Instituto A Vez do Mestre Viviane Bastos dos Anjos Fernandes A técnica do Rapport: persuasão e argumentação na conquista de clientes. Rio de Janeiro 2011 Instituto A Vez do Mestre A técnica do Rapport: persuasão e argumentação na conquista de clientes. Projeto de Pesquisa apresentado por Viviane Bastos dos Anjos Fernandes como exigência para obtenção do título de Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Vendas e Negociação sob a orientação do professor Jorge Vieira. Rio de Janeiro 2011 AGRADECIMENTO À minha querida mãe, Elisabeth, que sempre esteve ao meu lado em todos os momentos da minha vida. Para mãe, não tem tempo ruim para estar ao nosso lado e demonstrar o amor da maneira incondicional delas. Obrigada por todas as noites de sono mal dormidas, por toda dedicação e carinho. Ao meu querido irmão, Cristiano, que, com seu carinho, às vezes me faz sentir como se ainda fosse uma criança; pelo carinho da minha avó, Helena, que ainda se preocupa se a neta chegou bem em casa; e a todos os meus familiares. A família é sempre muito importante em nossas vidas. Um agradecimento muito especial ao meu amado namorado Roberto Mafra. Nos últimos anos temos nos dedicado nossas vidas e ele tem me mostrado ser muito companheiro. Por estar sempre ao meu lado nos momentos mais felizes e mais difíceis da minha vida, sempre acreditar em mim e me fazer sentir capaz de tudo. Com o nosso amor, me motivo todos os dias e tenho ainda mais forças para almejar, sonhar e crescer. Às minhas colegas de turma Débora e Maria Helena, voltávamos juntas de ônibus cochilando ou às vezes fofocando. À Márcia, por ter me motivado a não faltar às aulas, ao Leo “Bradesco” por ter divertido nossas aulas, coitado, implicávamos muito com ele. A todos os colegas de classe, pois com certeza fizeram uma diferença nas nossas quartas-feiras. Aos nossos professores pela paciência e dedicação que tiveram com toda nossa turma no decorrer do ano. A Deus por mais uma oportunidade e mais uma meta cumprida e por todas essas pessoas fazerem parte da minha vida. DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho ao meu querido, amável e adorável pai, Paulo César Chaves Fernandes, de quem tanto sinto saudades eternas. Com ele eu acordo todos os dias e pego coragem para enfrentar e trilhar uma vida com que todos nós sonhamos. É para te mostrar, meu querido PAI, que eu quero continuar trilhando um caminho ainda melhor, pois eu sei que o lugar lindo de que você está me aplaudindo merece todo o meu respeito e que eu te surpreenda cada vez mais. É por todas as manhãs que me acordou cedo para ir ao colégio, por curar os hematomas dos tombos que levei, pelos carinhos, pelas brigas... Obrigada por ter me tornado gente, ter formado o meu caráter e por eu ser hoje quem eu sou. Eternamente serei grata e nunca esquecerei um só momento de nossas vidas. RESUMO Vender não é apenas fornecer a alguém um produto e receber, por isso, algo em troca. Vender é transmitir ideias, conceitos, desejos. E, para isso, as técnicas de venda têm investido em métodos diferenciais para conquistar ainda mais clientes. A persuasão, recurso argumentativo fundamental nessa atividade, ganha uma estratégia que, embora incipiente, já se mostra muito eficaz: o Rapport. Este trabalho aborda seus recursos, possíveis aplicações, aproveitando para analisar algumas interessantes situações persuasivas em negociações. Palavras-chave: persuasão; vendas; Rapport. METODOLOGIA Considerando que o objetivo do trabalho é demonstrar a eficiência do método Rapport em vendas e negociação, a pesquisa dar-se-á em dois níveis: inicialmente, será realizada a revisão da literatura, tanto sobre os métodos persuasivos de modo geral – explorando, inclusive, teorias linguísticas e argumentativas –, como especificamente sobre Rapport. A bibliografia específica, embora não seja ainda muito extensa, tem alguns autores fundamentais, como BARNASQUE (2010), LAWLEY e TOMPKINS (1994), cujas ideias ajudaram a comprovar as hipóteses iniciais, que deixaremos mais claras na introdução. Em um segundo momento, consideraremos dois casos hipotéticos para a análise da realização da venda com e sem Rapport. Essa estratégia ajudará a ilustrar como o Rapport pode ser definitivo na conquista de clientes. Para isso, usaremos dois casos de investimento alto, mas de necessidade diversa. Isso porque em produtos e serviços com maior valor, a persuasão é ainda mais importante. Nesses casos, um outro fator também influencia: se o produto é um bem necessário ou um bem supérfluo. É importante, por isso, analisarmos como ela se dá – ou deveria – em cada um desses casos, a partir da análise de dois exemplos: uma bolsa de uma grife internacional e uma pós-graduação com duração de dezoito meses, ambos ao valor de vinte mil reais. Vale ressaltar que esse é um valor de mercado para cursos e mediano para bolsas do mercado de luxo – considerado pagável, embora alto, já que, dependendo da marca, é até ínfimo perto de bolsas que custam mais que apartamentos. De modo geral, a metodologia da pesquisa para este trabalho conduz à idéia de que há variantes que determinam a necessidade e a eficiência do Rapport. Por isso, o que se pretende nesta análise é identificar como vendedores, sejam eles de produtos ou de serviços, podem lidar com influência do fator emoção na escolha dos clientes. Assim, pretende-se frisar também que a boa persuasão não apenas conclui o objetivo imediato – que é efetivar a venda – como permite ações futuras. Um cliente bem persuadido - e não apenas convencido - não só efetua a compra como é cativado pela marca, tornando-se fiel a ela e, inclusive, fazendo propaganda que persuada outros. SUMÁRIO Introdução 9 Capítulo I – O que é persuasão? 