ENSINO DE HISTÓRIA: REFLEXÕES SOBRE O ESTÁGIO SUPERVISIONADO E SUA PRÁTICA1 Joedson da Silva Andrade2 Regina Lúcia Meneses de Souza3 Resumo: Este artigo visa discutir o ensino de História, sua prática e a importância do estágio supervisionado para construção da pesquisa. A disciplina tem sido constantemente repensada com novas teorias e abordagens. Os novos debates não têm alcançado as salas de aula, razão de constantes críticas dos alunos a disciplina, taxada como “decoreba”, e sem relevância. O ensino de História requer esforço múltiplo e continuado dos profissionais da área. Novas possibilidades tornam-se necessárias, uma vez que a disciplina tem perdido espaço no âmbito escolar. Refletir sobre o papel do profissional de História na escola e na universidade torna-se necessário, uma vez que estas instituições estão intimamente ligadas. Nesta dinâmica permite juntar sujeitos na mesma tarefa: pensar novas práticas em favor da responsabilidade social que exercem. Palavras-chave: Ensino de História. Universidade. Estágio Supervisionado. Abstract: This article discusses the teaching of history, its practice and the importance for supervised construction of the research. The subject has been constantly reviewed with new theories and approaches. The new debates have not reached the classrooms, because of constant criticism of the student’s subject, billed as "memorize" and irrelevant. The teaching of history requires multiple and sustained effort of professionals. New possibilities become necessary, once the discipline has lost ground in the school. Reflect on the role of the training of history in the school and university becomes necessary, since these institutions are closely linked. Let’s join this dynamic character on the same assignment: to think new practices in favor of the responsibility social that perform an activity. Key-words: Teaching of History. University. Traineeship Supervised. O debate sobre o ensino de História requer uma análise reflexiva sobre o que ocorre nas salas de aula. Nesse contexto, faz-se necessário refletir sobre o 1 Recebido em 10/10/2013. Aprovado em 18/11/2013. Graduando em História pela Universidade de Pernambuco – Campus Petrolina. E-mail: [email protected]. Trabalho orientado pela Profª. Esp. Zélia Almeida. 3 Graduanda em História pela Universidade de Pernambuco – Campus Petrolina. E-mail: [email protected]. 2 Historien (Petrolina). ano 4, n. 9. Jul/Dez 2013: 86-97 Joedson Andrade/Regina Souza papel do professor, sobre como tem se posicionado frente às dificuldades do ensino. Ser professor exige: dedicação, empenho, formação continuada e amor à profissão. “Um professor mal preparado e desmotivado não consegue dar boas aulas nem com o melhor dos livros.”. (KARNAL, 2010, p. 131). Também, “é preciso, neste momento, mostrar que é possível desenvolver uma prática de ensino adequada aos nossos tempos (e alunos): rica de conteúdo, socialmente responsável e sem ingenuidade ou nostalgia”. (PINSKY e PINSKY, 2007, p. 19). O debate sobre novas práticas de ensino de História é frequente, dentro da universidade. O professor de História tem à sua disposição múltiplas formas de abordar o conhecimento histórico. Porém, é preciso que tenha claro o quê e como ensinar. O professor precisa ter uma meta, pois é comum vermos os discentes reclamarem que a história, para eles não tem “sentido”. O campo da História é muito subjetivo, no entanto, tornar a compreensão possível, (com inúmeras interpretações) é tarefa de um professor preparado para o exercício da função. Quando o profissional não transforma o conhecimento, não rompe as dificuldades do ensino, este não exerce seu papel. Um bom mestre, precisa “saber fazer bem”. (RIOS, 2001, p. 62). O debate sobre novas abordagens é sugerido de vastas opções. Ensino de História por conceito, quebra de paradigmas e desconstrutivismo. Pensar História e desenvolvê-la exige muito mais que teorias. Têm de haver uma inter-relação das instituições de ensino, assim as possibilidades da doutrina