Análise do Nível de Evidenciação das Informações Contábeis Ambientais e a Utilização dos Indicadores Versão G3 do GRI: uma Comparação entre Empresas Brasileiras de Setores Relacionados a Engenharia e Construção Civil DIEGO LAUDRING SILVA Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) BRUNA CAMARGOS AVELINO Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)/Universidade de São Paulo (USP) Resumo A propagação das ideias de responsabilidade social ambiental a partir da segunda metade do século XX trouxe maior conscientização e consequente cobrança por parte dos acionistas, governo e sociedade em geral para que as organizações, principalmente as de grande porte, publicassem relatórios que evidenciem sua relação com a sociedade e meio ambiente, bem como políticas voltadas para o aprimoramento da relação sócio-ambiental. No entanto, a falta de uniformidade na divulgação e a influência do marketing impediram uma maior transparência e eficiência na análise de tais relatórios, carecendo, dessa maneira, de modelos que facilitassem a convergência das informações divulgadas, com destaque para o modelo GRI (Global Reporting Initiative). O presente estudo tem como objetivo analisar os graus de aderência aos indicadores essenciais do GRI de empresas brasileiras do segmento de engenharia e construção civil, bem como comparar o nível de evidenciação das informações dessas companhias no exercício de 2012. A coleta dos dados foi realizada por meio do site do GRI, que contém a relação das instituições que utilizam suas diretrizes para a elaboração de relatórios sociais. Para o tratamento dos dados, utilizou-se a análise de conteúdo dos relatórios estudados, com o intuito de verificar a concordância com as diretrizes essenciais relativas aos indicadores de desempenho econômico, social e ambiental do modelo GRI, conforme modelo de Dias (2006). Posteriormente, foram elaborados os cálculos do grau de aderência plena (GAPIE) e Grau de aderência efetiva (GEE) de cada relatório analisado de forma a permitir uma avaliação quantificada de como as empresas estão respeitando as determinações estabelecidas pelo modelo de referência. Constatou-se, de forma similar ao encontrado por outros autores, que o fato de fazer parte de um mesmo setor econômico não faz com que as empresas estejam em um nível semelhante de aderência aos indicadores do GRI. Palavras-chave: Responsabilidade Social e Ambiental, Balanço Social, Global Reporting Initiative, Engenharia e Construção Civil. 1 www.congressousp.fipecafi.org 1 Introdução Com o advento da Revolução industrial e a consequente globalização entre os séculos XIX e XX, respectivamente, foi imposta uma nova relação comercial mais dinâmica e degradante, impactando de forma direta a sociedade e o meio ambiente (Tinoco & Kraemer, 2008). Desse modo, é notório nas últimas décadas o aumento de discussões e pressões por parte de órgãos governamentais, não governamentais, sociedade e empresas sobre o impacto causado pelas atividades empresariais na relação socioambiental e na imagem das empresas aos stakeholders (Oliveira, 2003). Nesse contexto, se tornam necessários sistemas de informações robustos que possibilitem às organizações terem uma visão mais analítica e eficiente sobre o relacionamento de suas atividades com o meio ambiente e a sociedade (Bazani & Leal, 2013). Em meio a essas discussões, houve um crescimento na preocupação pela adoção de politicas de responsabilidade social por parte das empresas. Tais politicas envolvem uma gestão empresarial mais transparente e ética e a inserção de preocupações sociais e ambientais nas decisões e resultados das empresas. Ademais, dizem respeito à maneira como as organizações agem, como impactam e como se relacionam com o meio ambiente e suas partes legitimamente interessadas (Oliveira, 2003). Diante disso, foi implementado na França, em 1977, o Balanço Social, que posteriormente se difundiu para outros países, chegando ao Brasil na década de 80 (Tinoco & Kraemer, 2008). De acordo com Perottoni e Cunha (1997, p. 13), o “Balanço Social é um conjunto de informações econômicas e sociais, que tem por objetivo a divulgação de informações sobre o desempenho econômico e financeiro das empresas e sua atuação em benefício da sociedade”. Logo, o Balanço Social surgiu para as empresas como uma importante ferramenta de controle e análise sobre o impacto ambiental e relacionamento social. Observa-se, porém, que em um contexto global, os Balanços Sociais apresentados ainda mostram-se incompletos, possuindo baixa padronização e transparência, além de sofrerem forte influencia do marketing (Siqueira e Vidal, 2003). Conforme atesta Oliveira (2003, p. 15), “muitos balanços sociais na realidade parecem material de divulgação comercial da empresa, usando ações socioambientais como uma estratégia de propaganda”. Dessa forma, a credibilidade dos relatórios ambientais divulgados pelas entidades pode ser afetada, levando à falta de confiança por parte dos stakeholders. Visando auxiliar na transparência e comparabilidade dos relatórios sociais, diversos órgãos não governamentais elaboraram diretrizes para a criação das demonstrações. Dentre estes, destaca-se o Global Reporting Iniciative (GRI), que consiste em um acordo internacional cujo objetivo é elaborar e difundir diretrizes para a organização de relatórios de sustentabilidade aplicáveis global e voluntariamente pelas organizações (GRI, 2006). Diante do exposto, e considerando que as diretrizes do guia GRI surgiram como uma possível solução para a falta de uniformidade e transparência dos relatórios ambientais das empresas em nível mundial, a presente pesquisa propõe-se a responder a seguinte questão de pesquisa: qual o grau de aderência das empresas do segmento de engenharia e construção civil às diretrizes do GRI para a elaboração de seus relatórios ambientais no exercício de 2012? O estudo tem como objetivo geral analisar o grau de aderência plena aos indicadores essenciais do GRI de empresas brasileiras atuantes no segmento de engenharia e construção civil, bem como comparar o nível de evidenciação das informações contábeis dessas companhias no exercício de 2012. 