A CONSTRUÇÃO DA LOGÍSTICA REVERSA DA CASCA DE COCO VERDE EM CUIABÁ/MT: UM ENFOQUE A PARTIR DA ECONOMIA ECOLÓGICA Autora:Nelci Bussolo da Silva Orientador: Prof. Dr. Alexandre Magno de Melo Faria RESUMO Considerada uma das cidades mais quentes do mundo, Cuiabá tem demonstrado crescimento significativo nesses últimos anos no consumo de água de coco verde. A grande demanda é suprida principalmente pela extração da água do fruto in natura, contudo, o coco verde após ser consumido torna-se um grande problema, causando grandes impactos ambientais, se o descarte das cascas não forem tratados racionalmente. As análises deste trabalho se fundamentaram na discussão da economia ecológica e no debate da sustentabilidade, com utilização de rejeitos de casca de coco verde pós-consumo como transumo apresentando-se como potencialidade não só para dirimir a questão dos resíduos sólidos urbanos, mas como um mecanismo de inclusão social e econômico servindo, portanto, como um promotor de um possível desenvolvimento sustentável. A coleta de resíduos de coco verde em Cuiabá pode ser um fator limitante no aproveitamento econômico desse material, pois os pontos de venda de água de coco são bastante dispersos, o que encarece a coleta desses resíduos. Dessa maneira, o objetivo geral deste trabalho é estimar o preço mínimo que poderia influenciar os agentes de mercado a construir uma Logística Reversa de coleta dos resíduos do coco verde no município de Cuiabá, para seu aproveitamento. Conforme dados levantados pelas empresas Vetor Pesquisas (2005) e Funciona Consultoria (2006), ambas de Cuiabá-MT, são consumidos anualmente em média 2.250.000 unidades de coco verde in natura. Segundo pesquisadores da Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza/CE), cada coco pesa em média 1,5 quilo, portanto têm-se 3.375 toneladas/ano de resíduos sólidos descartados, 25% desse volume são de material aproveitável (fibra e pó), o que corresponde a 843 toneladas/ano. Considerando o coeficiente técnico nacional de 88% para o recolhimento de resíduos sólidos urbanos, estima-se que 742 toneladas/ano de matéria prima não são aproveitadas corretamente. A partir dos dados referentes à quantidade de coco verde consumidos e a quantidade de resíduo gerado no município, realizou-se um estudo econômico adaptado para o caso específico de Cuiabá, de um projeto de viabilidade econômica de uma unidade de reciclagem da casca do coco verde, projetada para a cidade de Fortaleza-CE, realizado pela Embrapa Agroindústria Tropical de Fortaleza. Os resultados possibilitaram chegar ao preço de R$0,06 para se obter uma unidade de casca de coco descartada pós-consumo. O preço da logística reversa dos resíduos de coco verde podem ser balizadores de políticas públicas de regulação da atividade, contribuindo para que os agentes econômicos se sintam motivados, tanto os possíveis agentes do mercado de oferta de transumo (catadores, cooperativas, empreendimentos de logística) quanto os possíveis recicladores que terão um preço de referência para aquisição de matéria-prima. Palavras‐Chave: Casca de coco verde, Logística Reversa, Economia Ecológica.