07 Abril-07 Maio-07 Junho-07 Julho-07 Agosto-07 Setembro-07 Outubro-07 Total Porto Farol Ondina 5.529 5.756 6.753 9.656 5.865 5.175 4.650 3.590 3.210 2.850 2.840 5.389 5.652 5.508 5.394 6.110 6.522 4.572 4.049 4.147 3.532 1.730 1.425 1.080 2.764 5.333 15.715 18.426 20.940 23.340 16.502 14.020 13.755 9.630 7.765 8.585 8.080 12.898 15.949 26.752 29.576 33.803 39.518 26.939 23.244 22.552 16.752 12.705 12.860 12.000 21.051 26.934 Fonte: Autora, 2007. Nota: considerando 15 dias de coleta. FIGURA 47 – QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS DE COCO DAS PRAIAS DO PORTO DA BARRA, FAROL DA BARRA E ONDINA NO PERÍODO 0UT/06 A OUT/07. Fonte: Autora, 2007. Nota: considerando 15 dias de coleta. Por meio da Tabela 12 e da Figura 47 observa-se um elevado consumo de água de coco verde nas barracas de coco de Ondina, este fato está relacionado principalmente a existência de uma quadra poliesportiva a qual é muito freqüentada durante todo o dia pelas pessoas que praticam esportes, destacando o grande número de deficientes físicos, a proximidade com o Jardim 113 zoológico que atrai várias pessoas para este local, a rede de hotéis existente, academia, um centro de reabilitação, escola e pelo menor valor cobrado pela venda de água de coco da área de estudo. TABELA 13 – QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS DE PRAIA E AMBULANTES DAS PRAIAS DO PORTO DA BARRA, FAROL DA BARRA E ONDINA. NO PERÍODO 0UT/06 A OUT/07 Barracas de praia e ambulantes Meses Outubro-06 Novembro-06 Dezembro-06 Janeiro-07 Fevereiro-07 Março-07 Abril-07 Maio-07 Junho-07 Julho-07 Agosto-07 Setembro-07 Outubro-07 Total Porto Farol Ondina 7.243 9.013 9.198 10.134 6.187 5.568 4.262 2.575 2.693 2.323 2.794 6.119 7.389 2.949 5.889 6.730 6.741 2.894 1.297 1.100 722 616 372 481 1.318 3.046 165 207 434 420 339 92 204 111 15 31 30 86 172 10.357 15.109 16.362 17.295 9.420 6.957 5.566 3.408 3.324 2.726 3.305 7.523 10.607 Fonte: Autora, 2007. Nota: considerando 15 dias de coleta. FIGURA 48 – QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS DE PRAIA E AMBULANTES DAS PRAIAS DO PORTO DA BARRA, FAROL DA BARRA E ONDINA NO PERÍODO DE 0UT/06 A OUT/07. Fonte: Autora, 2007. Nota: considerando 15 dias de coleta. 114 Observando-se a Tabela 13 e da Figura 48 os ambulantes da praia de Ondina possuem uma produção inferior as demais áreas estudadas haja vista que o número de ambulantes na praia de Ondina inexiste ficando a produção de cascas limitada a venda pelas barracas de praia que apesar de terem o maior número de barraqueiros o consumo de água de coco verde “in natura” nesta área é feito nas barracas de coco localizadas no calçadão. Com relação aos ambulantes os da praia do Porto da Barra produzem a maior quantidade de cascas na área de estudo devido ao fato desta praia ser muito freqüentada por crianças (águas calmas), transeuntes, turistas e pessoas que praticam vários tipos de esportes (peteca, fut voley, futebol) na praia durante todo o dia. Salienta-se que nesta praia inexistem barracas de praia, mas a presença dos ambulantes é importante para os freqüentadores do local. Na praia do Farol da Barra a quantidade de cascas de coco geradas pelos ambulantes também é bastante significativa devido a grande extensão da praia e a quantidade de ambulantes distribuídas tanto no logradouro como na areia. TABELA 14 – QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS DE COCO, BARRACAS DE PRAIA E AMBULANTES NAS PRAIAS DO PORTO DA BARRA, FAROL DA BARRA E ONDINA NO PERÍODO 0UT/06 A OUT/07 Total Total Meses Total Porto Total Geral Farol Ondina Outubro-06 12.772 8.457 15.880 37.109 Novembro-06 14.769 11.283 18.633 44.685 Dezembro-06 15.951 12.840 21.374 50.165 Janeiro-07 19.790 13.263 23.760 56.813 Fevereiro-07 12.052 7.466 16.841 36.359 Março-07 10.743 5.346 14.112 30.201 Abril-07 8.912 5.247 13.959 28.118 Maio-07 6.165 4.254 9.741 20.160 Junho-07 5.903 2.346 7.780 16.029 Julho-07 5.173 1.797 8.616 15.586 Agosto-07 5.634 1.561 8.110 15.305 Setembro-07 11.508 4.082 12.984 28.574 Outubro-07 13.041 8.379 16.121 37.541 Fonte: Autora, 2007. Nota: considerando 15 dias de coleta. 115 FIGURA 49 – QUANTIDADE TOTAL DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS DE COCO, BARRACAS DE PRAIA E AMBULANTES NAS PRAIAS DO PORTO DA BARRA, FAROL DA BARRA E ONDINA NO PERÍODO 0UT/06 A OUT/07. Fonte: Autora, 2007. Nota: considerando 15 dias de coleta. Por meio da Tabela 14 e da Figura 49 se tem uma maior geração de cascas de coco na praia de Ondina devido ao alto consumo de água de coco verde nas barracas de coco, seguida pelo Porto da Barra que concentra a maior produção pelos ambulantes. O Farol da Barra por não apresentar maior produção nas barracas de coco e ambulantes ficou sendo a praia, da área de estudo, com menor geração de cascas de coco verde. TABELA 15 – QUANTIDADE TOTAL DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS DE COCO E PELOS AMBULANTES NA ÁREA DE ESTUDO NO PERÍODO 0UT/06 A OUT/07 Meses Total barracas Total Total geral de coco ambulantes Outubro-06 26.752 10.357 37.109 Novembro-06 29.576 15.109 44.685 Dezembro-06 33.803 16.362 50.165 Janeiro-07 39.518 17.295 56.813 Fevereiro-07 26.939 9.420 36.359 Março-07 23.244 6.957 30.201 Abril-07 22.552 5.566 28.118 Maio-07 16.752 3.408 20.160 Junho-07 12.705 3.324 16.029 Julho-07 12.860 2.726 15.586 Agosto-07 12.000 3.305 15.305 Setembro-07 21.051 7.523 28.574 Outubro-07 26.934 10.607 37.541 Fonte: Autora, 2007. Nota: considerando 15 dias de coleta. 116 FIGURA 50 – QUANTIDADE TOTAL DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS DE COCO E AMBULANTES NA ÁREA DE ESTUDO NO PERÍODO DE 0UT/06 A OUT/07. Fonte: Autora, 2007. Nota: considerando 15 dias de coleta. Total geral 60.000 50.000 40.000 30.000 20.000 10.000 0 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 FIGURA 51 – QUANTIDADE TOTAL DE CASCAS DE COCO NA ÁREA DE ESTUDO NO PERÍODO DE 0UT/06 A OUT/07. Fonte: Autora, 2007. 117 Pela Tabela 15 e as Figuras 50 e 51 se observa que apesar da importância dos ambulantes na geração das cascas de coco a maior produção é devido as barracas de coco. De uma maneira geral se tem nos meses de alta estação, considerando outubro a março, um maior consumo de água de coco verde, atingindo o máximo no mês de janeiro. Nos meses considerados de baixa estação, abril a setembro, há uma queda na geração das cascas, porém com certa uniformidade, voltando a crescer em meados de setembro. Durante o período em estudo, que se estendeu de outubro de 2006 a outubro de 2007, o total de cascas produzida foram 416.645 unidades. As barracas tiveram uma produção total de cascas de coco em 13 meses de 304.656 unidades enquanto os ambulantes 111.959 unidades, sendo assim, observa-se que as barracas de coco produzem mais cascas do que os ambulantes. Na praia do Porto da Barra, a média de cascas de coco produzida nas barracas de coco por mês foi 5.147 unidades (mínimo de 2.840 e máximo de 9.656 unidades), na praia do Farol da Barra foi 4.013 unidades (mínimo de 1.080 e máximo de 6.522 unidades) e na praia de Ondina foi 14.277 unidades (mínimo de 7.765 e máximo de 23.340 unidades). Com isso torna-se visível a maior produção de cascas nas barracas de coco da praia de Ondina. Na praia do Porto da Barra, a média de cascas de coco produzida pelas barracas de praia e ambulantes por mês foi 5.897 unidades (mínimo de 2.323 e máximo de 10.134 unidades), a praia do Farol da Barra foi 2.627 unidades (mínimo de 372 e máximo de 6.741 unidades) e praia de Ondina foi 177 unidades (mínimo de 15 e máximo de 434 unidades). De acordo com os gráficos diários representados nas Figuras, no anexo B, pode-se observar que a maior quantidade de cascas de coco é gerada nos feriados e finais de semana, sendo que na alta estação a média diária encontrada de cascas de coco na área de estudo foi 2.798 unidades (mínimo = 1.100 e máximo = 5680) e na baixa estação foi 1.375 unidades (mínimo de 713 e máximo. de 3.615 unidades). O consumo na alta estação é maior do que na baixa devido, principalmente, ao maior número de transeuntes na área praticando esportes e caminhadas, quantidade de turistas na cidade e a altas temperaturas que atraem as pessoas a praia durante o dia e a noite. Durante a pesquisa, pode-se observar que o consumo de coco está também relacionado com o tempo, ou seja, mesmo na alta estação nos dias nublados e chuvosos o consumo de coco é 118 reduzido como pode ser visto, por exemplo, na Figura do anexo B referente ao mês de fevereiro, no período de 22 a 28/02 houve um alto índice pluviométrico na cidade. Na baixa estação há uma redução no consumo de água de coco, mas se os dias forem ensolarados a venda não deixa de existir e mantém certa uniformidade como pode ser visto, por exemplo, nas Figuras do anexo B referentes aos meses de junho, julho e agosto. 