PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós Graduação em Ensino de Ciências e Matemática A UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE GEOGEBRA NO ENSINO DA DISTRIBUIÇÃO NORMAL DE PROBABILIDADE: Uma aproximação entre a Geometria Dinâmica e a Educação Estatística. Lucas Rodrigues Duarte Belo Horizonte 2010 Lucas Rodrigues Duarte A UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE GEOGEBRA NO ENSINO DA DISTRIBUIÇÃO NORMAL DE PROBABILIDADE: Uma aproximação entre a Geometria Dinâmica e a Educação Estatística. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática. Orientador: Dimas Felipe de Miranda Belo Horizonte 2010 FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais D812u Duarte, Lucas Rodrigues A utilização do software Geogebra no ensino da distribuição normal de probabilidade: uma aproximação entre a geometria dinâmica e a educação estatística. / Lucas Rodrigues Duarte, 2010. 129.: il. Orientador: Dimas Felipe de Miranda Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. 1. Distribuição (Teoria da probabilidade). 2. Ensino e Aprendizagem. 3. Software Livre. 4. Material didático. 5. Ensino Superior. I. Miranda, Dimas Felipe de. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de PósGraduação em Ensino de Ciências e Matemática. III. Título. CDU: 51:378 Lucas Rodrigues Duarte A utilização do software Geogebra no ensino da distribuição normal de probabilidade: uma aproximação entre a geometria dinâmica e a educação estatística. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. ____________________________________________ Prof. Dr. Dimas Felipe de Miranda – Orientador – (PUC Minas) ____________________________________________ Prof. Dr. João Mário Andrade Pinto (CDTN/UFMG e FEA/FUMEC) ____________________________________________ Profª. Dr. Eliane Scheid Gazirie (PUC Minas) “O acaso não é mais que a medida de nossa ignorância. Os fenômenos aleatórios são por definição, aqueles cujas leis ignoramos.” Henri Poincaré RESUMO Esta dissertação investigou o uso do software Geogebra, aplicado ao ensino e aprendizagem da distribuição normal de probabilidade, com alunos do curso de graduação tecnológica em gestão da Produção Industrial, em uma instituição de ensino superior de Belo Horizonte. A proposta consiste na elaboração de uma sequência didática, composta por atividades investigativas estruturadas, que destacam algumas simulações e construções do modelo normal através do Geogebra. Os principais dados foram levantados durante a aplicação da proposta metodológica, com duas diferentes turmas do mesmo curso, no primeiro e segundo semestre de 2009. As análises e interpretação dos dados foram predominantemente qualitativas, e os resultados mostram possibilidades e contribuições do uso do software ao ensino e aprendizagem deste tópico, além de observar alguns obstáculos e conflitos cognitivos associados ao estudo introdutório da distribuição normal de probabilidade. Palavras-chave: Geogebra, distribuição normal de probabilidade, sequência didática, atividade investigativa. ABSTRACT This dissertation investigated the use of software Geogebra, applied in the teaching and learning of normal distribution probability, in students of technologic graduation in gesture of industrial production of a university of Belo Horizonte. The proposal consists in elaborate a didactic sequence, composed of organized investigative activity, which detach some simulations and construction of normal model using Geogebra. The main data were built up during the application of the methodological proposal in two different class of the same course in the first and second semester of 2009. The analysis and interpretations of the data were predominantly qualitative and the results shows possibilities and contributions of the software use in teaching and learning of this topic, besides observation of some obstacles and cognitive conflicts associated in the introductory study of normal distribution probability. Key Words: Geogebra, normal distribution probability, didactic sequence, investigative activity. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Interface Geogebra.................................................................................................... 41 Figura 2: Interface Geogebra.................................................................................................... 42 Figura 3: Representação do ponto ............................................................................................ 42 Figura 4: Mover ponto.............................................................................................................. 43 Figura 5: Modificando ponto.................................................................................................... 43 Figura 6: Modificando ponto.................................................................................................... 44 Figura 7: Representação de dois pontos ................................................................................... 44 Figura 8: Modificando ponto.................................................................................................... 45 Figura 9: Animação automática................................................................................................ 46 Figura 10: Reta por dois pontos................................................................................................ 47 Figura 11: Representação da reta.............................................................................................. 47 Figura 12: Modificando a equação da reta ............................................................................... 48 Figura 13: Representações de diferentes retas.......................................................................... 49 Figura 14: Habilitar seletor....................................................................................................... 50 Figura 15: Curva normal N[3,0.5]............................................................................................ 51 Figura 16: Área sob a cura normal N[3,0.5]............................................................................. 52 Figura 17: Modificando limites de integração.......................................................................... 53 Figura 18: Área sob a curva normal N[3,0.5], com limites associados a seletores.................. 53 Figura 19: Discretização da curva normal................................................................................ 54 Figura 20: Animação da aproximação normal ......................................................................... 55 Figura 21: Área ou probabilidade padronizada ........................................................................ 56 Figura 22: Área ou probabilidade padronizada ........................................................................ 57 Figura 23: Exibir planilha......................................................................................................... 59 Figura 24: Inserindo dados na planilha..................................................................................... 60 Figura 25: Ajuda histograma .................................................................................................... 60 Figura 26: Limites de classes e dados brutos ........................................................................... 61 Figura 27: Histograma .............................................................................................................. 61 Figura 28: Ordenar dados ......................................................................................................... 62 Figura 29: Valor da média ........................................................................................................ 63 Figura 30: Valor da mediana .................................................................................................... 63 Figura 31: Valor da moda......................................................................................................... 64 Figura 32: Valor do desvio padrão ........................................................................................... 65 Figura 33: Representação do Box plot, Histrograma e função N(30, 67)................................. 66 Figura 34: Ajuda do comando da caixa Box plot...................................................................... 66 Figura 33: Diagrama de dispersão ............................................................................................ 67 Figura 34: Coeficiente de correlação........................................................................................ 68 Figura 35: Reta de regressão .................................................................................................... 69 Figura 36: Regressão linear ...................................................................................................... 70 Figura 37: Curva normal N[3,0.5]............................................................................................ 72 Figura 38: Criar uma ferramenta .............................................................................................. 72 Figura 39: Selecione os objetos finais ...................................................................................... 72 Figura 40: Selecione os objetos iniciais ................................................................................... 73 Figura 41: Definindo nome, comando e ícone da ferrammenta ............................................... 73 Figura 42: Nova ferramenta criada........................................................................................... 74 Figura 43: Quincunx com duas classes de agrupamento.......................................................... 81 Figura 44: Quincunx com onze classes de agrupamento.......................................................... 81 Figura 45: Quincunx com vinte classes de agrupamento ......................................................... 81 Figura 46: possíveis formatos de agrupamento ........................................................................ 82 Figura 47: Simulação da aproximação normal dividida em dois retângulos............................ 82 Figura 48: Simulação da aproximação normal dividida em cinco retângulos.......................... 82 Figura 49: Simulação da aproximação normal dividida em grande quantidade de retângulos 83 Figura 50: Arquivo da segunda atividade................................................................................. 93 Figura 51: Arquivo da terceira atividade.................................................................................. 99 Figura 52: Protocolo de resolução, terceira atividade ............................................................ 100 Figura 53: Curva normal N(17, 0.5) ....................................................................................... 102 Figura 54: Protocolo de resolução, quarta atividade .............................................................. 105 Figura 55: Protocolo de resolução das questões 3 e 4 , quarta atividade ............................... 106 Figura 56: Protocolo de resolução, quarta atividade .............................................................. 107 Figura 57: Protocolo de resolução, quarta atividade .............................................................. 108 Figura 2: Quincunx com vinte classes de agrupamento ......................................................... 116 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Representação gráfica da função de densidade de probabilidade N(0,1)................ 16 Gráfico 2: Diferentes curvas normais e quadrado de equi-área................................................ 17 Gráfico 3: Curva normal e pontos notórios .............................................................................. 18 Gráfico 4 : Área sob a curva normal entre os pontos [µ, a] ..................................................... 18 Gráfico 5 : Área sob a curva normal entre os pontos [µ, a] ..................................................... 19 Gráfico 6 : Área sob a curva normal entre os pontos [µ, a] ..................................................... 19 Gráfico 7 : Área sob a curva normal entre os pontos [µ, 2,5] .................................................. 20 Gráfico 8 : Área sob a curva normal entre os pontos [µ, z]...................................................... 21 Gráfico 9: Área de probabilidade da função Φ(z) ................................................................... 71 Gráfico 10: Representação de uma parábola ............................................................................ 79 Gráfico 11: Área de probabilidade P( µ ≤ z ≤ x1 ) .................................................................... 86 Gráfico 12: Área de probabilidade P( x2 ≤ z ≤ x1 ) ................................................................... 86 Gráfico 13: Área de probabilidade P( x2 ≤ z ≤ x1 ) ................................................................... 86 Gráfico 14 : Pontos notórios em relação à média e o desvio padrão........................................ 95 Gráfico 15: Representação de diferentes curvas normais......................................................... 96 Gráfico 16: Frequência de acertos das duas turmas ............................................................... 104 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Atividade com quincunx.......................................................................................... 89 Quadro 2: Atividade com quincunx.......................................................................................... 91 Quadro 3: Atividade com quincunx.......................................................................................... 91 Quadro 4: Segunda atividade.................................................................................................... 93 Quadro 5: Segunda atividade.................................................................................................... 94 Quadro 6: Segunda atividade.................................................................................................... 95 Quadro 7: Segunda atividade.................................................................................................... 97 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13 2 DISTRUBIÇÃO NORMAL................................................................................................ 15 2.1 Síntese Histórica ...............................................................................................................15 2.2 O Modelo Normal .............................................................................................................16 2.3 Cálculo de Probabilidade.................................................................................................18 2.4 Distribuição normal Padronizada..................................................................................20 3. EDUCAÇÃO ESTATÍSTICA, ATIVIDADE INVESTIGATIVA E SEQUÊNCIA DIDÁTICA .............................................................................................................................. 23 3.1 Educação Estatística, uma atitude didática em construção..........................................23 3.1.1 Educação Estatística e as tecnologias da informação .................................................. 25 3.1.2 As tecnologias da informação e as questões críticas..................................................... 27 3.1.3 O uso de softwares de geometria dinâmica no ensino de Estatística, uma possibilidade empreendedora......................................................................................................................... 28 3.2 Atividade Investigativa, resolução de problemas e uma postura didática questionadora..........................................................................................................................29 3.3 Sequência Didática ...........................................................................................................32 3.3.1 Análise da tipologia dos conteúdos ................................................................................ 35 3.3.1.1 O Conteúdo Conceitual .............................................................................................. 36 3.3.1.2 O Conteúdo Procedimental ....................................................................................... 37 3.3.1.3 O Conteúdo Atitudinal............................................................................................... 37 4. GEOGEBRA, UMA PODEROSA FERRAMENTA PARA EXPERIMENTAÇÃO... 38 4.1 A experimentação matemática através de simulações ..................................................38 4.2 Apresentando o Geogebra................................................................................................39 4.2.1 Interface .......................................................................................................................... 40 4.3 Explorando o Geogebra ...................................................................................................41 4.3.1 Construindo ponto a partir da “Barra de ferramentas” ............................................... 41 4.3.1.1 Modificando Objeto.................................................................................................... 43 4.3.2 Construindo ponto através do “Campo entrada de comando” ..................................... 44 4.3.3 Construindo um ponto genérico P=(a,b) ....................................................................... 45 4.3.3.1 Utilizando o recurso : animação automática............................................................ 46 4.3.4 Construindo Reta a partir da “barra de ferramentas”.................................................. 46 4.3.4.1 Construindo Reta através do “campo de entrada de comando”............................ 48 4.3.4.2 Construindo uma reta genérica................................................................................. 49 4.4 Representando o modelo normal ....................................................................................50 4.4.1 Procedimentos para construção do modelo normal N(µ, σ) ......................................... 51 4.5 Calculando área de probabilidade ..................................................................................52 4.5.1 Cálculo de integrais definidas ........................................................................................ 52 4.6 Soma Inferior e Superior de Reimann ............................................................................54 4.7 Distribuição Normal Padronizada (z) .............................................................................55 4.8 O pacote de Estatística .....................................................................................................58 4.8.1 Explorando as medidas Descritivas ............................................................................... 58 4.8.1.1 Histograma .................................................................................................................. 60 4.8.1.2 Cálculo das medidas de Centralidade....................................................................... 62 4.8.1.2.1 Cálculo da Média Aritmética..................................................................................... 62 4.8.1.2.2 Cálculo da Mediana ................................................................................................... 63 4.8.1.2.3 Moda.......................................................................................................................... 64 4.8.1.3 Medidas de Dispersão................................................................................................. 64 4.8.1.3.1 Desvio Padrão............................................................................................................ 65 4.8.1.4 Diagrama de Caixa (Box Plot) ................................................................................... 65 4.8.2 Análise de Regressão ...................................................................................................... 66 4.8.2.1 Coeficiente de Correlação .......................................................................................... 68 4.8.2.2 Regressão Linear ........................................................................................................ 68 4.8.3 Cálculo de Probabilidades.............................................................................................. 70 4.8.3.1 Cálculo de Probabilidades com o modelo Normal................................................... 70 4.8.4 Construindo suas próprias ferramentas ........................................................................ 71 4.8.4.1 Construindo uma ferramenta para construção do gráfico da função normal de densidade de probabilidade N(µ, σ). ..................................................................................... 71 5 SALA DE AULA E O LABORATÓRIO DO PROFESSOR .......................................... 75 5.1 Pesquisa, pesquisa em educação Matemática e suas importâncias..............................75 5.2 Contexto e sujeitos da pesquisa .......................................................................................77 5.3 A elaboração da sequência didática ................................................................................78 5.3.1 Estruturação da Sequência didática .............................................................................. 79 5.3.1.1 Primeira atividade ...................................................................................................... 80 5.3.1.2 Segunda atividade....................................................................................................... 83 5.3.1.3 Terceira atividade....................................................................................................... 84 5.3.1.4 Quarta atividade ......................................................................................................... 85 5.4 Análise da sequência didática e a sequência dos conteúdos .........................................87 5.5 Análise da aplicação da seqüência didática e principais implicações educacionais ...88 5.5.1 Primeira Atividade (Aproximação normal) ................................................................... 88 5.5.2 Segunda Atividade .......................................................................................................... 92 5.5.3 Terceira Atividade........................................................................................................... 98 5.5.4 Quarta Atividade........................................................................................................... 101 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 109 REFERÊNCIAS: .................................................................................................................. 111 APÊNDICE ........................................................................................................................... 