se tornar realidade serão aumentadas. A pesquisa torna o ensino vivificado, atuante, num contínuo processo de construção – desconstrução – reconstrução e a extensão é a aplicabilidade do conhecimento, que é fruto desse processo, numa realidade concreta que, ao mesmo tempo, motivou-o e o torna relevante. Em síntese, mesmo compreendendo seu caráter mais teórico-prático, a pesquisa consegue vincular, dialeticamente, pensamento e ação, mantendo um diálogo ativo entre os três pilares acadêmicos: pesquisa – ensino – extensão. (CASTELO BRANCO, 2004, p. 31). As discussões no meio acadêmico, a cerca da vivência e experiências adquiridas na sala de aula, no decorrer dos estágios supervisionados, faz menção as principais dificuldades do ensino, que conflitam com os saberes e práticas Historien (Petrolina). ano 4, n. 9. Jul/Dez 2013: 86-97 Ensino de história adquiridas na academia. Mais que uma inovação do ensino, é preciso uma escola apta a receber estas propostas, daí a necessidade das teorias acadêmicas interagirem nos espaços escolares da educação básica. “O estágio já se encontra presente em práticas de grupos isolados. No entanto entendemos que precisa ser assumido como horizonte ou utopia a ser conquistada no projeto dos cursos de formação” (PIMENTA, 2011, p. 34). É necessário ter em mente, que não se trata de romper com o modelo tradicional, ou quebrar paradigmas. A prática do ensino de História perpassa por muitas reflexões. Não existe um modelo a seguir, é possível transformar a História Antiga em uma abordagem prazerosa e crítica, porém o professor é um elemento chave, que deve agir como pesquisador e observador refletindo sobre suas ações dentro da sala de aula. Logo, “os professores constroem os seus conhecimentos profissionais, conhecimentos de ordem prática, quando buscam conexões entre o pensamento e a ação”. (SILVA, 2009, p. 102). Dessa forma a prática é relevante e estar condicionada a forma como o conhecimento será passado, tanto ao discente na academia, quanto ao aluno. O sistema de ensino superior nas licenciaturas no Brasil, dentro do segmento de estágios supervisionados conta com inúmeras deficiências, que acabam refletindo no despreparo dos docentes. A falta de acompanhamento ao estagiário no âmbito de iniciação de sua experiência, na docência juntamente com a desvalorização da profissão, acaba acarretando ao futuro professor de história sequelas. Ação será à prática, quer e flexionada no conhecimento adquirido, lançará mãos ao fruto do ensino de qualidade a ser transpassado. “Entretanto, a compreensão desse conhecimento prático vai depender também da maneira como o professor compreender seu lugar no contexto de trabalho”. (SILVA, 2009, p. 102). A essência da docência resume num conjunto de atribuições, que em primeiro lugar é necessário reconhecer a função e o ambiente a qual será semeado o conhecimento. Se o professor de historia se reconhece na profissão ou no oficio certamente terá ferramentas a operar os saberes teóricos e práticos. Infelizmente a realidade do ensino de história tem sido posto no rol de diversas problemáticas, que circunda, tanto teoria, quanto prática, sendo o 88 Historien (Petrolina). ano 4, n. 9. Jul/Dez 2013: 86-97 Joedson Andrade/Regina Souza tradicionalismo e apego ao livro didático agentes que em partes impossibilita a implementação de novas ferramentas no ambiente de ensino. Os estagiários como perceptores de tais problemas, devem munir-se de novas técnicas e metodologias que visem à mudança dentro das temáticas a serem trabalhadas. Segundo Marilda da Silva, “Nesses ambientes, os futuros professores têm a oportunidade, e o dever, de angariar instrumentos teóricos imprescindíveis ao aprendizado da prática docente. Contudo, não aprendem a praticar o ofício”. (SILVA, 2009, p. 105). Na realidade é vasto o percentual de docentes e futuros docentes que saem da universidade e não se reconhece no oficio, e assim sendo apenas mais um no sistema problemático do ensino da disciplina de história. Ora, se