6.3 DADOS DE PRODUÇÃO DE RESÍDUOS DO SETOR ESTUDADO - LIMPURB A Limpurb não dispõe dos dados referentes aos resíduos sólidos realmente coletados nas praias, haja vista que os mesmos são misturados com os resíduos domiciliares. Por meio da Tabela 16 e da Figura 52, pode-se observar a quantidade de resíduos sólidos coletados pelo setor Orla I no período de pesquisa deste trabalho. TABELA 16 – QUANTIDADE DE RESÍDUOS SÓLIDOS COLETADOS PELO SETOR ORLA I NO PERÍODO DE OUT/06 A OUT/07 Setor Quantidade de lixo coletado ( t ) out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr mai jun jul ago set out/07 Orla I 1.090 1.029 1.674 1.548 1.291 1.015 895 958 833 894 908 816 942 Fonte: Autora, adaptado da Limpurb, 2007 a. 1.800 1.600 1.400 1.200 1.000 800 600 400 200 0 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 FIGURA 52 - QUANTIDADE DE RESÍDUOS SÓLIDOS COLETADOS PELO SETOR ORLA I NO PERÍODO DE OUT/06 A OUT/07. Fonte: Fonte: Autora, adaptado da Limpurb, 2007a. Como pode ser observado na Figura 52, os meses considerados de alta estação a quantidade de resíduo é bem maior do que na baixa estação e esse crescimento gradual tem as maiores produção nos meses de dezembro e janeiro, nota-se também que nos meses de baixa estação a quantidade de resíduo se mantém uniforme, começando a aumentar em outubro, este 119 comportamento pode ser comparado com o levantamento realizado em campo representado na Figura 51, excetuando o mês novembro. Evidente que a maior quantidade de resíduo coletado na alta estação está relacionada também com a maior produção gerada nos hotéis, residências, bares e restaurantes já que a área de estudo é turística e absorve uma grande quantidade de pessoas, principalmente, nos períodos de novembro a março. O fato da Limpurb não realizar uma coleta diferenciada para o lixo de praia pode estar relacionado com um possível aumento de custos operacionais, por isso o roteiro desta coleta agrega a este setor a coleta domiciliar das ruas adjacentes a orla marítima. 120 7 AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE APROVEITAMENTO DAS CASCAS DE COCO VERDE GERADAS EM SALVADOR PARA PRODUÇÃO DE BRIQUETES Esta seção trata da avaliação do potencial de aproveitamento das cascas de coco verde para produção de briquetes, com a abordagem geral deste produto (histórico, características, vantagens do uso), os tipos de mercado consumidor existente na RMS e nos municípios circunvizinhos, a descrição do processo de briquetagem, levantamento da quantidade de cascas necessárias para produção dos briquetes e os custo municipal com a coleta e disposição das cascas de coco verde para serem utilizados para este fim. 7.1 BRIQUETES 7.1.1 Histórico A técnica da briquetagem surgiu nos Estados Unidos em 1848, com uma patente concedida a William Easby para um método de conversão de carvão miúdo em torões sólidos, posteriormente foi disseminada por toda a Europa, sendo a tecnologia da Alemanha utilizada hoje no Brasil, por meio da fabricação, inicialmente em Santa Catarina, da briquetadeira da marca Biomax, adotada em várias empresas brasileiras na conversão da matéria-prima em Briquete (FIEC, 2003; KOMAREK, 2007). 7.1.2 Definição A briquetagem é o processo de fabricação de briquete, que ocorre por meio da compactação de resíduo no qual é destruída a elasticidade natural das fibras do mesmo. Esta destruição pode ser realizada por dois processos: alta pressão e/ou alta temperatura. O processo provoca a "plastificação " da lignina, que atua como elemento aglomerante das partículas dos resíduos ligno celulosicos, uma razão muito importante da não necessidade de adicionar produtos aglomerantes (resinas, ceras, dentre outros). Para que esta aglomeração tenha sucesso, necessita da presença de uma quantidade de água, compreendida entre 8 a 15% de umidade, e que o tamanho da partícula esteja entre 5 a 10 mm (BIOMAX, 2007; BIOMACHINE, 2007). 121 De acordo com Quirino (2005) o resíduo muito seco e o acima da umidade indicada prejudicam o empacotamento do material ou produzem um briquete sem estabilidade, desfazendo-se quando estocado ou transportado. Ainda segundo Quirino (1991): A briquetagem é uma forma bastante eficiente para concentrar a energia disponível da biomassa, pois 1,0 m3 de briquetes contém de 2 a 5 vezes mais energia que 1,0 m3 de resíduos. Isso levando-se em consideração a densidade a granel e o poder calorífico médio desses matérias. O briquete pode ser utilizado para queima como lenha, gerando calor ou vapor, a exemplo de termoelétricas para produção e comercialização de energia elétrica e queimadores de partículas como ocorre na indústria de cerâmica vermelha, dentre outros. Este trabalho aborda o uso de briquetes em substituição a lenha para fornecimento de calor. 7.1.3 Características dos briquetes De acordo com informações de Santos (2007) as características básicas dos briquetes não variam muito de um resíduo para outro, exceto para os briquetes produzidos a partir de cascas de arroz. A Tabela 17 relaciona as principais características dos briquetes. TABELA 17 – CARACTERÍSTICAS DOS BRIQUETES Características Valor Umidade Carbono Fixo Cinzas Materiais Voláteis Poder Calorífico Densidade 10 a 12% 13,6% 2% 84,4% 4300 a 5.000 Kcal/Kg 1.000 a 1300 Kg/m3 Fonte: Autora, adaptado Biomachine, 2007. A umidade de um material está relacionada com o seu teor de água, no caso do briquete o valor de 10 a 12% de umidade é considerado baixo em relação à lenha convencional que é de 30 a 40%. Com relação ao carbono fixo tem-se que quanto maior este valor maior o calor gerado, já os materiais voláteis quanto menor o valor mais lentamente será a queima do material, apesar dos valores encontrados nos briquetes para estes dois parâmetros está em desacordo com o conceito, o alto poder calorífico do briquete, que é a quantidade de calor que 122 desprende 1 kg de combustível quando de sua combustão completa, supera esta questão já que este valor é bem superior ao da lenha (2.000 a 2.500 Kcal/Kg). Com relação à densidade, que é definida como a relação entre a sua massa e o seu volume, ela informa se a substância de que é feito um corpo é mais ou menos compacta; no caso especifico a densidade da lenha (280 kg/m3) é bem menor do que do briquete, portanto o briquete é mais compacto do que a lenha (BIOMACHINE, 2007). De acordo com Coutos e outros (2004), as cascas de coco possui poder calorífico de 4.200 kcal/Kg podendo ser usadas para fins energéticos. Já para Nogueira e outros apud Andrade (2004) o coco verde residual tem poder calorífico em torno de 5.447,38 kcal/kg. 7.1.4 Vantagens do uso de briquetes Os briquetes são fabricados para atender os estabelecimentos e indústrias que possuam fornalhas, fornos, caldeiras e que utilizam lenha para gerar energia; eles substituem com vantagem a lenha à medida que reduz custos, facilita o transporte, a manipulação e o armazenamento. Seu formato cilíndrico padronizado reúne uma alta densidade de resíduos prensada, sem a adição de produtos químicos ou aglutinantes, com alto poder calorífico. Os briquetes contribuem para o controle do desmatamento e da poluição já que uma grande quantidade de resíduo que seria descartado pode ser aproveitada (FIEC, 2003). De acordo com os dados das empresas Lippel, Nacbriquetes, Eco