115 13 1 INTRODUÇÃO Recentemente a estatística vem ganhando cada vez mais espaço nas mídias como nos noticiários, jornais e revistas, sendo muito comum encontrar informações provenientes de análises qualitativas de dados que sintetizam informações do cotidiano e da vida moderna. Esta relevância que este tema tem alcançado também vem influenciando os currículos, o que pode ser observado na importância e destaque que os PCN´s de ensino fundamental e médio dão ao termo Estatístico e Probabilidade. A autora espanhola, Batanero (2001), destaca a recente incorporação da Estatística, de forma geral, ao currículo de Matemática nos diferentes níveis de ensino que vão desde o ensino fundamental até o ensino superior. Ainda segundo esta autora, a importância que o ensino de Estatística vem ganhando, tem influenciando o desenvolvimento e o estudo de currículos específicos da área. Por outro lado, a distribuição normal de probabilidade é um tema de grande importância para o desenvolvimento da Estatística inferencial, e ao mesmo tempo também tem sua relativa importância para Matemática, pois este fora objeto de estudo de grandes nomes da Matemática como Gauss, De Moivre e outros. A crescente relevância da Estatística no currículo atual, e ao mesmo tempo a grande importância da distribuição normal de probabilidade como conteúdo, justificam as intenções de pesquisa deste objeto, vinculado às práticas educativas. Neste trabalho pretendemos apresentar algumas possibilidades de utilização do software Geogebra aplicado ao ensino e aprendizado da distribuição normal de probabilidade, destacando possíveis simulações e construções que o programa permite realizar. De acordo com esta proposta, o problema deste trabalho é investigar “se é possível, e como um software de geometria dinâmica, o geogebra, pode ser utilizado para o ensino e a aprendizagem da distribuição normal de probabilidade?”. Na tentativa de alcançar resposta à questão de pesquisa, o objetivo principal deste trabalho foi elaborar uma sequência didática (ZABALA, 1998), composta por atividades investigativas (PONTE, 2003), que colabore para o ensino e aprendizagem da distribuição normal de probabilidade, utilizando alguns recursos do software Geogebra. Assim pretende-se: explorar algumas funções básicas do software aplicado à distribuição Gaussiana; elaborar um tutorial do programa, que ilustra aplicação de algumas ferramentas do software para a construção de representações da distribuição normal de 14 probabilidade, além de mostrar algumas ferramentas da Estatística; elaborar e aplicar uma sequência didática que possibilite o ensino deste tópico, aplicando algumas ferramentas do software, através de atividades investigativas; e finalmente, realizar uma análise a partir de observações deste processo múltiplo composto por quatro práticas. Conforme a composição deste texto, o segundo capítulo começa com a síntese histórica, destacando as colaborações dos matemáticos de diferentes épocas, mas de períodos próximos, De Moivre e Gauss, em seguida são feitas discussões sobre a sistemática deste modelo. No terceiro capítulo, são apresentadas as principais discussões educacionais começando pelo surgimento da educação estatística, passando pela relevância deste tema para educação matemática. Seguindo esta ordem, à questão das novas tecnologias, também é incorporado às temáticas da educação estatística e matemática. Finalizando o segundo capítulo, são apresentados os principais fundamentos pedagógicos envolvidos e o conceito de sequência didática e atividade investigativa. No quarto capítulo o foco é o software, onde são apresentados alguns conceitos básicos de utilização, passando-se à utilização do programa para representação e construções com o modelo normal, além de mostrar algumas ferramentas do pacote de Estatística acrescentadas a partir da versão 3.2. No quinto capítulo, são discutidos os elementos metodológicos da pesquisa, descrição das turmas envolvidas, a elaboração e apresentação das intenções de cada atividade, chegando à análise dos dados registrados a partir das quatro práticas, com as duas turmas. Nas considerações finais, os principais resultados da pesquisa são apresentados e algumas questões educacionais ligadas ao ensino deste tópico são mencionadas, além de sugestões para futuras pesquisas. 15 2 DISTRUBIÇÃO NORMAL 2.1 Síntese Histórica A distribuição normal é um modelo matemático que representa uma importante ferramenta da Estatística. O modelo normal tem no seu processo de construção histórica, um rico estudo epistemológico que passa pelo desenvolvimento e evolução de diversas áreas da matemática. A distribuição normal tem sua origem associada à observação do erro de mensuração, no séc. XVIII. Há indícios de que tais erros de mensuração eram observados principalmente pelos astrônomos, pois na tentativa de estimar as órbitas de corpos celestes havia necessariamente um fator de erro de observação. No início, este fenômeno ficou conhecido como lei do erro (STEWART, 1991). O primeiro matemático a trabalhar com as distribuições de probabilidade foi o francês Abraham De Moivre, entre (1667-1754). De Moivre era um exilado político, que foi para Inglaterra onde conheceu Newton e Halley e em 1697 foi eleito membro da Real Academia de Ciências. De Moivre foi um importante colaborador no desenvolvimento na teoria de probabilidade. Ele procurou dar sentido algébrico à teoria das probabilidades, sendo o primeiro matemático a trabalhar com a expressão da lei do erro, por volta de 1733. ∞ ∫e 0 − x2 dx = π 2 (1) Apesar De Moivre ser o descobridor da função normal, este objeto reverencia outro importante matemático, o alemão Karl F. Gauss (1777- 1855), pois atualmente é muito comum encontrar em livros e artigos do ramo, o enunciado com o título distribuição Gaussiana. Tal fato se deve em razão das contribuições do matemático alemão Karl F. Gauss, que também trabalhou e realizou estudos sobre lei dos Erros. Embora o trabalho de Moivre seja recente, Gauss desenvolvera a teoria do erro independentemente, pois o trabalho de Moivre ficou perdido por certo tempo (MONTGOMERY, 2003). Gauss realizou estudos em diversas áreas da Matemática. É possível que ele tenha trabalhado com a lei dos erros, pós 1810, período em que se aproximou dos estudos do 16 cosmos e dedicou-se à astronomia. No observatório de Gottingëm, onde Gauss ocupava o cargo de diretor, trabalhou na construção de instrumentos e observações astronômicas, que possivelmente o levaram a resultados significativos para formulação da teoria dos erros (BOYER, 1974). De acordo com o modelo de Gauss, cada medida ou mensuração é exatamente igual à medida ideal mais o erro de medição. Logo, os resultados obtidos em consequência de repetidas medidas, que se diferem um do outro, se distribuem em torno de um valor ideal, ou valor nulo (FREEDMAN, 2007). É importante observar o trabalho e a colaboração efetiva que Gauss teve na elaboração da lei do erro. Assim, o termo Distribuição Gaussiana, não pode ser visto como um modismo de alguns autores, como o caso do “discriminante de uma equação do 2º grau”, ser designado como fórmula de Bhaskara. 2.2 O Modelo Normal A distribuição normal é representada algebricamente pela função de densidade de probabilidade, apresentada abaixo: 1 f ( x) = ⋅e σ 2π ( x− µ )2 2σ 2 (2) Gráfico 1: Representação gráfica da função de densidade de probabilidade N(0,1) Fonte: Construído no Geogebra A expressão (2) é uma função de densidade de probabilidade, pois satisfaz as duas condições: f ( x ) ≥ 0, ∀ x ∈ R/ ; (3) ∫ f ( x)dx = 1 R/ . (4) 17 A função f(x) é uma função exponencial de uma variável real, que possui dois parâmetros (µ) a média e (σ) desvio padrão. Trata-se de uma função composta por três dos mais importantes objetos numéricos: e, π e 2. A curva normal possui as seguintes propriedades: 1. É simétrica em relação ao centro; 2. f(x) tem máximo em (x = µ); 3. lim f ( x) = 0 O limite da função f(x) é igual a zero, quando (x) tende para mais, x → ±∞ ou menos infinito. 4. Tem dois pontos de inflexões em x = µ ± σ ; 5. A área total compreendida entre a curva até o eixo das abscissas é igual a 1. Em decorrência das propriedades (2) e (3), a curva normal é assintótica em relação ao eixo das abscissas, em ambas as direções. Em relação aos parâmetros, para cada curva normal com média (µ) e desvio padrão (σ), existe um e somente um par ordenado N(µ,σ). Através dos valores da média e do desvio padrão, pode-se identificar cada curva ou função normal. O exato formato de cada curva normal também dependerá dos parâmetros (µ) média e (σ) desvio padrão. A variação destes respectivos parâmetros implica nos movimentos de translação e achatamento do gráfico. No entanto, todas as representações normais são simétricas, têm formato semelhante ao contorno de um sino e a área total sob a curva é igual à área do quadrado ABCD (gráfico 2), que tem ao todo uma unidade de área cartesiana ao quadrado. O plano cartesiano abaixo (gráfico 2), mostra três diferentes curvas normais de acordo com os respectivos parâmetros (µ) e (σ). Gráfico 2: Diferentes curvas normais e quadrado de área unitária Fonte: Construído no Geogebra 18 Quando se utiliza o modelo normal, o valor da média indica o centro da distribuição, e o desvio padrão mede a dispersão do conjunto, indicando a variabilidade em relação ao centro. Aproximadamente 68% da área total da curva está localizada entre µ ± σ e estendendo aproximadamente 95% da área total está localizada entre µ ± 2σ . O intervalo maior µ ± 3σ da (gráfico 3), contempla aproximadamente 99,7% da área total compreendida sob a curva e o eixo (x). Estes valores podem ser obtidos através do método empírico, extraídos de qualquer conjunto numérico que seja modelado por uma distribuição normal. Gráfico 3: Curva normal e pontos notórios Fonte: Construído no Geogebra 2.3 Cálculo de Probabilidade A probabilidade em distribuições normais sempre está associada a valores de área sob a curva. A área total sob qualquer curva normal é sempre igual 1 ou (100% de probabilidade). Para qualquer que sejam os valores da média (µ) e do desvio padrão (σ), a probabilidade de uma variável aleatória (x) variar entre ( −∞, ∞) será sempre igual a 1 ou (100% de probabilidade). A probabilidade em distribuições normais será calculada em temos de valores contínuos. Em síntese, a probabilidade de uma variável aleatória contínua que segue a distribuição normal, (x) assumir um valor entre dois pontos quaisquer é igual à área sob a curva normal entre estes pontos. Gráfico 4 : Área sob a curva normal entre os pontos [µ, a] Fonte: Construído no Geogebra 19 Observe que a área de probabilidade delimitada pelo o intervalo [µ, a] (gráfico 4) é superior a área delimitada pelo intervalo [µ, b] (gráfico 5). Logo, podemos dizer que um dado valor aleatório de (x) tem maior probabilidade de estar entre [µ, a] do que entre o intervalo [µ, b]. Gráfico 5 : Área sob a curva normal entre os pontos [µ, b] Fonte: Construído no Geogebra O cálculo de probabilidade será efetuado em relação a um intervalo contínuo. Por outro lado, a probabilidade de predizer um valor exato será igual a zero, pois: P ( X = x0 ) = x0 ∫ f ( x)dx = 0 (5) x0 Para efetuar cálculos de probabilidade com modelo normal, basta medir a quantidade de área sob a curva e o eixo (x), em relação a um dado intervalo (a, b) ∈ R/ (gráfico 6). Gráfico 6 : Área sob a curva normal entre os pontos [ a,b] Fonte: Construído no Geogebra Se os valores dos parâmetros (µ) e (σ) forem conhecidos, a área da região é dada por: b P(a < x < b) = ∫ f ( x)dx (6) a O cálculo da área desta região exige recursos do cálculo diferencial integral, além de que este tipo de função não possui integral algébrica. Neste o caso, o método de Simpson pode ser utilizado, que é uma questão de interesse do cálculo numérico. 20 2.4 Distribuição normal Padronizada O cálculo de probabilidade normal pode ser simplificado quando utilizamos valores tabelados, que permitem encontrar facilmente os valores de probabilidades desejados. Como a função de densidade de probabilidade representada pela expressão (2) está associada aos parâmetros (µ) e (σ), neste caso é possível utilizar a escala padronizada (z), para efetuar a mudança de variável, transformando a variável aleatória (x) na variável aleatória (z). z= x−µ (7) σ A escala (z) permite associar os valores de (x), com valores da escala (z), de acordo com os respectivos valores de (µ), (σ). Assim, não será necessário construir tabelas para cada função normal N(µ,σ). O valor da escala (z) indica intensidade de afastamento da variável (x) até a média (µ), em relação ao desvio padrão (σ). Ou seja, é o comprimento relativo em desvios padrões, entre a média (µ) até o ponto (x). A distribuição normal padronizada é representada pela curva normal de parâmetros N(0,1), indicada no (gráfico 7 ). Gráfico 7 : Área sob a curva normal entre os pontos [µ, 2,5] Fonte: Construído no Geogebra Como a curva normal é simétrica, basta obtermos as áreas de apenas um dos lados. Os valores (z) da (tabela 1) são os respectivos valores de áreas, compreendidas entre a média e um ponto (x) à direita da média. Se um dado conjunto que tem média (µ=10) e desvio (σ =0.5), vamos calcular a probabilidade de (x) variar entre a média até o ponto (x= 11,25). Primeiro calcula-se o respectivo valor de (z). z= (11,25) − (10) ⇒ z = 2,5 0,5 (8) 21 Com o valor de z= 2,5 a área compreendida entre a média (µ) e o ponto (x) é dado pelo valor de (z) na (tabela 1), localizado na intersecção da vigésima primeira linha com sexta coluna. P (10 ≤ x ≤ 11,25) = P (0 ≤ z ≤ 2,5) = 0,4938 ou 49,38% de probabilidade. Gráfico 8 : Área sob a curva normal entre os pontos [0, z] Fonte: Construído no Geogebra A (tabela 1) representa os valores de área ou probabilidade compreendidas entre a média (µ=0) até o ponto (z). No entanto, para uma distribuição de média e desvio padrão qualquer, com a expressão (7) é possível converter a variável aleatória (x) em padronizada (z), e com o respectivo valor de (z) encontra-se a probabilidade requerida. Quando se utiliza o modelo normal para efetuar cálculo de probabilidades, muitas vezes até passa despercebido o quanto o conhecimento Matemático precisou evoluir para que fosse possível utilizar o modelo normal aplicado à probabilidades. O simples fato dos objetos matemáticos serem utilizados pela Estatística de uma forma pragmática pode esconder a essência de um verdadeiro estudo epistemológico que transcorreu até a forma atual. Pois o conceito de área ou probabilidade com o modelo normal está associado a um dos principais conceitos do cálculo que é a possibilidade de integração. Um pouco mais a fundo, olhando para o desenvolvimento do cálculo, remete ao estudo do pré-cálculo e a continuação desta observação percorre a teia de grande parte do território da matemática, o que mostra a posição de destaque que o modelo normal exerce. Mesmo que de uma forma indireta, o estudo do modelo normal mostra-se uma grande extensão de trânsito livre entre diferentes áreas e conceitos matemáticos, que vai desde a teoria de probabilidades passando pela análise real, geometria analítica, aritmética e outras áreas, e ao mesmo tempo, a concepção do modelo normal dá passagem para outro importante campo da ciência a Estatística Inferencial. 22 Tabela 1 Área ou probabilidade para distribuição normal padrão (ANDERSON, 2002) 23 3. EDUCAÇÃO ESTATÍSTICA, ATIVIDADE INVESTIGATIVA E SEQUÊNCIA DIDÁTICA 3.1 Educação Estatística, uma atitude didática em construção Recentemente a estatística vem ganhando cada vez mais espaço nas mídias como nos noticiários, jornais e revistas, sendo muito comum encontrar informações provenientes de análises qualitativas de dados, que sintetizam informações do cotidiano e da vida moderna. Esta relevância que este tema tem alcançado também vem influenciando os currículos, o que pode ser observado na importância e destaque que os PCN´s de ensino fundamental e médio dão ao termo Estatístico e Probabilidade1. Com relação à estatística, a finalidade é fazer com que o aluno venha a construir procedimentos para coleta, organização, comunicar e interpretar dados, utilizando tabelas, gráficos e representações que aparecem freqüentes em seu dia-adia.(BRASIL, pg 56, 1997) Em termos da probabilidade, os PCN´s (1997) destacam a importância do efeito do aleatório na natureza e a compreensão de que grande parte dos acontecimentos cotidianos são frutos de eventos aleatórios. A escola deve trabalhar de forma intuitiva as noções de acaso e incerteza, na medida em que se explorem situações experimentais em observação de espaços equiprováveis. Autores como Turkman e Ponte (2000), Batanero (2001), destacam a recente incorporação da Estatística de forma geral, ao currículo de Matemática nos diferentes níveis de ensino, que vão desde o ensino fundamental até o ensino superior. Ainda segundo Batanero (2001), esta importância que o ensino de Estatística vem ganhando tem influenciado o desenvolvimento e o estudo de currículos específicos da área. No entanto, conforme Turkman e Ponte (2000), em muitos casos estes temas têm sido colocados em segundo plano na estrutura curricular, sendo o primeiro tópico descartado em caso de adaptação do programa de curso. Este fato pode ser explicado em grande parte pela falta de aptidão e conhecimentos sobre o assunto, de muitos professores de matemática. 1 Lopes (2008) observa a incorporação do tema Estatística e Probabilidade no ensino infantil, destacando a incorporação destes temas no currículo através de projetos, que podem ser propostos tanto pelo professor quanto escolhidos pelos alunos. 24 A preocupação com a melhora do ensino e aprendizagem estatística é objeto de interesse de estudo para própria estatística justificado pela necessidade de formação de profissionais da área. Desta preocupação emerge a temática de uma Educação Estatística associada ao estudo da didática deste assunto, que ao mesmo tempo também é temática de interesse da educação matemática (BATANERO, 2001). Todavia, a temática da educação estatística passa a ser objeto de estudo da educação matemática como uma especificidade, na medida em que o “tratamento de informação” é incorporado ao currículo de Matemática. Apesar da aparente aproximação entre educação Estatística e Matemática, o mesmo já não pode ser observado em relação à Estatística e à Matemática como ciências. Enquanto a Estatística se consolida como uma ciência própria, se desvincula e segue uma tendência natural de afastamento da Matemática como ciência pura. Este afastamento parece ser próximo do que aconteceu com as demais ciências em relação à Filosofia. Por outro lado existem pontos de contraste entre a educação Estatística e Matemática que devem ser pontuados para que seja possível o desenvolvimento de pesquisas e experimentação de métodos de ensino adaptados à proficiência e necessidades específicas da Estatística (BATANERO, 2001). Para Campos (2007), apesar da Estatística fazer parte da Matemática escolar, existem pontos de discordância em relação à didática da Estatística, pois o trabalho Estatístico lida com objetos e conteúdos de forma distinta da Matemática. No entanto, o autor destaca aspectos de aproximação entre ambas reforçada pela educação crítica, que é pautada pela: competência crítica do aluno, currículo crítico e o ensino e aprendizagem voltada para resolução de problemas e questões investigativas. A compreensão de um modelo de educação Estatística deve também estar voltada para questões epistemológica da Estatística, que conta com sua axiomática própria. Em termos desta axiomática, a base Matemática tem um caráter definidor dos conceitos Estatísticos. A estrutura axiomática da Estatística pode ser divida de modo que princípios de aleatório e a incerteza tenham elementos e aspectos de uma lógica ou determinística da Matemática. Por outro lado, existem outros elementos tais como a escolha da forma de organização dos dados, o resumo, a simplificação, a interpretação, a reflexão e a tomada de decisões mostrando uma fase mais subjetiva do tratamento estatístico (CAMPOS, 2007). Este tipo de tratamento estatístico mostra-se uma ferramenta eficaz na solução de problema geral da ciência, na medida em que é possível analisar questões científicas particulares, através da axiomática Estatística como uma ferramenta metodológica. 25 Em suma, os principais desafios da Educação Estatística refletem sobre o ensino e aprendizagem diante de uma problemática e da importância do seu ensino; dos temas e de como abordá-los; das dificuldades de ensino e aprendizagem; de como fazer a formação inicial de professores, desenvolvimento e aperfeiçoamento de prática de ensino nesta área (TURKAM; PONTE, 2000). 3.1.1 Educação Estatística e as tecnologias da informação A evolução e a presença das Tecnologias da Informação (TIC´s) têm modificado a ação humana e tornando o sistema cotidiano ligado à tecnologias, o universo on-line. Esse efeito tem consequência em diversas áreas do conhecimento inclusive na Estatística como ciência pura e também no ensino como uma potencial ferramenta metodológica. A utilização de meios tecnológicos pode ser tão antiga quanto a nossa origem, pois segundo Guimarães e Lages (1985) o primeiro computador utilizado pelo homem foi o monumento de STONEHENGE, por volta de (2600 a.C.- 1700 a.C.). Este dispositivo é capaz de trabalhar com dados astronômicos dos movimentos solares e lunares sendo capaz de prever eclipses. No entanto, a evolução concisa dos computadores passa obrigatoriamente pelo desenvolvimento da idéia de números e base numérica. Destaque os nomes de Napier, Pascal, Leibnitz e outros. Estes matemáticos colaboram na construção de equipamentos para realização de cálculos, mas a evolução destes artefatos passou a ser tão proeminente que estes instrumentos passaram a ser capaz, de ao mesmo tempo, além de processar dados, armazenar informações como o próprio programa de instruções. A fantástica evolução e desenvolvimento dos computadores são apontados como a grande façanha da Matemática, no século XX (EVES, 2004). Por outro lado, o desenvolvimento das tecnologias da informação tem surgido como facilitador ao tratamento da informação, o que permite cada vez mais trabalhar com grandes conjuntos numéricos de modo rápido, prático e seguro. Assim, a necessidade de utilização de tecnologias da informação na análise numérica colabora para o desenvolvimento da própria ciência e ao mesmo tempo gera novas perspectivas de ensino e aprendizado deste assunto. Muitos são os estudiosos que apostam na utilização de tecnologias da informação para o aprimoramento dos mecanismos de ensino e aprendizagem de Estatística. 