2 www.congressousp.fipecafi.org Espera-se, com este trabalho, expandir a discussão acerca da temática sobre a qualidade da evidenciação dos atuais relatórios ambientais das empresas, por meio da verificação da adesão aos indicadores do GRI. No que diz respeito à contribuição prática, os resultados obtidos poderão auxiliar na maior transparência, confiabilidade e padronização dos relatórios sociais das organizações, visto que dará uma visão geral sobre as principais deficiências das evidenciações ambientais de grandes empresas do segmento de engenharia e construção civil em relação às diretrizes de um modelo com abrangência mundial. 2 Plataforma Teórica 2.1 Balanço Social: do Surgimento à sua Aplicação Atual A partir da guerra entre Vietnã e Estados Unidos, entre os anos 60 e 70, que gerou profunda insatisfação popular, passou-se a exigir que as empresas adotassem nova postura moral e ética perante os cidadãos, se preocupando menos com aspectos financeiros e passando a dar maior atenção às relações sociais. Surgiram, a partir disso, as primeiras informações e indicadores sociais que passaram a ser publicados e divulgados juntamente com as demonstrações contábeis. Em 1977 foi elaborada, na França, a Lei nº 77.769, que obrigou todas as entidades que possuíam 300 ou mais funcionários a publicar o Balanço Social. Posteriormente, vários países europeus adotaram ditames da lei francesa, passando a divulgar, também, o Balanço Social, entre esses: Alemanha, Holanda, Bélgica, Espanha, Portugal e Inglaterra (Tinoco & Kraemer, 2008). No Brasil, as primeiras discussões sobre o tema tiveram inicio na década de 1960, a partir da instituição da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE) em 1961, que deu início a uma pregação sobre a responsabilidade da empresa nas questões sociais. A partir dos anos de 1990, houve um maior interesse da sociedade sobre o assunto, sendo que empresas de diversos setores passaram a divulgar, de forma mais recorrente, relatórios com perfil mais social e humano, tornando os balanços sociais uma realidade para um número cada vez maior de organizações (Cunha & Ribeiro, 2007). A publicação do Balanço Social no país ainda não é obrigatória, porém, se torna cada vez mais exigida por ser um relatório que fornece informação contábil, social e ambiental; informações sobre a política interna com foco na qualidade de vida dos funcionários e sobre a postura da empresa diante do meio ambiente. Os modelos mais utilizados são o do IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) e o do GRI (Global Reporting Initiative) (Godoy, 2007). De acordo com Gonçalves (1979, p. 75), entende-se por Balanço Social o conjunto de informações quantificadas por meio das quais a empresa poderá acompanhar de maneira objetiva o desenvolvimento de suas atividades no campo de recursos humanos, bem como medir seu desempenho na implementação de programas de caráter social. Dessa forma, através do Balanço Social, as organizações devem apresentar informações qualitativas e quantitativa sobre como a empresa está desempenhando sua função social e ambiental na sociedade (Oliveira, 2005). O Balanço Social possui pelo menos quatro vertentes, que são: a de Recursos Humanos, a Ambiental, a das Relações com a sociedade e a do Valor Adicionado. Tais vertentes podem ser tratadas tanto em conjunto quanto isoladamente (Ribeiro & Lisboa, 1999). Sendo assim, por meio do Balanço Social, é possível realizar uma análise da interação da empresa com os elementos que a cercam e que, consequentemente, contribuem para sua existência, incluindo o meio ambiente natural, a comunidade e economia local e recursos humanos. Ademais, é possível obter indicadores de caráter econômico, como a relação entre salários pagos ao 3 www.congressousp.fipecafi.org trabalhador e as receitas brutas; e índices de caráter social, como a evolução de emprego (Cunha & Ribeiro, 2007). Salienta-se, no entanto, que diversas críticas têm sido direcionadas aos diferentes modelos de Balanços Sociais apresentados pelas organizações, dentre as quais se destacam: falta de transparência, carência de informações relevantes, excesso de informações e falta de padronização e tempestividade (Dias, 2006). Para Siqueira e Vidal (2003, p.2), o que vem sendo observado nos relatórios sociais publicados é uma tendência de valorização da divulgação dos aspectos positivos em detrimento dos negativos como uma forma de promover a imagem da organização. Tal fato prejudica uma análise aprofundada do relacionamento das empresas com o meio ambiente e seus interessados. Nota-se, também, significativa escassez de transparência nos relatórios sociais publicados. Segundo Carvalho e Siqueira (2007, p. 2), para um relatório ser transparente, ele deve passar por revisão de entidade independente, identificação do responsável pelas informações, além da emissão de notas explicativas. No entanto, estudos apontam uma tendência contrária a esse conceito. Pinto e Ribeiro (2003), por exemplo, analisaram relatórios de empresas industriais de Santa Catarina e destacaram que não havia notas explicativas em nenhuma das organizações estudadas. Siqueira e Vidal (2003) analisaram relatórios de empresas de diversos segmentos e apontaram que, das 22 sociedades estudadas, apenas seis apresentavam algum tipo de nota explicativa, porém, em pequeno número e com baixa riqueza de informação, ocasionando uma série de pontos obscuros que mereceriam algum tipo de evidenciação mais clara. O Balanço Social, como um instrumento de análise da responsabilidade social das empresas, deve possuir grau de comparabilidade para se realizar uma avaliação concreta do real impacto das entidades. Entretanto, observa-se, em uma série de relatórios atuais, uma falha nesse quesito. Costa e Marion (2007) verificaram que uma das maiores dificuldades em analisar as informações ambientais consiste na falta de uniformidade na estrutura dos relatórios utilizados pelas empresas. O