Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia
CONTECC’ 2015
Centro de Eventos do Ceará - Fortaleza - CE
15 a 18 de setembro de 2015
A BIOMASSA DO COCO VERDE (Cocos nucifera)
FRANCISCO DE ASSIS DA SILVA MOTA1, RENAN ALVES VIEGAS2*,
FRANCISCO FRANCIELLE PINHEIRO DOS SANTOS3, ANDRÉ SALES DE AGUIAR FURTADO4
1
Mr. Professor em Engenharia Química, UFPI, Teresina-PI. Fone: (86) 3237-2212, [email protected]
Aluno de Engenharia de Produção, UFPI, Teresina – PI. Fone: (86) 98806-9515, [email protected]
3
Dr.Professor em Engenharia de Teleinformática, UFC, Fortaleza-CE. Fone:(85)98835-7368, [email protected]
4
Aluno de Engenharia Mecânica, UFPI, Teresina – PI. Fone: (86) 3237-2212, [email protected]
2
Apresentado no
Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia – CONTECC’ 2015
15 a 18 de setembro de 2015 - Fortaleza-CE, Brasil.
RESUMO: Um dos maiores problemas encontrados nas grandes praias brasileiras diz respeito ao
grande acúmulo de resíduos sólidos, principalmente os gerados pelo consumo de água de coco verde.
Diante do aumento na geração desses resíduos, o trabalho em questão teve como objetivo fazer uma
quantificação da quantidade de biomassa do coco verde disponível, além disso, descrever métodos e
técnicas para uso da biomassa de maneira eficiente e ambientalmente correta. Assim, realizou-se uma
busca estruturada por intermédio das plataformas científicas SciELO, Google Acadêmico e Periódicos
da CAPES. Além disso, consultou-se em sites especializados como o site da Embrapa, IBGE e Conab.
Com a pesquisa, pôde-se observar que a biomassa de coco verde se apresenta em grande quantidade e
disponibilidade, o que a torna, diante dos principais problemas abordados, uma grande solução em
termos de produção de energia.
PALAVRAS-CHAVE: Biomassa, Cocos nucifera, energia
ABSTRACT: A major problem found in major Brazilian beaches regard to the large accumulation of
solid waste, mainly generated by the green coconut water consumption. Before the increase in the
generation of waste, the work in question aimed to make a quantification of the amount of biomass
available coconut furthermore describe methods and techniques to use biomass efficiently and
environmentally friendly. Thus, there was a structured search through the scientific platforms SciELO,
Google Scholar and CAPES Journal. It also consulted on specialized sites like site of Embrapa, IBGE
and Conab. Through research, it was observed that the biomass of green coconut comes in great
quantity and availability, making it, in front of the main issues addressed, a great solution in terms of
energy production.
KEYWORDS: Biomass, Cocos nucifera, energy
INTRODUÇÃO
Um dos maiores problemas encontrados nas grandes praias brasileiras diz respeito ao grande acúmulo
de resíduos sólidos, principalmente os gerados pelo consumo de água de coco verde (Cocos nucifera).
Estima-se que esse aumento gera 6,7 milhões de toneladas de casca/ano, tornando-se um sério
problema ambiental, nas cidades litorâneas, por exemplo, as cascas chegam a representar 80% do lixo
recolhido (Bitencourt & Pedrotti, 2008). Quando depositados de forma inadequada, os resíduos sólidos
podem causar mau cheiro, degradar a paisagem, colocar em risco o meio ambiente e contribuir para a
proliferação de mosquitos transmissores de doenças (Silveira, 2008). Segundo Pino (2005), somente
em São Paulo, nos últimos anos, a produção de coco foi incrementada em 68%, sendo que esse
consumo pode ser refletido no aumento do consumo de água de coco, que representa 1,4% do
consumo de bebidas no Brasil.
Devido a esses e outros problemas referentes ao aumento no consumo de água de coco verde,
encontra-se na literatura vários trabalhos relatando maneiras diferentes de se utilizar os resíduos do
coco. As opções variam desde a produção de objetos artesanais, confecção de lembranças, utilização
da fibra em filtros naturais, produção de energia renovável, confecção de briquetes, entre outros. Essas
medidas são necessárias, visto que o consumo de coco tende a crescer cada vez mais, influenciado
pelas características climáticas e turísticas do país.
Diante do aumento na geração desses resíduos, o trabalho em questão tem como objetivo fazer, por
meio da análise de outras publicações referentes ao tema, uma quantificação da quantidade de
biomassa do coco verde disponível, além disso, descrever métodos e técnicas para uso da biomassa de
maneira eficiente e ambientalmente correta, como na produção de energia renovável. Ademais, o
artigo objetiva também prover informações sobre essa importante biomassa que ainda carece de
informações sobre seu uso na produção de energia.
MATERIAL E MÉTODOS
Com o intuito de encontrar artigos sobre o tema pesquisado realizou-se uma busca estruturada por
intermédio das plataformas científicas SciELO, Google Acadêmico e Periódicos da CAPES. Além
disso, consultou-se em sites especializados como o site da Embrapa, IBGE e Conab para obter dados
referentes à produção e consumo de coco.