Industrial e Biomachine (2007), as principais vantagens do uso de briquetes em relação a lenha são: - Devido a baixa umidade a temperatura se eleva rapidamente, produzindo menos fumaça, cinza e fuligem; - Maior temperatura de chama e queima regular; - Não danifica a fornalha no manuseio de abastecimento; - Menor manutenção das grelhas e fornalhas; - Menor custo; - São fornecidas em embalagens padronizadas; - Produto 100% reciclado e ecológico; 123 - Menor necessidade de estoque, já que o produto é seco e pronto para o uso; - Maior higiene e melhor aparência, ideal para indústria alimentícia; - Formato geométrico que facilita o transporte, manipulação e armazenamento; - Redução do impacto, principalmente sobre as florestas nativas, para retirada da lenha; - Menor índice de poluição, pois se trata de um combustível renovável; - Não há necessidade de Regulamentação ambiental pelos órgãos Federal, Estadual e Municipal; - Menor espaço para armazenamento (01 tonelada de briquete ocupa 25 m2 que equivale a 90 m3 de lenha) - Permite o aproveitamento de resíduos das indústrias de base florestal, agro-agrícolas, agros alimentares, dentre outras de origem vegetal; - Maior densidade; - Maior Poder Calorífico; - 01 tonelada de briquete pode substituir aproximadamente 1,96 toneladas de lenha. 7.1.5 Mercado Consumidor O mercado consumidor de briquetes é bem amplo já que ele pode ser utilizado em residências, churrascarias, padarias, olarias, frigoríficos, pizzarias, lareiras dentre outros. A Tabela 18 apresenta o consumo mensal de briquetes em relação à lenha em alguns tipos de estabelecimentos. TABELA 18 - CONSUMO DE BRIQUETES EM RELAÇÃO A LENHA Consumo Mensal (t) Estabelecimento Briquetes Lenha Padarias forninho 1,5 3,08 Pizzaria forno 06 pizzas 2,0 3,92 Lareiras média 1,0 1,96 Caldeiras 2 15 29,4 Caldeiras 4 30 58,8 Fogões a lenha 1,0 1,96 Fonte: Autora, adaptado da Nac briquetes. Nota: valores aproximados. 124 Como pode ser observado na Tabela 18, o consumo de lenha é maior do que o de briquetes, devido ao seu maior poder calorífico se gasta menos briquetes do que lenha na queima. De acordo com os dados da Junta Comercial do Estado da Bahia – JUCEB, a quantidade de estabelecimentos comerciais registrados com atividade principal churrascarias, padarias e pizzarias existentes em Salvador até o dia 15/10/07 estão relacionadas na Tabela 19. TABELA 19 – QUANTIDADE DE ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS TIPO: CHURRASCARIAS, PADARIAS E PIZZARIAS EXISTENTES EM SALVADOR. Estabelecimento Quantidade Churrascarias Padarias Pizzarias Total 2.219 167 1.645 4.031 Fonte: Junta Comercial do Estado da Bahia - JUCEB, 2007. Por falta de cadastro não foi possível especificar quantos dos estabelecimentos acima registrados na JUCEB utilizam lenha no processo produtivo. Porém deste total de 4.031 estabelecimentos pode haver potenciais usuários de briquetes. Nos municípios localizados na RMS e outros circunvizinhos, a exemplo de Feira de Santana, Inhambupe, Serrinha, Amargosa, Santo Antônio de Jesus existem vários Frigoríficos, licenciados pelo CRA ou em tramitação de licenciamento ambiental, que utilizam lenha no seu processo produtivo para abastecimento da caldeira, conforme Tabela 20 e Figura 53, a seguir: TABELA 20 – QUANTIDADE DE FRIGORÍFICOS COM LICENÇA AMBIENTAL, POR MUNICÍPIO. Município Nº de Frigoríficos Feira de Santana 04 Serrinha 01 Amargosa 01 Sto Antonio de Jesus 01 Inhambupe 03 Simões Filho 02 Fonte: Autora, adaptado do CRA, 2007. 125 FIGURA 53 – LENHA ORIUNDA DE REFLORESTAMENTO PARA USO NA CALDEIRAFRIGORÍFICO DE AMARGOSA. Fonte: Autora, 2007. De acordo com os dados da empresa DIMAN Florestal Ltda, responsável pela venda de lenha oriunda de silvicultura, foram elaboradas a Tabela 21, com a quantidade de estabelecimentos localizados na RMS, os quais esta empresa fornece o produto, que utilizam lenha no processo produtivo e a Tabela 22, com o consumo mensal destes estabelecimentos. TABELA 21 – QUANTIDADE DE ESTABELECIMENTOS QUE UTILIZAM LENHA NA RMS POR ATIVIDADE E MUNICÍPIO. Município/Tipo Salvador Lauro de Camaçari Simões Dias de atividade Freitas Filho D´Ávila Indústria 05 03 02 01 Frigorífico 02 Lavanderia 03 Alimentos e 10 02 01 03 bebidas Hotéis/Motéis 02 Outros 08 03 02 02 01 TOTAL 28 05 06 06 05 Fonte: Autora adaptado dos dados da Empresa DIMAN Florestal Ltda, 2008. Nota: Outros – na maioria são atravessadores que fornecem lenha para pequenos consumidores (padarias, pizzarias e cerâmicas). Conforme a Tabela 21, o município de Salvador concentra a maioria dos estabelecimentos sendo da atividade alimentícia a maior demanda de lenha. 126 TABELA 22 – CONSUMO DE LENHA MENSAL (m3) NA RMS POR ATIVIDADE E MUNICÍPIO Município/Tipo Salvador Lauro de Camaçari Simões Dias de atividade Freitas Filho D´Ávila Indústria 1.806,0 322,5 193,5 96,5 Frigorífico 193,5 Lavanderia 322.5 Alimentos e 64.5 64,5 32,0 96,5 bebidas Hotéis/Motéis 64.5 Outros 548,0 322,5 387,0 258,0 193,5 TOTAL 2.805,5 387,0 741,5 645,0 386,5 Fonte: Autora adaptado dos dados da Empresa DIMAN Florestal Ltda, 2008. Nota: Outros – na maioria são atravessadores que fornecem lenha para pequenos consumidores (padarias, pizzarias e cerâmicas). Conforme a Tabela 22 Salvador é o município com o maior consumo de lenha da RMS seguido por Camaçari onde as atividades industriais e alimentícias também são responsáveis pelo consumo de lenha desta cidade. Com isso, pode-se observar que a utilização das cascas de coco geradas na orla de Salvador para produção de briquetes pode atender a um mercado consumidor diversificado e amplo, tanto na RMS, quanto nos municípios vizinhos. O incentivo do uso deste produto pelo CRA, em empreendimentos passíveis de licença ambiental, poderia implicar em alguns benefícios para o empreendedor tais como: redução da taxa de licenciamento ambiental, certificados de garantia ambiental e parcerias na comercialização do produto final com o Governo do Estado e nos empreendimentos que não necessitam de licença ambiental o Poder Público poderia incentivar reduzindo alguns custos com impostos e diminuindo os juros dos empréstimos financeiros. 7.2 MONTAGEM DA USINA 7.2.1 Usina de Briquetagem Para iniciar o processo de implantação de uma usina de briquetagem, é necessário estudar a região onde se quer montar a usina, verificar a demanda de matéria-prima para abastecer a usina (se constante ou sazonal.) além de verificar o mercado consumidor do produto final (NACBRIQUETES, 2007). 127 De acordo com o processo produtivo de diversas empresas que processam biomassa para geração de briquetes, a exemplo da Biomachine, o mesmo acontece da seguinte maneira: 1 - Recebimento da matéria - prima A matéria-prima deve ser transportada do local de geração até a usina de briquetagem, onde deverá ficar armazenada até a sua utilização. 2 – Triturador/picotador Nesta etapa a matéria-prima será triturada/picotada a fim de obter a granulométria necessária para o processo de briquetagem (05 a 10 mm). 3 – Secador A etapa de secagem da matéria-prima é importante para deixar a mesma com a umidade necessária para o processo de briquetagem (3 a 15%). A redução da umidade do resíduo faz com que o briquete produzido tenha um alto poder calorífico conseqüentemente uma maior eficiência energética (COELHO e outros, 2002). Existem vários tipos de secadores no mercado a escolha entre um deles dependerá do volume de produção, facilidade de operação, entre outros. Vale ressaltar que a secagem da matériaprima poderá ser feita ao ar livre, porém devem-se considerar os períodos de chuva. 4 – Briquetagem Após a secagem, a matéria-prima será transportada até a máquina briquetadeira, para a produção de briquetes. A alimentação deve ser de forma continua a fim de evitar sobrecarga do equipamento. O volume de resíduo fornecido deve ser regulado dentro de valores compatíveis com as dimensões e capacidade de processamento da briquetadeira. 