13 Capítulo II – Marketing de Relacionamento. 17 Capítulo III – Rapport: confiança é (quase) tudo. 21 Capítulo IV – Útil X Supérfluo: o limite apagado pela persuasão. 27 Conclusão 33 Bibliografia 36 INTRODUÇÃO O verbo convencer vem do latim com, junto, e vencer. Nesse sentido, equivale a conseguir junto ao outro a vitória. Para a psicologia, o convencimento equivale a conseguir mudar as idéias de alguém, pelo uso da razão. Já o verbo persuadir vem da soma dos radicais, também latinos, per e suad, que significam atravessar e suave, respectivamente. Segundo Lakhani (2006), quem persuade tenta atingir o outro de uma forma mais delicada e sutil e, por isso, pode ir além de quem convence, pois não só muda as idéias mas também as atitudes do outro. Diz-se, por esse motivo, que a persuasão utiliza-se da emoção de seu alvo. Para conseguir influenciar emocionalmente alguém, alguns elementos são necessários e, com certeza, o principal deles é a confiança. Quando a influência envolve bens financeiros, a confiança é posta à prova de forma ainda mais contundente, já que qualquer eventual dano será creditado ao outro. Assim, percebemos que a persuasão nas vendas é, ao mesmo tempo em que essencial, bastante arriscada para a credibilidade de uma marca ou de um vendedor. Por esse motivo, notamos, muitas vezes, o convencimento sendo mais usado que a persuasão. O vendedor tenta, de toda forma, apresentar motivos racionais que conduzam o cliente à compra por medo de que, apresentando motivos emocionais, o cliente sinta-se, de alguma forma, pressionado ou até mesmo invadido. Para evitar esse tipo de situação, o cliente deve confiar no vendedor a ponto de estar aberto a suas influências, sejam elas racionais ou emocionais. É aí que entra a técnica do Rapport. A palavra tem origem francesa e significa “relação”. Para que essa relação realmente se estabeleça, deve haver, entre as partes confiança e harmonia. Barnasque (2010) dá um exemplo bem simples de como isso acontece: “Se você já encontrou uma pessoa estranha na rua, ou em algum outro lugar, e, em menos de meia hora, ela já sabia mais sobre a sua vida do que seus parentes ou melhores amigos, então ocorreu que ela conseguiu Rapport”. Segundo Bellino (2009), com a ampla concorrência, o mercado online e muitas outras variantes, a conquista de clientes tem se tornado ainda mais difícil. Convencê-lo de que determinada marca dará a ele maior satisfação é fator fundamental. Por isso, o uso correto e medido de recursos emocionais e racionais. Analisar como novas técnicas de persuasão e convencimento, a exemplo do Rapport, podem influenciar diretamente no comportamento de clientes, modificando sua postura frente à marca. Então, na primeira parte deste trabalho, traçaremos uma análise ampla, quase genérica, sobre métodos e efeitos de persuasão. Relacionaremos isso ao uso nas vendas, estabelecendo alguns parâmetros já largamente utilizados pelos vendedores e algumas outras possíveis abordagens. Em um segundo momento, a partir principalmente das ideias de McKenna (1993) e Zanone (2010), abordaremos o conceito de marketing de relacionamento e a importância das relações entre vendedores e consumidores. Essas ideias serão fundamentais mais tarde, quando conceituaremos nosso tema. Logo depois, analisaremos como a persuasão pode conduzir ao estabelecimento do Rapport – técnicas, vantagens e desvantagens, limites e explorações. Neste capítulo, iremos nos aproveitar dos conceitos básicos desenvolvidos até então para conceituarmos essa nova estratégia de vendas e explorarmos seus possíveis efeitos na relação entre vendedores e seus clientes. Em seguida, faremos uma análise de caso hipotética, já descrita na metodologia, para estudar como é possível aplicá-lo a algumas situações de venda. Ao compararmos os motivos que conduzem alguém à compra de uma bolsa de luxo e os que levam outra pessoa a matricular-se em um curso de pós-graduação, ambos sob o valor de vinte mil reais, poderemos perceber as diferenças que existem entre estratégias persuasivas para bens de diferentes necessidades e valores sociais, ou ainda como fatores emocionais e racionais podem ser conciliados no exercício do Rapport. Por último, analisaremos seus efeitos, para a credibilidade do vendedor, para a fidelização da marca e, é claro, para a realização da venda. Antes mesmo de concluirmos, já falaremos sobre os comportamentos e hábitos de compra de um cliente envolto em Rapport e como ele acaba se comportando em função do uso eficiente e eficaz dessa técnica pelo vendedor. Por tudo isso, este trabalho pretende sugerir como técnicas de abordagem podem ser elementos decisivos na efetivação de uma compra. Em um contexto mercadológico em que novas marcas, novos produtos e novos serviços surgem a todo momento, com vantagens competitivas e propostas atraentes, relacionar-se corretamente com seu cliente pode ser o fator determinante não só para que se