fazer história é utilizar-se de acontecimentos passados, que trazidos para o presente através da historiografia com as diversas interpretações de um fato, nos caracteriza ao oficio de historiador, então devemos ser não somente agentes reprodutores e sim construtores do conhecimento. Segundo Gilberto Freyre, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. (FREYRE, 2009, p. 27). O futuro professor deve incentivar as discussões de como foram construídos os diversos pontos de vista a cerca de acontecimentos históricos, e assim levantar questões a serem pesquisadas. Existe uma série de possibilidades de se trabalhar os conteúdos da disciplina: jornais, revistas, cordel, documentários, fotografias, documentos antigos. Boa parte deste material pode ser levado a sala de aula, quando não houver possibilidades, existe museus, dioceses que guardam documentos antigos. São poucos os professores que utilizam de metodologias que visam enriquecer o ensino de história. Documentários, filmes, debates e pesquisas de campo, são ferramentas importantíssimas para difusão do conhecimento, levantamento de hipóteses e formação de novos pontos de vista, a cerca dos acontecimentos historiografados. A pesquisa de campo, além de estimular o aluno provoca nele o instinto investigativo. Nesse aspecto, o estágio deveria oferecer além da prática a pesquisa. O futuro profissional desenvolveria atitude investigativa, envolvendo reflexão que é fundamental para o desenvolvimento da práxis. Percebemos a importância da Historien (Petrolina). ano 4, n. 9. Jul/Dez 2013: 86-97 Ensino de história pesquisa, pois “não há prática sem pesquisa”. (FREYRE, 2009, p. 13). Ensinar requer o precedente da pesquisa, a universidade deve possibilitar a pesquisa para o desenvolvimento das teorias. O autor transparece o quanto é fundamental pesquisar, a pesquisa possibilita o educar, como também a educação de si, ou seja, um enriquecimento teórico, se não, “o profissional fica reduzido ao “prático”: não necessita dominar os conhecimentos científicos, mas tão somente as rotinas de intervenção técnica deles derivadas.” (PIMENTA, 2011, p. 34). A pesquisa é fundamental, porém o estágio precisa condizer com a realidade das escolas. Aprender a ensinar requer prática, pesquisa e uma análise da realidade vivenciada, teorias e mais teorias de nada servem se não condizem com a realidade concreta. Como mudar o quadro atual do ensino, se as unidades de produção do conhecimento estão condicionadas a soltar profissionais no mercado, não se preocupando com a sua função social. Assim, os estágios de maneira geral, acabam por se configurar em atividades distantes da realidade concreta das escolas, resumindose muitas vezes, a mini-aulas na própria universidade. O projeto de estágio, por sua vez, fica abreviado a um agregado de atividades técnicas e burocráticas, viagens, visitas etc. sem fundamentação e sem nexos com as atividades e as finalidades do ato de ensinar. (PIMENTA, 2011, p. 101). O professor de História tem a sua mão muitas possibilidades de abordar o conhecimento. Porém, o comodismo, desânimo e a forma de passar a disciplina têm sido muito parecidos nas escolas: questionários imensos e respostas saturadas. “Um professor de História deve tentar, na medida do possível, estar atento aos lançamentos da sua área”. (KARNAL, 2010, p. 131). Apesar de novas perspectivas e metodologias o ensino de História nas salas de aula ainda não se adequou as expectativas do alunado de hoje. É preciso repensar o ensino de história e refletir sobre a relação entre quem ensina e quem aprende, a prática educativa tem de ser constantemente refletida. Ensinar História não é tarefa fácil, requer esforço múltiplo dos vários profissionais da educação, razão da necessidade urgente da interação das instituições responsáveis pela produção do conhecimento histórico. 