128 Existem no mercado vários tipos de equipamentos de compactação de resíduos lignocelulosico, a saber: Prensa extrusora de pistão mecânico - tecnologia desenvolvida desde o princípio do século sendo bastante conhecida no mundo. Neste tipo de equipamento a compactação acontece por meio de golpes produzidos sobre o resíduo por um pistão acionado por dois volantes. No Rio Grande do Sul já existe fabrica deste equipamento. (QURIRINO, 2005; ABREU, 2005). FIGURA 54 – BRIQUETADEIRA DO TIPO PISTÃO. Fonte: Biomachine, 2007. Prensa extrusora de rosca sem fim - processo muito usado no exterior, a compactação neste equipamento se dá mediante força mecânica produzida por uma rosca sem fim interna; o resíduo é transferido para um desfragmentador que força a entrada do material na câmera de extrusão, sendo briquetado em seguida pela rosca sem fim. Apresenta excelentes resultados, é de fácil manutenção a de investimento favorável se comparado aos outros tipos também produzidos no exterior. (QUIRINO,2005; ABREU, 2005). 129 FIGURA 55 – BRIQUETADEIRA DO TIPO EXTRUSORA DE ROSCA SEM FIM. Fonte: Lippel, 2007. Prensa hidráulica - equipamento que usa um pistão acionado hidraulicamente. O material a ser compactado é alimentado lateralmente por uma rosca sem fim. Uma peça frontal ao embolo abre a expulsa o briquete quando se atinge a pressão desejada. Não é um processo extrusivo e a pressão aplicada geralmente é menor que em outros métodos, produzindo briquetes de menor densidade. No entanto, é o processo com maior número de fabricantes na Europa. (QUIRINO, 2005). 5 – Embalagem Depois de terminado o processo de briquetagem e resfriamento final do briquete, este será embalado em sacos de papelão ou sacos de ráfia. 6 – Estocagem para expedição Os briquetes embalados deverão ficar armazenados sob pallets em uma área coberta até a expedição. 130 7.2.2 Demanda de matéria-prima De acordo com o levantamento feito em campo, a média diária de cascas de coco geradas na área de estudo no período de alta estação foi de 2.798 unidades (mínimo de 1.100 e máximo de 5.680 unidades) e na baixa estação 1.375 unidades (mínimo de 713 e máximo de 3.615 unidades). Segundo os dados do Projeto realizado pelo Governo do Estado da Bahia (BAHIA, 2005), para beneficiamento das cascas de coco verde, considerou-se o peso da casca em média 1,5 Kg dado compatível com a pesagem dos resíduos coletados na área de estudo. Tendo em vista o alto índice de umidade na casca de coco verde, em torno de 85% (ROSA e outros, 2001), inicialmente deve-se descontar este percentual de umidade no peso da casca (água de embebição) e posteriormente descontar 15% da água que fica nas fibras (água de impregnação), adotando-se como referência o mesmo percentual de água de impregnação da fibra da madeira, para então saber quanto de briquete, em peso, será produzido. A Tabela 23 mostra a quantidade, em peso, de cascas de coco geradas diariamente na alta estação, na área de estudo e a quantidade necessária a ser coletada para atender a usina no período de 06 horas de trabalho diário. TABELA 23 – QUANTIDADE, EM PESO, DE CASCAS DE COCO VERDE GERADAS DIARIAMENTE, NA ALTA E BAIXA ESTAÇÃO, NA ÁREA DE ESTUDO E QUANTIDADE NECESSÁRIA PARA ABASTECER A USINA Quantidade de cascas de coco verde na Alta Estação Baixa Estação área de estudo Peso (Kg) Cascas do coco verde 4.197 2.062 Sem 85% de umidade (água embebição) 630 309 Sem 15% de umidade (água de impregnação) 536 253 Quantidade de cascas de coco verde necessária para abastecer a usina em 06 horas Cascas do coco verde Sem 85% de umidade (água embebição) Sem 15% de umidade (água de impregnação) Fonte: Autora, 2007. Nota: * Considerar o abastecimento da usina em 03 horas. Alta Estação Baixa Estação* Peso (Kg) 25.182 3.777 3.210 12.372 1.856 1.578 131 Pela Tabela 23 se observa que a quantidade diária de cascas de coco geradas na alta estação na área de estudo daria para atender a uma produção de 536 kg de briquetes em aproximadamente 01 hora, considerando uma briquetadeira com capacidade de produção de 600 Kg/h. A usina operando por 06 horas diariamente seria necessário a coleta de 25.182 kg de cascas de coco para produzir 3.210 Kg de briquetes em aproximadamente 06 horas de trabalho. Considerando a produção de cascas de coco na baixa estação como aproximadamente a metade da alta estação, foi considerado também três horas de operação, que corresponde a metade da alta estação, portanto a produção de 1.578 kg de briquetes. Apesar do levantamento deste trabalho estar restrito a área do Porto da Barra a Ondina, onde o percentual de cascas de coco verde para atender a usina corresponde a 16,7%, esta avaliação indica que a demanda de matéria-prima para suprir a usina pode ser possível haja vista a extensão da orla existente no município com várias barracas de coco, de praia e vendedores ambulantes além de outros pontos com grande geração de cascas de coco como o comércio, o centro da cidade, (conforme apresentados nas Figuras 13 e 14), os restaurantes, hospitais e hotéis. 7.2.3 Alternativas para equipamentos da Usina Neste trabalho para a montagem da usina foram levantados os custos com equipamentos e energia, não foram abordados os gastos referentes as obras civis, materiais de consumo, pessoal e outros que também fazem parte da instalação de um empreendimento. No entanto, mesmo se tratando de outro tipo de usina para beneficiamento das cascas de coco verde, no projeto elaborado em 2005 pelo Governo do Estado da Bahia, pode-se ter uma referência com relação aos percentuais das despesas de capital (obras civis, equipamentos e material permanente) e correntes (material de consumo, serviço de terceiros/pessoa jurídica e serviços de terceiros/pessoa física) em relação ao valor global do investimento do projeto, os quais foram listados na Tabela 24. 132 TABELA 24 – PERCENTUAL DAS DESPESAS DE CAPITAL E CORRENTES EM RELAÇÃO AO ORÇAMENTO TOTAL DO PROJETO Categorias/elementos Percentual (%) DESPESAS DE CAPITAL 72,32 Obras civis 48,47 Equipamento e material permanente 23,85 DESPESAS CORRENTES 27,68 Material de consumo (06 meses) 7,61 Serviço terceiro/pessoa jurídica (06 meses) 10,69 Serviço terceiro/pessoa física (06 meses) 9,38 TOTAL 100 Fonte: BAHIA, 2005. Na Tabela 24 tem-se que as obras civis representam quase metade do valor do investimento do projeto, sendo que as mesmas estão relacionadas com a construção do galpão. Os equipamentos e materiais permanentes englobam além dos equipamentos para beneficiamento das cascas de coco verde, computador, impressora, cadeiras, dentre outros. Os serviços de terceiros/pessoa jurídica estão relacionados com as despesas com assistência técnica, alimentação com os treinados na fase de implantação da unidade e da cooperativa e despesas com o material gráfico para divulgação do trabalho, já os serviços terceiro/pessoa física diz respeito aos custos com bolsistas cooperados, técnico operacional e administrador (BAHIA, 2005). Alternativa 01 Esta alternativa está associada ao equipamento tradicional vendido no mercado para montagem da usina de briquetagem, incluindo o picotador da matéria-prima. As Tabelas 25 e 26 relacionam os equipamentos necessários para a produção de briquetes com a potência de cada um deles e os custos com equipamentos e energia. 