26 Segundo Freitas (2000) a utilização de calculadoras gráficas no ensino de Estatística, pode ser perfeitamente empregada sem desprezar os procedimentos de cálculo intermediários. Para esse autor, tanto o ensino de Matemática como o ensino de Estatística devem tirar proveito destas ferramentas utilizando-se do cálculo direto para se chegar na formulação de conjecturas. Para Canavarro (2000) estes equipamentos permitem tanto a professores e alunos, rapidez e rigor na produção de medidas Estatísticas, o que possibilita ao aprendiz maior concentração de sua atenção nos aspectos mais elaborados e complexos do trabalho, como na interpretação, organização e simplificação. Assim, permitem ao aluno tratar os objetos Estatísticos de uma forma exploratória e investigativa. Batanero (2001) reconhece a importância das tecnologias da informação para o trabalho estatístico e defende sua utilização no ensino deste tema devido às grandes vantagens dos computadores com seu dinamismo, velocidade e crescente quantidade de novos softwares que permitem explorar todos os aspectos do processamento de dados, o que possibilita agregar novos tópicos ao ensino de Estatística. As tecnologias da informação têm modificado a ação humana, e à medida que é possível, utilizando-se essas ferramentas, mediar processos e gerar serviços mais eficientes e seguros. A procura por métodos e procedimentos tecnológicos que agilizem a ação humana, sempre foi objeto de interesse contínuo crescente, desde os primórdios aos dias atuais. É importante observar que, assim como em outras áreas, os novos meios tecnológicos têm gerado novas perspectivas de promoção do ensino e aprendizagem sustentável. Diante de tais circunstâncias a utilização de tecnologias da informação no ensino mostra-se como um caminho sem volta, pois ao negar a aproximação da ação humana com novas tecnologias seria negar a própria evolução do conhecimento. Logo, cabe ao professor procurar medidas e meios que possam aproximar sua prática das tecnologias, na medida em que se possa aprimorar e enriquecer os processos de ensino e aprendizado. 27 3.1.2 As tecnologias da informação e as questões críticas A utilização de tecnologias da informação e educação têm sido uma temática presente nas últimas décadas, tanto no Brasil quanto no exterior e provavelmente esta discussão permanecerá nos próximos anos. No entanto, o mais importante é evoluir sob aspectos relacionados a esta discussão, de modo que se reflita, sobre o novo palco educacional e a presença destes “novos atores”, os computadores e as demais tecnologias (BORBA, 2005). Durante a década de 80 e parte da década de 90, a grande discussão ainda era sobre a utilização ou não, de tecnologias da informação. Pois, ainda havia grandes preocupações e dúvidas sobre as consequências e possíveis danos que as tecnologias poderiam causar, tornando o aluno um mero operador, que apenas aperta teclados de uma máquina, que detém ela própria, toda autossuficiência do raciocínio lógico-matemático (BORBA, 2005). Este tipo de discurso pode ganhar força entre aqueles que pouco conhece sobre os computadores, seu emprego e suas finalidades. Pois, se de algum modo o computador passasse a ser o responsável pela formulação do raciocínio lógico-matemático, inserido na resolução de problemas, o aluno não precisaria desenvolver estas habilidades e deixaria para o computador. Este tipo de tese pode ser facilmente refutado pela simples forma como as novas tecnologias são utilizadas pelas pesquisas científicas de modo geral. Pois, dado um problema científico qualquer, caberia ao investigador operar o computar e já teria a resposta. O que é absurdo! A idéia é utilizar as tecnologias da informação e tirar proveito dos inúmeros recursos e capacidade de representações que estas mídias oferecem, do mesmo modo que outras mídias como oralidade, lápis e papel também são utilizadas. Segundo Borba (2005) a construção do trabalho escolar e produção de conhecimento têm um forte vínculo e dependência de diferentes mídias. [...] essa dependência existirá e estará bastante relacionada ao contexto educacional em que nos encontremos. Esse contexto está sempre geográfica e historicamente determinado e sua constituição depende também da disponibilidade de mídias como a oralidade, lápis e papel e a informática. (BORBA, p 13, 2005) Borba (2005) formula uma observação crítica quanto a como se utilizar estas mídias, em especial as tecnologias da informação, e segundo ele é importante observar para quais 28 problemas educacionais o computador é a resposta, ou até mesmo como as novas tecnologias podem colaborar para o processo ensino e aprendizagem. Questões como estas não têm uma única resposta, pois se tratam de um processo complexo que envolve vários fatores como a disponibilidade do professor, tradição didática, parâmetros institucionais e outros que talvez não sejam tão fáceis de reconhecê-los. Do ponto de vista epistemológico, estes tipos de questões são vistos como de enorme valor, pois através de questões como estas, podem levar ao exercício da reflexão, e assim, exercitar a dúvida e o questionamento na busca de soluções que permeiam o trabalho científico. A extensão deste trabalho, passa pelo exercício de se pensar, para quais problemas educacionais o computador pode trazer soluções? E a nossa proposta, mostra um universo de possibilidades de utilização de softwares de geometria dinâmica, aplicado ao ensino de distribuições contínuas de probabilidade. 3.1.3 O uso de softwares de geometria dinâmica no ensino de Estatística, uma possibilidade empreendedora A utilização de programas de geometria dinâmica e educação estatística não é algo inédito, pois desde 2000 em um artigo publicado pelo Departamento de Educação e de Estatística e Investigação Operacional da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, os autores Santos e Pedro (2000), já tinham apresentado algumas das possibilidades de incorporação de programas de geometria dinâmica ao ensino de Estatística. Os programas de geometria dinâmica podem ser aplicados à estatística devido ao simples fato que a geometria, e muito mais a geometria associada algum dinamismo se aplicada a diversas situações mundanas. Outra desmistificação que deve ser feita é o fato dos programas de geometria dinâmica poderem ser utilizados de mais maneiras além da simples construção por parte dos alunos. (SANTOS, PEDRO, 2000, p.168) Segundo os autores, os programas de geometria dinâmica podem ser utilizados de três formas distintas: Trabalhos sobre situações já feitas; Substituição de Acetatos (slides); Construções feitas pelos alunos. 29 Os autores dão alguns exemplos de aplicações de programas de geometria dinâmica aplicados ao ensino dos seguintes tópicos: medidas de tendências centrais; correlação; e construção de medidas descritivas gráficas, como quartis e diagrama box plot. Podem ser feitas obviamente muitas outras sugestões para aplicação dos programas de geometria dinâmica à estatística. [...]. Importante dizer que nós como professores devemos tem um papel ativo, no sentido em que devemos procurar as nossas próprias idéias, não ficando apenas acomodados a algumas idéias que nos foram sugeridas. (SANTOS, PEDRO, 2000, p.177) Por outro lado, a aplicação de novas tecnologias ao ensino não é algo tão simples, pois a utilização destas ferramentas deve passar por um cuidadoso processo que, segundo Pais (2008), retrata como vigilância didática. Uma vez que esse devido cuidado, se não for tomado, pode conduzir ao fracasso da validade educacional. A aplicação de uma teoria deslocada de seu território original torna-se estéril, perde seu significado, obscurece sua validade e confunde a solução do problema estudado naquele momento. Assim, é preciso sempre estar atento à eficiência de uma interpretação pedagógica, o que depende fortemente da consciência de quem analisa o fenômeno. Em suma, é necessário o exercício de uma vigilância didática. (PAIS, 2008, p.23) Diante desta perspectiva apontada por Pais, a vigilância didática deverá ser um exercício quase que constante de todo trabalho escolar, pois a princípio, pretendemos difundir o saber e conhecimentos de ramos distintos das Ciências Matemáticas. Logo, o grande desafio de nossa pesquisa será direcionado pela questão: como explorar o uso de um software de geometria dinâmica no ensino de distribuição normal de probabilidade? A possibilidade empreendedora de utilizar-se um software de geometria dinâmica, aplicado ao ensino de distribuição normal, será estruturada por uma sequência didática (ZABALA, 1998), composta por atividades investigativas (PONTE, 2003) 3.2 Atividade Investigativa, resolução de problemas e uma postura didática questionadora A atividade investigativa é uma proposta metodológica de ensino que procura romper com a proposta tradicional e tecnicista. Este tipo de prática de ensino exige novas demandas e coloca a questão do ensino e aprendizagem sob uma perspectiva problematizada. A aplicação 30 desta proposta didática pode ser um grande exercício de amadurecimento para os sujeitos envolvidos no processo. Segundo Ponte (2003) este tipo de trabalho ou prática de ensino, procura utilizar a síntese do trabalho investigativo dos matemáticos, dentro dos limites circunstanciais da sala de aula. Diante desta perspectiva há uma busca por situações onde o aluno possa exercitar a ação investigativa ou ato de inquirir, e mediante esta ação coordenada, ou não, ele passa a ser o agente responsável pela produção de conhecimento e significados próprios e coletivos. No entanto, em contextos educacionais, investigar não significa trabalhar com questões absolutamente complexas e sofisticadas, pois este tipo de prática visa à formulação de questões, observação de regularidades e padrões, na medida em que se procura a formulação de respostas fundamentadas em observações e experimentações com objetos matemáticos. Desse modo, investigar não representa obrigatoriamente trabalhar em problemas muito difíceis. Significa, pelo contrário, trabalhar com questões que nos interpelam e que se apresentam no início de modo confuso, mas que procuramos clarificar e estudar de modo organizado. (PONTE, p 9, 2003) É importante que o professor perceba esta possibilidade de utilizar a atividade investigativa como uma poderosa forma de construção de conhecimento, na medida em que a atividade possibilite ao aprendiz à formulação de conjectura, teste das questões levantadas e até mesmo, quando possível, a formulação da prova formal. Para Ponte (2003) o processo de investigação é caracterizado pelo estilo conjectura-teste-desmonstração. Silva (1999) observa a atividade de investigação como um trabalho que envolve um percurso de tentativa e erro, de modo que se permita formulação de conjecturas e teste, análise de analogias, com o propósito de validar ou refutar questões levantadas. Assim, atividade de investigação permite uma ação reflexiva e crítica sobre os objetos e conceitos matemáticos. No entanto, para Silva (1999) as atividades matemáticas escolares devem privilegiar o processo de experimentação, e sendo as atividades investigativas uma metodologia privilegiada que legitime o processo de experimentação e permita a integração de atitudes, capacidades e conhecimentos. Pois, deste modo, a aprendizagem matemática não ficará restrita a um processo em que os alunos apenas têm contato com o produto final. Embora o uso de atividades investigativas possa parecer uma possível solução para muitos dos problemas de ensino e aprendizagem, ao contrário, este tipo de abordagem metodológica traz uma série de dificuldades tanto para o professor quanto para os alunos. 31 Em um ambiente de investigação, o professor tem um novo papel, em que se coloca como um mediador, que orienta para que os próprios alunos cheguem à construção de respostas de forma autônoma e, ao mesmo tempo alinhar a prática com certas exigências curriculares. A criação de um ambiente favorável à prática investigativa também é uma atribuição do professor, pois os alunos necessitam de motivação para realizar as atividades. Para os aprendizes, o ambiente de aprendizagem investigativa não o poupa de exigências, pois neste cenário eles serão os grandes protagonistas responsáveis pela produção de conhecimento coletivo e particular. Pois, diante de uma descoberta, eles tendem a compartilhar as observações próprias com o grupo e com o professor. Ponte (2003) coloca a questão, da postura do professor e dos alunos, como aspectos problemáticos, pois, “ não é evidente o modo de promover nos alunos (e nos professores) as atitudes e as competências necessárias para o trabalho de investigação. Além disso, há sempre o risco de propostas de trabalho investigativo resultarem na aplicação de procedimentos rotineiros, como fazer tabelas ou procurar regularidades. Finalmente, não é obvio como pode o professor articular a realização de investigações com os outros tipos de atividades que necessariamente terão de existir na sala de aula”(PONTE, p 10, 2003) Essa questão crítica pode ser observada no momento inicial das atividades, pois segundo Ponte (2003), quando os alunos têm pouca ou nenhuma experiência com atividades investigativas, necessitam de certo estímulo ou “arranque da aula” e cabe ao professor mediar este momento, e assim, garantir que todos tenham entendido os objetivos da atividade. Por outro lado, o professor deve estar atento quanto às fases necessárias para resolução de problemas. Segundo Polya (1995) quando se procura a solução de uma questão, em muitos casos, o ponto de vista pode variar continuamente até que se chegue à solução. Primeiro, temos de compreender o problema, temos de perceber claramente o que é necessário. Segundo, temos de ver como os diversos itens estão inter-relacionados, como a incógnita está ligada aos dados, para termos idéia da resolução, para estabelecermos um plano. Terceiro, executamos o nosso plano. Quarto, fazemos um retrospecto da resolução completa, revendo-a e discutindo-a.( POLYA, p 3, 1995) A atuação e a intervenção do professor durante a atividade investigativa devem ser observadas com cuidado, pois é preciso utilizar um método questionador, começando com indagações ou sugestões genéricas, quando necessário, dar exemplos específicos e concretos de modo provocativo, com o objetivo de intensificar o processo de experimentação na mente do estudante (POLYA, 1995). 32 O importante é que a intervenção do professor permita ao aluno o exercício da reflexão, e ao mesmo tempo, as questões apresentadas pelo professor possam corrigi-lo através das possíveis contradições. Assim, o professor não dá respostas prontas, o que o qualifica como um verdadeiro mediador de processos investigativos. Uma pedagogia baseada em processos investigativos é algo complexo e exige do professor uma série de habilidades múltiplas, que serão desenvolvidas e consolidadas com o exercício da prática. No entanto, Ernest (1996) observa que uma prática pedagógica voltada para inquirição e investigação deve levar em conta o contexto social da turma. Esta questão deve ser compreendida pelo professor, de modo que, a elaboração e aplicação das atividades devem levar em conta as possibilidades da turma e do professor. A abordagem pedagógica baseada no método de inquirição pode ter seus conceitos bem amplos, estendendo desde a descoberta guiada até à abordagem investigativa. Segundo Ernest (1996) este percurso, entre a descoberta guiada até a prática investigativa, envolve uma grande mudança de postura do professor, que deixa de exercer o total controle sobre os métodos utilizados pelos aprendizes e sobre a escolha, tais como dos conteúdos de investigação. Diante desta perspectiva, os alunos ganham maior autonomia e poder de autoregulação da situação de investigação, e isto também exige um grande amadurecimento por parte dos aprendizes, o que não será algo imediato e elementar. 3.3 Sequência Didática Segundo Zabala (1998), a configuração de atividade e práticas educativas não é algo simples, pois estes processos são altamente complexos e obedecem a múltiplos determinantes, que podem ser apontados pelos parâmetros institucionais, tradições metodológicas, capacidade real dos professores e também das condições físicas impostas. De acordo com a linha de raciocínio do autor, a análise destas variáveis tem apelo em alguns aspectos concretos, que buscam explicações parcelando a realidade, e podem perder o sentido unitário do processo de ensino e aprendizagem. 33 Entender a intenção pedagógica exige situar-se num modelo que a aula se configura como um microssistema definido por determinados espaços, uma organização social, certas relações interativas, uma forma de distribuir o tempo, um determinado uso dos recursos didáticos, etc., onde os processos educativos se explicam como elementos estreitamente interligados neste sistema. Assim, pois, o que acontece na aula só pode ser examinado na própria interação de todos os elementos que nela intervêm. (ZABALA, 1998, p.16) Ao analisar a fala do autor, podemos ter certa noção do local onde a pesquisa educacional deve ser realizada, pois somente na sala de aula dispomos de todo esse sistema complexo e articulado de variáveis, e seu estudo passa a ser interessante na medida em que dispõem de dados provenientes deste recinto. Para investigarmos melhor o processo de ensino e aprendizagem vamos apropriar da unidade mais elementar que constituem este processo, que segundo este autor, denomina como atividade: [..] uma exposição, um debate, uma leitura, uma pesquisa bibliográfica, tomar notas, uma ação motivadora, uma observação, uma aplicação, um exercício, o estudo, etc. Desta maneira, podemos definir as atividades ou tarefas como uma unidade básica do processo de ensino-aprendizagem, cujas diversas variáveis apresentam estabilidade e diferenciação: determinadas relações interativas professo-aluno e alunos-alunos, uma organização grupal, determinados conteúdos de aprendizagem, certos recursos didáticos, uma distribuição do tempo e do espaço, um critério avaliador; tudo isto em torno de determinadas intenções educacionais, mais ou menos explícitas. (ZABALA, 1998, p.17) A atividade, vista como uma unidade elementar tem papel importante para ilustrar os diferentes estilos pedagógicos, embora esta ganhe outra dimensão quando se enquadra, naquilo que Zabala (1998) chama de unidade curricular, ou sequência didática. A maneira de configurar as seqüências de atividades é um dos laços mais claros que determinam as características diferenciais da prática educativa. Desde o modelo tradicional de “aulas magistral” coma seqüência: exposição, estudos sobre apontamentos ou manual, provas, qualificações (até o modelo de “projetos de trabalho global” escolha do tema, planejamento, pesquisa e processamento da informação, índice, dossiê de síntese, avaliação), podem ver que todos têm como elementos identificadores as atividades que compõem, mas que adquirem personalidade diferencial segundo o modo como se organizam e articulam em seqüência ordenadas. (ZABALA,1998, p.19) A análise da prática docente a partir de uma sequência, mostra relevância pois essa permite ampliar o significado da unidade elementar. Assim, novas unidades compõem a unidade referencial, o que permite um estudo processual incluindo três fases: o planejamento, aplicação e avaliação. 34 De um modo geral, Zabala (1998) analisa a sequência através dos elementos centrais que a compõem juntamente com seus objetivos propostos. Logo, este autor define a sequência didática como “conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim conhecido tanto pelos professores como pelos alunos.”(Zabala, 1998, p 18) Esta maneira de estruturação da prática educativa, através da sequência didática, permite articular diferentes atividades que compõem a unidade elementar. Assim, por meio da sequência didática, Zabala (1998) coloca as diferentes formas de intervenção nas diferentes atividades, seguindo o sentido ou objetivos de cada atividades dentro da seqüência ordenada, e ao analisar a sequência pode-se ter uma noção panorâmica da função de cada atividade na construção do conhecimento. Nogueira Junior (2008) em sua pesquisa defende o uso de atividades investigativas articuladas através da sequência didática de Zabala (1998). “A articulação das atividades se faz necessária para garantir a construção do significado num contexto mais amplo, que permite a interação entre os diferentes temas, resultando em diversas aplicações”. (NOGUEIRA JUNIOR, 2008, p 55) O contexto da atual pesquisa visa formatação de uma sequência didática de Zabala (1998), estruturada através de atividades investigativas de Ponte (2003), que permita e viabilize o ensino de distribuição normal de probabilidade através do software Geogebra. Assim, a presente proposta procura apresentar o tópico proposto através de uma sequência de quatro atividades ordenadas. De um modo geral, o docente deve procurar partir das finalidades ou objetivos educacionais propostos. Estes objetivos, que em muitos casos podem ser ou não explícitos, são o ponto de partida para avaliar a prática educativa. Para Zabala (1998) a análise da prática educativa deve seguir os objetivos educacionais propostos, de modo que se faça uma observação ampla do processo atingindo o que o autor chama de currículo oculto. Neste currículo oculto, estão inseridas aquelas aprendizagens que se realizam no ambiente escolar, mas não aparece de uma forma explícita ou palpável no plano de ensino, pois não estão apenas associados a habilidades e competências. Normalmente o termo “conteúdo” é o grande referencial daquilo que deve ser ensinado e aprendido. Segundo Zabala (1998) a análise da prática visando apenas o conteúdo com um sentido estritamente disciplinar e de caráter cognitivo, atende aos critérios de um ensino acumulativo que decorrem de uma prática uniformizada e essencialmente transmissora, 35 através da aula magistral. Assim, caracterizando o que o autor chama de modelo tradicional, onde as relações interativas devem seguir o fluxo professor/aluno de forma direta. Zabala (1998) observa que a definição de conteúdo de aprendizagem deve ser vista sob uma forma ampla, não-restrita apenas aos conteúdos disciplinares, na medida em que aprender não abrange apenas as capacidades cognitivas, e sim também envolve uma série de outras capacidades como a motora, afetiva, de relações interpessoais, inserção social e etc. Diante desta circunstância de uma natureza de conteúdo tão variado, a análise concisa da prática educativa deve seguir uma grande potencialidade tipológica do conteúdo, e assim, agrupando-os como: conceituais atitudinais e procedimentais (ZABALA, 1998). Esta classificação corresponde respectivamente às perguntas “o que se deve saber?”, “o que se deve saber fazer?” e “como se deve ser?”, com o fim de alcançar as capacidades propostas nas finalidades educacionais.(ZABALA, 1998, p 30) Uma observação importante relativa à tipologia dos conteúdos é que esta não deve ser a mesma em cada etapa ou período educacional. Zabala (1998) coloca que nas séries iniciais, exista um maior equilíbrio dos diversos conteúdos, dando prioridade as procedimentais e atitudinais, e à medida que vai se avançando nos demais níveis escolares há um incremento dos conteúdos conceituais em detrimento dos demais. 3.3.1 Análise da tipologia dos conteúdos Ao analisar as condições gerais de ensino e aprendizagem, diferenciando os conteúdos segundo sua natureza tipológica, permite, segundo a percepção de Zabala (1998), identificar as intenções do processo educativo. No entanto, é importante observar que os princípios genéricos dos conteúdos se aproximam, na medida em que se distinguem conforme a sua tipologia, independente do fator disciplinar. Esta é uma importante observação, que tem efeito de aproximação entre a aprendizagem de diferentes áreas. 36 Se mudarmos de ponto de vista e, em vez de nos fixar na classificação tradicional dos conteúdos por matéria, consideramo-los segundo a tipologia conceitual, procedimental e atitudinal, podemos ver que existe uma maior semelhança na forma de aprendê-los e, portanto, de ensiná-los, pelo fato de serem conceitos, fatos, métodos, procedimentos, atitudes, etc., e não pelo fato de serem abstratos a uma ou outra disciplina. (ZABALA, 1998, p 39) De acordo com Zabala (1998) o conhecimento de aprendizagem, sob uma forma genérica, adquire característica determinada pela diferença tipológica de cada um dos diversos tipos de conteúdos. 