PERFIL SOCIO DEMOGRÁFICO, DE FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DOS PROFESSORES DE FILOSOFIA DO ENSINO MÉDIO DA REDE PÚBLICA ESTADUAL DA AMESC Alessandra Goulart Macan Gazzoni Carla Garcia Bortolotto Bonfante Carina Michele Pereira Kramer Elisabete Luiz Gilmara dos Santos Aguiar Jea Pierre Lopes Toledo Maria Eleusis Guterres Maria das Graças Resena Borges Sarita Guarezi Bressan Vera Regina Bueno Lopes Marilene da Rosa Lapolli(orientadora) Vilson Leonel (orientador) A pesquisa interdisciplinar apresentada foi realizada por dez alunos do 3º semestre do Curso de Licenciatura em Filosofia/PARFOR/Araranguá, no período de agosto a outubro/2013, com parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa – CEP - UNISUL, tendo por objetivo conhecer o perfil sociodemográfico, de formação e atuação pedagógica do professor de Filosofia de Ensino Médio da Região da AMESC, buscando enfatizar o tempo de docência no magistério e no ensino de filosofia, suas habilidades e competências. Os dados foram analisados segundo os parâmetros epistemológicos da pesquisa quantitativa e qualitativa. Na pesquisa bibliográfica, verificou-se que a história da educação brasileira é marcada por um descaso considerável em relação a formação e atuação do professor, fato já denunciado nos anos 30 do século XX, pelos Pioneiros da Educação Nova. Segundo o Manifesto dos Pioneiros, a falta de espírito filosófico e científico dos educadores na resolução dos problemas da administração escolar, é um dos pontos nevrálgicos da educação e nele, inclui-se aqui a má formação dos professores. A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que descreve, define e regulariza a Educação Nacional baseada nos ideais e princípios oriundos no documento maior de uma nação, que é a sua Constituição Federal, é promulgada apenas em 1961, denominada LDB 4.024/61, sendo substituída pela 5692/72, surgindo a que está em vigor em 1996, 9394/96 que em seu capítulo V, título VI, dos artigos 61 a 67 enfatiza a formação, valorização e educação continuada que os sistemas de ensino deverão garantir aos seus professores. O tema, formação de professores, ganhou relevância a partir dos anos 1980, mobilizando pesquisadores e propiciando debates interdisciplinares. (MATOS, 2013, p.17). No entanto os resultados da pesquisa demonstraram que na atualidade muitos são ainda os professores que atuam sem habilitação e não buscam cursos de capacitação continuada. No específico do ensino de filosofia no nível médio da educação básica, esta área de conhecimento nunca teve presença significativa. Desde a reforma Capanema (1931) vigorava em apenas uma das séries do ensino médio, geralmente na terceira. (FILHO, 2011, p.17). Em 1983 iniciou-se uma discussão no estado de São Paulo sobre a inserção da filosofia como disciplina obrigatória no currículo na rede estadual. 2 Só em 2006 o Conselho Nacional de Educação (CNE), inclui a filosofia como disciplina curricular obrigatória no ensino médio brasileira. Foram entrevistados 28 professores que ministram a disciplina de filosofia nas escolas de educação básica da rede pública estadual da região da AMESC , sendo 16 do sexo masculino e 12 do sexo feminino, sendo que a maioria (57,1%) está na faixa etária de 20 a 39 anos. Ressalta-se que todos apresentaram assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Foram excluídos os professores das escolas de jovens e adultos (EJA) e os da rede particular e confessional desta mesma região. Em relação à formação, constatou-se que dos 28 entrevistados, apenas 13 (46,5%) possuem formação em filosofia. O dado é preocupante, pois denuncia que destes, (53,5%) atuam sem habilitação, sendo que 26 possuem curso superior e 5 com especialização em filosofia. Referente ao tempo de serviço constatou-se que 53,56 % atuam no magistério entre 6 e 20 anos e 92,8% ministram a disciplina de filosofia também neste espaço