133 TABELA 25 – RELAÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA PRODUÇÃO DE BRIQUETES, COM SUAS RESPECTIVAS POTÊNCIAS – ALTERNATIVA 01 Equipamento Potência (cv) Picador 50 Silo úmido 3,5 Secador Tambor 06 Silo seco 02 Ventilador de exaustão 14 Ventilador de transporte 02 Briquetadeira (capacidade de 600 kg/h) 45 Total (122,5 x 0,7355) 122,5 = 90kwh Fonte: Autora, adaptado de BIomachine, 2007. Nota: Não está incluso o gasto com energia para a fornalha do secador, que poderá ser por meio de queima do próprio briquete, energia elétrica ou gás. 01cv equivale a 0,7355 kwh.. A planta da usina de briquetagem com estes equipamentos encontra-se no anexo C. TABELA 26 – CUSTOS DOS EQUIPAMENTOS E ENERGIA – ALTERNATIVA 01 Custos Preço (R$) Equipamento completo* 375.900,00 Energia/h (90kw x R$ 0,54) 48,57 Energia/mês (R$ 48,57x 6hx22dias) 6.411,24 Fonte: Autora, 2007. Nota: 01kwh custa R$ 0,54 (out/07). * Biomachine, 2007. Alternativa 02 Esta alternativa está associada a utilização de equipamentos alternativos para triturar, prensar e secar a matéria-prima e o uso da briquetadeira. As Tabelas 27 e 28 relacionam os equipamentos necessários para a produção de briquetes com a potência de cada um deles e os custos com equipamentos e energia. TABELA 27 – RELAÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA PRODUÇÃO DE BRIQUETES, COM SUAS RESPECTIVAS POTÊNCIAS – ALTERNATIVA02 Equipamentos Potência (cv) Baia (recebimento da matéria-prima) Guilhotina (fatiamento da matéria-prima) Prensa 05 Secador solar Baia (matéria-prima para processamento) Briquetadeira (capacidade de 600 kg/h) 45 Total 50 = 36,78 kw Fonte: Autora, adaptado de Fortalmag, 2007 e Biomachine, 2007. Nota: 01cv equivale a 0,7355 kwh. 134 O lay-out com a alimentação da briquetadeira encontra-se no anexo D. TABELA 28 – CUSTOS DOS EQUIPAMENTOS E ENERGIA – ALTERNATIVA 02 Custos Preço (R$) Prensa 11.000,00 Briquetadeira (capacidade de 600 kg/h) 241.000,00 Secador solar 6.000,00 Totais equipamentos 258.000,00 Energia/h (36,78kw x R$ 0,54) 19,85 Energia/mês (R$ 19,85x 6hx22dias) 2.621,32 Fonte: Autora, adaptado da Fortalmag (2007), Biomachine (2007) e Carvalho (2008). Nota: Não estão inclusos os custos com a compra da guilhotina e construções das baias. Com o objetivo de reduzir os gastos com energia elétrica as baias a serem utilizadas na usina, para armazenar a matéria-prima, poderão ser construídas em alvenaria e alimentadas manualmente por um cooperado, assim como a guilhotina que poderá ser operada manualmente e terá a função de cortar as cascas do coco. Como haverá necessidade de diminuir a umidade das cascas do coco a fim de proporcionar uma secagem mais rápida da matéria-prima, será utilizada uma prensa, igual a da Figura 22 utilizada na usina de Fortaleza. O líquido oriundo da prensagem das cascas do coco contém tanino, que poderá ser extraído e utilizado, conforme Brígida e Rosa (2003), para curtimento de pele, produção de resinas, corantes, adesivos para madeira e derivados, indústria farmacêutica, além de seu uso como floculantes de certos minerais e como purificadores de gasolina. A Embrapa Agroindústria Tropical desenvolveu uma pesquisa para a utilização do Liquido das Cascas do Coco Verde – LCCV e concluiu que este liquido poderá substituir o cloreto de potássio na fertilização do coqueiro, ou seja, poderá ser utilizado como fertilizante (ROSA e outros, 2004). Com relação ao secador solar a intenção do seu uso está associada à aplicação de tecnologia limpa ao processo. O secador solar descrito por Duzart, Barbosa e Vetter (2000) e desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia – INPA têm o seguinte principio de construção: Uma câmera de secagem é construída em alvenaria e as paredes são pintadas em cor preta para absorver e conservar o calor dentro da câmera. O coletor solar é do tipo simples e plano usando a laje da câmera de secagem como superfície coletora de calor. A 135 cobertura consiste de placas de vidro plano, que serve também como telhado. Dutos de ar fazem a conexão entre o coletor solar e a câmera de secagem e aberturas localizadas nas paredes laterais fazem a renovação do ar. O funcionamento deste secador solar acontece da seguinte maneira: o ar aquecido no coletor solar é conduzido para dentro da câmera e o controle da temperatura e umidade é feito por meio das aberturas laterais. Na alternativa 01 os custos com energia elétrica são muito elevados, pois o picotador consome a metade da energia deste sistema, além dos custos adicionais com energia para a fornalha que alimentará o secador tambor. Com relação à alternativa 02, o consumo de energia elétrica é 59,13% menor do que a alternativa 01, pelo fato de alguns equipamentos operarem manualmente e o secador utilizar energia solar. Os custos com os equipamentos poderão ser reduzidos se os mesmos já forem utilizados, pois empresas localizadas no sudeste e sul do país constantemente estão trocando os equipamentos “antigos” pelos últimos lançamentos. Com isso, a aquisição de equipamentos em bom estado de conservação proporciona a redução dos custos e o reuso de um equipamento que poderia se tornar sucata antes do final de sua vida útil. Com relação ao secador solar o custo pode ser reduzido a depender do tamanho e do material que pode ser utilizado na sua construção. Nos meses de baixa estação, onde a quantidade média diária de cascas do coco verde geradas na área de estudo é aproximadamente metade da alta estação, poderia a usina de briquetagem utilizar como matéria-prima os materiais a base de madeira oriundos da construção civil, indústrias moveleiras e outros que são coletados pela Limpurb e empresas terceirizadas e dispostos em Canabrava sem que haja uma utilização dos mesmos. Na alta estação poderia trabalhar com a produção de briquetes com estes materiais em turno oposto ao das cascas do coco verde. Como já foi abordado na Seção 05, atualmente na Orla de Salvador a coleta dos resíduos sólidos é feita por uma empresa terceirizada a BATTRE Bahia Transferência e Tratamento de Resíduos S/A. O pagamento do serviço é feito com base na quantidade de resíduos coletados 136 que atualmente custa R$ 71,09/t, sendo pago também o valor de R$ 19,32/t para disposição na Estação de Transbordo e R$ 33,34/t para disposição final no aterro AMC. Ressalta-se que estes valores são reajustados anualmente. A Tabela 29 representa o custo dos serviços de coleta e disposição pago pela Limpurb por tonelada de resíduos sólidos em Salvador. TABELA 29 – CUSTO DA LIMPURB COM OS SERVIÇOS DE COLETA E DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS Serviço Custo/ tonelada (R$/t) 1 – Coleta 2 - Disposição na Estação de Transbordo 3 – Disposição final no AMC 71,09 19,32 33,34 Fonte: Autora, adaptado do Diário Oficial do Município, 2007. Como mostrado na Tabela 29, os resíduos que são coletados e seguem para a Estação de Transbordo antes da disposição final no AMC o custo da tonelada é o somatório dos serviços 1, 2 e 3, já com os resíduos que seguem direto para o AMC o custo da tonelada está relacionado ao somatório dos serviços 1 e 2. Considerando os dados da Tabela 29 se elaborou a Tabela 30 com o custo a ser gasto com a coleta e disposição das cascas de coco que poderiam abastecer a usina. TABELA 30 – CUSTO COM A COLETA E DISPOSIÇÃO FINAL DAS CASCAS DE COCO GERADAS NA ÁREA DE ESTUDO E NECESSÁRIA PARA A USINA Alta estação Local de geração de cascas de coco Peso (T/dia) Custo (R$/dia) e (R$/mês) Área de estudo (Porto da Barra a Ondina) 4,197 519,38 e15.581,4 Orla (Rio Vermelho a Itapuã)* 20,985 2.191,46 e 65.743,8 Total necessário para usina 25,182 2.710,84 e 81.325,2 Baixa estação Local de geração de cascas de coco Peso (T/dia) Custo (R$/dia) e (R$/mês) Área de estudo (Porto da Barra a Ondina) 2,062 255,18 e 7.655,4 Orla (Rio Vermelho a Itapuã)* 10,310 1.076,68 e 32.300,26 Total necessário para usina 12,372 1.331,86 e 39.955,30 Fonte: Autora, 2007. Nota: * Foi considerado todo o resíduo coletado a partir do Rio Vermelho com disposição direta no AMC. De acordo com os dados representados na Tabela 30, na alta estação, considerando os meses de outubro a março, o custo mensal para coletar e dispor as cascas de coco no AMC que daria para atender a usina é de R$ 81.325,20, sendo neste período o total igual a R$ 487.951,20. Já na baixa estação, considerando os meses de abril a setembro o custo mensal é de R$ 39.955,30, sendo o total do período R$ 239.731,80, totalizando um custo anual de R$ 727.683,00. 