consiga uma primeira e única venda, mas também para que se garanta um cliente satisfeito. Por isso, novas técnicas devem ser sempre exploradas. Para atingir esse objetivo, foi escolhido o Rapport, por ser uma abordagem que alia psicologia, neurolinguística, e estimula a participação também do cliente no projeto persuasivo do vendedor. CAPÍTULO I – O que é persuasão? Lakhani (2006) cita que o pensamento político romano considerava que a persuasão compreendia três modos discursivos: o convencer que, como tratamos na introdução, envolve o uso da lógica; o comover, que envolve a afetividade e está ligado a uma mudança pela emoção, pela excitação; o agradar, motivado pela estética, que inspira satisfação, no amplo sentido da palavra. Com certeza, uma boa persuasão em vendas também faz uso dessas três maneiras, mas não pode abandonar mais uma: o influenciar. Ao exercer influência, o vendedor age de forma natural em uma possível mudança de comportamento do cliente. Para Bellino (2009), é como se, dessa maneira, ele não estivesse simplesmente induzindo o cliente a comprar algo – de que, muitas vezes, ele sequer precisava. Ele age junto ao cliente, como em uma fusão entre o convencer e o persuadir, auxiliando-o a conquistar seus desejos. Psicologicamente, um elemento motivador da influência é a reciprocidade. Quem recebe alguma coisa sente inevitável necessidade de retribuir de alguma forma. Se o cliente sente que o vendedor não apenas o forneceu alguma coisa mais também entrou em uma relação sincera e confiável com ele, acaba por sentir uma maior vontade de participar daquele acordo ou negócio. Lawley e Tompkins (1994) citam ainda um outro elemento fundamental no exercício da persuasão – que é, inclusive, muito utilizado na publicidade brasileira: o chamado princípio da escassez. Quanto mais o cliente julga ser raro, pouco disponível ou exclusivo um item, mais motivação ele sente em se decidir pela compra. Essa motivação deve ser estimulada a partir do pensamento de que em um futuro não muito distante esse produto não mais poderá ser encontrado. Miranda (s/d) diz ainda que um vendedor persuasivo sabe, portanto, aproveitarse das melhores características – da marca, do produto, suas e até mesmo do cliente – para realizar uma venda. E a primeira característica, já citada, é a confiança. Esta é uma virtude que deve ser muito bem trabalhada por um vendedor, tanto no sentido da autoconfiança quanto na sua habilidade de inspirar confiabilidade no cliente. Em seguida, outros elementos podem – e devem – ser trabalhadas para aumentar o poder de persuasão. Uma boa imagem – e, conforme trataremos mais tarde, isso inclui uma imagem verbal e uma não-verbal, visual – condiciona o cliente a voltar sua atenção para aquilo. Portanto, de nada adianta o produto ter lindas aparência e embalagem se o vendedor não corresponde a esse cuidado, tanto no que mostra quanto no que fala. A credibilidade de alguém se constrói principalmente no quanto esse alguém é capaz de cumprir o que prometeu, realizar o que sugeriu, cumprir prazos, metas, acordos. O entusiasmo transmitido pelo vendedor também conta como parte da imagem que ele transmite e aumenta o efeito das coisas que diz. Em segundo, também segundo as ideias de Lawley e Tompkins (1994), ninguém confia em alguém que pareça não saber do que está falando. Por isso, o conhecimento sobre a marca e o produto é um elemento essencial. Quem mostra dominar o assunto de que trata, atrai muito mais atenção e credibilidade. A forma como esse conhecimento é demonstrado e transmitido também determina o poder de influência de um vendedor: um conhecimento confiante é assertivo sem ser arrogante e inconveniente. A inconveniência, aliás, também pode ser inimiga de um vendedor insistente. Entretanto, um bom vendedor não desiste no primeiro “não” e domina formas sutis de continuar persuadindo sem ser invasivo. Depois que a venda foi realizada, então, o bom vendedor sabe que atingiu sua meta persuasiva e não precisa continuar incentivando a compra. Ao mudar de assunto, ele mostra como tudo que falou e fez antes foi realizado de forma natural e não forçada. Sobre esse assunto, Bellino (2009) afirma ainda que se a confiança entre eles for abalada, não só a compra não é efetuada, como não se estabelece fidelidade nem boa reputação. No próximo capítulo, quando falaremos sobre marketing de relacionamento, também iremos discutir como essa fidelidade será elemento essencial para que a confiança, tão importante em nossa tema, seja estabelecida. O que um cliente busca em um vendedor é que este realmente acredite naquilo que ele está vendendo, para que ele possa acreditar também. Por isso, é importante que, através da convicção com que se faz a persuasão, o consumidor perceba os benefícios que aquele negócio trará a ele. E que divulgue a outros o quanto se sentiu cativado por esses benefícios, para que a marca, além de manter clientes, também conquiste novos. Um bom vendedor, logo, sabe se colocar no lugar do cliente e entender quais aspectos devem ser ressaltados e que apelos podem ser feitos. Um vendedor que explora as fraquezas de seu cliente pode conquistar uma antipatia irreversível. A boa persuasão é nobre e legítima. CAPÍTULO I – Marketing de Relacionamento. Foco no cliente. Com essa expressão, Zenone (2010) define qual deve