3.3.1.1 O Conteúdo Conceitual Segundo o referencial teórico Zabala (1998), os conceitos ou princípios são entidades abstratas, que se referem a determinados conjuntos específicos de símbolos e objetos, e normalmente estão associados a estruturas que descrevem uma relação de causa-efeito. Em síntese, o conteúdo conceitual é caracterizado pela necessidade de compreensão. Logo, pode-se dizer que aprendeu um determinado conceito ou princípio, quando interpretar o seu significado associado a diversos conceitos. Em qualquer caso, esta aprendizagem implica uma compreensão que vai muito além da reprodução de enunciados mais ou menos literais. Uma das características dos conteúdos conceituais é que a aprendizagem quase nunca pode ser considerada acabada, já que sempre existe a possibilidade de ampliar ou aprofundar seu conhecimento, de fazê-la mais significativa. (ZABALA, 1998, 43 p) A avaliação da aprendizagem é um processo complexo, e é muito difícil avaliar esse processo devido a vários fatores, desde as condições gerais de aprendizagem de conceitos, até o fato de ser composto por processos graduais e contínuos, que passa pela elaboração e construção pessoal do conceito como algo inacabado. 37 3.3.1.2 O Conteúdo Procedimental Os conteúdos procedimentais são aqueles que partem de um conjunto de ações ordenadas dirigidas para a realização de um objetivo (ZABALA, 1998). Alguns exemplos de conteúdos procedimentais: ler, calcular, traduzir, andar, saltar e etc. No entanto, este conjunto de ações estruturadas é considerado suficientemente diferenciado, de modo que a aprendizagem de cada uma delas tenha suas características de aprendizagem específicas. Segundo Zabala (1998) a aprendizagem de conteúdos procedimentais passa pela: • Realização das ações que compõem o procedimento são as condições para promover o aprendizado. • A exercitação das ações múltiplas é o elemento imprescindível para o domínio do conteúdo, e promove a aquisição de competência. • A reflexão sobre a própria atividade possibilita a aperfeiçoamento da atuação. Logo, para melhorar a ação é importante refletir sobre as condições ideais. • A aplicação em contextos diferenciados permite utilizar o conteúdo em situações nem sempre previsíveis. Assim, a aplicação do procedimento em diversas situações promove a exercitação. 3.3.1.3 O Conteúdo Atitudinal Os conteúdos atitudinais englobam uma série de naturezas suficientemente diferenciadas, sendo agrupados de acordo com valores, atitudes e normas. Embora das diferenças em dado momento é possível uma aproximação específica (ZABALA, 1998). • Os valores estão associados à questões éticas que permitem a posição de juízo de valores sobre determinada conduta. • As atitudes estão próximas das formas de atuar, ou como cada pessoa posiciona sua conduta diante de certos valores. • As normas são as regras de comportamento que serão seguidas em detrimento das circunstâncias que obrigam todos os elementos do grupo. 38 Segundo Zabala (1998) o conteúdo atitudinal também é caracterizado pela relação de componentes distintos como os componentes afetivos e cognitivos que contém cada um deles. Assim, os processos vinculados à compreensão e elaboração dos conceitos associados ao valor, somados à reflexão e tomada de posição que comporta, e envolvem um processo marcado pela necessidade de elaborações complexas de caráter pessoal. Ao mesmo tempo, a vinculação afetiva necessária para que o que se compreendeu seja interiorizado e apropriado implica a necessidade de estabelecer relações afetivas, que estão condicionadas pelas necessidades pessoais, o ambiente, o contexto e a ascendência das pessoas ou coletividades que promovem a reflexão ou a identificação com valores que se promovem. (ZABALA, 1998, p 47) 4. GEOGEBRA, UMA PODEROSA FERRAMENTA PARA EXPERIMENTAÇÃO 4.1 A experimentação matemática através de simulações Muitos dos objetos matemáticos podem ser representados sob diferentes formas ou registros que compõem um sistema coordenado, integrado e integrador, onde sempre é possível articular e definir outras diferentes formas de representações matemáticas a partir de uma dada forma de representação de um objeto ideal. No entanto, a noção de objetos matemáticos ideais ou idealizados está próxima da noção platônica de um universo de objetos abstratos que são palpáveis no mundo físico através de suas representações, e é no mundo platônico ou ideal que residem os autênticos objetos matemáticos (DAVIS; HERSH, 1995). O processo de experimentação matemática, ou a simples manipulação de objetos matemáticos passa pelo elaborado sistema de abstração, que tem de um lado a entidade matemática ou mundo dos objetos ideais, e do outro lado a representação deste objeto no mundo físico. Em muitos casos esta percepção e associação destes universos paralelos, não se dá sob uma forma congruente, o que pode dificultar o envolvimento à matemática. Uma forma que permita a aproximação entre estes universos passa pelo uso de diferentes formas de observação e simulação de fenômenos físicos, que estejam sujeitos, em princípio, a certas leis ou teorias matemáticas. Segundo Davis e Hersh (1995) o estudo ou experimentação com modelo matemático e físico pode ser realizado sob diversas formas, mas o mais importante é utilizar a melhor forma de representá-lo. Em muitos casos, a simulação em computadores pode surgir como uma 39 grande alternativa, pois quando for possível transmitir dados suficientes à máquina, e esta por sua vez, for capaz de processar as informações, gera representações suficientes do objeto ou modelo platônico. Esta capacidade que os novos programas de computadores têm de representar os objetos matemáticos através de representações simuladas, permite a interação da representação física ou geométrica do objeto, com as demais representações como a algébrica e outras, intensificando a capacidade de experimentação matemática, de modo que um objeto genérico pode ser visto e animado. A utilização destes novos recursos didáticos possibilita ao professor elaborar problemas e questões investigativas, onde a procura por respostas matemáticas possa ser conduzida de forma experimental, o que favorece as práticas de investigação intensificando a exploração da situação, formulação de conjecturas e testes, até o estabelecimento de um argumento final ou prova (SILVA, 1999). 4.2 Apresentando o Geogebra O geogebra não é apenas um software de geometria dinâmica, pois este incorpora tanto a geometria, a álgebra e também o cálculo. A grande versatilidade que o software apresenta justifica em parte suas possibilidades em explorar e representar uma grande variedade de conceitos matemáticos. O GeoGebra é um sistema de geometria dinâmica. Permite construir vários objetos: pontos, vetores, segmentos, retas, secções cônicas, gráficos representativos de funções e curvas parametrizadas, os quais podem depois ser modificados dinamicamente. (HOHENWARTER, p 6, 2009) Este software é de domínio publico, não tendo fins comerciais e pode ser obtido através de download no site do geogebra. O software foi desenvolvido por Markus Hohenwarter, na universidade americana Florida Atlantic University, com a ajuda de diversos colaboradores. O formato da interface do programa caracteriza-se através de duas perspectivas: do lado esquerdo fica a janela algébrica, onde ficam armazenadas as representações algébricas e vetoriais; e do lado direito, na zona gráfica, aparece a representação geométrica do respectivo 40 objeto enfatizado. No entanto, os respectivos tratamentos ou modificações nos objetos podem ser feitos tanto através da modificação de ordem algébrica ou geométrica. 4.2.1 Interface Menu programa: apresenta os principais links de execução do programa; Barra de ferramentas: apresenta os principais recursos para construção de desenhos geométricos; Campo para entrada de comandos: através do comando digitado constrói-se uma representação algébrica, ou geométrica, ou ambas. Utilizando-se este campo pode se executar praticamente todas as funções do software. Lista de símbolos e algumas funções: Neste campo é possível selecionar alguns símbolos ou funções periódicas como as funções trigonométricas. Lista de símbolos e letras do alfabeto grego: Transforma a representação de algumas letras maiúsculas e minúsculas do alfabeto grego, que recorrentemente são utilizadas na escrita matemática. Lista geral de comandos: Com este campo é possível utilizar todas as funções do pacote básico do programa. Caso o usuário crie uma função própria, o que é possível, esta função também ficará registrado neste campo. É importante observar que os três campos de listas: lista de símbolos e algumas funções, lista de símbolos e letras do alfabeto grego e lista geral de comandos, têm uma aplicação usual semelhante. Pois, para utilizar qualquer um dos três campos, basta selecionar uma função em um dos três campos, e em seguida aparecerá a sintaxe da função, selecionada, no “campo para entrada de comando”. 41 Figura 1: Interface Geogebra Fonte: Geogebra 4.3 Explorando o Geogebra O Geogebra é um software muito versátil, onde é possível realizar várias construções de representações planas. Devido a grande versatilidade de construções de representações do programa, não será objetivo deste documento, esgotar os recursos do programa. Logo, a exploração do software, se concentra em algumas formas de representação de ponto, reta e funções. 4.3.1 Construindo ponto a partir da “Barra de ferramentas” Para construção de pontos a partir da barra de ferramentas, basta selecionar na segunda janela de ferramentas a opção “novo ponto”. 42 Figura 2: Interface Geogebra Fonte: Geogebra Uma vez selecionada a ferramenta, basta clicar com o cursor sob a janela de representação geométrica, e logo se tem um ponto no plano. Figura 3: Representação do ponto Fonte: : Construído no Geogebra Observe que tanto na janela de representações algébricas, quanto na janela de representações geométricas, tem-se uma representação do mesmo objeto. Este objeto está incluído na pasta de objetos livres, pois o mesmo foi criado de forma independente de parâmetros. 43 4.3.1.1 Modificando Objeto Todos objetos livres podem ser modificados através da janela geométrica, para isto basta selecionar barra de ferramentas na sua primeira opção, mover ponto, e em seguida clicando sobre o ponto, este pode ser arrastado. Figura 4: Mover ponto Fonte: Geogebra A modificação da condição do ponto, também pode ser feita através da janela algébrica, clicando duas vezes sobre o ponto A na janela algébrica. Então, altera-se as coordenadas de A=(x,y), em seguida pressione a tecla enter, e o ponto será modificando através das coordenadas. Figura 5: Modificando ponto Fonte: Geogebra Ao clicar duas vezes sobre o ponto A no plano, também é possível modificar as condições do mesmo. Neste caso aparecerá uma caixa com o título de “redefinir”. 44 Figura 6: Modificando ponto Fonte: Geogebra Neste caso, também é possível atribuir novas coordenadas ao objeto. Todas modificações realizadas com o ponto, também podem ser feitas sob uma forma análoga para os demais objetos como: retas, funções, cônicas e etc. 4.3.2 Construindo ponto através do “Campo entrada de comando” Neste caso basta digitar no campo entrada as coordenadas do ponto B=(x,y), em seguida enter e cria-se o ponto B. É importante observar que a “virgula” diferencia uma coordenada da outra. Figura 7: Representação de dois pontos Fonte: Construído no Geogebra 45 4.3.3 Construindo um ponto genérico P=(a,b) A construção de um ponto genérico permite utilizar o recurso de animação, neste caso e nos demais, isto será possível através da ferramenta “seletor”, localizado na barra de ferramentas. Esta ferramenta funciona como um parâmetro desejado. Como o objeto é representado por meio de um par ordenado (a,b) há necessidade de introduzir dois parâmetros, uma que se refere aos valores de (x), e outro para os valores de (y). Selecione na penúltima barra de ferramentas a opção “seletor”, em seguida clique sob a janela geométrica e defina as condições o parâmetro: nome (a); mínimo (-5); máximo (5); e incremento (0.1). Figura 8: Modificando ponto Fonte: Geogebra Uma vez definido este termos, clique em aplicar e o tem-se um parâmetro (a) que é um objeto livre. Repetindo os mesmo procedimento cria-se outro parâmetro independente (b). Para finamente construir o ponto genérico que obedece aos parâmetros (a) e (b), basta digitar P=(a,b) no campo de entrada de comandos, e tem-se um ponto P que é um objeto dependente. Para animar o ponto P, selecione na caixa de ferramentas a opção mover e em seguida clique sob o seletor para movimentar o parâmetro, e assim, ao movimentar o seletor (a) o ponto P desloca-se horizontalmente, e ao movimentar o seletor (b) o ponto P desloca-se verticalmente. Observe que a movimentação nos parâmetros implica na modificação das coordenadas do ponto P na pasta objeto dependente. 46 4.3.3.1 Utilizando o recurso : animação automática Um vez que temos um ponto P=(a,b) definido pelas coordenadas dependes dos parâmetros (a) e (b), com os respectivos seletores dos parâmetros já habilitados, clique com o botão direito sobre o seletor que deseja animar automaticamente e selecione a opção “Animação Ativada”. Figura 9: Animação automática Fonte: Geogebra 4.3.4 Construindo Reta a partir da “barra de ferramentas” Assim como as construções de pontos podem ser feitas sob diferentes formas, para reta não será diferente. Utilizando a barra de ferramentas selecione a opção “Reta Definida por Dois Pontos”, logo após selecione dois pontos da janela geométrica. 47 Figura 10: Reta por dois pontos Fonte: Geogebra A utilização desta ferramenta permite a construção da reta a partir de dois pontos quaisquer, e indifere se os pontos de passagem já estão ou não construídos. É importante observar que esta ferramenta é uma aplicação do postulado da determinação da reta: dados dois pontos quaisquer, existe uma e somente uma única reta, que os contém. Figura 11: Representação da reta Fonte: Construído no Geogebra Os pontos independentes A e B, são geradores da reta a. Logo, a e equação da reta aparece como um objeto dependente. Neste caso, os pontos A e B, objetos livres, podem ser modificados no plano, o que modifica a condição da reta. 48 Uma observação sob a escrita da equação da reta a, é que está escrita sob a forma implícita. Para modificar a representação algébrica da equação da reta, basta clicar com o botão direito, sob a equação da reta e selecionar entre as opções: reduzida y=kx+d, ou paramétrica. Figura 12: Modificando a equação da reta Fonte: Geogebra 4.3.4.1 Construindo Reta através do “campo de entrada de comando” Para efetuar a construção da reta a partir do “campo de entrada de comando”, basta digitar algum tipo de representação algébrica da reta: reduzida, implícita, paramétrica ou vetorial. Exemplo: • Escreva a equação reduzida da reta y=-2*x+3; • Escreva a equação implícita da reta 2*x+3*y=0; • Defina um parâmetro (t=1), onde o parâmetro é arbitrário. Em seguida entre com a expressão c: X=(0,2)+t*(1,1); Observe que a letra (c) indica o nome da expressão na janela algébrica. Caso o comando de entrada esteja sem esta letra, o programa define um ponto e não a função. Funções vetoriais também podem ser definidas. No entanto, estas ficam restritas a um intervalo definido. Digite o comando: curva [expressão de x, expressão de y, variável “t”, t mín, t máx] x= -1+ 2t (9) y=-1+t (10) 49 Variável t admite os valores t=-10 e t= 10. E assim, utilizando o comando: Curva[-1+2*t, 1+t, t, -10,10] Figura 13: Representações de diferentes retas Fonte: Construído no Geogebra 4.3.4.2 Construindo uma reta genérica Para construir uma reta genérica vamos utilizar a equação reduzida da reta: y = ax + b (11) Neste caso, os parâmetros a e b, sendo os respectivos coeficientes angulares e lineares devem ser definidos, cada um deles, por um seletor a e b. Digite no campo para entrada de comando: (a= 1) e (b= 1), este valor do parâmetro é arbitrário. Observe, que os valores (a) e (b) estão localizados na pasta de objetos livre. Em seguida, clique sobre o parâmetro (a) na pasta de objetos livres, com o botão direito e selecione a opção “exibir objeto” para liberar o seletor (a), e execute o mesmo procedimento para o parâmetro (b). 50 Figura 14: Habilitar seletor Fonte: Geogebra Uma vez que os seletores a e b, estão definidos na janela geométrica, digite no campo de entrada de comando a função y=a*x+b. Movimente os seletores (a) e (b) e observe as variações da representação algébrica e geométrica do objeto. Neste exemplo foram habilitados dois seletores (a) e (b), através de outro caminho que o proposto na seção 4.3.3. Isto mostra a grande versatilidade e flexibilidade do Geogebra. 4.4 Representando o modelo normal Para representar a curva normal é preciso entrar com a sua devida expressão dada pela função de densidade de probabilidade: ( x− µ )2 (2) 1 2 f ( x) = ⋅ e 2σ σ 2π Como esta função está associada a dois parâmetros média (µ) e desvio (σ), será necessário definir um seletor para cada um dos parâmetros da função. 51 4.4.1 Procedimentos para construção do modelo normal N(µ, σ) O procedimento para construção de um modelo normal genérico é semelhante ao utilizado na construção da reta genérica, pois em ambos os casos estão associados a dois parâmetros. Digite no campo para entrada de comando: (µ =1) e em seguida (σ =1), as respectivas letras do alfabeto grego mi e sigma podem ser encontrados no campo de “lista de letras e símbolos do alfabeto grego”. Habilite os parâmetros (µ) e (σ), e digite no campo de entrada de comandos a expressão =1 / (σ *(2 * pi)^0.5) ℯ^(-(0.5)*((x - µ) / σ)²). Uma vez que a curva normal foi apresentada nas respectivas janelas algébrica e geométrica, movimente os parâmetros e observe os movimentos de translação e achatamento do gráfico. Figura 15: Curva normal N[3,0.5] Fonte: Construído no Geogebra 52 4.5 Calculando área de probabilidade O cálculo de áreas de probabilidades envolve o uso de técnicas de integração. b Logo, a probabilidade é P(a ≤ x ≤ b) = ∫ f ( x)dx , onde f(x) é a função de densidade de a probabilidade. Neste caso é uma aplicação de uma integral definida, onde os limites de integração equivalem aos limites da variável aleatória (x). 4.5.1 Cálculo de integrais definidas Para mostrar a ferramenta de integração vamos utilizar uma função de densidade de probabilidade, definida na seção 4.4.1. Para calcular a área de probabilidade, definida no intervalo [µ-σ,µ+σ], neste caso a probabilidade de P ( 2.5 ≤ x ≤ 3.5) , digite o comando: Integral[função, limite inferior, limite superior]. Neste caso Integral[f,2.5,3.5] Figura 16: Área sob a cura normal N[3,0.5] Fonte: Construído no Geogebra 53 Uma observação importante: nesse caso, os limites de integração são valores fixos. No entanto, os limites de integração podem ser indicados através de um seletor, o que facilita a manipulação da área de integração. Para condicionar os limites de integração a dois novos seletores, entre com os seguintes comandos: L_{sup}=1 e L{inf}=1 Em seguida habilite os dois novos seletores, clicando duas vezes sobre o valor da integral, para redefinir as condições de integração. Figura 17: Modificando limites de integração Fonte: Geogebra Modifique os limites superior e inferior, de acordo com os respectivos seletores introduzidos, e confirme em ok. Observe que não importa o nome dado ao seletor, qualquer letra bastaria. Figura 18: Área sob a curva normal N[3,0.5], com limites associados a seletores Fonte: Construído no Geogebra 54 4.6 Soma Inferior e Superior de Reimann Através do comando “somasuperior” e “somainferior”, é possível representar a área de integração através da soma inferior e superior de Reimann. Exemplo da simulação da aproximação de normalidade com o Geogebra Figura 19: Discretização da curva normal Fonte: Construído no Geogebra 55 Neste exemplo mostra-se aproximação da área sob a curva normal, quando o número de retângulos superior tende para infinito. Este exemplo enfatiza a discretização da curva normal através de histogramas, quando o número de classes tende para infinito. A discretização da área da curva normal tanto pode ser feito com o comando da soma inferior, quanto superior. No entanto, no exemplo acima foi utilizado a soma superior. Digite o comando Somainferior[função, x inicial, x final, nº de retângulos]. Observe que o número de retângulos pode ser animado, quando os valores inicial e final são parametrizados por um seletor. Figura 20: Animação da aproximação normal Fonte: Construído no Geogebra 4.7 Distribuição Normal Padronizada (z) A construção deste modelo com o seletor (z), que pode ser associado cada valor de (z) ao um respectivo valor da variável aleatória (x), e vice versa. 56 A elaboração deste modelo depende da manipulação da expressão da contagem padronizada. z= x−µ σ (7) Na expressão acima, a média (µ) e o desvio padrão (σ) são constantes, (z) e (x) são as variáveis. Para a construção do seletor (z) é necessário reescrever a expressão da contagem (z), de modo que (z) seja a variável livre, e (x) será variável dependente. Assim, temos: x = µ + z.σ (12) Agora basta entrar com comando de construção de um ponto de abscissa igual ( x = µ + z.σ ) e ordenada igual a zero. Logo, este ponto pertencerá ao eixo (x), com seu valor dependente de (z), quando a média(µ) e o desvio padrão (σ) são fixos. Para construir a distribuição normal definida a partir dos seletores da média (µ) e do desvio padrão (σ). 1. Crie e habilite um seletor (z). 2. Digite no campo de entrada de comando (µ+z.σ, 0), para criar o ponto parametrizado. 3. Para encontrar a área de probabilidade da média até o ponto definido em função de (z), digite no campo de entrada de comando Integral[f,µ,µ+z*σ]. Figura 21: Área ou probabilidade padronizada Fonte: Construído no Geogebra 57 Através desta construção é possível representar a área de probabilidade a partir da média até o ponto Z, para cada valor do seletor (z). Logo, este modelo possibilita fazer a construção da escala padronizada tabular, onde para cada valor de (z) tem-se a respectiva área. Quando temos valores do seletor (z) menores que zero, a área de integração passa ser representado por um número negativo. No entanto, esta representação da área, como um valor negativo, pode criar uma certa confusão, pois se pode pensar, erroneamente, que para valores de z negativos a área também será. A resposta desta questão está associada às condições dos limites de integração, pois quando o valor do seletor (z) é menor que zero, o limite superior de integração trabalha com um valor inferior à média (µ), que nesta situação é o limite inferior de integração. Logo, como o valor do limite inferior de integração é maior do que o valor do limite superior de integração, a área será um número menor que zero. Para evitar este tipo de situação, a sugestão é criar dois seletores (z), um sendo superior e outro inferior, onde o valor do limite inferior de integração não ultrapasse o valor do limite superior de integração. Figura 22: Área ou probabilidade padronizada Fonte: Construído no Geogebra 58 4.8 O pacote de Estatística A partir da versão 3.2 do geogebra está incluso o pacote de Estatística, onde apresenta algumas ferramentas descritivas, gráficas, regressões e distribuições de probabilidades discretas e contínuas. 