estudo de Siqueira e Fernandes (2009) também chegou à mesma conclusão ao analisar o relatório de 22 empresas que adotam modelos variados de divulgação de resultado. Alguns autores afirmam, no entanto, que a qualidade dos relatórios sociais divulgados está apresentando uma tendência de melhora, principalmente após o surgimento de modelos que auxiliam na elaboração do Balanço Social, tais como ETHOS, GRI e IBASE. O estudo de Cunha e Ribeiro (2007) observou uma alteração gradativa de divulgação das empresas brasileiras no sentido de apresentação de informações sobre meio ambiente, cidadania e valor adicionado através da adoção do IBASE. Tal estudo também destacou os balanços sociais chilenos, os quais apresentam informações que interessam particularmente à classe trabalhadora, contando com a participação direta da classe na elaboração do relatório. Costa e Marion (2007, p.12), ao contrário, afirmam que pelo fato de nenhum órgão regulador instituir a obrigatoriedade de utilização de um modelo específico e existirem muitos modelos, poderá ocorrer maior agravamento na falta de uniformização dos relatórios sociais divulgados. 2.2 As Diretrizes do Global Reporting Initiative (GRI) O Global Reporting Initiative (GRI) é uma organização não governamental, criada em 1997, que objetiva oferecer uma estrutura confiável para a elaboração de relatórios sustentáveis, de forma a padronizá-los a organizações de todos os tamanhos, setores e localidades (GRI, 2002, p. 1). 4 www.congressousp.fipecafi.org A adesão aos indicadores GRI é feita voluntariamente, na qual qualquer instituição pode se utilizar do modelo proposto, bastando apenas haver o interesse da organização em divulgar as informações por eles solicitadas. Esta adesão pode ser realizada de maneira informal ou, então, incorporada de forma progressiva pelas organizações. A empresa poderá, ainda, organizar o relatório ao nível mais exigente, denominado “de acordo com” (GRI, 2002). Atualmente, a aderência às diretrizes GRI contempla mais de 2.000 organizações em aproximadamente 80 países, as quais utilizam o modelo supracitado como base para a elaboração dos seus relatórios de sustentabilidade (GRI, 2013). Logo, observa-se uma considerável aceitação a essas diretrizes, que caminham para alcançar sua meta: ser o modelo base de relatório de sustentabilidade em âmbito global (GRI, 2002, p.1). Quanto à sua composição, os relatórios ambientais alinhados ao guia GRI devem possuir informações relevantes e indispensáveis em três tipos de conteúdo: 1) Perfil, que são informações que estabelecem o contexto geral para a compreensão do desempenho da organização, tais como a sua estratégia, perfil e governança; 2) Forma de gestão, que relaciona-se a informações que indicam a forma como uma organização aborda um determinado conjunto de aspectos; 3) Indicadores de Desempenho, que são as informações comparáveis sobre o desempenho econômico, ambiental e social da organização (GRI, 2013). As diretrizes do modelo GRI contêm uma série de indicadores que são separados em três grupos: 1) indicadores de desempenho econômico: que medem o valor econômico direto gerado e distribuído, incluindo receitas, custos operacionais, remuneração de empregados, doações e outros investimentos na comunidade, lucros acumulados e pagamentos para provedores de capital e governos e os principais impactos econômicos da empresa sobre a sociedade; 2) indicadores de desempenho ambiental: que apontam o desempenho relativo aos impactos da organização sobre sistemas naturais vivos e não vivos, incluindo ecossistemas, terra, ar e água; 3) indicadores de desempenho social: que se referem aos impactos da organização nos sistemas sociais em que opera; tais indicadores abrangem desempenho referente a práticas trabalhistas, direitos humanos, sociedade geral e responsabilidade pelo produto (Godoy, 2007, p. 6-10). Ao utilizarem os indicadores GRI de forma correta, as organizações terão uma visão mais ampla a respeito de suas atividades e a respeito de desperdícios gerados a partir de suas atividades operacionais, pois os indicadores foram desenvolvidos de forma que evidenciem os aspectos negativos de sua atividade econômica (GRI, 2002, p.25). Autores distintos enfatizam os benefícios advindos da adoção das diretrizes do guia GRI, dentre eles Carvalho e Siqueira (2007, p.2), que afirmam que o modelo GRI oferece informações abrangentes não orientadas para o gerenciamento da imagem corporativa, além de fornecer bases para uma maior comparabilidade das informações, constituindo um grande esforço para a harmonização de informações. Adams e Evans (2004, p.5), por sua vez, afirmam que o modelo GRI é o mais completo, tendo em vista que contém princípios como de “inclusão” e “transparência” que fornecem maior credibilidade aos relatórios ambientais. Logo, nota-se a relevância substancial desse modelo no cenário atual, se consolidando cada vez mais como conversor global dos relatórios sociais e contribuindo para maior transparência e comparabilidade na divulgação de informações. 3. Metodologia 3.1 Amostra e Fonte dos Dados Para a realização desta pesquisa, foram considerados os relatórios do ano de 2012, cujas informações remetiam às diretrizes ambientais, sociais e econômicas dos indicadores 5 www.congressousp.fipecafi.org essenciais do GRI de empresas brasileiras cujas atividades encontram-se relacionadas ao segmento de engenharia e construção civil. A opção por empresas desse segmento se justifica pelo fato de exercerem atividades que: i) estão em evidência no mercado, pelos crescentes incentivos governamentais com programas de habitação, bem como por demandas ocasionadas pelos eventos esportivos sediados no país em 2014; ii) exercem importante papel econômico nas áreas de atuação, pela capacidade de elevação da taxa de crescimento do produto, do emprego e da renda no curto e médio prazo, agregando significativo valor ao capital produtivo do estado; iii) impactam de forma direta o meio ambiente e a sociedade e, por isso, necessitam divulgar relatórios ambientais transparentes e padronizados sobre suas políticas econômicas, sociais e ambientais para que possam ser analisadas com maior profundidade pelos interessados. O banco de dados utilizado para a coleta dos relatórios estudados foi o site do GRI, que contém a relação das instituições que, de alguma forma, utilizam suas diretrizes para a elaboração dos relatórios sociais. Por meio dessa relação, foram selecionadas empresas do segmento relacionado a engenharia e construção civil, sediadas no Brasil. No total, foram analisadas cinco empresas brasileiras, a saber: Construtora Andrade Gutierrez, Even Construtora e Incorporadora S.A., Galvão Engenharia, Mendes Junior e Tecnisa Construtora e Incorporadora. 