137 Diante do que foi exposto, a implantação da usina é viável, principalmente levando-se em consideração os custos atuais que a Limpurb tem com a coleta e disposição dos resíduos sólidos. Conforme matéria publicada por Pardellas (2008) o novo contrato licitatório desta empresa, o qual acontecerá no ano corrente, poderá render ao consórcio vencedor R$ 04 bilhões por um contrato de 20 anos para os serviços de limpeza pública do município de Salvador. Este contrato se for realmente firmado por tanto tempo e com este valor, merece questionamentos por parte da sociedade civil, até porque um município do porte de Salvador não tem, por exemplo, unidade de beneficiamento de resíduos como cascas de coco verde, já que a tecnologia para este aproveitamento já existe e a quantidade de resíduo gerada no município é durante o ano todo, então pergunta-se: por que continuar coletando e dispondo no aterro sanitário um resíduo que pode ser aproveitado? Por tudo isso, a implantação de uma usina de briquetagem para aproveitamento das cascas de coco verde geradas na orla de Salvador, por meio, do uso de equipamentos das alternativas analisadas pode ser viabilizada inclusive com a possibilidade de parceria da Limpurb com uma Cooperativa, pois além do ganho econômico, social e ambiental existe um ganho referente à venda do produto que atualmente, segundo informações da Nacbriquetes e Eco industrial, varia entre R$ 310 a 500,00 a tonelada para serragem prensada, que já é um referencial. 7.3 DIRETRIZES ESTRUTURANTES PARA A AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE APROVEITAMENTO DAS CASCAS DE COCO VERDE PARA PRODUÇÃO DE BRIQUETES. 7.3.1 Diretriz tecnológica Implantar uma unidade de beneficiamento de cascas de coco verde. A área mínima necessária para implantação da usina é de 2.000 m2 e o galpão deve ser localizado em uma área central de modo a reduzir os gastos com a coleta/transporte dos resíduos ou pode-se optar pela implantação de mais de um galpão a fim de diminuir estes custos. 138 Beneficiar as cascas de coco verde geradas na orla de Salvador por meio de uma coleta diferenciada destes resíduos. Inicialmente se faria o acondicionamento mais adequado das cascas de coco por meio da distribuição de contêineres plásticos, com capacidade de 1m3, estes equipamentos devem ser identificados para facilitar a coleta seletiva e o depósito de resíduos pelos consumidores de água de coco, conter tampa para evitar a proliferação de vetores, rodas para auxiliar o deslocamento na hora da coleta e ser de plástico para facilitar a manutenção por parte dos vendedores. A distribuição deve ser feita em todas as barracas de coco de modo que contemple um contêiner para as barracas com maior geração de resíduos e um para cada duas barracas com menos geração de resíduos. Com relação aos vendedores ambulantes localizados nos logradouros os mesmos deverão acondicionar as cascas em sacos plásticos padronizados e depositá-los em contêineres plásticos de 1m3 a serem localizados em pontos estratégicos (contêineres fixos); já os ambulantes das praias deverão depositar as cascas em cestas plásticas identificadas para esta finalidade e o excesso acondicionar em sacos plásticos e dispor nos contêineres fixos, assim como as cascas geradas pelas barracas de praia. Considerando que em média 300 cascas de coco verde, com peso médio de 1,5 kg, ocupam 1m3, e que na alta estação a média diária de resíduo de coco estimada para abastecer a usina é de 16.788 unidades (25.182/1,5) o que equivale a 56 m3, para a orla de Salvador estima-se uma média de instalação de 56 contêineres com capacidade de 1 m3 para o acondicionamento destas cascas. A coleta deve ser feita diariamente, por caçamba, já que os resíduos não sofrem compactação em um coletor compactador e/ou pelos próprios caminhões que fazem a distribuição dos cocos verdes nas barracas, já que após a distribuição a carroceria do veículo permanece vazia, sendo que neste caso deve haver uma negociação com os caminhoneiros, relativo à ajuda de custo para o combustível. Para o dimensionamento da coleta, é necessário considerar os seguintes parâmetros: distância entre o local de saída dos carros (garagem) e a orla, distância entre a orla e o local da usina, velocidade média de coleta que varia em função do sistema viário, topografia, número da guarnição, quantidade de resíduo, carregamento de veículo e capacidade do veículo. 139 Por ser a área de estudo um local turístico, alguns cuidados também devem ser tomados com relação à coleta dos resíduos uma vez que há variação na quantidade de resíduos devido ao fluxo de pessoas na área. As medidas a serem adotadas devem contemplar: coleta em horas extras, aumentar o número de turnos de trabalho e colocar frota reserva em operação a fim de evitar o acúmulo de resíduos por um longo período consequentemente a proliferação de vetores, a formação de “pontos de lixo” e o impacto visual. O complemento de matéria-prima necessário para o funcionamento da usina pode ser oriundo de alguns pontos da cidade do Salvador que passam também pelos problemas da orla com relação a disposição das cascas de coco verde, estes pontos localizados na área do comércio e do centro da cidade, por exemplo, possuem venda de água de coco durante todo o ano, como pôde ser constatado pelo pesquisador, se constituindo em locais de grande geração de cascas de coco verde. A unidade deverá funcionar de segunda-feira a sábado durante 06 horas/dia devido a demanda da matéria-prima estimada nesta pesquisa, porém caso haja resíduo suficiente para mais processamento este horário poderá ser estendido. 7.3.2 Diretriz Social Para o gerenciamento e operação da usina, deve ser necessário criar uma Cooperativa a qual pode ser pública, privada ou mista. Os próprios vendedores de água de coco verde (barraqueiros e ambulantes) poderiam participar da Cooperativa separando as cascas do coco verde dos outros resíduos e acondicionando-o para a coleta, fazendo parte da equipe de separação os outros cooperados fariam parte das equipes de coleta, beneficiamento e entrega do produto final. Deve ser feita a qualificação dos cooperados por meio de cadastramento e seleção, onde deve ser dada prioridade as pessoas que sobrevivem catando materiais reciclados nas ruas e outras que tenham mão-de-obra qualificada, mas que estejam desempregados. Antes de iniciar a operação da usina os cooperados deverão participar de cursos a fim de adquirirem conhecimento com relação a proposta do trabalho, a coleta dos resíduos, operação dos equipamentos e comercialização do produto. 140 A Limpurb poderia entrar como parceira deste projeto disponibilizando a área pública para implantação da usina, no Parque Metropolitano de Canabrava, fazendo o trabalho de marketing do produto junto a população, buscando novos parceiros como o Governo do Estado e disponibilizando para a cooperativa parte do recursos que seriam gastos com a coleta e disposição das cascas do coco verde no AMC. A divulgação da implantação e operação da usina de briquetagem é importante, pois os vendedores de água de coco verde podem contribuir com a segregação do resíduo na fonte e a disposição para a coleta de maneira adequada, haja vista alguns deles acharem importante ter no município uma unidade de beneficiamento de cascas de coco verde e estarem dispostos a contribuir com a viabilidade da mesma, conforme relatos na pesquisa de campo. O trabalho de divulgação deve ser feito de modo a conquistar o apoio de todos os vendedores de água de coco verde. A necessidade também de informar a população, por meio da imprensa falada e escrita, sobre o projeto para que geradores de cascas de coco verde como hospitais, hotéis, restaurantes e até mesmo as unidades residências segreguem este resíduo e possa entregar em pontos previamente estabelecidos ou na própria unidade de beneficiamento para serem aproveitados impedindo desta forma a disposição final no aterro. Com relação ao incentivo do uso de briquetes com os proprietários de padarias, pizzarias, churrascarias, olarias, frigoríficos, dentre outros poderia a Prefeitura e o Governo do Estado isentar estes tipos de empreendimentos de alguns impostos, o CRA diminuir a taxa de pagamento para o licenciamento ambiental (dos empreendimentos licenciáveis), criar uma espécie de “selo verde“ para adquirir financiamentos com taxas mais baratas, aumentar a fiscalização nos estabelecimentos a fim de identificar a procedência da lenha, dentre outros. 