4.8.1 Explorando as medidas Descritivas Para apresentar as funções de Estatísticas descritivas, vamos utilizar um conjunto de 30 dados que indica o tempo de espera (em minutos), de atendimento na fila de um banco, em um determinado dia. 30-21-40-33-36-39-28-33-41-26 35-33-22-19-25-33-42-29-17-37 31-23-29-33-31-32-24-27-33-18 Quando trabalhamos com conjuntos numéricos é interessante habilitar a planilha, pois facilita e dá agilidade no tratamento de dados. Para habilitar a planilha, basta clicar no menu exibir, selecione planilha. 59 Figura 23: Exibir planilha Fonte: Geogebra Uma vez habilitada a planilha, vamos inserir os 30 dados, cada uma em uma célula. Neste caso de A1 até A30. 60 Figura 24: Inserindo dados na planilha Fonte: Geogebra 4.8.1.1 Histograma O histograma é uma representação gráfica de uma distribuição de frequência, que também pode ser representado através de outras composições gráficas e tabulares. De modo geral, as distribuições de frequências são utilizadas como uma espécie de sumário do agrupamento dos dados, divido em faixa de dados ou intervalos de agrupamento. Com o Geogebra é possível gerar algumas representações gráficas de distribuições de frequências como o histograma, sem antes, construir uma tabela de frequência. Figura 25: Ajuda histograma Fonte: Geogebra 61 Para gerar o histograma basta digitar o comando Histograma[<limites>, <dados do conjunto> ] indicando os limites das classes de agrupamentos e a lista de dados ou lista de frequências. Neste caso vamos utilizar as seguintes classes de agrupamentos: 17├22├27├32├37├┤42 Logo, os limites de classes serão inseridos na planilha da célula A1 até A6. Figura 26: Limites de classes e dados brutos Fonte: Geogebra Finalmente, digite o comando Histograma[A1:A6, B1:B30] e a tecla enter. Figura 27: Histograma Fonte: Construído no Geogebra Neste histograma, cada classe de agrupamento é representada por um retângulo de área igual à contagem do número de dados agrupados em cada classe. Logo, a primeira classe é representada por um retângulo de área igual a 4 unidades cartesianas ao quadrado, que correspondem ao total de 4 dados {17,18,19,21} agrupados no intervalo (17├22). 62 Como cada um dos intervalos são de amplitudes constantes, e no primeiro, de 17 a 22 tem-se uma amplitude igual a 5 unidades, que corresponde à base do retângulo de dimensão 4/5 por 5, pois a área do retângulo é 4. E assim, na segunda classe tem-se um retângulo 5 por 1, terceira as dimensões são 7/5 por 5, na quarta 9/5 por 5 e última tem-se a mesma frequência da segunda classe 5 por 1. Como os dados brutos não estão ordenados na lista de células B1 a B30, para ordenar os respectivos dados utilize o comando Ordenar[<lista de dados>]. Neste caso, Ordenar[B1:B30]. Figura 28: Ordenar dados Fonte: Construído no Geogebra 4.8.1.2 Cálculo das medidas de Centralidade Uma vez que os dados do conjunto já estão definidos pela célula A1 até A30, para calcular as medidas de tendência central (média aritmética, mediana e moda), basta entrar com o comando de cada medida indicando a lista do conjunto. 4.8.1.2.1 Cálculo da Média Aritmética Para calcular o valor da média, digite o comando Média [<lista de dados>], em seguida a tecla enter. Neste caso, onde já temos a lista de dados definida, basta entrar com o comando Média[B1:B30]. 63 Figura 29: Valor da média Fonte: Construído no Geogebra Observe que o resultado da média está indicado na pasta de objetos dependentes indicado pela letra (b). 4.8.1.2.2 Cálculo da Mediana Digite o comando Mediana[<lista de dados>]. Neste caso, entre com o comando Mediana [B1:B30]. Figura 30: Valor da mediana Fonte: Construído no Geogebra O valor da mediana está contido na pasta de objetos dependentes, representado pela letra “c”. 64 4.8.1.2.3 Moda Digite o comando Moda [<lista de dados>]. Logo, aplicando o comando Moda[B1:B30]. Figura 31: Valor da moda Fonte: Construído no Geogebra O valor da moda, que é indicado como lista 1, pois dependendo da ocasião pode haver mais de um valor. Como nos casos de amostras bimodal. 4.8.1.3 Medidas de Dispersão Quando se trabalha com conjuntos numéricos, além da tendência da centralidade dos dados, também é importante conhecer informações sobre o quanto próximos ou quanto dispersos os dados estão em relação ao centro. O geogebra apresenta as ferramentas que medem a dispersão dos dados como a variância, o desvio padrão populacional e também covariância para distribuições de variáveis conjuntas. 65 4.8.1.3.1 Desvio Padrão Para encontrar o valor do desvio padrão de um conjunto, digite o comando Desviopadrão[<lista de dados>]. Logo, para calcular o desvio padrão dos valores da lista Desviopadrão[B1:B30]. Figura 32: Valor do desvio padrão Fonte: Construído no Geogebra Assim como para as medidas de centralidade, o valor do desvio padrão será apresentado por uma letra contida na pasta de objetos dependentes, nesta ocasião expresso pela letra “d”. 4.8.1.4 Diagrama de Caixa (Box Plot) O geogebra também constrói o diagrama de caixa, que é uma interessante representação gráfica. Pois, com ela é possível descrever, simultaneamente, uma série de características de diferentes conjuntos numéricos, como a centralidade, dispersão, o desvio de simetria e também identificar os outliers. Para construir o diagrama digite o comando Boxplot[ valor de y, altura da caixa,<lista de ddos>]. Para o exemplo, Boxplot[-3,1,B1:B30]. 66 Figura 33: Representação do Box plot, Histrograma e função N(30, 67) Fonte: Construído no Geogebra O primeiro valor do comando, valor de y, define a posição do centro da caixa em relação ao eixo da ordenada. E o segundo valor do mesmo comando, a altura da caixa, fixa o comprimento da caixa em relação ao eixo da ordenada. O comando do diagrama de caixa, também pode ser utilizado de outra forma. Pois, ao invés de se informar os dados brutos, pode-se utilizar os valores: mínimo, primeiro quartil, mediana, terceiro quartil, e máximo. Figura 34: Ajuda do comando da caixa Box plot Fonte: Geogebra 4.8.2 Análise de Regressão Sempre quando possível estudar a relação de duas ou mais variáveis, a análise de regressão surge como uma alternativa capaz de modelar a relação entre variáveis distintas, possibilitando assim, o reconhecimento do comportamento de uma grandeza em função de outra. 67 Com o geogebra, além do modelo de regressão linear, também é possível estimar os modelos de regressão exponencial, logarítmica, logística, polinomial, potencial e seno. Para explorar a ferramenta de regressão linear vamos observar a relação entre duas variáveis de indicadores de desempenho pedagógicos/educacional: faltas e notas. Os resultados da tabela abaixo indicam o percentual médio de faltas e percentual médio de notas, para seis turmas, da área de Ciências Humanas, da Escola Estadual Governador Milton Campos. Estes resultados correspondem ao acumulado do primeiro, segundo e terceiro bimestre do ano de 2009. Tabela 2 Percentual médio de faltas e notas Turmas Faltas Notas 111 14,00% 60,00% 103 13,30% 55,90% 107 14,00% 53,90% 105 15,80% 51,30% 101 18,30% 46,40% 109 21,20% 42,00% Entre no campo de entrada de comando os seis pontos, indicando (faltas, notas) da tabela, para obter o diagrama de dispersão dos pontos. Utilize as opções deslocar eixos e reduzir, da barra de ferramentas, para enquadrar os pontos no campo visual. Figura 33: Diagrama de dispersão Fonte: Construído no Geogebra 68 4.8.2.1 Coeficiente de Correlação Para calcular o valor do coeficiente de correlação utilize o comando CoeficienteDeCorrelação[<lista de pontos>]. Para os valores da amostra, digite o comando com a lista dos pontos CoeficienteDeCorrelação[{A,B,C,D,E,F}], o resultado é o valor de “a” na pasta de objetos dependentes. Figura 34: Coeficiente de correlação Fonte: Construído no Geogebra 4.8.2.2 Regressão Linear Para obter a reta de regressão de valores de y em x utilize o Comando RegressãoLienarY [<lista de pontos>]. Neste caso considerando os seis pontos, RegressãoLienarY [{A,B,C,D,E,F}]. 69 Figura 35: Reta de regressão Fonte: Construído no Geogebra O modelo de regressão estimando é representado pela letra “b” na pasta de objetos dependentes. Utilizando o modelo de regressão para estimar o valor do percentual médio de notas, correspondente ao percentual médio de faltas de 25%, encontramos um rendimento de aproximadamente 34%. O que indica um valor baixo, pois o rendimento escolar mínimo é de 60%. Para que o percentual médio de rendimento seja igual a 60%, o modelo de regressão retorna o valor do percentual médio de faltas de 11,75 %. Estes dados mostram que, nesta amostra, o percentual de até 25% de faltas, pode comprometer o rendimento global das médias de notas, pois este é muito tolerante. Assim, para que se obtenha um rendimento médio de no mínimo 60%, o percentual máximo de faltas deverá ser menor ou igual a 11,75%. 70 Figura 36: Regressão linear Fonte: Construído no Geogebra 4.8.3 Cálculo de Probabilidades O geogebra permite fazer cálculos de probabilidade de algumas variáveis aleatórias discretas e contínuas. No entanto, estas ferramentas não permitem a construção geométrica da distribuição de probabilidade, e sim apenas realizar cálculos. 4.8.3.1 Cálculo de Probabilidades com o modelo Normal Para efetuar cálculos com o modelo normal digite o comando Normal[média, desvio padrão, valor de x]. Esta função retorna o valor da área sob a curva normal acumulada abaixo do valor de x, também conhecida como probabilidade de Φ( z o ) . 71 Gráfico 9: Área de probabilidade da função Φ(z) Fonte: Construído do Geogebra 4.8.4 Construindo suas próprias ferramentas O geogebra, assim como outros programas de geometria dinâmica, possibilitam ao usuário construir suas próprias ferramentas. Para construir uma ferramenta é necessário ter como base uma construção já feita, indicar os objetos finais e iniciais da construção. 4.8.4.1 Construindo uma ferramenta para construção do gráfico da função normal de densidade de probabilidade N(µ, σ). Para efetuar a construção desta ferramenta, vamos tomar como base a construção realizada na seção 4.4.1, onde há representação de uma curva normal construída a partir da função de densidade de probabilidade, em relação aos parâmetros da média e do desvio padrão. 72 Figura 37: Curva normal N[3,0.5] Fonte: Construído no Geogebra Utilize a opção ferramentas no menu, selecione criar uma nova ferramenta. Figura 38: Criar uma ferramenta Fonte: Geogebra Na caixa de diálogo, indique os objetos finais da construção e os iniciais. Figura 39: Selecione os objetos finais Fonte: Geogebra 73 Defina a função “f”, como objeto final. Figura 40: Selecione os objetos iniciais Fonte: Geogebra Os parâmetros da média (µ) e do desvio padrão (σ) serão os objetos iniciais da construção. Figura 41: Definindo nome, comando e ícone da ferrammenta Fonte: Geogebra Indique o nome da ferramenta, o comando e o informativo da ajuda. Também é possível personalizar o ícone que aparecerá na barra de ferramentas. Após a conclusão, verifique na barra de ferramentas a nova opção à direita. 74 Figura 42: Nova ferramenta criada Fonte: Construído no Geogebra Digite o comando FunçãoNormal[<média>, <DesvioPadrão>], indicando os respectivos valores da média e do desvio padrão da curva normal que desejados, e enfim, temse o gráfico da função. 75 5 SALA DE AULA E O LABORATÓRIO DO PROFESSOR 5.1 Pesquisa, pesquisa em educação Matemática e suas importâncias A concepção de pesquisa e o exercício do trabalho científico tem uma forte ligação que sustentam o projeto de pesquisa, dando fidelidade e credibilidade aos dados e às observações registradas no seu contexto. No entanto, é importante discutir sobre a sua concepção, de modo que se possa fazer uma reflexão da sua prática, na medida que seja possível contextualizar o conceito geral de pesquisa dentro da concepção de educação Matemática, e assim poder analisar suas implicações diante de processos educacionais. Segundo Marconi e Lakatos (2001), o conceito de pesquisa é definido como um conjunto de procedimentos formais, que associados ao método de pensamento reflexivo, permite o tratamento científico para descobrir verdades parciais. Para Bicudo (1993), a concepção de pesquisa parte da busca por compreensões significativas, de modo que este processo consiste em andar em torno de uma interrogação ou problema, buscando todas as possíveis dimensões de modo rigoroso e consistente. Embora esta autora coloque esta busca como um processo inacabado, onde não há uma resposta definitiva que consiga esgotar todas dimensões do fenômeno interrogado. Fiorentini (2007) observa que apesar das diferentes definições que se queira dar ao conceito de pesquisa, há sempre uma ideia de que pesquisa é um processo de estudo que consiste na busca disciplinada metódica de saberes ou compreensões acerca de um fenômeno, problema ou questão da realidade ou presente na literatura o qual inquieta/instiga o pesquisador perante o que se sabe ou diz a respeito.( FIORENTINI, 2007, p 60) Apesar do conceito de pesquisa ser demasiadamente amplo, é notória a presença comum da ideia de busca de verdades inesgotáveis, que de algum modo provoca uma inquietação e ao mesmo tempo permite o exercício da reflexão sobre o problema. 76 Os aspectos gerais que compõem o conceito e o trabalho de pesquisa: interrogação, rigor, análise sistêmica e metódica, reflexão, são elementos que integram a concepção de pesquisa em qualquer que seja sua área de atuação, inclusive na educação Matemática. É importante destacar que diante deste panorama geral, para cada área de atuação haverá uma certa especificidade da concepção de pesquisa que segue os paradigmas e saberes próprios da área de estudo. Este fator pode ser observado dentro do contexto da Educação Matemática. Neste sentido, pode-se perceber um aspecto subjetivo da Educação Matemática, qualificando a pesquisa em educação matemática como uma área de domínio próprio. A pesquisa em Educação Matemática não é uma pesquisa em Matemática, nem uma pesquisa em Educação, embora trate de assuntos pertinentes a ambas, trabalhe com a Matemática e utilize-se de procedimentos concernentes ao modo de pesquisa próprios da Educação.(BICUDO, 1993, p 19) Segundo Bicudo (1993), a região de inquérito da educação matemática está bem definida, pois ela se configura através de questões de estudo levantadas pela própria Educação Matemática, sendo algumas delas: a compreensão da Matemática, como fazer Matemática, as interpretações elaboradas sobre os significados sociais, culturais e históricos da Matemática e também as ações político-pedagógico da Educação Matemática. Por outro lado, Garnica (2002) coloca a Educação Matemática como um objeto transdisciplinar que tenha trânsito-livre entre áreas do conhecimento, de modo que não haja fronteiras ou barreiras. De acordo com a proposta deste autor, ele procura desmistificar posições assimétricas como professor/ pesquisador, teoria/prática, sujeitos/ objetos, pedagógicas/ específicas. O autor faz uma leitura ampla, e ao mesmo tempo simplista da Educação Matemática como (..) movimento que se institui no instante mesmo em que algo a que chamamos Matemática ocorre num contexto de ensino e aprendizagem. Essa caracterização, ainda que vaga, por outro lado, pretende afirmar a Educação Matemática como constituindo-se em trajetória, como objeto transdisciplinar (..)(GARNICA, 2002, p 91) Fiorentini (2007) caracteriza o movimento da Educação Matemática como resultado de múltiplas relações estabelecidas como um conjunto de práticas que envolvem a 77 Matemática (específico) e processos pedagógicos constituídos a partir das dimensões histórico-epistemológicas, piscocoginitivas, histórico-culturais e sociopolítico. Por outro lado, é importante a análise das consequências e relevâncias educacionais da pesquisa em Educação Matemática, pois podem questionar a sua real importância. Segundo Bicudo (1993), as pesquisas em Educação Matemática são importantes, pois permitem fazer estudos sistemáticos sobre a Matemática, como ela é constituída, os seus significados e possibilitando conhecer mais sobre ela, a Educação. O processo de fazer pesquisa em Educação Matemática também é importante, pois promove uma transformação no professor, que ao fazer um estudo sistemático procurando por soluções, tem sua promoção pessoal e profissional, capacitando-o para mais um campo de atuação profissional e científico (FIORENTINI, 2007). Para o aprendiz, a pesquisa em Educação Matemática também é importante, pois esta procura à universalização e ao aprimoramento do ensino e aprendizagem da Matemática torna-o mais humanizado. 5.2 Contexto e sujeitos da pesquisa A pesquisa foi desenvolvida com alunos de duas turmas distintas. A primeira turma realizou as atividades entre abril e maio de 2009, e a segunda turma participou entre setembro e outubro de 2009. Na ocasião, ambas as turmas cursavam a disciplina de Estatística do 2º período do Curso de Graduação tecnológica de Gestão da Produção Industrial noturno, da faculdade Unatec do centro universitário UNA, campus Barreiro. As duas turmas apresentam um perfil bem diversificado em termos comparativos, mas há algumas familiaridades como: cerca de um terço dos alunos das duas turmas trabalham na área do curso, a maior parte dos alunos concluíram o ensino médio a menos de dez anos, o que denotam a turma com um padrão típico de jovens que trabalham para pagar o curso. A primeira turma apresentou um padrão diversificado em relação ao sexo, já a segunda turma o sexo masculino é predominante. Os demais professores, que ministraram aulas para ambas as turmas, as avaliaram sob diferentes formas. Percebe-se uma avaliação positiva em relação à primeira turma. No entanto, em relação à segunda turma foram apontando mais aspectos negativos que a primeira, segundo a maioria dos docentes. 78 5.3 A elaboração da sequência didática O processo de elaboração das atividades passa primeiramente pelo processo de manipulação do modelo normal com o software Geogebra. A construção do modelo normal com o programa não foi imediata, pois inicialmente houve certas dificuldades e contratempos, até trabalhar com a sintaxe da função normal de probabilidade abaixo. 1 f ( x) = ⋅e σ 2π ( x−µ )2 2σ 2 (2) A causa da dificuldade inicial era o desvio padrão (σ ) , pois quando trabalhamos com o parâmetro sigma à direita do radical, o programa retornava erro de sintaxe. f ( x) = 1 ⋅e 2π σ ( x− µ )2 2σ 2 (13) Neste momento, pensamos que poderia haver algum tipo de erro na escrita da expressão e ao consultar Stevenso (1981) que, então, trazia a função de densidade de probabilidade, com o desvio padrão dentro (σ ) do radical, como segue: f ( x) = 1 ⋅e 2πσ ( x− µ )2 2σ 2 (14) (STVENSON, 1981, p 139) Em função da ansiedade em resolver esta questão, não se pensou que poderia haver um erro de impressão, e entramos com esta sintaxe no programa, o resultado foi surpreendente e ao mesmo tempo desanimador, pois o programa fez a construção de uma outra função, de representação gráfica semelhante a uma parábola. 79 Gráfico 10: Representação de uma parábola Fonte: Construção do Geogebra Uma vez observado o gráfico da função tivemos a percepção de que poderia haver um erro de impressão, pois o gráfico apresentado era incompatível com da curva normal. Só então tivemos a ideia de escrever o desvio padrão (σ ) multiplicando à esquerda do radical no denominador e o resultado foi animador, pois o programa reconheceu a sintaxe e retornou seu devido gráfico conforme função abaixo. 1 f ( x) = ⋅e σ 2π ( x−µ )2 2σ 2 (2) A dificuldade inicial em representar a função normal através do Geogebra foi solucionada por uma questão da escrita, que mostra o quanto é delicada a representação ou escrita dos objetos Matemáticos. No entanto, a tentativa de representar o modelo normal através do programa proporcionou a procura de “como” o programa poderia ser utilizado na representação da curva gaussiana. Uma vez que a possibilidade de representar o modelo normal com o software era uma realidade, surgem questões críticas, questiona Borba (2005), para quais problemas o computador é a solução? E no contexto da atual pesquisa, como o software pode ser utilizado para o ensino e aprendizagem da distribuição normal de probabilidade? 5.3.1 Estruturação da Sequência didática Diante da questão de como utilizar o software Geogebra no ensino e aprendizagem da distribuição normal de probabilidade, foram organizadas e elaboradas quatro atividades que 80 estruturam a sequência didática, e aplicadas às turmas cada uma delas em duplas, e em aulas de uma hora e quarenta minutos. 5.3.1.1 Primeira atividade Esta atividade foi a única da sequência que não foi aplicada no laboratório, e teve uma duração de aproximadamente uma hora. Nesta atividade, tanto o software Geogebra, quanto quincunx 2 foram utilizados com o auxílio de data show, para simular a aproximação da distribuição normal através de eventos de distribuições binomiais, com 50% probabilidade de sucesso. Teixeira (2008) apresentou em sua pesquisa os diferentes resultados da utilização quincunx, em diferentes níveis de ensino. Neste trabalho, foram realizadas atividades experimentais envolvendo as Distribuições Normais e Binomiais de probabilidade, e faz síntese sobre a engenhosa máquina de Francis Galton. Em 1873-1874, Galton projetou um curioso aparelho experimental conhecido como "quincunx" ou também Galton’s board (placa ou jogo de Galton). Essa máquina era um engenhoso modelo físico da teoria dos erros, a qual ele acreditava ser aplicável a muitos fenômenos no campo da Biologia e da Física. Encerrada atrás de um vidro, havia uma seção transversal de um funil que se abria para um arranjo de pinos de metal dispostos a intervalos iguais, com compartimentos verticais abaixo dos pinos. Ao cair pelo funil, os chumbinhos de espingarda (ou bolinhas) se distribuiriam, aleatoriamente, para a direita ou para a esquerda pelos espaços entre os pinos que representavam, na teoria de Galton, as perturbações aleatórias independentes da natureza. No final do processo, eles se acumulavam nos compartimentos inferiores em pilhas que lembram uma curva normal. (TEIXEIRA, 2008, p 343) No contexto da atual seqüência didática foram utilizados três diferentes experimentos com a quincunx: o primeiro que gera histogramas de duas classes, o segundo que gera histograma de onze classes e o terceiro que gera histograma de dezenove classes. As figuras abaixo mostram o funcionamento do experimento. 2 Para realizar simulações com quincunx acesse o site mathsisfun. 81 Figura 43: Quincunx com duas classes de agrupamento Fonte:disponível no site da mathsisfun Figura 44: Quincunx com onze classes de agrupamento Fonte: disponível no site da mathsisfun Figura 45: Quincunx com vinte classes de agrupamento Fonte: disponível no site da mathsisfun A (figura 46) foi extraída da pesquisa de Teixeira (2008), que investigou a prática e experimentação da quincunx, com alunos do ensino superior, médio e fundamental. No contexto da pesquisa de Teixeira (2008), os quatro formatos foram sugeridos pelos alunos envolvidos no trabalho, como prováveis formatos de agrupamento das bolinhas. 