3.2 Modelo de Análise dos Dados Para a análise dos dados, utilizou-se a análise de conteúdo proposta por Bardin (2006). Foram considerados os indicadores GRI essenciais dos grupos: econômico, social e ambiental. Não foram inseridos indicadores adicionais, pois estes podem não ser informados e aplicados em todas as empresas, o que poderia vir a prejudicar a comparabilidade do estudo. Foram observados, no total, quarenta e nove indicadores distribuídos conforme a Tabela 1. Tabela 1: Indicadores Essenciais de Desempenho Econômico, Ambiental e Social. INDICADORES DE DESEMPENHO ECONOMICO EC1- Valor econômico direto gerado e distribuído incluindo receitas, custos operacionais, indenizações a trabalhadores, donativos e outros investimentos na comunidade, lucros não distribuídos e pagamentos a investidores e governos. EC2- Implicações financeiras e outros riscos e oportunidades para as atividades da organização, devido às alterações climáticas. EC3- Cobertura das obrigações referentes ao plano de benefícios definidos pela organização. EC4- Apoio financeiro significativo recebido do governo. EC6- Políticas, práticas e proporção de custos com fornecedores locais, em unidades operacionais importantes. EC7- Procedimentos para contratação local e proporção de cargos de gestão de topo ocupado por indivíduos provenientes da comunidade local, nas unidades operacionais mais importantes. EC8- Desenvolvimento e impacto dos investimentos em infra-estrutura e serviços que visam essencialmente o benefício público através de envolvimento comercial, em gêneros ou para o bem da comunidade. INDICADORES DE DESEMPENHO AMBIENTAL EN1- Materiais utilizados, por peso ou por volume. EN2- Percentagem de materiais utilizados que são provenientes de reciclagem. EN3- Consumo direto de energia, discriminado por fonte de energia primária. EN4- Consumo indireto de energia, discriminado por fonte primária. EN8- Total de retirada de água por fonte primária. EN11-Localização e tamanho da área possuída, arrendada ou administrada dentro de áreas protegidas, ou adjacente a elas, e áreas de alto índice de biodiversidade fora das áreas protegidas. 6 www.congressousp.fipecafi.org EN12- Descrição dos impactes significativos de atividades, produtos e serviços sobre a biodiversidade das áreas protegidas e sobre as áreas de alto índice de biodiversidade fora das áreas protegidas. EN16- Emissões totais diretas e indiretas de gases com efeito de estufa, por peso. EN17- Outras emissões indiretas relevantes de gases com efeito de estufa, por peso. EN19- Emissão de substâncias destruidoras da camada de ozônio, por peso. EN20- NOx, SOx e outras emissões atmosféricas significativas, por tipo e peso. EN21- Descarte total de água, por qualidade e destinação. EN22- Quantidade total de resíduos, por tipo e método de eliminação. EN23- Número e volume total de derrames significativos EN26- Iniciativas para mitigar os impactos ambientais de produtos e serviços e a extensão da redução desses impactos. EN27 Percentual de produtos e suas embalagens recuperados em relação ao total de produtos vendidos, por categoria de produto. EN28 Valor monetário de multas significativas e número total de sanções não-monetárias resultantes da não-conformidade com leis e regulamentos ambientais. INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL Indicadores de Desempenho Social Referentes a Práticas Trabalhistas e Trabalho Decente LA1- Discriminação da mão-de-obra total, por tipo de emprego, por contrato de trabalho e por região. LA2- Número total de trabalhadores e respectiva taxa de rotatividade, por faixa etária, gênero e região. LA4- Percentagem de trabalhadores abrangidos por acordos de contratação coletiva. LA5- Prazos mínimos de notificação prévia em relação a mudanças operacionais, incluindo se esse procedimento é mencionado nos acordos de contratação coletiva. LA7- Taxas de lesões, doenças ocupacionais, dias perdidos, absenteísmo e óbitos relacionados ao trabalho, por região. LA8- Programas em curso de educação, formação, aconselhamento, prevenção e controle de risco, em curso, para garantir assistência aos trabalhadores, às suas famílias ou aos membros da comunidade afetados por doenças graves LA10- Média de horas de formação, por ano, por trabalhador, discriminadas por categoria de funções. LA13- Composição dos órgãos sociais da empresa e relação dos trabalhadores por categoria, de acordo com o gênero, a faixa etária, as minorias e outros indicadores de diversidade. LA14- Discriminação da proporção do salário base entre homens e mulheres, por categoria de funções. Indicadores de Desempenho Social Referentes a Direitos Humanos HR1- Percentual e número total de contratos de investimentos significativos que incluam cláusulas referentes a direitos humanos ou que foram submetidos a avaliações referentes a direitos humanos. HR2- Percentual de empresas contratadas e fornecedores críticos que foram submetidos a avaliações referentes a direitos humanos e as medidas tomadas. HR4- Número total de casos de discriminação e as medidas tomadas. HR5 - Operações identificadas em que o direito de exercer a liberdade de associação e a negociação coletiva pode estar correndo risco significativo e as medidas tomadas para apoiar esse direito. HR6 - Operações identificadas como de risco significativo de ocorrência de trabalho infantil e as medidas tomadas