ser o elemento motivador das estratégias das empresas e dos vendedores. Neste capítulo, antes de entrarmos especificamente na questão do Rapport, abordaremos um conceito essencial para o estabelecimento desta nova estratégia de vendas: o marketing de relacionamento. O conceito de Rapport sugere que ele seja, de fato, uma relação entre vendedor e cliente, a ponto de a confiança estabelecida entre ambos ser o suficiente para persuadir o cliente de efetuar uma compra. O relacionamento de uma marca com os seus clientes envolve os mais diversos fatores e, segundo as ideias de Kotler (2000), manter esse relacionamento não é tarefa fácil. Por isso, hoje, muitas empresas sabem que a fidelidade e o afeto do cliente configuram-se como importante vantagem competitiva. Só pratica bem o Rapport quem conhece bem seu cliente, já que, como abordaremos mais à frente, essa é uma estratégia de interação e espelhamento. No entanto, mais do que simplesmente coletar e manter dados sobre seus consumidores, uma marca ou um vendedor deve saber como utilizar esses dados no momento fundamental da persuasão. O cliente não pode nunca se sentir usado pelo vendedor por esse saber demais a seu respeito. Esse tipo de conhecimento deve servir para que os vendedores consigam atender às expectativas de seus consumidores. Quando um vendedor conhece bem o seu cliente consegue não apenas estabelecer a confiança necessária para o convencimento suficiente à realização daquela compra. Ele é capaz de antecipar-se na sugestão de novos negócios e manter-se presente na vida do consumidor. O que acontece, porém, é que os vendedores acabam por adotar posturas mecânicas e repetitivas e, ainda que conheçam bem aquele cliente, não se comportam com ele de forma diferente, particular. É aí que se relacionam, então, o método do Rapport e o marketing de relacionamento. Assim como de nada adianta estabelecer Rapport se o vendedor não for capaz de mantê-lo por toda a venda, pouco vale conquistar e conhecer um cliente se esse conhecimento não for utilizado para cativar, de verdade, o consumidor. E um cliente cativado espera que a marca continue lhe dando atenção e atendendo a seus desejos, o que o motivaria a sempre procurá-la também. É por isso que a fidelização do cliente, porém, não é e não pode ser uma via de mão única. Quem vende não pode esperar que a manutenção da relação se dê apenas por parte de quem compra e, por isso, deve investir sempre em novas formas de relacionarse com o seu cliente. Para McKenna (1993), o estímulo à fidelização deve vir por uma humanização do contato com o cliente, principalmente depois que a primeira venda foi concluída. Zenone (2010) afirma que, por muito tempo, as empresas buscavam o lucro imediato, oferecendo os produtos a fim de concretizar negócios breves, sem interesse em preservar esses clientes. Hoje, entende-se que só a manutenção desses clientes é que garantirá plenamente tanto uma maior competitividade entre as empresas como uma maior satisfação do consumidor. Esse pensamento sugere, ainda, assim como também dito por Kotler (2000) que ao marketing cabe solidificar a relação com o cliente: objetivo máximo do Rapport, nosso tema central. O marketing de relacionamento possibilita ainda que as empresas já organizem suas ações com o foco no cliente que, como falamos no início do capítulo, é e deve ser, para Zenone (2010), a grande tônica das empresas nos dias de hoje. Isso só é possível se os vendedores perceberem que devem buscar um relacionamento de longo prazo com seus clientes. Para McKenna (1993), elementos como criatividade, conectividade e interatividade alinham as ações de marketing ao que o consumidor espera das empresas. Hoje, empresas, marcas e produtos ofertam bens muito similares e facilmente substituíveis pelo mercado. Além disso, a massificação dessa oferta também acabou por afastar os vendedores e os compradores ou, no mínimo, esfriar essa relação. Por isso, assim como no espelhamento que o Rapport estabelece, as empresas devem estar atentas ao retorno dos clientes, para que possam otimizar suas ações comerciais. Zanone (2010) também afirma que, hoje, o cliente ganhou destaque nas relações mercadológicas e os vendedores começam a tratá-lo de forma mais atenciosa, inclusive em função da valorização relativamente recente do conceito de fidelização do cliente – tão abordada por Kotler (2000), conforme já mencionamos. Essa atenção busca a lealdade de um consumidor que sabe que pode exigir as mais diversas vantagens – de disponibilidade a preço, passando por design, locais de oferta e outras. Se as empresas não prestarem atenção no cliente durante toda a sua relação – e não apenas até conseguir realizar uma venda – não serão capazes de acompanhar seus desejos, comportamentos e preferências. Se conseguirem, estarão aptas a lançar ações que não apenas aproximem – concretamente, em termos de compra e venda – os vendedores e os clientes, mas que façam esses consumidores voltarem a procurar a marca ou o vendedor ou ainda recomendá-los a outras pessoas. Quando falava em criatividade, McKenna (1993) sugeria que o marketing de relacionamento deve se fundamentar em surpreender o consumidor. Ao oferecer mais do que simplesmente o que o cliente espera, a marca espera não só se diferenciar dos seus concorrentes mas conquistar o afeto