82 Uma vez que a quincunx é apresentada, antes de acionar o simulador foi perguntado à turma: qual das opções de formatos abaixo seria o provável agrupamento das bolas? Figura 46: possíveis formatos de agrupamento Fonte: TEIXEIRA, 2008 Após o acionamento do simulador, aguarda-se o registro de uma quantidade relevante de dados, então o professor perguntará novamente sobre o formato da distribuição observada. Após esta discussão, o Geogebra foi utilizado para simular a discretização da curva normal, através de retângulos da soma superior Reimann, a partir de dois retângulos tendendo para uma grande quantidade de retângulos, e assim, aproximando a área da figura para área da curva normal, conforme figuras abaixo: Figura 47: Simulação da aproximação normal dividida em dois retângulos Fonte: Construído no Geogebra Figura 48: Simulação da aproximação normal dividida em cinco retângulos Fonte: Construído no Geogebra 83 Figura 49: Simulação da aproximação normal dividida em grande quantidade de retângulos Fonte: Construído no Geogebra A atividade pretende apresentar a curva normal através da aproximação dos histogramas gerados pela distribuição binomial simulados pela quincunx, e ao mesmo tempo valorizar a percepção e a observação do aluno, na medida em que seja possível provocar uma atitude observadora e ao mesmo tempo mostrar intuitivamente os procedimentos e conceitos que gera a curva normal através de uma aproximação. 5.3.1.2 Segunda atividade Uma vez que o modelo normal já foi apresentado, a segunda atividade investigativa consiste basicamente em variar os parâmetros N ( µ , σ ) , da média e do desvio padrão da curva normal, e observar os efeitos das variações destes parâmetros na curva normal. Esta atividade foi realizada em dupla, cada dupla recebeu uma folha com a atividade e o arquivo em mídia da atividade. De acordo com Santos e Pedro (2000), este tipo de atividade é classificada como trabalho sobre situações já feitas, pois o arquivo que cada dupla recebeu funciona como um modelo já pronto de uma Distribuição Normal, em que se pode variar os parâmetros (µ) e (σ), e espera observar as variações nos padrões. Esta atividade é composta por dez questões que além de investigar os efeitos das variações da média e do desvio padrão, investiga também outros pontos notórios da variável aleatória, tais como: ( µ − 3σ , µ − 2σ , µ − σ , µ , µ + σ , µ + 2σ , µ + 3σ ) . 84 5.3.1.3 Terceira atividade Esta atividade pretende introduzir o conceito da variável padronizada (z) através de uma atividade investigativa guiada que possibilite a generalização da expressão, através de um trabalho sobre situações já feitas (ou modelos) (SANTOS; PEDRO, 1999). Neste caso, tendo em vista a expressão da variável reduzida (z) um modelo algébrico representado simbolicamente, há uma certa dificuldade na compreensão deste termo. Através da expressão da variável reduzida (z) é possível associar valor de (x) e (z), uma vez que a média (µ) e o desvio padrão (σ) são fixos ou constantes. Neste caso, a média e o desvio padrão são parâmetros da expressão. Primeiramente a atividade coloca uma situação da curva normal, com os parâmetros fixos, e pede ao aluno que atribua valores específicos de (z =-1,0,..2,..) com o seletor (z) e em seguida observe no gráfico qual valor da variável (x) está associado àquele específico valor de (z). Em seguida é feito o caminho inverso, para valores específicos de (x = 9.5, 10,..) e pedese quais são os respectivos valores de (z). Em um segundo momento, a atividade trabalha a parte aritmética do cálculo com a variável reduzida (z), pedindo ao aluno que faça a subtração dos valores de (x) e a média (µ), em seguida divida pelo desvio padrão (σ). Assim, os próprios alunos percebem que é possível fazer a conversão dos valores de (x) em valores de (z), e com detalhe, também podem simular estes valores com o programa e visualizar a questão geometricamente. Após a manipulação de diversos valores das variáveis (z) e (x) geometricamente, e o tratamento aritmético com estes mesmos valores de (z) e (x), é proposta a passagem para representação algébrica através da generalização do operatório aritmético. No entanto, a idéia central não é simplesmente adotar a representação algébrica como o processo operatório aritmético sob forma generalizada, mas adotar uma linha de desenvolvimento da notação algébrica que passa necessariamente pelos processos de construção retórica, sincopada e simbólico (LINS; GIMENEZ, 1997). Para que seja possível esta transição de processos algébricos, a própria atividade guia inicialmente como a descrição acima, para que o aprendiz perceba e possa concluir a representação simbólica da variável padronizada (z). z= x−µ σ (7) 85 5.3.1.4 Quarta atividade A quarta e última atividade que compõe a unidade didática visa a introdução do cálculo de área de probabilidade com o modelo normal. Esta atividade é a mais extensa da sequência didática e de certa forma perpassa pelos diversos conteúdos procedimentais, conceituais e atitudinais trabalhados nas demais atividades. É importante lembrar que para execução desta atividade foi elaborado um modelo próprio, assim como nas demais, ou trabalhos sobre situações já feitas conforme (SANTOS; PEDRO, 1999). A atividade faz inicialmente um breve comentário sobre a idéia de área de probabilidade e como esta área se identifica na curva normal. Após a parte factual ou introdutória são feitas algumas simulações com diferentes áreas de probabilidade, inicialmente com os valores da média e do desvio padrão fixos é observado os diferentes resultados quando (z= 1, 3 e -2), em seguida os valores da média e do desvio padrão são modificados e novamente é observado as respectivas áreas de probabilidade quando (z= 1, 3 e -2). A intenção inicial é dar possibilidade para que o aprendiz perceba que independente dos valores da média e do desvio padrão, a área de probabilidade é sempre relativa aos respectivos valores de (z), e assim, introduzir a tabela normal padronizada (z). Associando a idéia de área de probabilidade e seus respectivos valores de (z), a tabela normal padronizada é apresentada, e a atividade pede para observar alguns valores de áreas de probabilidade e o valor de (z) específicos, e comparar estes valores com o encontrado pela representação gráfica do Geogebra. A intenção desta comparação é justificada pela pequena diferença que há em alguns valores de (z) encontrados na tabela, e os representados pelo programa. A diferença de valores é da ordem de até 0,01% de área de probabilidade, sendo relativamente pequena. Na parte final da atividade são apresentadas três situações problemas aplicáveis ao modelo normal, que dispõem de diferentes recursos de solução. Na primeira questão a área de probabilidade procurada, está localizada entre a média e a variável aleatória. Este é um caso típico de aplicação direta, que está representada genericamente a seguir. 86 Gráfico 11: Área de probabilidade Fonte: Construção do Geogebra P( µ ≤ z ≤ x1 ) Já na segunda, a área procurada está compreendida entre duas variáveis aleatórias que estão em diferentes lados em relação à média, e assim ( x2 ≤ µ ≤ x1 ) . Neste caso, como há duas variáveis aleatórias, também haverá dois respectivos valores de (z) e consequentemente, duas área de probabilidade que compõem a área total compreendida através da adição das áreas. Gráfico 12: Área de probabilidade P( x2 Fonte: Construção do Geogebra ≤ z ≤ x1 ) Na terceira situação, também há duas variáveis aleatórias, porém ambas estão à direita da média, e assim ( µ ≤ x2 ≤ x1 ) . Nesta circunstância, a área total é encontrada através da subtração de duas áreas, o que pode causar certa dificuldade se não for bem representada. Gráfico 13: Área de probabilidade P( x2 Fonte: Construção do Geogebra ≤ z ≤ x1 ) 87 Nestas três últimas questões, todas elas deveriam ser respondidas manualmente e os valores deveriam ser encontrados na tabela normal padronizada. No entanto, os alunos poderiam utilizar o Geogebra para intensificar o processo de experimentação e possível confronto de informações. Além disso, no arquivo da atividade havia uma ferramenta de gabarito, que fornecia a resposta da atividade uma vez introduzida os dados iniciais. Uma outra situação problema interessante, mas não discutida nesta atividade é o caso da aplicação da normal inversa, quando é fornecida a área de probabilidade e pede o valor da variável aleatória. 5.4 Análise da sequência didática e a sequência dos conteúdos A metodologia de análise da unidade didática proposta, pretende discutir alguns resultados observados nas duas turmas que praticaram a sequência, e, ao mesmo tempo procurar fazer a avaliação da seqüência didática conforme propõe Zabala (1998), que observa nas aprendizagens duas questões: a primeira, focada na potencialidade da sequência em favorecer os significados da aprendizagem; e na segunda, relacionada à capacidade de observação do professor em relação às compreensões, dificuldades e assim, procurando uma atenção à diversidade. O processo de avaliação da sequência é importante, pois quando bem aplicada possibilita reforçar a atividade. Zabala (1998) propõe dez questões que articulam a avaliação da sequência didática. Na sequência didática existem atividades: que nos permitam determinar os conhecimentos prévios que cada aluno tem em relação aos novos conteúdos de aprendizagem? cujos conteúdos são propostos de forma que sejam significantes e funcionais para os meninos e as meninas? que possamos inferir que são adequadas ao nível de desenvolvimento de cada aluno? que representem um desafio alcançável para o aluno, quer dizer, que levam em conta suas competências atuais e as façam avançar com a ajuda necessária; portanto, que permitam criar zona de desenvolvimento proximal e intervir? que provoquem um conflito cognitivo e promovam a atitude mental do aluno, necessária para que estabeleça relações entre os novos conteúdos e os conhecimentos prévios? que promovam uma atitude favorável, quer dizer, que sejam motivadora em relação à aprendizagem dos novos conteúdos? Que estimulem a autoestima e o autoconceito em relação às aprendizagens que se propõem, quer dizer, que o aluno possa sentir que em certo grau aprendeu, que seu esforço valeu a pena? 88 que ajudem o aluno a adquirir habilidades relacionadas com o aprender a aprender, que lhes permitam ser cada vez mais autônomo em suas aprendizagens? (ZABALA, 1998, p 64) Com relação à análise dos dados das atividades aplicadas, será fundamental observar as diferentes concepções do ensino e aprendizagem, observadas através da tipologia de conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais. A aplicação da sequência, bem como a observação da realização das atividades propostas, aproxima-se de um estudo naturalista ou etnográfico (FIORENTINI, 2007), pois a coleta de dados foi realizada durante a execução da sequência, na presença do pesquisador. Para efeito de procedimentos descritivos será apresentado: protocolos das atividades, transcrição de falas e perguntas, descrições de observações e sensações vivenciadas durante a prática. Estes são os principais elementos que compõem a base de dados que serão tratados conforme análise de conteúdo (FIORENTINI, 2007). 5.5 Análise da aplicação da seqüência didática e principais implicações educacionais 5.5.1 Primeira Atividade (Aproximação normal) As condições iniciais desta atividade foram diferentes em relação as duas turmas participantes, mas ambas passaram pelo mesmo questionamento sobre o suposto formato da figura gerada pelo experimento com a quincunx. Na primeira turma, esta atividade foi muito aberta, podendo ser identificada como um debate. Primeiramente, a quincunx foi apresentada e antes do seu funcionamento perguntou-se sobre o provável formato do agrupamento das bolas (figura 46). Inicialmente, muitos alunos da turma mostraram uma atitude pouco confiante em dizer qual provável formato do agrupamento, talvez pelo fato da falta de critério ou até por não terem compreendido o funcionamento da quincunx. Dentre aqueles que indicaram o possível formato, a maior parte, ficou dividida entre o modelo normal e triangular, com apenas algumas indicações para o modelo semicircular e nenhuma para o modelo quadrado. Iniciou-se o funcionamento da quincunx em três diferentes condições: o primeiro que gera histogramas de duas classes, o segundo que gera histograma de onze classes e o terceiro 89 que gera histograma de dezenove classes. E novamente perguntou-se, qual seria o formato do agrupamento das bolas? Observou-se certa migração de votos, para opção do modelo normal, porém não houve uma unanimidade. Observada a simulação da quincunx, a turma pareceu estar um pouco mais à vontade e alguns alunos fizeram observações que foram registradas conforme (Quadro 1). Aluno 1 Aluno 2 Aluno 3 Aluno 4 Será que a quantidade de bolas influencia o formato? Quanto mais bolas caem, parece que estabiliza o formato. Varia conforme o número de amostras, tende a espalhar e concentrar no centro. Tendência à forma circular. A curva de Gauss, mostra a centralidade e a dispersão do processo. Quadro 1: Atividade com quincunx Fonte: Dados da pesquisa, primeira turma Analisando as observações dos alunos, percebe-se a forma intuitiva e informal utilizada para tentar explicar o formato do agrupamento gerado, que é característica da própria formulação de conjecturas. Entretanto, a possibilidade do aluno formular conjectura é uma importante etapa da atividade investigativa, que possibilita o debate próprio desta modalidade de aula. Os alunos 1 e 2 observam, ambos, a questão da quantidade de bolas poder influenciar no formato do agrupamento e também a questão da maior ocorrência no centro, apesar destes não indicarem o formato com precisão. A conjectura levantada pelos alunos 1 e 2, é formalizada pela lei dos números grandes. À medida que um experimento é repetido várias vezes, a probabilidade dada pela freqüência relativa de um evento tende a se aproximar da verdadeira probabilidade.(TRIOLA, 2008, p 114) Já o aluno 4, faz referência ao provável formato do agrupamento de dados utilizando um termo característico epistemológico (curva de Gauss), e também faz uma observação mesmo que vaga, da idéia de centralidade e dispersão. Nesta fala observa-se a questão dos conhecimentos prévios mobilizados para justificar sua observação, características do conteúdo conceitual. Por outro lado, a observação da aluna 3, mostra que o simples experimento não garante uma resposta unânime, sendo passíveis de observações errôneas, que aponta a 90 possibilidade de obstáculo cognitivo e eventuais confusões, também constatados pela pesquisa de (TEIXEIRA, 2008) Os experimentos realizados permitiram concluir que a forma da distribuição normal não é intuitiva ou espontânea para os alunos e que é importante trabalhar seus conceitos prévios se o objetivo for a construção de uma aprendizagem efetiva dos conceitos envolvidos. (TEIXEIRA, 2008, p 348) No Terceiro momento da atividade, realizou-se uma simulação com o Geogebra, que evidencia a aproximação da curva normal, através da sua discretização. Esta nova simulação procurou discutir novamente a questão do formato da distribuição, porém é difícil dizer se este novo experimento foi suficiente para atacar o conflito cognitivo de forma plena e soberana, garantindo assim que cada aluno realizasse todas as etapas exigidas pelo processo de aprendizagem, apesar da atitude favorável da turma e da aluna específica. Na segunda turma, esta atividade foi proposta com algumas alterações que procuraram explicar melhor o funcionamento da quincunx. A atividade foi aplicada juntamente com uma folha de instruções composta por informações sobre a origem e funcionamento da quincunx, além de conter a questão do provável formato do agrupamento das bolas, nas duas ocasiões, antes e após o acionamento da simulação da quincunx. Assim, foi disponibilizada uma folha para cada dois alunos, o que distribuiu à turma em duplas. Assim como na primeira turma, antes do funcionamento da quincunx, pouco mais da metade dos alunos indicaram o modelo normal, como o mais provável. Porém, a segunda opção mais indicada foi o formato semicircular, uma minoria indicou o formato retangular e não foram registradas indicações do formato triangular, que revelou até surpreendente, pois na primeira turma esta foi a segunda opção de maior escolha. Esta questão revelou alguns contrastes como ambas turmas concentraram suas indicações em apenas três das quatro opções, sendo o modelo normal o mais sugerido sem unanimidade. Porém, há ponto de divergência pois com exceção da primeira escolha as demais não coincidem. Após o acionamento da quincunx, sem nenhuma exceção todos indicaram o modelo normal como provável formato. Este fato indicou uma total migração para o modelo normal. Uma outra questão contida na atividade realizada com a segunda turma, perguntava se o número de canaletas onde as bolas são armazenadas pode influenciar o formato do histograma gerado. Na primeira turma esta questão foi debatida, mas não foram registradas as 91 observações. Então, resolvemos colocá-la como uma questão contida na própria atividade, para que se pudessem efetuar registros. A intenção era observar se a questão do número de classes poderia ser intuitiva ou espontânea. Assim, a identificação do formato normal como provável formato da distribuição das bolas, não obteve uma unanimidade. A associação do número de classe e o formato da distribuição das bolas, também mostrou resultado semelhante, pois muitos alunos responderam que o número de classes não afeta o formato da distribuição das bolas. Não, quanto maior o número de canaletas menor será a chance das bolas irem Dupla 1 para os extremos. Dupla 2 Não, porque simulação em três experimentos manteve a distribuição normal. Quadro 2: Atividade com quincunx Fonte: Dados da pesquisa, segunda turma Analisando as observações das duplas é notório que ambas não perceberam, que com o aumento do número de classes há uma maior aproximação da distribuição com normal. A dupla 1, apesar de observar que com o aumento do total de classes as bolas se concentram, talvez não observaram que o centro da distribuição é bem definido quando o total de classes aumenta. A dupla 2 mostra não ter identificado as propriedades visuais do formato normal, pois a dupla identifica até mesmo o primeiro histograma como normal. Por outro lado a maior parte da turma observou que o número de classes de agrupamento pode influenciar no formato do agrupamento. Dentre algumas duplas que responderam, observe o (Quadro 3). Sim, pois quanto menos canaletas maior será a tendência de um padrão Dupla 3 retangular. Sim, pois com apenas 2 canaletas, não seria possível uma distribuição normal. Agora, com mais canaletas como por exemplo 11 e 19, a distribuição permanecia Dupla 4 “normal”. Sim, porque com um maior número de canaletas as bolinhas ficam mais centralizadas, Dupla 5 o que não acontece quando o número de canaletas vai diminuindo. Quadro 3: Atividade com quincunx Fonte: Dados da pesquisa, segunda turma Parece que tanto as duplas 3, 4 e 5, diferente das duplas 1 e 2, observaram a questão quando se tem poucas classes, e talvez assim puderam constatar que com apenas duas classes a aproximação normal não é boa. Quando comparamos a observação da dupla 1 e 5, ambos 92 observaram a questão da centralidade quando o número de canaletas é grande, mas apenas a dupla 5 comparou esta questão quando o número de classe diminui. Assim, como na primeira turma, no terceiro momento realizou-se a simulação com o Geogebra, que mostra a aproximação da curva normal partindo de uma distribuição retangular. Este foi um momento rico em que a questão da aproximação da distribuição normal pôde ser novamente debatida, porém utilizando um recurso adicional. Analisando o retrospecto da aplicação da atividade nas duas turmas, primeiramente constatou-se que a utilização da quincunx e também o Geogebra foram proveitosas, pois tais recursos colaboram para o processo de experimentação, e assim possibilitando os trabalhos investigativos, exploratórios e problematizados. Quanto à participação ou atitude dos alunos, pode ser considerada boa, pois em nenhuma das turmas foi observado uma postura crítica ou negativa quanto à atividade. O que reforça a idéia de que o aluno reconheceu, em parte, a importância da atividade. Em uma atividade que lida com exploração de questões investigativas, o aluno e a turma trabalham com situações pouco comuns, que exige maior esforço e atuação do aprendiz, pois há uma necessidade de se mobilizar uma atitude investigativa inquiridora que tira o aluno de uma posição de conforto, o que reforça a questão do conteúdo conceitual, procedimental e atitudinal. 5.5.2 Segunda Atividade Essa atividade foi a primeira realizada no laboratório, com ambas as turmas. Nessa ocasião, o objetivo principal era mostrar os efeitos das possíveis variações dos parâmetros da média (µ) e do desvio padrão (σ) na curva normal, utilizando o Geogebra. Tanto na primeira turma quanto na segunda turma, esta atividade foi realizada em dupla. Na primeira turma, treze duplas executaram a atividade e na segunda turma, apenas oito duplas realizaram a atividade. Na primeira, e também na segunda turma, cada dupla recebeu uma folha da atividade e um arquivo da mesma. Esta folha continha questões que procuravam explorar o efeito da média e do desvio padrão na curva normal. O arquivo apresentava uma curva normal centrada em oito (µ= 8), parametrizada em relação a dois seletores, um de cor azul associado à média e outro de cor vermelho associado ao desvio padrão. 93 Figura 50: Arquivo da segunda atividade Fonte: Construção do Geogebra Fora a diferença da cor dos seletores, não havia qualquer discrição que indicava a média e o desvio padrão, pois a idéia era investigar se as duplas eram ou não capazes de associar a média e o desvio padrão ao seletores azul e vermelho. Primeiramente, antes dos alunos alterarem os seletores azul e vermelho, foi pedido às duplas que observassem a curva normal e ao mesmo tempo verificar se era possível identificar alguma medida central deste conjunto. Com exceção de apenas uma dupla, todas as demais identificaram o centro como a medida do eixo da abscissa igual a 8. No entanto, é interessante observar que esta identificação parece, de alguma forma, ser realizada a partir da possibilidade de mobilizar conhecimentos prévios, como mostra o (Quadro 4). Dupla 1 Observamos que a área central desta reta está voltada para o número 8, neste eixo. A medida central seria 8 devido ao fato de estar posicionado na direção do ponto mais Dupla 2 elevado da curva, o que indica o centro da curva. Dupla 3 Dupla 4 No nº 8 está localizado a média, moda e mediana sendo estas medidas centrais. Sim porque conseguimos observar que os dados estão tendenciando uma curva gausiana centralizada onde média, mediana e a moda apresentam o mesmo valor igual a (8). Quadro 4: Segunda atividade Fonte: Dados da pesquisa, primeira turma A dupla 1 apresenta sua justificativa associando o centro com o ponto de maior área sob a curva e a reta. O que parece para esta dupla especificamente ter identificado o centro da curva normal, como um centro de distribuição de áreas. 