para contribuir para a abolição do trabalho infantil. HR7 - Operações identificadas como de risco significativo de ocorrência de trabalho forçado ou análogo ao escravo e as medidas tomadas para contribuir para a erradicação do trabalho forçado. Indicadores de Desempenho Social Referentes à Sociedade SO1- Natureza, escopo e eficácia de quaisquer programas e práticas para avaliar e gerir os impactos das operações nas comunidades, incluindo a entrada, operação e saída. SO2 - Percentual e número total de unidades de negócios submetidas a avaliações de riscos relacionados a corrupção. SO3 - Percentual de empregados treinados nas políticas e procedimentos anticorrupção da organização. SO4- Medidas tomadas em resposta a casos de corrupção. SO5- Posições quanto a políticas públicas e participação na elaboração de políticas públicas e lobbies. SO8 - Valor monetário de multas significativas e número total de sanções não-monetárias resultantes da não-conformidade com leis e regulamentos. Indicadores de Desempenho Referentes à Responsabilidade pelo Produto 7 www.congressousp.fipecafi.org PR1 - Fases do ciclo de vida de produtos e serviços em que os impactos na saúde e segurança são avaliados visando melhoria, e o percentual de produtos e serviços sujeitos a esses procedimentos. PR3 - Tipo de informação sobre produtos e serviços exigida por procedimentos de rotulagem, e o percentual de produtos e serviços sujeitos a tais exigências. PR6 - Programas de adesão às leis, normas e códigos voluntários relacionados a comunicações de marketing, incluindo publicidade, promoção e patrocínio. PR9 - Valor monetário de multas (significativas) por não conformidade com leis e regulamentos relativos ao fornecimento e uso de produtos e serviços. Fonte: Adaptado GRI (2006). Para o tratamento dos dados, foi realizada, primeiramente, uma classificação das informações obtidas em conformidade com o requerido pelos indicadores essenciais do GRI. O critério utilizado se baseou nos modelos preconizados por Dias (2006) e Carvalho (2007), apresentados conforme a Tabela 2. Tabela 2: Base para classificação das informações NÃO APRESENTADOS APRESENTADOS CATEGORIA SIGLA CLASSIFICAÇÃO APL Aderência Plena AP Aderência Parcial D Dúbio I Inconsistente ND Não Disponível NA Não Aplicável OJ Omitido com Justificativa O Omitido DEFINIÇÃO Quando todos os dados requeridos no protocolo indicador essencial da G3 foram devidamente fornecidos pela Organização. Quando apenas parte dos dados requeridos no protocolo do indicador essencial da G3 foram apresentados pela organização. Quando as informações fornecidas não são suficientes para o usuário avaliar se a aderência é plena ou parcial. Quando as informações fornecidas pela organização diferem daquelas requeridas no protocolo do indicador essencial da G3. Quando a organização reconhece que a informação requerida é pertinente às suas atividades, porém esta ainda não tem condição de fornecê-la. Quando a organização reconhece que os dados requeridos pelo indicador não são pertinentes às suas atividades ou ao setor em que ela atua. Quando a organização omite a informação requerida pelo protocolo do indicador essencial da G3, por sua decisão, porém apresentando uma justificativa para tal omissão. Quando nada é comentado sobre o indicador, como se o mesmo não existisse. Fonte: Dias (2006) e Carvalho (2007). Posteriormente, foram elaborados os cálculos do grau de aderência plena (GAPIE) das organizações analisadas. A fórmula foi replicada dos estudos de Dias (2006) e Carvalho (2007) e permite que seja avaliado, em porcentagem, o quanto as empresas estão respeitando as determinações estabelecidas pelo GRI. O cálculo é realizado da seguinte maneira: GAPIE = Total dos Indicadores com “APL” + Total dos Indicadores “OJ” Total dos Indicadores Essenciais – Totais dos Indicadores “NA” Leia-se: GAPIE-GRI = Grau de aderência plena aos indicadores essenciais da GRI ; APL = Aderência Plena ; OJ = Omitidos com Justificativa; NA = Não Aplicáveis. 8 www.congressousp.fipecafi.org Dias (2006, p. 96) destaca que, no numerador, os indicadores omitidos com justificativa são somados aos indicadores com aderência plena pelo fato de os primeiros serem uma opção fornecida pelo GRI para a não apresentação de algum indicador essencial. No denominador, o total de não aplicáveis foi subtraído do total dos indicadores essenciais para que não haja penalização da empresa em virtude de existirem indicadores que não se enquadrem em sua realidade. Adicionalmente, foi calculado o Grau de Evidenciação Efetiva (GEE), que é baseado no estudo de Carvalho (2007) e objetiva mensurar o percentual da quantidade de informação efetivamente relatada pela organização dentro do potencial total de informação do modelo GRI, conforme a fórmula que segue: GEE= Total dos Indicadores com “APL” Total dos Indicadores Essenciais – Totais dos Indicadores “NA” Leia-se: GEE-GRI = Grau de evidenciação efetiva aos indicadores essenciais da GRI ; APL = Aderência Plena ;; NA = Não Aplicáveis. Dessa forma, os indicadores “não aplicáveis” foram subtraídos do total de indicadores essenciais de modo a não influenciarem na apreciação final dos resultados e propiciar uma análise mais objetiva em termos de aderência ao indicador. Os resultados da amostra podem ter variações de 0%, que corresponde ao menor grau de aderência, e 100%, que representa o maior grau. O critério de apresentação dos indicadores foi explicitado de acordo com os três Níveis de Aplicação sugeridos pela GRI (A, B e C), sendo classificados como “alto”, “médio” e “baixo” em conformidade com os três níveis de aplicação. Na Tabela 3, baseada no estudo de Castro, Siqueira e Macedo (2009), evidencia-se esta classificação: Tabela 3: Níveis de Classificação do GAPIE e do GEE FAIXA CLASSIFICAÇÃO 0% |— 25% “BAIXO” 25% |— 62% “MÉDIO” 62% |— 100% Fonte: Adaptado de Castro, Siqueira e Macedo (2009). “ALTO” Portanto, de acordo com o GRI (2006b, p.2), terão classificação “alta”, nível de aplicação A, as organizações que apresentarem resultados acima de 62% dos índices analisados. O nível de aplicação B, classificação “média”, representa as empresas que apresentaram o equivalente a 25%, ou seja, resultados entre 25% e 62%. E aquelas que apresentarem resultados inferiores a 25% são classificadas como de grau “baixo”. 