do consumidor. Assim como falaremos mais à frente ao definirmos as estratégias do Rapport e de acordo com o que já conceituamos sobre persuasão, o fator emocional – mesmo em nível inconsciente – é em grande parte o responsável pelo valor que um cliente atribui a um produto, a uma venda, a uma marca. CAPÍTULO III - Rapport: confiança é (quase) tudo. Um dos conceitos fundamentais no estabelecimento do Rapport, como já comentamos mais de uma vez, é a confiança. Todos os dias, nas mais variadas situações, colocamos em xeque relações de confiança, seja no trato com o dinheiro, na passagem por pontes ou elevadores, no confiar um chinelo a alguém na praia para dar um mergulho, dentre outros exemplos simples e cotidianos. Para Lawley e Tompkins (1994), é importante, porém, perceber que essas relações de confiança são, até mesmo instintivamente, motivadas e traçadas pelos benefícios e danos que podem gerar e, mais ainda, pelo equilíbrio ideal entre possíveis benefícios e possíveis danos. Por isso, quase todo o tempo estamos envolvidos em algum tipo de combinado, de negociação. Assim, começamos, mesmo que involuntariamente, a exercitar o estabelecimento de relações, ainda que tenhamos nelas os mais variados objetivos: lucro, troca, sentimento. E, para que essas relações sejam estabelecidas, precisamos não apenas conhecer o outro a quem nos dirigimos, mas conhecer nossos limites e objetivos. Por isso, a confiança que buscamos estabelecer com alguém será reflexo direto de uma outra relação de confiança, primordial: a que temos com nós mesmos. Nesse sentido, segundo Barnasque (2010), um bom vendedor é aquele que acredita tanto em si e em seu produto que transparece isso ao cliente. É aquele que sabe usar dos artifícios de que dispõe a fim de estabelecer com o cliente a relação de confiança na qual se funda o processo do Rapport. E faz isso bem porque, antes tudo, confia em si mesmo. O estabelecimento do Rapport passa por várias etapas, nomeadas de forma diferente pelos autores consultados. Por isso, falaremos sobre elas sem pretensão de um discurso classificatório, mas construindo um percurso de ação que conduza aos objetivos do vendedor. Inicialmente, o vendedor pode se perguntar como consegue estabelecer tal relação com seu cliente. Essa etapa parece ainda mais difícil quando estudiosos do Rapport afirmam que a relação inconsciente entre cliente e vendedor (ou ainda produto ou marca) é mais eficiente para os objetivos persuasivos. Entretanto, a tarefa é mais simples que parece: estabelece Rapport aquele que cria no outro um sentimento voluntário de compreensão e proximidade. Relação: o significado literal da palavra já nos dá suas primeiras características. Fruto de estudos neurolinguisticos, o Rapport faz com que as pessoas acreditem estar se comunicando de forma mais eficiente. Sentem-se melhor compreendidas e apoiadas, acreditando que os outros indivíduos em relação considerarão seus interesses. Segundo Lawley e Tompkins (1994), o Rapport é um ingrediente mágico e quem está em Rapport sente-se seguro e, mais, relaxado. Muitos traduzem Rapport a partir de uma de suas principais técnicas: o espelhamento. Essa técnica consiste em reproduzir, de forma extremamente sutil, os movimentos do cliente, de maneira a estabelecer uma relação tão próxima e íntima de semelhança que a confiança seja estabelecida quase que naturalmente. Antes de tudo, levantaremos uma questão: se a diferenciação entre os conceitos de persuasão e convencimento foi elementar para começarmos a discutir o estabelecimento do Rapport, mais uma diferença conceitual deve ser ressaltada para a compreensão de nossos objetivos – a que existe entre persuadir e manipular. Bellino (2009) estabelece a diferença: “A persuasão deve apelar para os sentimentos nobres do ser humano, como seu legítimo espírito empreendedor e o desejo de compartilhar um sonho e transformá-lo em realidade. Já a manipulação, em geral, costuma fazer o oposto: apelar para as fraquezas humanas. Ao manipular alguém, você constrói uma precária aliança calcada em interesses muitas vezes escusos, e que a qualquer momento pode se desfazer ou se voltar contra você”. A relação de manipulação não estabelece confiança e fere um dos princípios fundamentais do Rapport. Isso porque quem é manipulado sente isso, quase que instintivamente. Então, todo cuidado é pouco: o vendedor não pode, de forma alguma, tentar manipular seu cliente nem tampouco tomar qualquer atitude que dê a entender que esse é seu objetivo. Uma forma bem simples de praticar o espelhamento é a partir da voz. Quando o vendedor modula ritmo e tom de acordo com a voz do cliente, já cria uma atmosfera bem mais confortável para o exercício da persuasão. Obviamente, se o cliente tem uma voz muito peculiar, muito grave ou muito aguda, ou se fala com alguma modulação específica, o cuidado em espelhá-la deve ser maior, a fim de não criar constrangimentos. Além do tom da voz, o ritmo da fala é um fator importante. Lawley e Tompkins (1994) ressaltam que a psicologia costuma descrever que cada indivíduo compreende o mundo de acordo com a velocidade que fala. Aquelas pessoas que falam muito rapidamente têm, por isso, mais facilidade em compreender de uma vez um número grande de informações ou ainda uma outra pessoa que também fale de forma muito acelerada. Já