de tempo. Sobre participação dos professores em cursos de capacitação e congressos observou-se que a maioria não participa, e, devido a relevância desta informação para a pesquisa, a tabela será apresentada íntegra: Tabela 08 - Participação dos Professores de Filosofia do Ensino Médio da Região da Amesc em Cursos de Capacitação e Congressos - 2013 n = 28 Masculino F % 6 21,4% Sim 10 35,8% Não Fonte: Elaboração dos autores, 2013 PARTICIPAÇÃO Feminino TOTAL F % 3 25% 9 9 17,8% 19 % 32,1% 67,9% Atualmente a busca pela qualificação profissional está mais presente na vida dos profissionais. Assim cursos de extensão, palestras e outros momentos de exposição sobre assuntos relacionados às áreas de interesse tornam-se importante para que ocorra a qualificação, mesmo assim são poucos interessados a participarem, como vemos nos dados registrados. Libânio (1998) acredita que os momentos de formação continuada levam os professores a uma ação reflexiva, uma vez que após o desenvolvimento da sua prática, os professores poderão reformular as atividades para um próximo momento. A prática pedagógica nas escolas do século XXI, exige um professor com competência ampla para trabalhar as novas problemáticas que estão presentes no cotidiano da sociedade. Como afirma Behrens (1996, p. 24) “A busca da educação continuada é necessária ao profissional que acredita que a educação é um caminho para a transformação social”. Nas informações buscadas com a população alvo acerca da discussão na sociedade sobre a inclusão da Filosofia como disciplina obrigatória na grade curricular do Ensino Fundamental, verificou-se que a falta de participação nas atividades de capacitação é a grande responsável pelo desconhecimento de 67,9% dos entrevistados. “Vivemos numa “sociedade aprendente” que exige do educador permanente atualização.” (GADOTTI, 2009, p.13). Grande parte dos professores entrevistados (42,9%) lecionam Filosofia para complementação da carga horária, além da não formação em Filosofia, a maioria trabalham e/ou são formados em outras disciplinas. Em relação aos procedimentos metodológicos utilizados nas aulas de Filosofia a frequência destacaram-se a aula expositiva, o estudo dirigido, seminários, leitura e produção 3 textual. “O exercício da Filosofia se dá pela palavra, pela discussão e pela argumentação”. (Gallo,2011, p.47). Quanto à satisfação na docência de filosofia, 64% afirmaram estar muito satisfeitos, ao mesmo tempo que, 82,1% não participa de nenhum projeto relacionado área. Há muito o que fazer para o alcance justo do espaço e qualidade para o ensino da filosofia nos diversos níveis da educação brasileira. Especificamente no Ensino Médio, tema desta pesquisa, é preciso considerar a lentidão da história e permanecer atentos às exigências legais que a atualidade nos permite, tanto em nível federal quanto estadual. Referências AZEVEDO, Fernando de et al. O manifesto dos pioneiros da educação nova: a reconstrução educacional no Brasil, ao povo e ao governo. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, p.188–204, ago. 2006. Disponível em: <http://www.histedbr.fae.unicamp.br/revista/edicoes/22e/doc1_22e.pdf>. Acesso em: 12 maio 2013. BEHRENS, Alfredo. Fuzilar heróis e premiar covardes: o caminho certo para um desastre organizacional. Editora Bei, São Paulo 2011. FILHO, João Cardoso Palma. O Ensino de Filosofia na Educação Básica, Loyola: São Paulo, 2011. GADOTTI, Moacir. Educação Integral no Brasil- inovações em processo. Editora Paulo Freire: São Paulo, 2009. GALLO, Roberto Goto Sílvio. Da Filosofia como Disciplina- desafios e perspectivas LIBÃNEO, José Carlos. Educação escolar: politicas, estrutura e organização.São Paulo: Cortez, 2003. MATOS, Junot Cornélio. A Formação Pedagógica dos Professores de Filosofia. Loyola:São Paulo, 2013. ______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. 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