3.3 Limitações da Pesquisa A principal limitação desta pesquisa diz respeito à subjetividade presente na análise de conteúdo. Muitas das inferências foram influenciadas por interpretações pessoais por parte do pesquisador. Em vista disso, deve-se levar em consideração a questão da subjetividade no decorrer da análise dos dados. Nota-se, também, que a análise de conteúdo limitou-se à coleta de informações nos sites e nos relatórios sociais divulgados anualmente pelas empresas pesquisadas, tais relatórios podem apresentar vieses relacionados, principalmente, ao destaque de informações positivas ou à omissão de alguma outra informação que pode ser crucial para a correta interpretação do 9 www.congressousp.fipecafi.org indicador. Algumas organizações também se utilizam de atenuantes nas informações quando causam algum impacto ambiental, ou, então, tentam extrair algo de positivo de eventuais casos maléficos ocorridos no decorrer de suas atividades, de forma a distorcer o conteúdo transmitido ao usuário. Outros fatores de limitação estão relacionados à utilização de apenas indicadores essenciais, em detrimento dos adicionais, e da amostra que comporta somente uma parcela das empresas brasileiras relacionadas à engenharia e construção civil, não podendo ser estendido o resultado ao total de empresas desse segmento. 4. Apresentação dos Resultados 4.1 Análise Geral dos Resultados Após a realização dos cálculos dos GAPIEs das empresas da amostra, com o objetivo de realizar uma análise comparativa das entidades, os níveis de adequação foram divididos por indicadores de desempenho econômico, social e ambiental. Ressalta-se que todas as entidades analisadas elaboraram um sumário, também denominado índice remissivo, indicando os tópicos e as respectivas páginas do relatório nos quais estavam localizados os indicadores objeto de estudo. De acordo com a metodologia utilizada nesta pesquisa, a única empresa que poderia estar classificada no grupo “alto” de aderência aos indicadores é a Construtora Andrade Gutierrez. A Even construtora e incorporadora S.A, apesar de ter se declarado no nível A+, obteve aderência de 51%, sendo classificada como nível “médio”. O resultado demonstrado diverge daquele obtido no estudo de Dias (2006), no qual cinco, das oito empresas analisadas, obtiveram resultado considerado com alto grau de aderência para esse indicador, no entanto, se aproxima dos resultados alcançados no estudo de Castro, Siqueira e Macedo (2009) e Carvalho (2007), em que nenhuma empresa da amostra apresentou alto grau de aderência plena. Observou-se, ainda, uma variabilidade significativa nos resultados gerais, tal fato é evidenciado pelo desvio padrão geral no GAPIE das empresas, que atingiu aproximadamente 19%. Verifica-se, dessa forma, que não há uma uniformidade na aderência aos indicadores entre empresas de um mesmo segmento. O mesmo comportamento foi observado no estudo de Bazani e Leal (2013), que verificou que não havia tendência na observação dos GAPIEs no estudo dos indicadores ambientais de empresas dentro dos mesmos segmentos em petroquímicos, celulose e exploração e refino. Com relação à elaboração do calculo do Grau de Evidenciação Efetiva (GEE), foram observadas algumas mudanças nos percentuais de adequação. Uma primeira observação a ser realizada é que, no Grau de Evidenciação Efetiva, nenhuma empresa pode ser classificada no nível “alto” de aderência, sendo que a Construtora Andrade Gutierrez, que havia alcançado 63% no Grau de Aderência Plena, omitiu com justificativa três indicadores (EN8, EN19 e LA5) que não foram considerados no cálculo do GEE, ocasionando uma queda para 56% na aderência efetiva. Na sequência, detalha-se a análise dos relatórios de cada empresa individualmente. 4.2 Análise da Construtora Andrade Gutierrez A empresa Andrade Gutierrez se declarou no nível B de classificação, mediante parecer da empresa de auditoria Ernst & Young. Com relação à evidenciação dos indicadores, estes foram distribuídos de acordo com a Tabela 4. 10 www.congressousp.fipecafi.org Tabela 4: Relação dos Indicadores Construtora Andrade Gutierrez CLASSIFICAÇÃO ECONOMICO AMBIENTAL SOCIAL TOTAL APL 5 10 12 27 AP 1 3 2 6 D 0 0 0 0 I 1 1 0 2 ND 0 0 0 0 NA 0 0 1 1 OJ O 0 2 1 3 0 1 9 10 TOTAL 7 17 25 49 Fonte: Elaborada pelos autores. Leia-se: APL=aderência plena; AP= aderência parcial; D= dúbio; I = inconsistente; ND = não declarado; NA= não aplicável; OJ = omitido com justificativa; O = omitido sem justificativa. A construtora apresentou um GAPIE de 63%; esse considerável desempenho se deve ao fato de a empresa ter atendido plenamente 27 dos 49 indicadores analisados. A companhia também omitiu com justificativa os indicadores EN11, EN19 e LA5, o que foi considerado como adicional no cálculo do indicador conforme evidenciado na metodologia. Ressalta-se que foram considerados omitidos com justificativa os indicadores em que a empresa apresentou comentário contendo argumentações que justificassem a sua não apresentação. Com relação ao GEE, esse foi de 56%, justificado pelo fato de esse índice não considerar as omissões com justificativa. No grupo de desempenho econômico, foram apresentados com aderência plena cinco (EC3, EC4, EC6, EC7, EC8), dos sete indicadores analisados. O indicador EC1 não foi considerado atendido plenamente por não terem sido discriminadas completamente as informações referentes ao valor econômico gerado pela entidade conforme requisitado e o indicador EC2 foi considerado inconsistente por serem apresentadas informações que destoaram do requerido. No grupo de desempenho ambiental, a organização apresentou com aderência plena dez (EN1, EN3, EN16, EN17, EN20, EN22, EN23, EN26, EN27 e EN28) dos dezessete indicadores. No que se refere à avaliação social, foram apresentados com aderência plena 12 dos 25 indicadores. No cômputo geral, pode-se inferir que, de acordo com o critério utilizado para a pesquisa, o relatório da companhia em questão se apresenta em um nível relativamente alto, tendo em vista o grau de aderência plena e a objetividade na prestação de informações. No entanto, se caracterizou por uma alta exposição das qualidades e por omissão de informações que são relevantes para a avaliação do modelo de relatório em análise. 