pessoas que falam de forma extremamente lenta costumam tem dificuldade para compreender falas aceleradas ou ainda um grande volume de informações simultâneas. Compassar essa comunicação é tarefa de um bom vendedor e facilita o estabelecimento do Rapport. Além disso, muitos estudiosos de neurolinguística não cansam de afirmar que o corpo também fala. Então, aos poucos, outros movimentos podem ser reproduzidos, como postura corporal, gestos suaves e até mesmo a respiração, mostrando, de fato, uma sintonia. Quando o vendedor reflete os movimentos do cliente, este tem a sensação de estar sendo reconhecido e refletido. Barnasque (2010) também cita em seu livro que estudos feitos por psicólogos em 1967 já revelavam que, em uma apresentação, 55% do efeito na audiência vem da linguagem corporal (gestos, movimentos dos olhos, postura), 38% se deve ao tom de voz e somente 7% ao conteúdo tratado. Indubitavelmente, isso deve ser feito de forma discreta e sutil, sem, de forma alguma, espelhar tiques nervosos ou outros gestos viciosos, pois, se percebido, o espelhamento pode gerar irritação e até raiva. Mais ainda, se a pessoa costuma fazer gestos muitos bruscos ou sinuosos, o bom vendedor os espelhará em escalas menores. Quando bem feito, o espelhamento cria quase imediatamente uma empatia. Assim, o vendedor começa a tomar consciência de movimentos que antes não percebia ou a que não dava importância e isso permite o exercício pleno, e consciente, da persuasão. Até agora, contudo, estamos tratando de um reflexo por parte do vendedor, mas um bom Rapport também estimula o cliente a reproduzir movimentos. Por esse motivo, da mesma maneira que o vendedor precisou observar bastante o cliente para determinar uma postura e alguns gestos a serem reproduzidos, ele também deve dar ao cliente material para observação: uma forma de inclinar a cabeça ou mover as mãos, por exemplo. No instante em que o vendedor perceber que o cliente reproduziu um desses movimentos, o Rapport estará completamente estabelecido. Isso não é, no entanto, o fim da técnica. Barnasque (2010) também diz que o bom uso do Rapport sugere não apenas o seu estabelecimento mas sua manutenção por toda a venda. Por isso, é fundamental que o vendedor torne o ato de espelhar uma atitude totalmente natural durantes suas vendas. Caso ele se concentre demasiadamente em espelhar os movimentos do cliente, pode perder a concentração no objetivo mais forte da relação, que é a venda. Pensando nisso, os especialistas em Rapport estabeleceram uma etapa subsequente ao espelhamento: a combinação. Em Lawley e Tompkins (1994), vemos que se a ideia do espelhamento funciona mesmo como o nome sugere, a partir de reflexos simultâneos dos gestos do cliente, na combinação, o vendedor dedica um período inicial à observação detalhista do cliente para, depois, começar a reproduzir esses movimentos. Aqui, o vendedor deixa o cliente falar e gesticular enquanto apenas presta atenção, quieto. Quando chega sua vez, pontua sua argumentação com o que observou, em uma espécie de espelhamento atrasado. Há outras formas de combinação, como a chamada equiparação cruzada que requer muito mais atenção e tato: nela, você reproduz os movimentos com outros movimentos, movendo a cabeça conforme o cliente respira ou mexendo os dedos no ritmo em que ele move a cabeça, por exemplo. CAPÍTULO IV – Útil X Supérfluo: o limite apagado pela persuasão. Em qualquer venda, seja ela por Rapport ou não, o vendedor sabe que relacionar o perfil do cliente ao perfil do produto aumenta o seu poder de persuasão. Descobrir informações sobre o consumidor que sejam relacionadas ao produto ou até mesmo à história do cliente com a marca pode construir uma boa base argumentativa. Porém, como afirmam Lawley e Tompkins (1994), todo esse conhecimento só se torna útil se utilizado como elemento persuasivo. Por isso, há algumas informações que são realmente relevantes e devem ser buscadas e organizadas a fim de estabelecer a argumentação. Algumas delas, que servem para os mais variados produtos, são a possibilidade financeira, as necessidades e até mesmo os desejos. Esse conhecimento prévio potencializa o convencimento, pois não permite que o vendedor perca tempo expondo motivos que não afetam de forma direta aquele cliente especificamente. Além disso, também evita a apresentação de ideias que se mostrem dissonantes do que pensa, ou costuma pensar, esse consumidor. Por isso, organiza um discurso que possa gerar mais concordâncias que discordâncias ou ainda apenas concordâncias. Depois de traçarmos um perfil comportamental tanto do cliente quanto do vendedor quando sintonizados em Rapport, ilustraremos a teoria a partir de duas situações hipotéticas que sugiram a aplicação dessa técnica como elemento fundamental na persuasão para a realização da compra. Conforme descrevemos no início desse trabalho, essas duas situações servirão como exemplos para pensarmos a aplicação do Rapport como estratégia de persuasão. Uma bolsa de luxo, de uma grife internacional, e um curso de pós-graduação com duração de dezoito meses, ambos com um investimento de vinte mil reais. Considerando que a diferença entre persuadir e convencer, como já falamos e como definido por Lakhani (2006), é que a primeira aproveita-se da emoção do comprador, o caso da bolsa demandaria do