Nas Plataformas, procurou-se pelo termo “Cocos nucifera”, restringindo a pesquisa por artigos e por
data mais recente, para obterem-se dados atuais de produção e destino da biomassa do coco verde.
Nos sites da Embrapa, IBGE e Conab procurou-se por dados referentes à produção e consumo, tanto
do coco, como de um dos seus principais produto, a água. Também se verificou no site da Embrapa,
projetos sobre a utilização da biomassa do coco verde.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Produção de coco verde no Brasil e no Mundo
Segundo Fontes & Wanderley (2010), 80% de toda a área plantada com coqueiro no mundo situa-se
na Ásia, nos países da Índia, Filipinas, Indonésia, Sri Lanka e Tailândia, e o restante 20%, fica nos
países Africanos, Latino Americanos, na Oceania e no Caribe. O Brasil ocupa atualmente a quarta
posição no ranking mundial de produção de coco verde, produzindo aproximadamente 2,8 milhões de
toneladas em uma área colhida de 287 mil ha (Martins & Júnior, 2011). Os dados da tabela 1
demonstram a produção de coco verde nos principais estados produtores brasileiros segundo o IBGE
(Produção Agrícola Municipal, 2010).
No total, o país produziu 1.891.687 t (toneladas) no ano de 2010, sendo que na região norte o maior
produtor foi o estado do Pará com 232.076 t, na região nordeste o maior produtor foi o estado da
Bahia, com uma produção total de 502.364, na região sudeste, o maior produtor foi o estado do
Espírito Santo, com uma produção de 149.899 t, na região sul, o único produtor foi o estado do
Paraná, com 2.282 t, no centro-oeste o estado do Mato Grosso teve a maior produção, 20.451 t. O
estado da Bahia responde pela maior produção nacional, contribuindo com aproximadamente 26,56%
da produção, o estado do Ceará fica na segunda colocação, com quase 14% da produção nacional. O
nordeste brasileiro, talvez influenciado pelas características climáticas, figura como a região com
maior produção, perfazendo cerca de 70% da produção no Brasil. Esses dados da tabela 1 são
referentes somente à produção do Coco da Bahia, mas permite uma visualização geral no panorama de
produção de coco no Brasil.
Segundo Rosa et al (2002), de 80% a 85% do peso bruto do coco é representado pela casca, sendo o
restante a parte aproveitável, compreendida pelo albúmen e água do coco. Confrontando esse dado
com a produção de coco para o ano de 2010, notamos que são produzidos em média 1.607.900
toneladas de resíduos (Biomassa). Essa é uma imensa quantidade de resíduos gerados e deve ser
administrada de forma correta e com vista à produção de energia e conservação do meio ambiente.
Principais alternativas para uso da biomassa do coco verde
A biomassa gerada pela produção de coco verde, como foi demonstrado, é um grande problema para o
governo, principalmente governo de cidades litorâneas, onde o consumo da água de coco é elevado.
Alguns pesquisadores, assim como órgãos, como a Embrapa estudam meios de empregar a biomassa
do coco verde (epicarpo, mesocarpo e endocarpo) de forma correta, sem prejudicar o meio ambiente.
A tabela 2 mostra alguns dos meios destinados à biomassa gerada pela produção do coco verde (dados
obtidos em artigos provenientes dos periódicos pesquisados).
Grandes Regiões e
Unidades da
Federação
Brasil
Tabela 01: Produção de coco verde no Brasil em 2010
Área
Quantidade
Área Destinada
Rendimento
Colhida Produzida
a Colheita (há)
Médio (Kg/há)
(há)
(t)
Valor da
Produção
(1000 R$)
276.616
274.773
1.891.687
6.885
788.584
Norte
28.468
27.414
254.673
9.290
82.186
Amazonas
3.299
2.263
8.875
3.922
7.149
Pará
23.935
23.935
232.073
9.696
6.994
786
786
11.244
14.641
6994
224.095
223.368
1.294.075
5.793
534.512
Ceará
44.093
44.090
263.684
5.981
104.631
Rio Grande do Norte
22.552
22.541
62.417
2.769
24.656
Paraiba
11.454
11.454
63.267
5.524
26.716
Pernambuco
10.761
10.059
71.346
7.093
23.548
Alagoas
12.576
12.576
55.320
4.399
24.551
Sergipe
41.890
41.890
253.621
6.054
98.068
Bahia
76.985
76.985
502.364
6.525
221.656
20.296
20.236
299.637
14.807
141.276
Espírito Santo
10.002
10.002
149.899
14.987
57.722
Rio de Janeiro
4.426
4.426
74.077
16.737
38.344
202
200
2.282
11.410
28.993
202
200
2.282
11.410
28.993
3.555
3.555
41.020
11.539
28.993
Mato Grosso
1.757
1.757
20.451
11.640
17.335
Goiás
1.328
1.328
16.016
12.060
8.333
Tocantins
Nordeste
Sudeste
Sul
Paraná
Centro-Oeste
Fonte: Adaptado de IBGE – Produção Agrícola Municipal (2010)
Como pode ser visto pelo quadro 1, são várias as possibilidades de destino dada ao resíduo gerado pela
produção do coco verde. Além dessas opções, os resíduos podem ser utilizados em muitas outras
atividades, como na produção de artesanato, peças decorativas e até móveis. A fibra pode ser utilizada
na fabricação de forros naturais ou como filtro em estações de tratamento de esgoto. O endocarpo
pode ser aproveitado na produção de carvão vegetal, com o advento da técnica de pirólise, como foi
demonstrado no trabalho de Andrade et al (2004).