94 Já a dupla 2 não observa a questão como um centro de distribuição de área, mas identifica o centro a partir da projeção da curva até a medida do eixo das abscissas. As duplas 3 e 4 utilizam os termos da média, mediana e moda para justificar a questão da centralidade, o que mostra a utilização de conhecimentos prévios, para justificar esta questão. No entanto, este mesmo fato não foi observado nas duplas 1 e 2, pois observaram esta questão a partir de uma interpretação mais intuitiva, e assim não utilizando conceitos ou termos já estudados. A discussão desta questão é interessante, pois é possível fazer uma síntese através da tipologia dos conteúdos. Nesta situação específica foi observada uma atitude exploratória/ observadora, mas foram poucas as duplas que utilizaram conteúdo conceitual para justificar suas observações, o que parece nos mostrar o conteúdo atitudinal sendo o mais exercitado. Talvez isto possa ser explicado pelo fato dos alunos nunca terem trabalhado com atividades investigativas. Nas duas próximas questões, pediu-se às duplas que movimentassem os seletores azul (média) e vermelho (desvio padrão) e relatassem se houve ou não alguma variação no formato da curva normal. Em relação ao seletor azul (média) quase todas duplas observaram que a variação deste seletor altera a medida do centro conservando o formato ou dispersão. Algumas duplas observaram apenas a mudança na centralidade, e apenas três duplas não observaram a alteração da centralidade do conjunto, apenas observaram a conservação do formato da curva. Dupla 5 Dupla 6 Dupla 7 Não, pois a curva continuou a mesma.Tendo alteração na média de acordo com o movimento do ponto azul. A curva se desloca no eixo horizontal e o valor de µ se modifica seguindo o movimento do ponto azul. O F(x) também sofre mudanças em seus valores. No ponto azul a curva não se altera quando movimentando para esquerda ou para direita. Quadro 5: Segunda atividade Fonte: Dados da pesquisa, primeira turma A dupla 3 apesar de ter observado a centralidade indicando a medida da média, mediana e moda, não registraram a alteração destas medidas, quando a curva normal realiza movimento de translação. Já a dupla 5 observou a questão da translação, mediante uma alteração da média e uma conservação do formato. 95 A dupla 6 observou a questão da translação da curva normal e a modificação na função, estes alunos identificaram que com a alteração do gráfico da função, a expressão também se alterava. Com relação a questão da variação do seletor vermelho (desvio padrão) a maior parte das duplas observaram que a variação deste seletor modifica o formato da curva, mas algumas duplas apresentaram certa dificuldade em perceber esta mudança. Dupla 1 Dupla 7 Dupla 4 Dupla 6 Não há nenhum tipo de mudança nem de medida, nem da curva apenas deslocamento de lugar. Deslocando para direita seu ponto central diminui, deslocando para esquerda seu ponto central diminui. Quando se desloca para direita há um aumento na dispersão dos dados e a curva tende-se a achatar. Quando desloca para a esquerda diminui a dispersão dos dados e a curva se afunila. À medida que se desloca o ponto vermelho, a curva se forma mais centralizada ou mais dispersa respectivamente o desvio padrão se torna maior ou menor Quadro 6: Segunda atividade Fonte: Dados da pesquisa, primeira turma Algumas duplas tiveram dificuldade em observar a questão da variação da dispersão, o que justifica uma certa dificuldade em explicar o que acontece com o gráfico quando se altera o seletor vermelho. As duplas 4 e 6 associaram a dispersão ao movimento do seletor vermelho, a dupla 6 associou a variação da dispersão à alteração do desvio padrão. Em seguida, a atividade fornece as instruções para construção dos pontos notórios ( µ − 3σ , µ − 2σ , µ − σ , µ , µ + σ , µ + 2σ , µ + 3σ ) . Uma vez com os pontos definidos, a questão pede para fixar o seletor azul (média), na posição 6, e o seletor vermelho (desvio padrão ), na posição 0.5. E assim, se procura debater a questão da simetria da curva normal. Gráfico 14 : Pontos notórios em relação à média e o desvio padrão Fonte: Construção do Geogebra 96 Após a construção dos 5 pontos como mostra a figura, pede-se para estimar a distância dos segmentos AB , AD , AF e verificar se estas distâncias se conservam em relação aos demais pontos à esquerda de A. A maior parte das duplas observou que as distâncias à direita e à esquerda se conservavam. No entanto, nenhuma dupla utilizou o termo “simetria” para justificar esta observação, algumas duplas justificaram este fato em termos do desvio padrão e apenas uma dupla não observou a conservação das distâncias à direita e à esquerda. Na segunda turma, foram incrementadas algumas questões que procuraram discutir a unicidade da curva normal, e assim, comparando duas diferentes curvas normais quanto à centralidade e dispersão. No entanto, como os resultados observados na turma 1 foram bons, as demais questões foram conservadas. Assim, similarmente à primeira turma, a maior parte das duplas identificaram a posição central da curva, e algumas duplas encontraram muitas dificuldades em explicar a variação do centro e também da dispersão. Com relação à questão da conservação dos pontos relativos à esquerda e à direita da média, praticamente todas duplas relataram a conservação das distâncias em ambos lados, porém nenhuma dupla fez referência ao termo simetria, acompanhando a primeira turma. Para comparar duas diferentes curvas normais, foi criada uma ferramenta auxiliar, que gera uma curva normal a partir do valor da média e do desvio padrão. Na antepenúltima questão pedia-se para posicionar o seletor azul (µ= 6) e o seletor vermelho (σ= 0.5), em seguida, entrar com o comando Distribuiçãonormal[9,0.2], que constrói o gráfico de um outra curva normal com respectiva média e desvio padrão. A questão pedia para comparar os valores da média e do desvio padrão das respectivas curvas. Gráfico 15: Representação de diferentes curvas normais Fonte: Construção do Geogebra 97 Para aumentar o contraste entre ambas curvas normais, foram utilizadas cores diferentes, sendo que a curva parametrizada pelos seletores azul e vermelho é a de cor verde. Algumas das observações dos alunos da segunda turma conforme o (Quadro 7). Dupla 1 A segunda curva possui uma menor variação em relação à primeira. Na curva verde há uma dispersão maior dos dados em relação à média, já na curva preta há uma concentração dos dados em relação à média, e a média da Dupla 2 curva preta é maior do que a verde. Foi criada uma outra curva normal com seu ponto H posicionado no centro da curva e na medida “9”. E as distâncias entre os outros pontos é de 0,2 para cada Dupla 3 intervalo. Dupla 4 A média da segunda curva é maior, e o desvio padrão da primeira é menor. Quadro 7: Segunda atividade Fonte: Dados da pesquisa, segunda turma Observando as respostas das duplas, nem todas duplas identificaram a diferença das curvas, através das diferenças das médias e dos desvios padrões. Isto reforça a hipótese de que a observação da centralidade e da dispersão de curvas normais associada à variação dos parâmetros (µ) e (σ), não é intuitiva ou óbvia. No entanto, as duplas 2 e 4 observaram esta questão de forma satisfatória. Indicando assim, que a observação da experimentação visual com tais objetos pode estimular a compreensão e a idealização destes objetos abstratos. Na questão seguinte, pede-se para modificar os valores dos seletores de modo que as duas curvas sejam coincidentes ou congruentes, e assim, seria possível debater a questão da unicidade da curva normal. A principio, a maioria das duplas precisou de ajuda para identificar o que seria a coincidência das curvas. Uma vez compreendida esta questão, todas duplas perceberam que bastava modificar o seletor azul para medida 9 e o vermelho para 0.2. A última questão pedia para as duplas esboçarem o gráfico de duas curvas normais, com diferentes médias e desvios padrões. A intenção era colocar sob investigação como os alunos iriam construir este gráfico? A maior parte dos alunos não apresentou grandes dificuldades em construir a representação gráfica, embora a maioria das duplas não tenha utilizado o recurso do programa como um auxílio. Apenas 3 duplas primeiramente fizeram a construção com o programa e depois passaram para o papel. Após a análise da aplicação da segunda atividade em duas turmas distintas, algumas observações relevantes puderam ser constatadas. 98 Em síntese, apesar da variação dos seletores azul (média) e vermelho (desvio padrão) simular graficamente as variações da média com movimento de translação, e as variações do desvio padrão com um movimento de achatamento (platicúrtica) e afinamento (leptocúrtico), para muitas das duplas, esta questão pareceu não ser intuitiva ou óbvia. Porém, como a maior parte das duplas distinguiram os diferentes movimentos, indica-nos que a exploração desta situação através de simulações com o Geogebra possibilita uma identificação visual que favorece a compreensão, permitindo criar uma zona de desenvolvimento proximal, e ao mesmo tempo intensifica a possibilidade de diálogo e intervenção do professor. Uma segunda observação que segue a tipologia de conteúdos trabalhados nesta atividade, os alunos utilizaram um programa que desconheciam. Mesmo assim, puderam executar a atividade de forma satisfatória, explorando novos conceitos da curva normal, procedimentos de utilização do programa e também atitudes investigativas, de debate, ajuda e cooperação entre os grupos. Embora nenhuma atividade educacional seja plena, foram observadas diversas dificuldades individuais que cada um apresentou, ao registrar as observações. Constantemente foi preciso que o professor incentivasse os alunos a anotarem suas observações, pois os aprendizes se demonstravam inseguros. Também não foram poucas as dificuldades encontradas pelo professor, pois ao mesmo tempo em que tinha de orientar sem dar respostas prontas, provocando a observação do próprio aluno, este também teve a função de pesquisador, o que o coloca sob condições de aprendizado, não o poupando das inseguranças típicas deste processo. 5.5.3 Terceira Atividade Essa atividade, realizada com as duas turmas no laboratório, teve como objetivo introduzir a expressão da variável padronizada (z). Na execução da mesma, em ambas turmas, os alunos participaram em duplas. Do total de duplas que participaram da atividade, foram onze duplas da primeira turma, e apenas oito da segunda. Assim, como na segunda atividade, cada dupla recebeu a folha da atividade e o arquivo. Na parte introdutória da atividade, havia uma síntese que reforçava alguns aspectos discutidos na atividade anterior e um breve comentário sobre distribuição normal padronizada. 99 Após a parte introdutória da atividade, o arquivo do Geogebra era solicitado. Este arquivo apresentava um curva normal associada a três seletores: o da média (µ= 8); do desvio padrão (σ= 0.5); além da variável (z= 0), representado geometricamente pelo ponto Z. Figura 51: Arquivo da terceira atividade Fonte: Construção do Geogebra Com os valores da média e do desvio padrão fixos em (µ= 8, σ= 0.5), a atividade pede para que as duplas verifiquem quais valores do eixo (x), o ponto Z do gráfico é posicionado, quando o seletor é fixo sobre os seguintes valores de (z= 1, -1, 2, 1.5), e também, quando (x= 9.5 e x= 10), quais valores do seletor (z) estão associados aos respectivos valores do eixo das abscissas. Na questão seguinte, para reforçar a associação da variável aleatória (x) e a variável padronizada (z), novamente são feitas as transformações de valores de (z) em (x) e vice-versa. No entanto, com outros valores da média (µ= 9) e do desvio padrão (σ= 0.2). Após esta parte operatória onde os alunos realizaram conversões de valores de uma variável para outra utilizando como suporte a representação geométrica, pede-se para realizar as conversões já feitas, através do cálculo aritmético. Por último, a atividade procura guiar a passagem do modelo de associação das variáveis para sua representação algébrica, além de discutir o conceito da variável padronizada (z) em termos da média e do desvio padrão. Esta atividade, de acordo com uma observação da seqüência de conteúdos Zabala (1998), pode justificar, e classificar a unidade didática, pelas intenções educacionais ou 100 objetos. Assim, na parte introdutória são reforçados aspectos factuais e conceituais da variável padronizada (z), e logo é feita uma identificação gráfica de valores. No segundo momento, utilizando o geogebra, as duplas realizaram diversos tratamentos, de valores de (x) para (z) e vice-versa. Estes valores eram observados e interpretados através da observação geométrica. Esta conversão de valores exercita os conteúdos procedimentais, e ao mesmo tempo mobiliza a capacidade de leitura gráfica. O que envolve também conteúdos conceituais. No terceiro momento da atividade onde se enfatizou o tratamento dos mesmos valores através do operatório aritmético, exploraram-se os conteúdos procedimentais típicos do tratamento algorítmico que compõem o próprio cálculo aritmético elementar. Na última parte da atividade, os conteúdos conceitual e procedimental são novamente mobilizados respectivamente na identificação e na prática operatória com modelo algébrico. E, finalmente, a última questão, que foca o conteúdo conceitual e procura fazer uma síntese da interpretação da variável reduzida (z). De modo geral, a observação da aplicação da atividade nas duas turmas mostrou certa facilidade das duplas em realizar a parte introdutória operatória, onde foram realizadas transformações de valores através da observação geométrica. Já no segundo momento, quando o foco era o tratamento de valores mediante operatório aritmético, foram registradas algumas dificuldades. No entanto, os maiores obstáculos foram observados nas últimas questões, onde o conteúdo conceitual foi quase que predominante. Figura 52: Protocolo de resolução, terceira atividade Fonte: Dados da pesquisa, primeira turma, dupla 1 Nesta atividade, que tem em sua proposta a identificação de uma expressão algébrica, guiada a partir do processo de construção retórico do modelo algébrico para registro simbólico, que caracteriza a expressão da variável reduzida (z). O que chamou a atenção, foi o 101 fato da dupla ter observado o objeto através da forma sincopada, que é uma das três formas de registro algébrico, compreendido entre o registro retórico e o simbólico. No entanto, esta dupla teve dificuldade em responder a questão seguinte, pois seria mais adequado utilizar a expressão sob a forma simbólica. Embora não seja possível associar com total precisão este obstáculo à forma do registro utilizado, por outro lado, as duplas que tiveram dificuldades em identificar a expressão algébrica da contagem (z), conseqüentemente apresentaram dificuldades em realizar a parte final da atividade. Apesar das eventuais dificuldades, a maioria das duplas conseguiu identificar a expressão algébrica da variável padronizada (z). E assim, alguns foram capazes de utilizar a expressão da forma correta, já outros mostraram algumas dificuldades, como o de efetuar o cálculo literal. Na última questão, por se tratar da interpretação do índice gerado pela variável reduzida (z), exigia uma interpretação puramente conceitual. Mostrou que apesar de muitas duplas identificarem a expressão algébrica da variável reduzida (z) e utilizar a mesma de forma satisfatória, não foram capazes de explicar as relações envolvidas neste modelo. É importante ressaltar a questão da aprendizagem conceitual conforme Zabala (1998), que é observar a aprendizagem desta tipologia de conteúdo através da compreensão que vai além da capacidade de reprodução de um enunciado. Por outro lado, a aprendizagem de conceitos é um processo cíclico e contínuo composto por etapas, e como o próprio autor coloca, este tipo de aprendizagem é algo que quase nunca pode ser dado como finalizado ou acabado. 5.5.4 Quarta Atividade A quarta e última atividade tem como proposta apresentar o cálculo da área de probabilidade como o modelo normal utilizando a tabela da contagem padronizada (z). Dentro desta proposta, o geogebra foi utilizado para representar áreas de probabilidade, e assim, possibilitando comparar valores da tabela da variável padronizada (z), com as respectivas áreas de probabilidade simuladas pelo programa. E finalmente, foi proposta a investigação do cálculo de probabilidade, com o modelo normal, em quatro situações onde serão extraídos os dados de análise da proposta metodológica. 102 Assim como nas atividades dois e três, a quarta atividade também foi realizada no laboratório, sendo que, os alunos executaram a atividade em dupla. Da primeira turma, participaram treze duplas e da segunda um total de quatorze duplas. Cada dupla recebeu um arquivo da atividade, a tabela da variável padronizada (z) e a folha da atividade. Embora os objetivos gerais da atividade foram os mesmos, para duas turmas, houve uma pequena alteração na atividade, realizada com a turma dois, pois se procurou reforçar a expressão da contagem (z) trabalhada na atividade anterior, uma vez que, alguns alunos não haviam participado da atividade três, e participariam da última. Em síntese, a atividade trazia inicialmente, um breve comentário sobre a idéia de área de probabilidade e como esta área se identifica na curva normal. Após a parte factual ou introdutória, foram feitas algumas simulações com diferentes áreas de probabilidade, utilizando o geogebra, e ao mesmo tempo comparando estes valores com o da tabela da variável reduzida (z), para que se introduza a idéia de cálculo de probabilidade com o auxílio da tabela. Finalmente foram apresentadas quatro questões a seguir: 1. Se a população masculina de determinada região tem altura média de 1.7 m e desvio padrão de 0.05 m, determine a probabilidade de escolhermos ao acaso, um homem desta população, que tenha altura entre 1.7m e 1.75m. Sugestão: Para efetuarmos este cálculo devemos encontrar a área compreendida pelo gráfico, entre os valores da média até 1.75m. Logo, calcule o valor de (z) correspondente a x=1,75, em seguida procure este valor na tabela. Figura 53: Curva normal N(17, 0.5) Fonte: Construção do Geogebra Utilize o Geogebra para confirmar o resultado encontrado. Sugestão: utilize média (µ=17) e desvio padrão (σ=0.5) 103 2. Considerando a população de média (µ=1.7) e desvio padrão (σ=0.05), encontre a probabilidade de escolhermos ao acaso um homem que tenha altura entre 1.7m e 1.79m. Utilize o geogebra para confirmar o resultado encontrado. 3. Considerando a população de média (µ=1.7) e desvio padrão (σ=0.05), encontre a probabilidade de escolhermos ao acaso um homem que tenha altura entre 1.65m e 1.8m. Utilize o geogebra para confirmar o resultado encontrado. 4. Considerando a população de média (µ=1.7) e desvio padrão (σ=0.05), encontre a probabilidade de escolhermos ao acaso um homem que tenha altura entre 1.75m e 1.8m. Utilize o geogebra para confirmar o resultado encontrado. (Faça um esboço indicando a região na curva normal) Na questão 1 é apresentada uma sugestão que procura guiar a resolução, pois a intenção é explorar a tipologia procedimental que a resolução pede. De uma forma semelhante, a questão 2 também foca na tipologia procedimental. As resoluções das questões 3 e 4 vão além da tipologia procedimental, e assim, exigindo, também maior compreensão conceitual. Pois, nestas questões as áreas ( ou probabilidades) procuradas, envolve o domínio do conceito da área da região gráfica. Logo, para estes casos a resolução não fica apenas na aplicação de algoritmo, pois será necessário representar a área compreendida. Tanto na primeira quanto na segunda turma, praticamente todas dupla conseguiram calcular o valor das probabilidades, nas questões 1 e 2. Este fato pode ser associado a tipologia de conteúdo exigida nestas questões. Já o mesmo não foi observado nas questões 3 e 4. O (gráfico 16) mostra as distribuições de frequências de acertos por questões para duas turmas. 104 Frequência de acertos 14 13 12 12 10 10 10 8 8 Primeira turma 6 Segunda turma 5 4 4 2 1 0 Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Gráfico 16: Frequência de acertos das duas turmas Fonte: Dados da pesquisa Com exceção da questão 4, nas demais questões, a turma dois apresentou maior número de acertos, que a turma um. No entanto, o rendimento da turma um foi mais significativo. Este fato pode ser explicado pelo contexto em que as atividades foram aplicadas, em ambas turmas. Na primeira turma, não houve registro de grandes problemas na execução da atividade, e praticamente todas duplas finalizaram a atividade na mesma aula. Porém, na segunda turma, houve alguns problemas de ordem técnica, com respeito aos computadores, e com isto, a atividade não pode ser finalizada na mesma aula. Então, a turma finalizou a atividade em classe, no dia seguinte, o que coincidiu com a aula de socialização da atividade, e assim obteve informações privilegiadas. Em virtude dos fatores registrados, entende-se que os dados registrados na primeira turma tem maior neutralidade. No entanto, não podemos desprezar os dados obtidos por ambas turmas, pois até mesmo na segunda turma houve observações importantes que compõem a análise integral dos dados da sequência didática. A seguir vamos analisar protocolos da (figura 54) que mostra uma resolução registrada durante a aplicação da quarta atividade. 105 Figura 54: Protocolo de resolução, quarta atividade Fonte: Dados da pesquisa, primeira turma, dupla 2 No protocolo (figura 54), observamos um erro onde a dupla apresenta como resposta de probabilidade (p= 45,99), que corresponde na tabela da variável reduzida (z= 1,75). No entanto, o valor correto a ser procurado era (z= 1,0), que corresponde a uma área de probabilidade (p =34,12%). Apesar da dupla ter efetuado o cálculo correto do valor de (z), os mesmos procuraram por um outro valor na tabela (z= 1,75). Provavelmente a dupla confundiu o valor da variável aleatória (x= 1,75) com o valor de (z=1,0). É notório que a dupla não foi capaz de perceber como as diferentes variáveis se relacionam, e assim, estes cometeram o mesmo tipo de erro nas demais questões, o que caracteriza um erro associado a tipologia conceitual, no que se refere a composição das distintas variáveis (x) e padronizada (z). 