4.3 Análise da Even Construtora e Incorporadora A empresa Even Construtora & Incorporadora se declarou no nível A+ de qualidade, alegando que o relatório foi submetido a avaliação externa. A organização, no entanto, apresentou um GAPIE e GEE de 51% de acordo com os critérios utilizados neste estudo, de forma que o nível de aderência foi classificado como “médio”. Os indicadores da Even Construtora foram distribuídos de acordo com a Tabela 5. 11 www.congressousp.fipecafi.org Tabela 5: Relação dos Indicadores Even Construtora CLASSIFICAÇÃO ECONOMICO AMBIENTAL SOCIAL TOTAL APL 6 5 14 25 AP 0 7 8 15 D 0 0 0 0 I 1 4 1 6 ND 0 1 2 3 NA 0 0 0 0 OJ O 0 0 0 0 0 0 0 0 TOTAL 7 17 25 49 No que tange ao desempenho econômico, observa-se que a organização obteve um aproveitamento de 86%, ou seja, apresentou seis dos sete indicadores essenciais requeridos, dessa forma, apenas o indicador EN2 obteve classificação como “inconsistente” por apresentar uma informação discrepante do que foi solicitado. Por meio da análise do desempenho ambiental, foi constatado que a entidade apresentou de forma plena apenas cinco dos dezessete indicadores solicitados, sendo eles: EN16, EN19, EN23, EN23 e EN28. Isto evidencia que, apesar de a organização declarar que apresentou totalmente as informações, muitas delas são expostas de maneira limitada ou distorcida em relação ao que realmente é solicitado. Em seu desempenho social, a construtora obteve um grau de atendimento de 56%, pois apresentou plenamente 14 das 25 informações requeridas. O relatório social da Even Construtora & Incorporadora, de maneira geral, se caracterizou por apresentar a maior parcela dos indicadores requeridos, no entanto, muitos deles foram reportados de maneira incompleta ou com informações incompatíveis com o que era de fato requisitado, haja vista a considerável quantidade de classificações inconsistentes. 4.4 Análise da Galvão Engenharia A Galvão Engenharia se declarou no nível C de aplicação ao modelo GRI. A empresa apresentou um GAPIE e GEE de 18%, sendo classificado como de aderência “baixa” em relação aos índices supracitados. A distribuição dos indicadores está representada na Tabela 6. Tabela 5: Relação dos Indicadores Galvão Engenharia CLASSIFICAÇÃO ECONOMICO AMBIENTAL SOCIAL TOTAL APL 3 1 5 9 AP 2 0 5 7 D 0 0 0 1 I 0 0 1 0 ND 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 7 16 17 14 32 25 49 NA OJ O TOTAL 0 Em relação aos indicadores de desempenho econômico, a Galvão Engenharia obteve aderência plena em três indicadores (EC1, EC3 e EC4). No desempenho social, apenas o 12 www.congressousp.fipecafi.org indicador EN3 foi apresentado e classificado como de aderência plena, o que contribuiu para que a organização tivesse o baixo GAPIE/GEE apresentado. No que tange à avaliação do desempenho social, verificou-se que foram apresentados 11 dos 25 indicadores requeridos, e apenas cinco deles foram considerados como de aderência plena. Em síntese, o relatório em questão se apresentou com carência de várias informações no que tange ao que é solicitado pelo modelo de análise, tendo em vista que foram apresentados apenas 35% do total de indicadores essenciais, sendo que, dos apresentados, 17% foram evidenciados de forma parcial ou dúbia. 4.5 Análise da Mendes Junior A Mendes Junior se declarou no nível B de qualidade de acordo com parecer da BDO Auditores Independentes SS. O GAPIE e o GEE foram de 20%, classificados como aderência “baixa” em relação ao critério utilizado pelo estudo. Os indicadores da Mendes Junior estão distribuídos conforme a Tabela 7. Tabela 7: Relação dos Indicadores da Mendes Junior. CLASSIFICAÇÃO ECONOMICO AMBIENTAL SOCIAL TOTAL APL 1 3 6 10 AP 1 2 2 5 D 0 0 0 0 I 0 0 2 2 ND 0 0 0 0 NA 0 0 0 0 OJ O 0 0 0 0 5 7 12 17 15 32 25 49 TOTAL Observa-se que, no desempenho econômico, a organização apresentou dois dos sete indicadores essenciais, no entanto, apenas um deles foi considerado como de aderência plena, sendo ele o indicador EC3. O indicador EC1 foi considerado parcialmente atendido por não explicitar todas as informações referentes ao valor econômico gerado e distribuído. Não foi realizada nenhuma referência com relação ao restante dos indicadores desse grupo, motivo pela qual foram considerados como omitidos sem justificativa. No que se refere ao desempenho ambiental, foram apresentados cinco indicadores, sendo que três deles foram realizados de forma plena (EN1, EN22 e EN23). Em relação ao desempenho social, dez dos indicadores foram apresentados, sendo seis com aderência plena (LA2, LA4, LA10, HR5, SO8 e PR1). De modo geral, o relatório social da Mendes Junior se caracterizou pela omissão de várias das informações utilizadas para análise, haja vista que os indicadores classificados como omitidos sem justificativa representaram 65% do total utilizado no estudo. Dentre os dezessete indicadores apresentados, sete foram julgados como faltando informações relevantes ou sem consonância com o que realmente é solicitado, evidenciando que a entidade carece de melhorias ao reportar as informações. 