Outra grande aplicação que pode ser dada ao resíduo gerado pela produção de coco verde é na
produção de energias renováveis. É de conhecimento geral que o Brasil figura como o país que possui
o maior percentual de energia renovável em sua matriz energética, cerca de 40%, segundo
Goldemberg & Lucon (2007). A biomassa gerada pelas cascas do coco pode ser utilizada na produção
do bio-óleo, carvão vegetal ou gás combustível por intermédio do processo termoquímico de pirólise.
No Brasil, alguns projetos já objetivam a utilização da casca do coco verde na produção de energias
renováveis, dentre eles o projeto da Universidade Federal do Piauí para construção e operação de uma
unidade piloto destinada a produção de bio-óleo.
Quadro 01: Alternativas de uso da biomassa
PESQUISA
Pino (2005)
Sousa et al (2007)
Andrade et al (2004)
DESTINO PARA A BIOMASSA
Material sorvente para a destoxificação de efluentes industriais
Material bioadsorbente de baixo custo para tratamento de
efluentes industriais contaminados por metais tóxicos.
Material de pirólise para produção de carvão vegetal (fibras e
endocarpo)
Carrijo, Liz & Makishima (2002).
Fibra de coco verde como substrato agrícola
Rocha et al (2012)
Utilização do mesocarpo do coco verde para remoção do
corante cinza reativo BF-2R
Fonte: Elaborado pelo autor
CONCLUSÃO
A biomassa de coco verde se apresenta em grande quantidade e disponibilidade, o que a torna, diante
dos principais problemas abordados, uma grande solução em termos de produção de energia, como a
geração de combustíveis líquidos por intermédio da pirólise, formação de briquetes ou mesmo
utilizado no artesanato.
O que se verifica com o estudo é que existe uma grande quantidade de biomassa de coco verde e
também muitos métodos para uso dessa biomassa. O estudo demonstra também que a grande produção
de coco pode significar não um problema, como alguns estudos fazem, mas sim uma solução, visto
que um dos grandes problemas mundiais da atualidade é o enorme consumo de combustíveis
derivados do petróleo, e a biomassa apresenta-se como alternativa para combater esse grande consumo
e ajudar com a preservação do meio ambiente.
REFERÊNCIAS
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e análise do carvão vegetal. Rev. Árvore, Viçosa , v. 28, n. 5, p. 707-714, Out. 2004.
BITENCOURT, D. V.; PEDROTTI, A. Usos da casca de coco: Estudo das viabilidades de implantação de
usina de beneficiamento de fibra de coco em Sergipe. Revista da Fapese, v. 4, n. 2, p. 113-122, 2008.
CARRIJO, O. A.; LIZ, R. S.; MAKISHIMA, N. Fibra da casca do coco verde como substrato agrícola.
Horticultura Brasileira, Brasiília, v. 20, n. 4, p. 533-535.
F.B.S.; NORÔES, E.R.V. Caracterização do pó da casca de coco verde usado como substrato agrícola.
Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2001. 6 p. (Comunicado Técnico, 54).
GOLDEMBERG, J.; LUCON. O. Energia e meio ambiente no Brasil. Estudos avançados, v. 21, n.p. (59),
2007.
IBGE. Produção agrícola municipal – Culturas temporárias e permanentes. Disponível em
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/pam/2010/PAM2010_Publicacao_completa.pdf>.
Acesso
em 8 de maio de 2015.
MARTINS, C. R.; JÚNIOR, L. A. J. Evolução da produção de coco no Brasil e o comércio internacional –
Panorama 2010. Embrapa, Aracaju – SE, 2011.
PINO, G. A. H. Biossorção de metais pesados utilizando pó da casca de coco verde (Cocos
nucifera). Mestrado em Engenharia Metalúrgica – PUC – Rio de Janeiro, 2005.
ROCHA, Otidene Rossiter Sá da et al . Avaliação do processo adsortivo utilizando mesocarpo de coco verde
para remoção do corante cinza reativo BF-2R. Quím. Nova, São Paulo , v. 35, n. 7, p. 1369-1374, 2012 .
ROSA, M.F; SANTOS, F.J.S.; MONTENEGRO, A.A.T.; ABREU,F.A.P.; CORREIA, D; ARAUJO,
SILVEIRA, M. S. Aproveitamento das cascas de coco verde para produção de briquete em Salvador – BA.
Dissertação de mestrado em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo – Universidade
Federal da Bahia, 2008.
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A BIOMASSA DO COCO VERDE (Cocos nucifera)