AÇÕES EM PROL DO TURISMO SUSTENTÁVEL NAS RESERVAS PARTICULARES DO PATRIMÔNIO NATURAL DE MATO GROSSO DO SUL Estratégias Sustentáveis – Ecoturismo e Turismo Sustentável INTRODUÇÃO A Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (2015) considera que no estado existem 10 regiões turísticas, que oferecem opções a diferentes públicos alvos, baseados nas belezas naturais, nos negócios desenvolvidos, eventos realizados, identidade multicultural e no conhecimento. Nesta perspectiva, o turismo vinculado às belezas naturais de uma localidade é intitulado ecoturismo. Para Brasil (2010a), as atividades relacionadas ao mesmo correspondem a uma das maneiras em que o turismo é desenvolvido, através do uso sustentável dos elementos naturais e culturais, ao qual busca conscientizar os indivíduos sobre a importância da preservação do meio ambiente. Além disso, Dias (2003) considera que o ecoturismo, tem um significado maior do que visitar ou estudar os elementos contidos no meio ambiente, ele alcança elementos sociais e econômicos, através de seu vinculo com a população local, que permite a ampliação das condições de vida destes indivíduos e ao mesmo tempo promove a preservação do meio ambiente. Diante do exposto, as unidades de conservação, podem ser um recurso a ser utilizado para o turismo ecológico. Uma possibilidade é a Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN é uma ação cidadã com o intuito de proteger a biodiversidade de áreas pertencentes a pessoas físicas ou jurídicas (OJIDOS et al., 2008). De caráter privado, estas unidades de conservação, para Brasil (1996b) são criadas a partir do desejo dos proprietários de terras em destinar parte ou a totalidade de suas propriedades, para a preservação das características ambientais que compõem os biomas brasileiros. Para Broering e Sandeville Jr. (2010), este formato de reserva é considerado perpétuo. Deste modo, logo após a averbação realizada em cartório, ao qual viabilizam a criação da RPPN, mesmo que ela seja comercializada, arrendada, herdada ou o proprietário no futuro mude de opinião, a propriedade não perderá sua característica protetora do meio ambiente, ou seja, seu registro não poderá ser revertido futuramente, mantendo-se uma unidade de conservação. Todavia, De Carvalho (2014) indica que algumas atividades podem ser desenvolvidas nestas áreas, como o turismo ecológico, a educação ambiental e práticas de pesquisa científica, porém Brasil (1996) adverte que as mesmas não poderão intervir nas práticas de conservação, por isso os órgãos reguladores devem aprovar este desenvolvimento. Além disso, com a finalidade de auxiliar estas atividades, poderão ser realizadas obras de infraestrutura na RPPN. Para isso, Ferreira et al. (2004) e Brasil (2000c) consideram que as unidades de conservação devem ter elaborado o plano de manejo de cada propriedade. No mesmo encontram-se diferentes informações sobre a área e as normas que regem a RPPN, contemplando o modo como será utilizada, assim como, seus recursos naturais. Os objetivos da criação deste documento é tratado por Galante et al. (2002), contemplando o desenvolvimento da gestão e manejo da propriedade e manutenção dos objetivo iniciais da criação da unidade de conservação. Deste modo, o objetivo da pesquisa é identificar nos planos de manejo das RPPNs estaduais, os mecanismos utilizados para o desenvolvimento sustentável do turismo. Justificase a pesquisa pelas considerações feitas por Broering e Júlio (2011), com relação a estas unidades de conservação e as atividades que podem ser desenvolvidas como o turismo, estarem vinculadas as condições estabelecidas pelos proprietários das áreas. 1 METODOLOGIA A pesquisa é uma análise documental, com enfoque qualitativo e análise descritiva. Inicialmente é feito um levantamento das RPPNs estaduais e das unidades que possuem plano de manejo. Ambas informações estão disponibilizados no site do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul – IMASUL. Na sequência serão selecionados os elementos que se referem às ações vinculadas ao desenvolvimento sustentável do turismo ecológico. Essas informações são registradas em quadros e comparadas às atividades para cada unidade de conservação de mesma região ou bioma, o resultado desta comparação produzirá figuras que demonstrem as práticas comuns as unidades e outra as diferenças. RESULTADOS E DISCUSSÕES No estado de Mato Grosso do Sul, para o IMASUL (2014) são registradas 38 RPPNs estaduais criadas no período de 1990 a 2013, nos moldes indicados por Broering e Sandeville Jr. (2010). Elas totalizam 61.607,72 hectares de áreas preservadas, distribuídas pelos biomas: cerrado, mata atlântica e pantanal, o que representa unidades de conservação em diferentes regiões do estado das quais contemplam as regiões turísticas evidenciadas pela Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (2015). Da