vendedor uma habilidade persuasiva maior que o do curso, já que muitos dos motivos para a compra desse são racionais. Por isso, nossa análise dessas situações precisa considerar que, de forma geral, a bolsa é considerada um item supérfluo, enquanto a utilidade do curso pode ser muito mais justificada. Quem compra uma bolsa grifada e de valor tão alto, com certeza, busca status. A bolsa se torna uma espécie de sobrenome para quem a carrega. Um primeiro elemento a se considerar, porém, é que a maioria dos consumidores desse tipo de item não tem dificuldade em gastar esse dinheiro ou não precisou abrir mão de outras coisas para realizar essa compra. No entanto, um bom vendedor deve considerar também aquela pessoa que guardou dinheiro por quase toda uma vida apenas para realizar o sonho de ostentar tal item. Por esse motivo e se tratando de um valor tão alto, os argumentos de que um vendedor deverá lançar mão para conseguir essa venda devem prever qualquer tipo de situação. Assim, uma estratégia eficiente é não tocar no valor do produto durante a conversa, para que o cliente retire dele o peso que evidentemente tem. Se o vendedor conhece bem as técnicas do Rapport, sabe que, em primeiro lugar, ele não deve manipular o cliente a efetuar essa compra. Quanto maior o investimento, mais chance tem de o cliente achá-lo oportunista ou aproveitador. O vendedor deve trabalhar no desejo que motivou o cliente por procurar aquele produto a fim de encontrar nesse desejo brechas para transformá-lo em necessidade. O que motiva a compra de uma bolsa de grife? Sem dúvida, como já citamos, o status é o principal motivo. Mas não é o único. A sensação de exclusividade, de que também já tratamos, potencializa essa ostentação, pois transfere ao cliente esse sentimento: quem leva consigo uma bolsa que é levada por apenas dez, vinte pessoas em todo o mundo, sente-se parte de um grupo raríssimo e seleto. Esse sentimento, sem dúvida, pode ser gerado pela persuasão. Motivos racionais também devem ser considerados. Uma bolsa que custe tão caro com certeza tem um modo de fabricação diferente – boa parte das grandes grifes internacionais trabalha apenas com manufaturas, o que aumenta o valor de mercado de um produto. Além disso, a durabilidade de uma bolsa desse tipo é, com certeza, muito maior, além de todas terem garantia vitalícia para reparos. Considerando tudo isso, a venda de um produto como esse deve ponderar, para o cliente, motivos racionais e emocionais. É óbvio que tanto dinheiro poderia ser utilizado na compra de outros bens, mas carros desvalorizam com o tempo, roupas saem de moda, e investimentos em ações não trariam tamanha satisfação pessoal nem seriam vistos pelas rodas de amigos. Esses são apenas alguns exemplos de comparações que, quando em Rapport, serão vistas pelo cliente como motivo o bastante para realizar a compra. O vendedor pode, ainda, apelar para a ideia de que, embora uma bolsa não seja, oficialmente, um bem que garante retorno financeiro, o uso dela pode criar, para o cliente, uma imagem mais sólida em determinadas situações, inclusive profissionais, caso a imagem seja, na realidade desse consumidor, um instrumento de trabalho ou de estabelecimento de relações profissionais – vendedores, profissionais de relações públicas e comunicação, advogados, profissionais de beleza, entre muitos outros. Com um argumento como esse, o vendedor mostra ao cliente que o que parecia supérfluo de fato não é. Com o curso, não é de todo diferente. Cada vez mais os investimentos em educação são planejados desde a infância e a escolha por um curso deve considerar uma série de fatores. Não há como fugir do argumento-clichê de que esse é um tipo de investimento que gerará retorno por toda vida, já que a qualificação possibilita a conquista de um melhor emprego, com melhor remuneração, consequentemente. Ao mesmo tempo, diferentemente da bolsa, o curso não pode ser ostentado e mostrado a todos, já que o cliente não tem como pendurar uma placa que exiba a todos as suas qualificações. O bom vendedor, porém, sabe que isso é irrelevante e a quem interessa tal informação certamente o cliente terá a oportunidade de dizer, como em uma entrevista de emprego, por exemplo. Mostrar isso a ele é um argumento valioso. Outro questionamento em relação ao curso é que ele não é um bem palpável e, portanto, não atinge os níveis de satisfação sensoriais – o caso da bolsa, por exemplo, já inicialmente estimula a visão, já que ela é certamente um bem esteticamente valioso, e o olfato, pelo conhecido cheiro de bolsa nova. Entretanto, assim como se diz, popularmente, que conhecimento não ocupa espaço, também não é perecível, mesmo que não seja algo fisicamente concreto. Portanto, assim como no caso da bolsa, embora de modos diferente, o vendedor do curso consegue convencer o cliente não só porque consegue mostrar a ele a aparente eternidade daquele bem mas que também, talvez exatamente por esse motivo, faz com que ele acredite que não apenas deseja realizar aquela compra como também precisa dela. E precisa não apenas do produto, mas do status, do conhecimento, da satisfação que isso lhe trará. Esses dois exemplos, bem distintos, encontram um ponto de semelhança quando percebemos que o bom vendedor, e que usa perfeitamente o Rapport, consegue estabelecer com o cliente uma