ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DOS INDICADORES ESSENCIAIS DA VERSÃO
G3, DO GLOBAL REPORTING INITIATIVE, DOS RELATÓRIOS DAS
EMPRESAS DO SETOR BRASILEIRO DE PETROLÉO, GÁS E
BIOCOMBUSTÍVEL
Autoria:
 Welton Evaristo da Silva - Faculdade de Ciências Sociais Aplicada (FACISA)
RESUMO ESTENDIDO
O relatório da Global Reporting Initiative (GRI) é constituído por um conjunto de
princípios e indicadores de ordem econômica, social e ambiental com ênfase na
transparência, qualidade e confiabilidade das informações divulgadas. Este artigo
verificou se as empresas brasileiras listadas na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuro
de São Paulo (BM&FBOVESPA) no setor petróleo, gás e biocombustível e de utilidade
públicaobtiveram os relatórios de sustentabilidade, segundo os padrões G3, que
contempla o sumário de índice remissivo dos Indicadores do GRI.
Observa-se que algumas empresas brasileiras vêm aderindo à utilização dos indicadores
de Relatório de Sustentabilidade proposto pelo GRI, porém esta adesão está ocorrendo
em diferentes níveis.A questão investigada no presente artigo estrutura-se da seguinte
forma: qual o Grau de Aderência Plena e de Evidenciação Efetiva, nos relatórios do
GRI, versão G3, do setor de petróleo, gás e biocombustível brasileiro? O objetivo do
artigo é verificar o Grau de Aderência Plena e de Evidenciação Efetiva, das empresas do
setor de petróleo, gás e biocombustível brasileiro, por intermédio dos relatórios de
sustentabilidade, elaborados pela versão G3 das Diretrizes do GRI.
No ano de 1999, foi elaborada a primeira versão do relatório de GRI, sendo lançada
apenas em junho de 2000. Depois de várias mudanças foi elaborada uma segunda
versão, no ano de 2002, e atualmente o relatório apresenta-se em sua terceira versão. A
G3 foi concebida de modo a fortalecer os princípios para a elaboração de relatórios de
sustentabilidade e conta com protocolos técnicos para todos os indicadores de
desempenho (LUCENA; TRAVASSOS, 2009). O GRI elaborou as Diretrizes para
Relatórios de Sustentabilidade baseadas num processo consensual a fim de serem
criados relatórios que possam alcançar aceitação mundial. Logo, para assegurar alto
grau de qualidade técnica, credibilidade e relevância, a Estrutura de Relatórios de
Sustentabilidade é desenvolvida e continuamente melhorada por meio de um intenso
engajamento que envolve GRI multistakeholder organizações relatoras e especialistas
que, juntos, desenvolvem e revisam o conteúdo da Estrutura de Relatórios (LUCENA;
TRAVASSOS, 2009).
Quanto ao proceder metodológico, a tipologia é exploratória;e em relação ao objeto de
estudo, trata-se de uma pesquisa documental e de estudo de caso. A população da
pesquisa consiste no conjunto de empresas listadas na BM&FBOVESPA no ano de
2013. Optou-se pela utilização de uma amostra não probabilística e com isso, a pesquisa
foi direcionada para as empresas do setor petróleo, gás e biocombustível brasileiro nos
segmentos de equipamentos e serviços e de exploração e/ou refino. Em seguida, no site
de cada empresa foram obtidos relatórios de sustentabilidade, segundo os padrões G3,
onde constava o sumário de índice remissivo dos Indicadores do GRI, das empresas
listadas no setor Petróleo, Gás e Biocombustível nos segmentos atualizados em
13/04/2013 (BM&FBOVESPA, 2013). O acesso aos relatórios foi por meio da internet,
com a consulta nas home pages das empresas. Após a análise documental de cada
empresa, foi considerada a informação fornecida no sumário da GRI. Assim analisou a
página correspondente a determinado indicador, pois um dos quesitos relativos à
conformidade da utilização deste relatório é a adequada elaboração do sumário.
Em seguida foi aplicado o cálculo dos Graus de Aderência Plena dos Indicadores
Essenciais (GAPIE) e de Evidenciação Efetiva (GEE). Para o GAPIE foi verificado o
quanto que as empresas estão respeitando as determinações estabelecidas pelo GRI. O
GEE foi verificado quanto ao nível de informação que a empresa está efetivamente
oferecendo aos seus usuários em comparação a todo o potencial As fórmulas adotadas
para os cálculos são a partir dos estudos de Dias (2006) e Carvalho (2007): O GAPIE é
igual ao Total dos indicadores com APL somado ao Total dos Indicadores com Omissão
com Justificativa, dividido pelo Total dos Indicadores Essenciais subtraído dos Totais
dos Indicadores Não Aplicáveis. O GEE é igual ao Total dos indicadores com APL,
dividido pelo Total dos Indicadores Essenciais subtraído dos Totais dos Indicadores
Não Aplicáveis. Este procedimento não foi possível de ser realizado no relatório da
OSX Brasil S.A, HRT Participações em Petróleo S.A., OGX Petróleo e Gás
Participações S.A., Pacific Rubiales Energy Corp.,QGEP Participações S.A.eRefinaria
de Petróleo Manguinhos S.A., pois nos relatórios destas empresas não foram publicadas
as diretrizes do GRI, inviabilizando sua análise. A amostra da pesquisa delimitou-se a
Petróleo Brasileiro S.A. Petrobras, somente sobre os indicadores essenciais, por terem
maior relevância e aplicabilidade sobre as empresas, ao contrário dos indicadores
adicionais, que são complementares, podendo ou não ser aplicados e informados, o que
poderia vir a prejudicar a comparabilidade entre as empresas no ano de 2011. A escolha
do ano de 2011 foi devidaa ser este o ano mais atual evidenciado pela empresa. Para a
classificação dos resultados em alto, médio ou baixo, tomou-se como base os critérios
referentes à apresentação dos indicadores requeridos para a classificação nos três níveis
de aplicação sugeridos pela GRI (A, B e C). Desta forma, para a empresa analisada ser
classificada com alto grau (A+), ela deve apresentar seu resultado acima de 62%, pois
para ela ser classificada como nível de aplicação A, pelo menos 49 indicadores
essenciais, de um total 79 indicadores, devem ser respondidos. Da mesma forma,
considerando que uma empresa para ser classificada como nível de aplicação B deve
apresentar um resultado entre 25% e 62%, será classificada como de grau médio (B+).