totalidade apresentada, 07 RPPNs tem disponibilizado pelo IMASUL (2015) o plano de manejo, sendo esta quantidade 18,4% dos documentos que deveriam estar disponibilizados a partir de Brasil (2000c). As unidades estão disponibilizadas no Quadro 01: Quadro 01: RPPNs com Plano de Manejo Disponibilizado pelo IMASUL Propriedades - RPPNs Plano de Manejo da RPPN Cabeceira do Rio Mimoso Plano de Manejo Fazenda São Geraldo Plano de Manejo RPPN Rio da Prata Plano de Manejo RPPN Fazenda Rio Negro Plano de Manejo RPPN Fazenda da Barra Plano de Manejo RPPN Xodó do Vô Ruy Plano de Manejo RPPN Cara da Onça Fonte: IMASUL (2015). Este planos de manejo são documentos técnicos que demonstram as características das RPPNs, por isso, Galante et al. (2002) elenca os objetivos em elabora-los, além disso Brasil (2000c) determina a obrigação da existência dos mesmos, existindo assim, uma possível carência nas RPPNs estaduais, ou na atualização de informações pelo IMASUL. Com relação os elementos que compõem os planos de manejo espera-se que eles demonstrem a organização das atividades desenvolvidas nas propriedades e que estas estejam em conformidade aquelas relatadas por De Carvalho (2014). Assim como, considerar as informações disponibilizadas em Brasil (1996) para identificação das características oriundas das alterações realizadas nas propriedades que foram promovidas para o desenvolvimento destas atividades. Com o comparativo entre propriedades de mesmas região ou bioma, espera-se reconhecer reservas com maior ou menor número de atividades em características naturais próximas, evidenciando-se as práticas de ecoturismo, definido por Dias (2003). CONCLUSÃO 2 A criação de uma RPPN é oriunda da tomada de decisão de proprietários rurais sobre o uso da terra, influenciada pelas questões ambientais e ou pelas atividades turísticas, porém o predomínio pela conservação ambiental deve sobressair-se devido as exigências relacionadas a esta unidade de conservação. Deste modo, a produção de conhecimento inerente as RPPNs poderá contribuir e estimular a criação destas unidades, bem como, disseminar informações sobre os benefícios gerados por estas propriedades com relação a conservação ambiental. Além disso, conhecer o funcionamento das RPPNs através do plano de manejo, poderá identificar diferentes contextos relacionados com a mesma finalidade, ou seja, propriedades distintas que atuam em prol da conservação ambiental, porém podem fazer isso, por meio de diferentes atividades. Denota-se que existe a expectativa que as informações sobre o turismo, contidas nestes planos possam ser comparadas de modo que as unidades presentes em mesma região ou bioma tenham alguns padrões de atividades comuns, esta evidenciação dependerá da qualidade de informações presentes nestes documentos. REFERÊNCIAS BRASIL, Ministério do Turismo. Ecoturismo: orientações básicas. Brasília: Ministério do Turismo, 2010a. ______. Decreto n° 1.922, 5 de junho de 1996b. Dispõe sobre o reconhecimento das Reservas Particulares do Patrimônio Natural, e dá outras providências. Brasília, DF. Disponível em: < www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D1922.htm#art18>. Acesso em: 21 out. 2015. ______. Lei n° 9.985, 18 de julho de 2000c. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Brasília, DF. Disponível em: <http://www.sema.rs.gov.br/upload/Lei%20Federal%20n%C2%BA%209.985_2000.pdf>. Acesso em: 10 out. 2015. BROERING, A.; SANDEVILLE Jr. E. RPPN uma contribuição sociocultural na paisagem. In: Seminário de Áreas Verdes, 3, São Paulo, 2010. Livro dos trabalhos. São Paulo:Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, 1 ed. 2010. DE CARVALHO, C. R. As Políticas Públicas de (Re)Ordenamento do Turismo no Brasil e Suas Repercussões para a Região Nordeste: Novas ações do governo estadual baiano. Revista Geografia em Atos, n. 14, v. 1. Presidente Prudente, p. 48 – 63, 2014. DIAS, R. Turismo Sustentável e Meio Ambiente. São Paulo: Atlas, 2003. GALANTE, Maria Luíza V. et al. Roteiro metodológico de planejamento. Parque Nacional, Reserva Biológica, Estação Ecológica. Brasília: IBAMA, 2002. IMASUL. Reservas Particulares do Patrimônio Natural: RPPNs existentes em Mato Grosso do Sul. Disponível em: <http://www.imasul.ms.gov.br/?page_id=2138>. Acesso em: 10 out. 2015. ______. Plano de Manejo das Unidades de Conservação: RPPNs Estaduais. Acesso em: < http://www.imasul.ms.gov.br/?page_id=2112> Acesso em: 09 out. 2015. FERREIRA, L. M. et al. Roteiro Metodológico para a Elaboração de Plano de Manejo para Reservas Particulares do Patrimônio Natural. Brasília: IBAMA, 2004. FUNDAÇÃO DE TURISMO DE MATO GROSSO DO SUL. Regiões Turísticas. Campo Grande, 2015. OJIDOS, F., et. al. Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN: Iniciativa Cidadã para a Proteção da Natureza. São Paulo, SP, 2008. 3