7.4 CONTROLE DE PROCESSO Ensaios para controle de qualidade durante o processo de produção devem ser realizados a fim de garantir a qualidade do briquete. De acordo com os métodos empregados na empresa Eco Industrial deverão ser realizadas as seguintes análises nos briquetes: 141 Teor de umidade – utilizando adaptações da Coordenação Pan-Americana de Normas Técnicas - COPANT 460/72 deve ser feitas três repetições para cada amostra de briquete, obtendo-se a média final do briquete. Análise química imediata – deve ser utilizada a NBR 8112/86 para encontrar o teor de materiais voláteis, teor de cinzas e o teor de carbono fixo do briquete. Densidade – para obtenção da densidade no teor de umidade em que se encontrará o briquete, deve ser feita por meio de adaptações baseadas na norma COPANT 461/74. São três repetições utilizando a média do ensaio. Poder calorífico – O método a ser utilizado para obtenção do poder calorífico terá como ferramenta o calorímetro Parr 1281 (isoberibol). A partir do poder calorífico superior calculase então o poder calorífico inferior. Esse ensaio será executado em duplicatas, obedecendo aos limites de repetição e procedimentos da NBR 8633/84. De acordo com os dados fornecidos, em março de 2008, pela pesquisadora do laboratório de combustíveis e lubrificantes do Instituto de Pesquisa Tecnológica – IPT o valor total para ensaios em biomassa referente a análise de: cinza, poder calorífico superior (incluindo umidade e enxofre), materiais voláteis e hidrogênio (para determinação do poder calorífico inferior) é de R$ 766,00. 8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES O conjunto de impactos gerados pela disposição das cascas de coco verde configura um fato importante na atualidade, principalmente, devido a escassez de áreas para implantação de aterros sanitários, a emissão de metano que contribui para o aumento do aquecimento global, a proliferação de vetores que pode acarretar em propagação de doenças e a poluição visual que afasta as pessoas do local diminuindo o fluxo comercial e conseqüentemente a renda dos comerciantes. A avaliação do potencial de aproveitamento das cascas de coco verde para produção de briquetes implica a redução dos impactos causados com a disposição destas cascas e ainda contribui para a preservação da vegetação nativa devido a substituição da lenha por este produto. Por meio dos dados coletados na área de estudo, trecho da orla marítima de Salvador englobando as praias do Porto da Barra, Farol da Barra e Ondina, a quantidade diária de cascas de coco verde geradas com o consumo de água de coco verde “in natura” na alta estação (meses de outubro a março) foi em média 2.798 unidades e na baixa estação (meses de abril a setembro) a média foi de 1.375 unidades. A pesquisa englobou a coleta de dados das barracas de coco, barracas de praia e dos ambulantes, onde pôde ser constatado que as barracas de coco localizadas na praia de Ondina possuem em relação aos barraqueiros das outras duas praias a maior produção de cascas de coco verde devido principalmente ao maior número de barracas, a existência de uma quadra poliesportiva que atrai várias pessoas para a prática de esportes, a rede de hotéis existente que atrai turistas, a proximidade com o Jardim Zoológico que atrai várias pessoas para este local principalmente nos dias de feriados e finais de semana, além do menor valor cobrado com a venda de água de coco na área de estudo. Em relação aos ambulantes, a maior quantidade de cascas de coco verde foi encontrada com os vendedores do Porto da Barra fato este relacionado com a quantidade de pessoas que freqüentam a praia devido as suas águas calmas, a variedade de esportes que são praticados na 143 areia durante todo o dia além da inexistência de barracas de praia neste local o que faz dos ambulantes vendedores importantes para os freqüentadores desta praia. Diante dos dados coletados na área de estudo, estimou-se a quantidade necessária de cascas de coco verde para a implantação de uma usina de briquetagem. Nesse sentido, realizou-se uma avaliação diferenciada para a alta e baixa estação já que os dados mostraram uma sazonalidade no consumo de água de coco verde “in natura” no trecho pesquisado, não prejudicando, porém o abastecimento da usina com cascas de coco oriundas de outros pontos do município e do uso de outros tipos de resíduos ligno-celulósicos. O custo contabilizado pela Empresa de Limpeza Urbana do Salvador – Limpurb, relativo à coleta e à disposição final de resíduos, na circunscrição da área de estudo, indica um valor médio mensal de R$ 15.581,40 para a coleta das cascas de coco verde geradas na alta estação. Na baixa estação, este custo sofre redução, alcançando o valor de R$ 7.655,40. Estimando-se a necessidade de aproveitamento de 25.182 kg de cascas de coco verde para alimentar a usina na alta estação, durante 06 horas/dia, o valor mensal gasto com a coleta destas cascas seria R$ 81.325,20. Da mesma forma, para a baixa estação, estimando-se o aproveitamento de 12.372 kg de cascas de coco verde, durante 03 horas/dia, o valor mensal gasto seria R$ 39.955,30. No total, o custo anual estimado seria de R$ 727.683,00 para a coleta e a disposição das cascas de coco verde. Com a estimativa destes custos de coleta e disposição das cascas de coco verde, há indícios de ser um atrativo potencial o aproveitamento destes resíduos para a produção de briquetes no município de Salvador. Para tanto, a Limpurb poderia apoiar uma Cooperativa para trabalhar desde o armazenamento das cascas até a venda dos briquetes, socializando dessa forma a renda e o trabalho, e conseqüentemente descentralizando o lucro da empresa terceirizada prestadora do serviço de limpeza urbana de Salvador. O custo aproximado para a implantação da usina de briquetagem, considerando a alternativa 01 com os equipamentos convencionais vendidos no mercado, é de R$ 375.900,00, sendo o custo com a energia em torno de R$ 6.411,24/mês. Para a alternativa 02 onde o uso de equipamentos alternativos foi incorporado ao processo, os custos com os equipamentos e com a energia são R$ 258.000,00 e R$ 2.621,32/mês, respectivamente. 144 Após a implantação da usina, esta poderá produzir briquetes a partir de várias fontes de biomassa, a exemplo do bagaço de cana e dos resíduos de madeira, contribuindo para o aproveitamento de diversos tipos de resíduos. O incentivo para o uso de briquetes pode ser associado à isenção de impostos por parte do Governo do Estado e das Prefeituras, com diminuição da taxa de requerimento da licença ambiental (no caso dos empreendimentos licenciáveis), criação de uma espécie de “selo verde“ para aquisição financeira com taxas mais baratas, intensificação da fiscalização nos estabelecimentos a fim de identificar a procedência da lenha, dentre outros. O aproveitamento das cascas de coco verde surge como uma oportunidade de aumentar a vida útil dos aterros, devido a não disposição deste resíduo, já que 2,4 m2/dia é a área ocupada pelas cascas de coco que poderia abastecer a usina na alta estação; reduzir a emissão de metano para a atmosfera, melhorar a saúde pública devido a menor proliferação de vetores que transmitem doenças ao homem, acabar com o impacto visual causado pelo armazenamento e coleta inadequados, agregar valor a um resíduo, reduzir os gastos com a limpeza pública, gerar emprego e renda para uma classe social menos favorecida e profissionais com mão-de-obra qualificada que estejam desempregados, diminuir o impacto causado pela supressão de vegetação nativa para o uso de lenha e conscientizar/orientar a população do quanto é importante reduzir e aproveitar os resíduos. O estudo realizado poderá contribuir para uma maior abrangência do aproveitamento das cascas de coco verde em todo o Estado da Bahia principalmente na faixa litorânea onde o consumo de água de coco “in natura” é bastante apreciado por moradores e turistas, além das indústrias que engarrafam água de coco verde. Como recomendações para trabalhos futuros, destacam-se os estudos de mobiliários urbanos para acondicionamento das cascas de coco oriundas, principalmente, da venda de água de coco pelos ambulantes das praias e barracas, bem como o desenvolvimento de instrumentos de coleta, já que foram levantados dados com relação ao peso médio das cascas de coco verde (1,5kg) e ao volume médio ocupado por 300 cascas (1m3). Além disso, também são indicados: um diagnóstico do coco verde para toda área da RMS; pesquisas sobre a utilização do líquido resultante da prensagem do coco verde; e estudos para a criação de cooperativas de beneficiamento das cascas de coco verde e suas diversas aplicações. 