-1ELEMENTOS DO PLANO DE AULA Beatriz Gomes Nadal O que é uma aula? Podemos dizer que a aula é um momento estruturado de trabalho no qual se processa o processo de ensino. Isso significa que a idéia de aula pressupõe sujeitos – professor e alunos; um objeto de trabalho e, por isso, elemento de ligação entre eles – o conteúdo; situações didáticas capazes de permitir a ação conjunta e colaborativa entre os sujeitos e seu objeto de trabalho. Porém, a idéia de aula traz um componente diferenciado: a percepção de que o trabalho de professores e alunos sobre o conhecimento, através de situações didáticas, exige uma estruturação através de momentos e etapas no espaço escolar. CABEÇALHO Identificação da instituição, curso, disciplina, professor, série/turma, data e assunto da aula. ESQUEMA DO CONTEÚDO Refere-se aos tópicos significativos, mais importantes, que serão objeto de estudo durante a aula. Sua redação pode ser objetiva, em itens e subitens ou mesmo através de um pequeno esquema que possibilite compreensão. O esquema do conteúdo não deve ser confundido com o “conteúdo em si”, ou seja, é inviável, no plano, transcrever todo o conhecimento que será trabalhado por professor e alunos, o que tornaria o plano extenso e levaria à perda de sua objetividade. Todavia, a temática da aula, pode estar registrada em fichas que se constituirão em anexos do plano de aula. OBJETIVOS - devem ser atingidos pelo aluno no espaço desta aula - indicam a capacidade que queremos ver desenvolvida no aluno em relação ao conteúdo, assim, é importante estar atento para qual o nível de operação mental que estará em questão - serão determinantes da escolha das estratégias, dos recursos, da distribuição do tempo e, quando for o caso, da avaliação - não são atividades MOBILIZAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM - não é a apresentação do conteúdo, mas sim o momento em que buscamos despertar a motivação do aluno para tal aprendizagem - um aluno se sente motivado, essencialmente, quando: é desafiado/desequilibrado, percebe que o conteúdo é significativo porque corresponde às suas necessidades/vivências, porque pode resolver problemas com eles ou compreender o mundo à sua volta - indicar também a organização da classe (fila, círculo, grupos, etc) - utiliza cerca de 10% do tempo destinado à aula METODOLOGIA - é o momento no qual o conteúdo novo será trabalhado junto com aluno (desenvolvimento) - decorre naturalmente do momento da introdução, não há um “corte” no desenvolvimento da aula - a escolha das estratégias deve ser decorrente/estar coerente com o que visam os objetivos (essas estratégias permitem ao aluno atingir aqueles objetivos?) - as estratégias escolhidas devem: permitir ao aluno ser sujeito de sua aprendizagem, reconstruindo saberes, agindo sobre o conhecimento; permitir ao professor ser mediador, não um transmissor que se constitui como única fonte do conhecimento a ser aprendido - há estreita relação entre as estratégias escolhidas e a participação/envolvimento do aluno na aula, motivo pelo qual não podemos desconsiderar as características dos alunos que estão, hoje, nas escolas - é fundamental ao professor ser criativo permitindo a seu aluno, ao aprender, exercer ele também os processos de criatividade, questionamento, compreensão, construção do conhecimento - há que haver explicitação das ações docentes e discentes, ou seja, o que exatamente estarão fazendo professores e alunos - ensino como mediação e aprendizagem efetiva exige sistematização do conteúdo - é importante, para a consolidação da aprendizagem, a proposição de processos de fixação - indicar também a organização da classe (fila, círculo, grupos, etc) RECURSOS -1- -2- SÍNTESE INTEGRADORA São as práticas pedagógicas organizadas para permitir ao aluno integrar as diferentes aprendizagens que se fizeram de modo parcelado durante os momentos anteriores da aula. A síntese integradora proporciona ao aluno uma visão de conjunto, uma visão do todo deixando claras as relações entre os diferentes aspectos, tópicos, sub-temas abordados durante a aula, buscando articulação e concatenação pois, ao situar os conhecimentos “parciais” em seu todo, é possível perceber as inter-relações básicas. É verdade que, ao iniciar a aula, os alunos, normalmente, já possuem uma visão geral do assunto. Contudo, naquele momento, essa visão geral é desorganizada, sincrética. A partir do estudo detalhado do conhecimento é possível aos alunos retomar tal visão geral, contudo, agora, numa “superior integração na qual os fatos aprendidos se organizem dinamicamente em estruturas compreensivas e racionais, para orientálos na ação e na problemática da vida real e do trabalho”. (MATOS, 1971, p. 350)1 A síntese integradora pode ser realizada pelo professor, mas o importante é que ela se processe “na cabeça do aluno”. Sendo assim, pode-se utilizar diferentes técnicas como: - condução à visão geral, articulada, através da proposição de problemas e perguntas orais, feitas aos alunos - construção de uma visão geral, articulada, através de comentários dos alunos desenvolvidos a partir de gravura, pequeno texto ou esquema relativo à temática da aula - construção de uma visão geral, articulada, através da elaboração cooperativa de um quadro sinótico compreensivo - construção de uma visão geral, articulada, através da produção escrita, pelos alunos, de suas inferências conclusivas relativas aos conhecimentos trabalhados durante a aula - apresentação da visão geral, articulada, pelo professor, apoiando-se de esquema relativo ao conteúdo trabalhado REFERÊNCIAS Relação de fontes utilizadas para o planejamento da aula. 1 MATTOS, L. A. Sumário de didática geral. Rio de Janeiro, Editora Aurora, 1971. -2-