relação de confiança tão harmônica e satisfatória que, ao apresentar seus argumentos, consegue ser naturalmente persuasivo. E essa persuasão, por sua vez, vai ser tão adequada, tanto ao produto quanto ao cliente, que apagará os conceitos inicias que o consumidor pode levar para aquela compra, a exemplo das características “útil”, “durável”, “supérfluo”, “concreto”, por exemplo. Como afirmou Bellino (2009), o cliente totalmente envolto no Rapport não só efetua aquela compra, naquele momento, como instrospecta características do produto, da marca e do vendedor que darão a ele uma sensação de satisfação mais duradoura, o que culminará em uma fundamental sensação de segurança. O cliente seguro com o negócio que fez não sente culpa pela decisão que tomou nem tampouco culpa o vendedor ou a marca por terem influenciado uma decisão da qual ele não estava certo. Assim, vendedor, produto e marca conquistam não apenas a simpatia mas a fundamental, elementar e primordial confiança do cliente. CONCLUSÃO Sem dúvidas, as campanhas publicitárias têm se empenhado, nos últimos anos, em buscar efeitos emocionais, muito mais que racionais. Não são poucas as peças que incentivam uma satisfação pessoal, seja pela exclusividade seja pelo desejo simples. Isso significa, e Barnasque (2010) já afirmava, que o que está à venda, hoje, é não só o produto, mas todo um conjunto de sensações que, se essas forem satisfatórias e inesquecíveis, criará uma relação eterna e fiel entre o cliente e a marca. Se considerarmos a quase infinita gama de produtos que os consumidores têm diariamente à sua disposição, não será difícil afirmar que são poucos aqueles dos quais eles têm realmente necessidade e cujas compras são feitas por motivos unicamente racionais, como a alimentação básica. Por isso, trabalhar com a ideia da satisfação dos desejos e não só das necessidades é tarefa para um bom vendedor. E não são só os produtos que se multiplicam diariamente, mas também as marcas. Por isso, a mágica do Rapport, como afirmaram Lawley e Tompkins (1994), é cumprir perfeitamente bem a tarefa de fazer o produto ou serviço, o vendedor ou a marca evidenciarem-se em meio aos inúmeros personagens desse mercado tão competitivo está diretamente relacionada à capacidade de conquistar o afeto e a confiança do público consumidor. Logo, variar as estratégias de abordagem pode ser a forma mais simples de se destacar. A grande inovação trazida pelo Rapport é que ele desfaz aquela visão de unilateralidade das vendas e sugere que o momento da negociação seja uma verdadeira e atraente interação entre vendedor e cliente. Essa relação auxilia na construção mental, pelo cliente, da imagem da marca, que o fará lembrar, sempre, do conforto e da satisfação conseguidos naquele momento. Fortalecida pelos clientes cativados, a marca terá a chance de inovar ainda mais. Isso porque começará a também se sentir confortável nesse novo ambiente, em que as vendas são motivadas por uma relação verdadeira entre seus vendedores e seus clientes, solidificada por técnicas simples e muito eficientes. Vendedores prontos para estabelecer Rapport são vendedores que sabem o valor da marca que representam e se envolvem com ela de tal forma que dominam os melhores métodos de estabelecer uma relação com os clientes. Por isso, o Rapport se mostra tão importante: ele ensina como cativar de fato os clientes e organiza, na ação do vendedor, a subjetividade do consumidor. Sabe que nem sempre seus desejos são realmente as suas necessidades e não força essa transformação. E foi justamente para atingir esse objetivo que ressaltamos, como disse Miranda (s/d), a importância de não explorar as fraquezas do cliente, mas suas vontades e as formas mais adequadas de satisfazê-las. A construção da imagem de uma marca pode ser irreversível e o momento do venda é a grande oportunidade que os vendedores têm de influenciar no posicionamento, no fortalecimento e na fidelização do que representa. O Rapport amplia os meios sensoriais de construção dessa imagem porque motivam o vendedor a se comunicar com o cliente das mais diversas formas. É fundamental, por isso, que o vendedor esteja consciente de sua função e exercite a prática do Rapport, a fim de potencializar seu potencial persuasivo. O seu contato com o cliente é a oportunidade perfeita para aliar motivações racionais e apelos emocionais, criando conceitos e reforçando posicionamentos. Não é preciso ser famoso para atrelar à marca que representa uma imagem de confiança e credibilidade. BIBLIOGRAFIA BARNASQUE, Getúlio. Como obter sucesso em vendas. Porto Alegre, 2010. Disponível em <http://www.metas.com.br/vendas/vendas1.htm>. BELLINO, Roberto. A arte da persuasão e o sucesso nas vendas. São Paulo, 2009. Disponível em <http://gecorp.blogspot.com/2008/02/arte-da-persuaso-e-o-sucesso-nasvendas.html>. LAKHANI, Dave. Persuasão. Editora Atual. São Paulo, 2006. LAWLEY, James e TOMPKINS, Penny. Rapport: The Magic Ingredient. Personal Sucess. Londres, 1994. MCKENNA, Regis. Marketing de Relacionamento. Campus. São Paulo, 1993. MIRANDA, Márcio. 10 dicas para aumentar seu poder de persuasão. Disponível em <http://www.catho.com.br/cursos/index.php?p=artigo&id_artigo=190&acao=exibir>. ZENONE, Luiz Claudio. Marketing de Relacionamento: Tecnologia, Processos e Pessoas. Atlas. São Paulo, 2010.