145 REFERÊNCIAS ABREU, Paulo Henrique Fernandes de. Formas de aproveitamento do resíduo da madeira.2005.46f. Monografia. Universidade Estadual de Maringá. Centro de Tecnologia – Departamento de Informática.Maringá. AGENCIA BRASIL.Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente. Aproveitamento agroindustrial da casca de coco verde ainda é reduzido. Disponível em:< http://www.radiobras.gov.br> acesso 10 Ago 2004. ALIANÇA MATA ATLÂNTICA.Sobre o bioma mata atlântica. Disponível em: <http:// www.aliancamataatlantica.org.br/bioma.htm > acesso 21 Out 2007. AMARAL, Fernando Luciano Merli do. Biodigestão Anaeróbia dos Resíduos Sólidos: Um panorama Tecnológico atual. 2004.107f.Dissertação. Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT. 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Disponível em: <http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/biomas/index.cfm> acesso 15 Dez 2006. 154 ANEXO 155 Anexo A: Formulário aplicado aos vendedores de coco verde na área de estudo. 1 - De onde vem o coco verde que você vende? 2 – Quantas vezes por semana você compra coco e quantos são comprados por vez? 3 – Há diferença de consumo no inverno e no verão? 4 – Quais são os meses em que as vendas são elevadas? 5 – Qual a quantidade de coco verde vendida por dia? 4 – Onde os cocos ficam armazenados antes da venda? 5 - Como as cascas de coco são acondicionadas após a venda da água de coco? Os recipientes são suficientes e apropriados para colocar as cascas de coco? Os recipientes foram comprados ou doados pela Prefeitura? 6 – Em que local são colocadas as cascas (areia da praia, caixas estacionárias, logradouro, áreas verdes, dentre outros) para que sejam coletadas pela Prefeitura? A coleta das cascas de coco é regular? Quantas vezes por dia são realizadas? 7 – Qual tipo de pessoas (turistas, transeuntes, banhistas, atletas, “pessoal do cooper”, dentre outros) compram coco com você? 8 – Você trabalha para alguém ou é dono do próprio negócio? Quantos dias e quantas horas/dia você trabalha? 9 – Quais os problemas enfrentados com a venda de água de coco, considerando da compra do coco até o descarte para a coleta? 10 – Você sabe que as cascas de coco verde podem ser aproveitadas para diversos usos? 11 – Você tem interesse em participar de um projeto voltado para o aproveitamento das cascas de coco, ajudando na separação das cascas, para uma coleta seletiva, por exemplo? 156 Anexo B: Figuras com os gráficos das produções diárias, por praia, de cascas de coco verde, referentes ao período de out/06 a out/07 (Fonte: Autora, 2007). FIGURA 01 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Out/06. Produção total de cascas (Outubro, 2006) 2500 Total Porto / dia Total Farrol / dia 2000 Total ondina / dia 1500 1000 500 0 02/10 seg 04/10 qua 06/10 sex 08/10 dom 10/10 ter 12/10 qui 14/10 sab 16/10 seg 18/10 qua 20/10 sex 22/10 dom 24/10 ter 26/10 qui 28/10 sab 31/10 seg FIGURA 02 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Nov/06. Produção total de cascas (Novembro, 2006) 3000 Total Porto / dia 2500 Total Farrol / dia Total ondina / dia 2000 1500 1000 500 0 02/11 qui 04/11 sab 06/11 seg 07/11 ter 10/11 sex 12/11dom 15/11 qua 17/11 sex 19/11 dom 21/11 ter 23/11 qui 25/11 sab 26/11 dom 29/11 qua 30/11 qui 157 FIGURA 03 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Dez/06. Produção total de cascas (Dezembro, 2006) 3000 Total Porto / dia 2500 Total Farrol / dia Total ondina / dia 2000 1500 1000 500 0 01/12 sex 03/12 dom 05/12 ter 06/12 qua 08/12 sex 10/12 dom 11/12 seg 13/12 qua 16/12 sab 18/12 seg 19/12 ter 22/12 sex 26/12 ter 28/12 qui 30/12 sab FIGURA 04 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Jan/07. Produção total de cascas (Janeiro, 2007) 3500 3000 2500 2000 Total Porto / dia Total Farrol / dia 1500 Total ondina / dia 1000 500 0 03/01 qua 04/01 qui 06/01 sab 08/01 seg 10/01 qua 12/01 sex 14/01 dom 16/01 ter 18/01 qui 20/01 sab 22/01 seg 24/01 qua 26/01 sex 28/01 dom 30/01 ter 158 FIGURA 05 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Fev/07. Produção total de cascas (Fevereiro, 2007) 2500 2000 Total Porto / dia 1500 Total Farrol / dia Total ondina / dia 1000 500 0 01/02 qui 03/02 sab 05/02 seg 06/02 ter 07/02 qua 08/02 qui 09/02 sex 11/02 dom 12/02 seg 14/02 qua 22/02 qui 24/02 sab 26/02 seg 27/02 ter 28/02 qua FIGURA 06 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Mar/07. Produção total de cascas (Março, 2007) 1600 1400 1200 1000 Total Porto / dia Total Farrol / dia 800 Total ondina / dia 600 400 200 0 02/03 sex 05/03 seg 09/03 sex 11/03 dom 13/03 ter 15/03 qui 17/03 sab 19/03 seg 20/03 ter 22/03 qui 24/03 sab 25/03 dom 27/03 ter 30/03 sex 31/03 sab 159 FIGURA 07 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Abr/07. Produção total de cascas (Abril, 2007) 2500 2000 1500 Total Porto / dia Total Farrol / dia Total ondina / dia 1000 500 0 01/04 dom 03/04 ter 04/04 qua 07/04 sab 09/04 seg 11/04 qua 13/04 sex 14/04 sab 16/04 seg 19/04 qui 21/04 sab 23/04 seg 25/04 qua 27/04 sex 29/04 dom FIGURA 08 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Mai/07. Produção total de cascas (Maio, 2007) 2500 2000 1500 Total Porto / dia Total Farrol / dia Total ondina / dia 1000 500 0 01/05 ter 03/05 qui 05/05 sab 07/05 seg 10/05 qui 12/05 sab 14/05 seg 16/05 qua 18/05 sex 20/05 dom 22/05 ter 24/05 qui 26/05 sab 29/05 ter 31/05 qui 160 FIGURA 09 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Jun/07. Produção total de cascas (Junho, 2007) 1000 900 800 700 600 Total Porto / dia 500 Total Farrol / dia Total ondina / dia 400 300 200 100 0 02/06 sab 04/06 seg 06/06 qua 07/06 qui 08/06 sex 10/06 dom 12/06 ter 14/06 qui 17/06 dom 19/06 ter 21/06 qui 25/06 seg 27/06 qua 28/06 qui 30/06 sab FIGURA 10 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Jul/07. Produção total de cascas (Julho, 2007) 1000 900 800 700 600 Total Porto / dia Total Farrol / dia 500 Total ondina / dia 400 300 200 100 0 03/07 ter 06/07 sex 08/07 dom 10/07 ter 12/07 qui 14/07 sab 16/07 seg 18/07 qua 20/07 sex 22/07 dom 23/07 seg 25/07 qua 27/07 sex 29/07 dom 31/07 ter 161 FIGURA 11 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Ago/07. Produção total de cascas (Agosto, 2007) 900 800 700 600 Total Porto / dia 500 Total Farrol / dia 400 Total ondina / dia 300 200 100 0 02/08 qui 04/08 sab 06/08 seg 08/08 qua 10/08 sex 12/08 dom 14/08 ter 16/08 qui 18/08 sab 20/08 seg 22/08 qua 23/08 qui 25/8 sab 26/08 dom 31/08 sex FIGURA 12 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Set/07. Produção total de cascas (setembro, 2007) 1400 1200 1000 Total Porto / dia 800 Total Farrol / dia 600 Total ondina / dia 400 200 0 07/09 sex 09/09 dom 11/09 ter 12/09 qua 13/09 qui 15/09 sab 17/09 seg 18/09 ter 20/09 qui 21/09 sex 23/09 dom 24/09 seg 26/09 qua 28/09 sex 30/09 dom FIGURA 13 – Quantidade diária de cascas de coco verde no mês de Out/07. Produção total de cascas (outubro, 2007) 2500 2000 1500 Total Porto / dia Total Farrol / dia Total ondina / dia 1000 500 0 02/10 ter 04/10 qui 06/10 sab 08/10 seg 10/10 qua 12/10 sex 14/10 dom 15/10 seg 18/10 qui 21/10 dom 23/10 ter 25/10 qui 26/10 sex 27/10 sab 29/10 seg 162 Anexo C: Planta de Briquetagem e Picador/repicador (Fonte: Biomachine, 2007). 163 Anexo D: Lay out da alimentação da briquetadeira utilizando silo subterrâneo e aéreo (Fonte: Biomachine, 2007).