106 Figura 55: Protocolo de resolução das questões 3 e 4 , quarta atividade Fonte: Dados da pesquisa, segunda turma, dupla 3 107 Neste protocolo da (figura 55), vamos observar a resolução da mesma dupla nas questões 3 e 4. Na questão 3, pede-se para efetuar o cálculo de probabilidade, que envolve a soma de diferentes áreas de probabilidade. No entanto, a dupla conseguiu executar corretamente o cálculo da área, e assim, efetuando a representação correta das áreas de probabilidades à esquerda e à direita da média. O que mais chama atenção, nesta resolução, não foi apenas o acerto dos procedimentos de cálculo adequados, mas sim, o fato dos alunos ter representado corretamente a área procurada. Já na questão 4, a dupla foi capaz de efetuar quase todos procedimentos de cálculo corretos. Porém, os mesmos cometeram equívoco na representação da área procurada, e assim, não foram capazes de perceber que a região procurada era obtida através da diferença das áreas. Do ponto de vista da tipologia de conteúdos podemos categorizar este erro como conceitual. Pois, apesar da dupla ter executado os procedimentos corretamente, esbarrou na compreensão da área procurada. Na segunda turma, das duplas que responderam a esta questão, 50% apresentaram o mesmo tipo de erro. Já na primeira turma, este mesmo erro não foi registrado. Figura 56: Protocolo de resolução, quarta atividade Fonte: Dados da pesquisa, segunda turma, dupla 4 Outro tipo de erro observado foi o apresentado no protocolo da (figura 56). Neste caso, os alunos confundiram o valor da média (µ=1.7) com o valor da variável aleatória (x= 1.75). Este fato pode ser observado pela representação apresentada, pois no gráfico o valor de (x= 108 1.75) ocupa o valor da média. Em relação à tipologia de conteúdos, a classificação deste tipo de erros fica imprecisa, pois há uma composição de erros conceituais e procedimentais. Figura 57: Protocolo de resolução, quarta atividade Fonte: Dados da pesquisa, primeira turma, dupla 5 O último protocolo analisado retrata a questão 4 (figura 57). Nesta resolução, apresentada pela dupla, a área de probabilidade procurada foi representada de forma adequada, o que possibilitou o enquadramento da área ( ou região) procurada. Apesar de poucas duplas terem executado a questão 4 de forma correta, pois apenas 5 duplas, nas duas turmas, conseguiram encontrar a área da região procurada. O que chamou nossa atenção é o fato de todas estas duplas, terem representado corretamente a região compreendida entre 1.75 até 1.80. Esta regularidade, observada nas resoluções das duplas, que conseguiram executar corretamente o cálculo de probabilidade, neste tipo de situação, nos mostra o quanto é importante a compreensão da representação geométrica com modelo normal, para o ensino e aprendizagem deste tópico. Outro fato interessante, e até curioso, é que a antítese de uma boa representação da região ou área de probabilidade, parece dificultar ainda mais o cálculo de probabilidade com modelo normal. Ao mesmo tempo, a grande maioria das duplas que não conseguiu representar corretamente a área procurada, não conseguiu efetuar o procedimento de cálculo correto. 109 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A proposta deste trabalho foi apresentar uma possibilidade de utilizar o software Geogebra aplicado ao ensino e aprendizagem da distribuição normal de probabilidade, através da seqüência didática. Ao longo da pesquisa, foram observados alguns resultados a partir da aplicação da seqüência didática nas duas turmas envolvidas na pesquisa. Na primeira atividade, a proposta apresentava o modelo normal, mediante diferentes simulações com a quincunx. Nesta atividade, o geogebra foi utilizado ao final das discussões, para validar a aproximação da curva normal. Os resultados da primeira atividade mostram que apesar de todo processo de simulação e experimentação, não há garantia de uma unanimidade na identificação e compreensão do modelo normal, de forma intuitiva ou óbvia, o que reforça a necessidade de trabalhar os conceitos prévios, chamando a atenção na questão da observação da centralidade do conjunto. A segunda atividade tinha como objetivos, simular e investigar as variações dos parâmetros da média (µ) e do desvio padrão (σ), analisando a associações das medidas destes parâmetros, em relação aos movimentos de translação e achatamento do gráfico. A análise dos dados desta atividade mostrou que o uso deste tipo de simulação, ajuda no processo de identificação da centralidade e dispersão, apesar desta identificação não ter sido unânime para todas duplas. Dentre as dificuldades observadas, a questão da dispersão parece superar a identificação da centralidade. Na terceira atividade, que trabalhava na expressão da variável padronizada (z), foram utilizados dois tipos deferentes de linguagens de tratamento de valores, até que se chegasse a um modelo algébrico, que definem as condições gerais desta sistemática. Neste percurso, onde primeiramente o foco era o tratamento de valores de (x) em (z) e vice-versa, através das representações geométricas, passando para uma segunda etapa, onde o tratamento dos dados destas variáveis tinha como objetivo explorar e trabalhar as propriedades aritméticas envolvidas. E no último momento, que seria o fechamento, onde se procurou generalizar os padrões e regularidades aplicadas nas etapas anteriores, que resulta na expressão da variável reduzida (z). Nesta passagem pelas três etapas, da terceira atividade, apesar das tipologias predominantes conceituais e procedimentais envolvidas, a principal questão observada parece não estar apenas associada à tipologia de conteúdos, e sim mais próxima da evolução do nível 110 de linguagem ou representação envolvidas. Pois de alguma forma, as duplas que conseguiram adaptar-se melhor as exigências de representações, de cada nível, obtiveram melhores resultados. Desta observação surge a questão de como poder associar cada tipo de linguagem às determinadas tipologias de conteúdos? A última atividade, que corresponde ao fechamento da seqüência didática, teve como propósito realizar o estudo do cálculo de probabilidade com o modelo normal. Os dados analisados desta prática mostram o quanto é importante a questão da representação geométrica neste tipo de situação. Pois, além de colaborar para interpretação da situação, ao mesmo tempo permite observar melhor as representações equivocadas, ajudando a identificar o conflito cognitivo, e assim, possibilitando ao professor controlar e entender melhor a atividade mental do aluno. Com relação à questão problema, de “como utilizar um software de geometria dinâmica aplicada ao ensino e aprendizagem da distribuição normal de probabilidade?” Ao longo deste trabalho mostraram-se algumas possibilidades de uso do software, aplicado ao conteúdo proposto, através de uma seqüência didática estruturada. Os principais resultados desta pesquisa apontam para a aceitação deste tipo de prática como viável e sendo colaborativa para o ensino e aprendizado, principalmente quando a ênfase for a interpretação de uma região geométrica. Embora se acredita que haja outras maneiras e possibilidades de investigações desta mesma questão. Quanto a sugestões para outros trabalhos e novos estudos, acredita-se haver um gama enorme de possibilidades que passa pelo uso do software aplicado ao ensino das demais distribuições contínuas como o caso das distribuições uniformes, exponencial, aplicado ao ensino do teste de hipótese, aos tipos de erros I e II, a análise de variância, ao controle estatístico de processos, ao estudo de análise de regressões, e além da possibilidade de utilizar o pacote de ferramentas da Estatística descritivas, inclusos ao programa a partir da versão 3.2. O uso do Geogebra aplicado ao ensino da distribuição normal de probabilidade, não é mais que o resultado de uma iniciativa própria de um docente, em acreditar que pode modificar sua prática lançando mão de idéias que possibilite a experimentação do exercício da docência. Embora como em qualquer forma de experimentações, parece sempre haver a presença de inúmeras incertezas, as quais possibilitam o confronto com os limites de nossos saberes. 111 REFERÊNCIAS: ANDERSON, David Ray. SWEENEY, Dennis J. WILLIANS, Thomas Arthur. Estatística aplicada à administração e economia. 2º ed. São Paulo: Pioneira. 2002. BATANERO, Carmen. Didáctica de la Estadística. Granada: Universidade de Granada, 2001. BICUDO, M. Aparecida Viggiane. Pesquisa em Educação Matemática. Pro-posições, Rio Claro, vol.4 N°1[10], p 18-23, março de 1993 BICUDO, M. Aparecida Viggiane. Pesquisa em Educação Matemática: Concepções e perspectivas. São Paulo: Editora UNESP, 1999. (Seminários e Debates). BORBA, Marcelo; PENTEADO, Miriam. Informática e educação Matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. BOYER, Carl B. História da Matemática. Rio de Janeiro: Editora Edgard Blucher Ltda, 1974. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Secretaria de Educação Fundamental - Brasília: MEC/SEF, 1997. 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Galton acreditava que muitos dos fenômenos da Física e da Biologia poderiam ser modelados conforme a aleatoriedade deste dispositivo. A quincunx funciona a partir do lançamento de sucessivas bolas através de um funil. Ao cair pelo funil, as bolas se distribuem aleatoriamente, tanto à direita quanto à esquerda dos espaços entre os pinos. No final as bolas se acumulam no compartimento inferior ( ou canaletas), onde a freqüência das bolas acumuladas gera um histograma, que indica a quantidade de bolas acumuladas em cada compartimento, conforme (figura 1) Figura 1: Simulação da Quincunx Fonte: disponível no site mathsisfun 116 Figura 2: possíveis formatos de agrupamento Fonte: TEIXEIRA, 2008 1. A medida que uma quantidade significativa de bolas são lançadas. Qual dos formatos, apresentados pela (figura 2), será o provável formato de agrupamento das bolas? 2. A pós observar a simulação de três diferentes experimentos com a quincunx, com duas canaletas (compartimento de armazenamento), com onze canaletas e com dezenove canaletas. Indique o provável formato do histograma gerado a partir das bolas armazenadas, justifique sua resposta. 117 Alunos (as): Disciplina: Estatística Período: Turno: Curso: Data: / / Professor: Lucas R. Duarte Nota: Segunda Atividade - (Explorando média e desvio padrão) 1. Observe a representação de uma distribuição normal, ao observar este objeto, você seria capaz de identificar alguma medida centro deste conjunto? Justifique sua resposta. Gráfico 1: Curva normal N(µ, σ) Fonte: Construído no Geogebra 2. Observe o seletor de cor azul no canto superior esquerdo da tela como indicado abaixo: Clique sobre o ponto azul e movimente o mesmo. Você percebeu alguma variação na curva normal? 3. Clique sobre o ponto vermelho e movimente o mesmo. Ao movimentar o seletor vermelho, você notou algum tipo de mudança ou variação na curva normal? 118 4. Digite o seguinte comando no campo de entrada: (µ , 0 ) Após digitar e pressionar a teclar enter, observe o surgimento do ponto A. Movimente novamente o seletor azul e analise o desempenho da distribuição e do ponto A. De alguma forma o ponto A, indica ou não, alguma propriedade da distribuição? Justifique sua resposta. 5. Posicione o ponto A sob a medida de 6 unidades e em seguida digite os seguintes comandos no campo de entrada abaixo: (µ + σ , 0) , enter e em seguida, observe o surgimento do ponto B. Segundo comando (µ − σ , 0 ) enter em seguida, observe o surgimento do ponto C. Primeiro comando Agora temos a distribuição e os três pontos A,B e C. Movimente os seletores azul e vermelho e observe as variações dos pontos e do gráfico. É possível associar as movimentações dos seletores (azul, vermelho) às variações do gráfico e dos pontos? 6. Digite os seguintes comandos no campo de entrada abaixo: (µ + 2σ , 0) enter em seguida, observe o ponto D. (µ − 2σ , 0) enter em seguida, observe o ponto E. (µ + 3σ , 0) enter em seguida, observe o ponto F. (µ − 3σ , 0) enter em seguida, observe o ponto G. Em seguida clique com botão direito sob o seletor azul e selecione a opção exibir rótulo, repita o mesmo procedimento para o seletor vermelho. Posicione o seletor azul na posição µ=6 e posicione o seletor vermelho σ = 0.5 . Qual é a distância ( ou diferença) entre o ponto A e o ponto B? Qual é a distância ( ou diferença) entre o ponto A e o ponto D? Qual é a distância ( ou diferença) entre o ponto A e o ponto F? Você mediu a distância do Ponto A em relação aos pontos localizados à direita de A, verifique se as distâncias se conservam em relação aos pontos localizados à esquerda de A? Justifique sua resposta. 7. Modifique apenas o seletor azul (µ) para uma medida qualquer, verifique se as distâncias do ponto A, em relação aos demais pontos se conservaram ou não. Justifique sua resposta. 119 8. É possível aumentar ou reduzir as distância dos demais pontos em relação ao ponto A? Qual dos seletores aumenta o intervalo das distâncias? (µ, σ) 9. Posicione o seletor azul na posição µ=6 e posicione o seletor vermelho σ = 0.5 , em seguida digite o comando Distribuiçãonormal[9,0.2] e enter. Compare a posição das duas curvas normais, o que é possível observar entre as médias e os desvios padrões das duas curvas ? 10. Modifique os dois seletores de modo que as curvas sejam coincidentes. Para que as curvas sejam coincidentes, o que é possível dizer sobre os valores de (µ, σ)? 11. Se uma população tem média 4 e desvio padrão 1, e outra população tem média igual 5 e desvio padrão igual a 0.5, esboce sob um mesmo gráfico, estas duas populações. 120 Alunos (as): Disciplina: Estatística Período: Turno: Curso: Data: / / Professor: Lucas R. Duarte Nota: Terceira Atividade - (Explorando a contagem z ) Existem infinitas distribuições normais, para cada uma temos uma média (µ) e um desvio padrão (σ). Logo, a partir dos valores da média e do desvio padrão é possível identificar cada distribuição normal especifica. No entanto, para toda e qualquer distribuição normal N(µ,σ), pode ser associada a uma distribuição normal particular. Esta distribuição normal particular é conhecida como distribuição normal padronizada (ou distribuição normal padrão), que é definida com média (µ=0) e desvio padrão (σ= 1). Gráfico 1: Curva normal N(0,1) Fonte: Construído no Geogebra Nesta distribuição normal padronizada a escala horizontal do gráfico é denominada escala z. Exemplo: Quando estamos nos referindo a um valor, que esta localizado a um desvio padrão em relação a média à direita (µ+σ), este valor é (z= 1). Da mesma forma um valor localizado a um desvio padrão em relação a média à esquerda (µ-σ), este valor é (z=1). 1. Com base nas informações acima, observe os valores indicados na escala horizontal e estime o valor de (z). Gráfico 2: Curva normal N(0,1) e pontos A, B, C, D, E Fonte: Construído no Geogebra 121 a) Indique o da escala z para o ponto A. (z= ) b) Indique o da escala z para o ponto B. (z= ) c) Indique o da escala z para o ponto C. (z= ) d) Indique o da escala z para o ponto D. (z= ) e) Indique o da escala z para o ponto E. (z= ) Com o auxílio do geogebra faça as seguintes atividades. 2. Ao abrir o arquivo atividade 2, observe o gráfico da distribuição normal que se tem, e indique a média e o desvio padrão da distribuição normal dada. Gráfico 3: Curva normal N(µ, σ) Fonte: Construído no Geogebra (µ= ) (σ= ) 3. Como foi dito na primeira página, toda distribuição normal pode ter seus respectivos valores do eixo (x) associados escala padrão (z). Neste modelo do geogebra que vamos trabalhar, o seletor (z), tem esta função de associar cada valor do eixo (x), a um respectivo valor da escala (z). Observe que inicialmente o ponto z está localizado sob (x= 8) e indicando (z= 0). Posicione o seletor (z), para os seguintes valores abaixo e indique os respectivos valores de x correspondentes. a) (z=1; x= ) b) (z=-1; x= c) (z=2; x= ) ) d) (z=-1.5; x= ) e) (z= ;x=10) f) (z= ;x= 9.5) g) (z= ; x= 7.25) 122 4. Modifique o seletor para (µ=9) e (σ=0.2). Indique os respectivos valores de (z) e (x). a) (z=-2.5;x= ) b) (z= -2;x= ) c) (z=2.5;x= ) d) (z= ;x=9.2) e) tome o de (x =9.2), subtraia a média (µ=9) deste valor. Em seguida divida o resultado pelo desvio padrão (σ=0.2). Que valor você encontrou? f) Repita o procedimento do item anterior para os seguintes valores de x={7.5;8.6;9.5} e verifique os valores encontrados. Estes valores encontrados de são familiares ? Justifique sua resposta. 5. Tomo os valores de (x) do exercício 3, faça a subtração como a média (µ=8). Em seguida divida o resultado da subtração pelo desvio padrão (σ=0.5). Verifique se é possível associar os resultados desta operação aos respectivos valores de (z)? 6. O que acontece (você observou) quando realizamos a subtração, entre um valor de (x) e a média (µ), em x−µ , foi σ seguida dividimos este valor pelo desvio padrão (σ)? Lembrando que este procedimento, realizado no exercício acima. Justifique sua resposta. 7. Dado uma distribuição normal N(µ=50,σ= 10) de média e desvio padrão conhecidos, qual é o valor (x) desta distribuição, que esta na posição (z =1.5)? 8. Qual relação existe, entre a escala padronizada (z), a média (µ) e o desvio padrão (σ)? 123 Alunos (as): Disciplina: Estatística Período: Turno: Curso: Data: / / Professor: Lucas R. Duarte Nota: Quarta atividade – (Cálculo de Probabilidade em Distribuições Normais) O cálculo de probabilidade em distribuições normais é uma importante ferramenta Matemática para Estatística. A probabilidade em distribuições normais sempre está associada a valores de área de probabilidade. Esta área de probabilidade, por sua vez, é compreendida sob o gráfico da curva normal até o eixo (x). A área total sob qualquer curva normal é sempre igual 1 ou (100% de probabilidade). Para qualquer que sejam os valores da média (µ) e do desvio padrão (σ), a probabilidade de uma variável aleatória (x) variar entre ( −∞, ∞ ) será sempre igual 1 ou (100% de probabilidade). Gráfico 1: Área total sob a curva normal Fonte: Construído no Geogebra Como a distribuição normal é simétrica em relação a sua média (µ) a área, à direita ou à esquerda da média, é 0.5 de unidade de área ou (50% probabilidade). Gráfico 2: Área à esquerda da média da curva normal Fonte: Construído no Geogebra 124 A probabilidade de observarmos todos os valores superiores à média é 50%. Gráfico 3: Área à direita da média da curva normal Fonte: Construído no Geogebra Da mesma forma, a probabilidade de observamos todos os valores possíveis inferiores à média é de 50%. A probabilidade em distribuições normais será calculada em temos de valores contínuos. Em síntese, a probabilidade de uma variável aleatória (x), estar entre dois pontos quaisquer é igual à área sob a curva normal. Como mostra a figura abaixo, a área entre [µ,a] é igual a probabilidade de P ( µ ≤ x ≤ a ) . Gráfico 4: Área compreendida entre o intervalo [µ, a] Fonte: Construído no Geogebra Gráfico 5: Área compreendida entre o intervalo [µ, b] Fonte: Construído no Geogebra 125 Observe que a área de probabilidade delimitada pelo o intervalo [µ, a] é superior à área delimitada pelo intervalo [µ, b]. Logo, podemos dizer que um dado valor aleatório de (x), tem maior probabilidade de estar entre [µ, a] do que entre [µ, b]. No entanto, sempre vamos efetuar cálculos de probabilidade, entre valores que podem variar em relação a um intervalo. A probabilidade de predizer um valor exato será igual a zero. O cálculo direto de probabilidade em distribuições normais exige recursos de cálculo infinitesimal, o que não é um procedimento elementar. Diante deste impasse, a escala padronizada (z) surge como uma poderosa ferramenta que possibilita-nos calcular a probabilidade em distribuições normais, em relação a qualquer média (µ) e desvio padrão (σ). 1. Dado os parâmetros da curva normal com os respectivos valores N(µ=0,σ=1). Utilize o a expressão da escala padronizada z = 2. x−µ σ , e verifique se z = x , ou z ≠ x . Com o auxílio do arquivo teste3 do geogebra faça a medida das seguintes áreas de probabilidades, para os respectivos valores de z dados abaixo, quando a distribuição normal tem os seguintes parâmetros N(µ=0,σ=1). Indique também o respectivos valores de (x). a) (z=1;p= ; x= ) Gráfico 6: Função normal N(0,1) e área compreendida entre o intervalo [µ=0, z=1] Fonte: Construído no Geogebra b) (z= 1.5;p= ; x= ) Gráfico 7: Função normal N(0,1) e área compreendida entre o intervalo [µ=0, z=1.5] Fonte: Construído no Geogebra c) (z=-2; p= ; x= ) 126 Gráfico 8: Função normal N(0,1) e área compreendida entre o intervalo [µ=0, z=-2] Fonte: Construído no Geogebra 3. Modifique os valores da média (µ=4) e do desvio padrão (σ=0.4). a) Verifique se a área de probabilidade se conserva, quando z=1, z=3 e z=-2; b) Verifique se o valor de x se conserva, quando padronizada z = 4. x−µ σ z=1, z=3 e z=-2. Utilize a escala e calcule o valor de x, para cada um dos três valores de z citados. Em um distribuição normal, para qualquer que seja os valores da média (µ) e do desvio (σ), quando se z é fixo (exemplo: z=1), a área de probabilidade compreendida entre o centro e o ponto fixo (z=1) não se altera? (justifique) Tabela normal padronizada (z) A distribuição normal padronizada permite associação da área de probabilidade entre qualquer distribuição normal, através da escala padronizada. Pois, para cada valor de (z) fixo, a área sob a curva e os eixos permanece a constante, independente dos valores da média (µ) e do desvio padrão (σ). A tabela normal padronizada associa a área sob a curva de qualquer de distribuição normal, a partir da média até o valor de z em questão. Exemplos: Observe a área de probabilidade a partir da média até o valor de (z= 0.75) A tabela normal padronizada associa a área sob a curva de qualquer de distribuição normal, a partir da média até o valor de (z) em questão. 127 Gráfico 9: Função normal N(0,1) e área compreendida entre o intervalo [µ=0, z= 0.75] Fonte: Construído no Geogebra Tabela 1 Área ou probabilidade para distribuição normal padrão (ANDERSON, 2002) Para determinar a área de probabilidade compreendida entra a média e (z= 0.75), devemos primeiro identificar 0.7 na coluna à esquerda, em seguida, valor 0.05 na linha horizontal superior. O valor da área será informado através da interseção da linha 0.7 e da coluna 0.05. Neste caso a probabilidade é de 0.2743 ou ( 27.43%). 128 5. Encontre na tabela (z), os respectivos valores das áreas de probabilidade : a) (z=1; p= ) Gráfico 6: Função normal N(0,1) e área compreendida entre o intervalo [µ=0, z=1] Fonte: Construído no Geogebra b) (z= 1.5; p= ) Gráfico 7: Função normal N(0,1) e área compreendida entre o intervalo [µ=0, z=1.5] Fonte: Construído no Geogebra c) (z=-2; p= ) Gráfico 8: Função normal N(0,1) e área compreendida entre o intervalo [µ=0, z=1.5] Fonte: Construído no Geogebra Calculando áreas ou probabilidade com modelo normal 1. Se a população masculina de determinada região tem altura média de 1.7 m e desvio padrão de 0.05 m. Determine a probabilidade de escolhermos, ao acaso, um homem desta população que tenha altura entre 1.7m e 1.75m. Sugestão: Para efetuarmos este cálculo devemos encontrar a área compreendida pelo gráfico, entre os valores da média até 1.75m. Logo, calcule o valor de (z) correspondente a (x= 1,75), em seguida procure este valor na tabela. (Faça um esboço indicando a região na curva normal) 129 2. Considerando a população de média (µ=1.7) e desvio padrão (σ=0.05), encontre a probabilidade de escolhermos, ao acaso, um homem que tenha altura entre 1.7m e 1.79m. (Faça o esboço da curva normal e da área desejada. Em seguida utilize o geogebra para confirmar o resultado encontrado.) 3. Considerando a população de média (µ=1.7) e desvio padrão (σ= 0.05), encontre a probabilidade de escolhermos, ao acaso, um homem que tenha altura entre 1.65m e 1.8m. (Faça o esboço da curva normal e da área desejada. Em seguida utilize o geogebra para confirmar o resultado encontrado.) 4. Considerando a população de média (µ=1.7) e desvio padrão (σ= 0.5), encontre a probabilidade de escolhermos, ao acaso, um homem que tenha altura entre 1.75m e 1.8m. Utilize o geogebra para confirmar o resultado encontrado. (Faça um esboço indicando a região na curva normal) GABARITO: Você também pode confirmar a resposta de cada item digitando o seguinte comando: Probabilidade[média, desvio padrão, x máximo, x mínimo] e observe um valor de cor azul na janela da esquerda.