Consequentemente, aquela que exibir um resultado inferior a 25%, será classificada
como de grau baixo (C+). Os níveis com o ponto de aplicação que apresente o símbolo
(+) só podem ser declarados se tiver sido realizada verificação externa (auditoria) do
relatório. Visto que, para o setor Petróleo, Gás e Biocombustível, no segmento
Exploração e/ou Refino,a Petrobrás classifica-secom A+, por apresentar de um total 79
indicadores, devem ser respondidos pelo menos os 49 indicadores essenciais, o que
equivale a uma proporção de, aproximadamente, 62%. Verificando o desempenho por
categoria, foi identificado que o pior índice foi o ambiental, onde só se obteve 77,77%
de GAPIE; entretanto, quatro categorias alcançaram 100%, implica dizer que a empresa
cumpre as diretrizes do GRI (G3).
O presente artigo verificou o GAPIE e o GEE, do setor de petróleo, gás e
biocombustível brasileiro, por intermédio dos relatórios de sustentabilidade, elaborados
pela versão G3 das Diretrizes do GRI, a fim de identificar a divulgação das informações
do desempenho de natureza Triple Bottom Line.Segundo Moneva, Archel e Correa
(2006) essas informações merecem atenção especial na discussão corporativa,
constituindo-se em um dos instrumentos mais importantes dos quais os gestores
dispõem para comunicar-se com o mercado em geral e com os investidores. Neste
estudo foi constatado que a Petrobrás ultrapassou os 49 indicadores essenciais,
contemplando 58 indicadores, no entanto 53 classificam-se como APL, o que implica
enfatizar que os indicadores essenciais evidenciados pela empresa tem um acréscimo de
indicadores essenciais em 8,16% (PETROBRÁS, 2011).
Quanto aos graus, não existem diferença entre GAPIE – 91% e GEE – 91%, isto implica
dizer que a caracterização da empresa encontra-se no alto grau quanto ao estágio de
Aderência Plena com as Diretrizes do GRI. Por outro lado o GEE, não foi contemplado
na análise, por ser um indicador para a categoria Não Apresentados. Os Não
Apresentados consistem na classificação em que a Petrobrás, reconhece que os dados
requeridos pelo indicador não são pertinentes às suas atividades ou ao setor em que ela
atua.
Na análise da dimensão sociedade, a Petrobrás apresenta-se com o GAPIE de 90%,
devido no relatório de sustentabilidade na versão GRI (G3), não disponibilizar do
indicador SO8. Em relação à dimensão ambiental, as informações referentes aos
indicadores EN16, EN19, EN22 e EN23 (GRI, 2006b), não foram disponibilizados,
conjecturando no pior GAPIE de 77,77%. Vê-se, portanto, que abstraindo as dimensões
sociedade e ambiental, as demais dimensões econômico, social, direitos humanos e
responsabilidade com o produto mostra que é aplicável em 100%, devido apresentar os
melhores GAPIEs da organização, enquadrada no nível de aplicação A+. Constatou-se
que em 67,08% do total dos indicadores essenciais analisados, a Petrobrás enquadra-se
como o nível alto de APL. Que a utilização das informações para o usuário constitui-se
cumprir os dados e as diretrizes requeridas para os indicadores essenciais do GRI (G3),
evidenciando devidamente as informações pela empresa estudada.
Palavras-Chave: Global Reporting Initiative versão G3; indicadores essenciais
ambientais; relatório de sustentabilidade.
Referências
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Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br/cias-listadas/empresaslistadas/BuscaEmpresaListada.aspx?Idioma=pt-br> Acesso em: 13 abr. 2013.
CARVALHO, F. M.Análise da Utilização dos Indicadores Essenciais da Global
Reporting Initiative nos Relatórios Sociais em Empresas Latino-Americanas. 2007.
Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) - FACC/UFRJ, Rio de Janeiro, 2007.
DIAS, L. N. S. Análise da Utilização dos Indicadores do Global Reporting Initiative
nos Relatórios Sociais em Empresas Brasileiras. 2006. Dissertação (Mestrado em
Ciências Contábeis) - FACC/UFRJ, Rio de Janeiro, 2006.
GLOBAL REPORTING INITIATIVE. Níveis de Aplicação da GRI. 2006b Disponível
em: <http://www.globalreporting.org/NR/rdonlyres/0FF12693-CED7-4D07-847A106BC7D4080C/0/ApplicationLevelsPRT.pdf.> Acesso em: 12 abr. 2013.
LUCENA, S. L.; TAVASSOS, S. K. M. Análise Comparativa dos Relatórios de
Sustentabilidade do Global Reporting Initiative com ênfase nas empresas de capital
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MONEVA, J. M.; ARCHEL, P.; CORREA; C. GRI and the Camouflaging of Corporate
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PETROBRÁS. Relatório de Sustentabilidade Petrobrás 2011. Disponível em:
<http://www.petrobras.com.br/rs2011/downloads/RS_portugu%C3%AAs_online_p%C
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