13 www.congressousp.fipecafi.org 4.6 Análise da Tecnisa Construtora e Incorporadora A Tecnisa Construtora e Incorporadora se declarou no nível C de aderência ao modelo. A organização atingiu GAPIE e GEE de 31%, classificado como nível “médio” no método utilizado. A classificação dos indicadores da Tecnisa teve distribuição conforme a Tabela 8. Tabela 8: Relação dos Indicadores Tecnisa Construtora e Incorporadora. CLASSIFICAÇÃO ECONOMICO AMBIENTAL SOCIAL TOTAL APL 1 7 7 15 AP 0 2 3 5 D 0 0 0 0 I 0 0 0 0 ND 0 0 0 0 NA 0 0 0 0 OJ 0 0 0 0 O 6 8 15 29 TOTAL 7 17 25 49 Na avaliação do desempenho econômico, verifica-se que foi apresentado apenas um (EC1), dentre os indicadores analisados, sendo este arbitrado como de aderência plena. Os demais indicadores para esse grupo foram omitidos sem justificativa. Com relação ao desempenho ambiental, observa-se que foram apresentados nove, dos dezessete indicadores requeridos para a pesquisa: sete deles classificados como de aderência plena (EN1, EN2, EN3, EN8, EN22, EN26 e EN28) e dois como de aderência parcial (EN4 e EN21). Não foram feitas menções sobre os demais oito indicadores, fato pelo qual foram classificados como omitidos sem justificativa. No que tange ao desempenho social, foram apresentados 10 dos 25 indicadores essenciais considerados para este grupo, destacando que sete tiveram aderência plena (LA4, LA8, LA10, LA14, HR6, SO8 e PR9). O relatório social de 2012 da Tecnisa Construtora & Incorporadora, de maneira geral, se notabilizou por omitir informações importantes, principalmente aquelas relacionadas a uma descrição mais precisa de como funciona a organização, a exemplo de itens que pedem descrição de aspectos negativos como emissão de gases e políticas internas para combater a corrupção, se caracterizando pelo maior enfoque aos aspectos positivos. No entanto, para os indicadores em que as informações são apresentadas, estas são evidenciadas de forma satisfatória, haja vista que, dos vinte indicadores apresentados, quinze foram classificados como aderidos plenamente. 5 Considerações Finais O presente estudo objetivou realizar uma análise comparativa do nível de evidenciação de informações contábeis ambientais entre empresas do segmento relacionado a engenharia e construção civil. Tal análise se baseou na identificação da aderência aos indicadores essenciais de desempenho econômico, ambiental e social da versão GRI (G3) do relatório social ano base de 2012 das empresas da amostra. Os resultados empíricos apontaram que as entidades analisadas apresentam, de modo geral, carência na transparência das informações publicadas, de forma que uma série de aspectos considerados negativos à imagem da empresa foram omitidos ou apresentados de forma inconsistente. Esta questão vai ao encontro do que foi concluído no estudo de Bazani e Leal (2013) e atestado por Siqueira e Vidal (2003). Outra constatação é a existência de 14 www.congressousp.fipecafi.org distorção entre o que as empresas declaram em seus relatórios e o que realmente apresentam segundo as diretrizes do GRI, a exemplo da empresa Even Construtora & Incorporadora, que se declarou no nível A+ de classificação do GRI, mas apresentou informações de forma incompleta ou inconsistente sendo, por isso, classificada como de nível “médio” para a aplicação dos índices GAPIE e GEE. Na análise do GAPIE, observou-se que houve uma variabilidade considerável no resultado entre as empresas analisadas, não havendo tendência de apresentação para empresas de mesmo segmento. A organização Andrade Gutierrez foi a que obteve o melhor desempenho para esse indicador, sendo a única empresa que se enquadrou na classificação “alta” de aderência. No desempenho por categoria, o melhor desempenho médio das empresas foi observado na área ambiental. O que é contraditório, pois a maioria dos indicadores desse grupo envolve cálculos de difícil mensuração, como materiais utilizados por peso e volume, emissão de gases e consumo de água e energia. Nos grupos de desempenho econômico e social, o resultado médio foi equiparado, no entanto, deve-se considerar que no desempenho social foram considerados vinte e cinco indicadores contra sete do desempenho econômico, o que aponta para uma maior carência proporcional na apresentação de indicadores econômicos. Em relação ao desempenho do GEE, constatou-se que nenhuma organização se enquadrou na classificação “alta”. A Andrade Gutierrez, que havia obtido classificação maior no GAPIE, omitiu com justificativa três indicadores, o que ocasionou a queda para a terceira posição na análise do GEE. Quanto ao desempenho por categoria do GEE, constata-se que o pior desempenho médio foi observado no âmbito social, reflexo da omissão com justificativa de indicadores da Andrade Gutierrez. Contraditoriamente, o melhor desempenho passou a ser do grupo de desempenho econômico, que não teve omissão com justificativa de nenhuma das entidades analisadas. Dessa forma, fica evidenciado que a omissão com justificativa de indicadores relevantes pode alterar o entendimento com relação à qualidade do relatório de sustentabilidade publicado pelas empresas, em conformidade com o concluído por Carvalho (2007) e Castro, Siqueira e Macedo (2009). Diante do exposto, observa-se que, apesar dos esforços do Global Reporting Initiative (GRI) em uniformizar os relatórios sociais e fornecer um substrato para a melhoria na qualidade de divulgação das informações de cunho contábil/ambiental, as empresas do segmento analisado, em geral, ainda carecem de melhorias no que se refere à quantidade de informações prestadas e à forma de apresentação das mesmas. Há necessidade, portanto, de convergirem para uma maior uniformidade e transparência ao reportarem os indicadores requeridos e para a redução de vieses que distorçam as informações divulgadas. Referências Adams, C. A. & Evans, R. (2004). Accountability, Completeness, Credibility and the Audit Expectations Gap. The Journal of Corporate Citizenship Sheffield, 14, 2004. Baldo, R. (2002). A Empresa cidadã frente ao Balanço Social. In: Congresso Brasileiro de Ciência da Comunicação, 25, Salvador. Anais... Salvador-BA, 2002. Bardin, L. (2006). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2006. Bazani, C. L. & Leal, E. A. (2013). Nível de Evidenciação das Informações Contábeis Ambientais e o Grau de Aderência Aos Indicadores GRI: um estudo comparativo com empresas de três segmentos. In: Congresso USP de Controladoria e Contabilidade,13, São Paulo. Anais... USP: São Paulo, 2013. 15 www.congressousp.fipecafi.org Carvalho, F. de M. (2007). 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