90 Historien (Petrolina). ano 4, n. 9. Jul/Dez 2013: 86-97 Joedson Andrade/Regina Souza É inegável o papel transformador que a disciplina de História exerce, no entanto torna-se necessário saber, se esse conhecimento está atingindo de fato o alunado, se a disciplina tem sido renovada, com novas propostas para as salas de aula. O acompanhamento por parte da universidade permite uma melhoria na prática educativa, além de tirar as teorias do papel para realmente modificar a realidade da educação básica. Experimentar, trazer as teorias para os espaços escolares é de fato trabalhar com novas possibilidades buscando alcançar os sujeitos para transformar a realidade da educação e do ensino de História. A história é também uma construção dinâmica, isto quando se tem um profissional realmente preparado para o exercício da função. Nesse contexto é possível ajustar-se as necessidades que surgem buscando transformar com dedicação e empenho os espaços escolares. A realização na sala de aula da própria atividade do historiador, a articulação entre elementos constitutivos do fazer histórico e do fazer pedagógico. (...) Fazer com que o conhecimento histórico seja ensinado de tal forma que dê ao aluno condições de participar do processo do fazer, do construir a História. Que o aluno possa entender que a apropriação do conhecimento é uma atividade em que se retorna ao próprio processo de elaboração do conhecimento. (SCHMIDT In BITTENCOURT, 1998, p. 54-66). O aluno vê a disciplina de História como dada e acabada, muitas vezes não consegue interpretá-la como instrumento capaz de revolucionar e trazer novas perspectivas, essa é mais uma razão de intervir e modificar a disciplina (dentro e fora da universidade), para que a mesma tenha o valor que merece. A História muito mais que uma ciência é dotada de várias significações e merece ser compreendida, para que assim possa ganhar as mentes e trazer a revolução para as escolas. Se não pensarmos na importância e ressignificação da disciplina dentro do âmbito escolar, daqui a algum tempo poderá a mesma perder o espaço que lhe é dado, poderá esta “ciência”, tão magnífica, não ocupar um lugar nas mentes dos alunos. A História vem mudando constantemente, mas não tem sido compreendida Historien (Petrolina). ano 4, n. 9. Jul/Dez 2013: 86-97 Ensino de história como deveria, pelo menos é o que tem mostrado a realidade vivenciada nas escolas. Mesmo permanecendo pacificamente fiel a seu glorioso nome helênico, nossa história não será absolutamente, por isso, aquela que escrevia Hecateu de Mileto; assim como a Física de lord Kelvin ou de Langevin não é a de Aristoteles. Seguramente, desde que surgiu, já há mais de dois milênios, nos lábios dos homens, ela mudou muito de conteúdo. (BLOCH, 2001, p. 51). A História mudou de fato, se reconfigurou e hoje possui um vasto campo de possibilidades. Questiona-se, se este conhecimento humano, amplamente importante, está reduzido à academia, ou se de fato tem ocupado as salas de aula. A História é uma disciplina referencial, mas precisa de novos horizontes e de ser abordada com qualidade por quem exerce o papel de educador, para tanto, uma nova proposta nos espaços que produzem e que difundem o conhecimento faz-se necessário. Outro quesito importante é a formação continuada, esta oferece novas possibilidades, um revigoramento e até mesmo uma renovação do profissional. O incentivo para os educadores da educação básica é pouco ou inexistente, no entanto o profissional nunca deve “morrer profissionalmente”, utilizar-se de novas leituras é indispensável, uma vez que hoje temos uma gama de novos conteúdos e métodos à disposição. A teoria, ou mesmo as instituições de ensino superior deveriam está mais próximas do local onde os seus profissionais atuam, incentivando a pesquisa e o desenvolvimento das teorias para um ensino melhor. Pensando assim, esses espaços agiriam juntos em solucionar os problemas da educação básica, pois não se pode ensinar bem, se os espaços do conhecimento não se relacionam. “De pouco ou nada adiantará defendermos a necessidade de os formadores de professores serem pesquisadores em educação, se as pesquisas em educação se renderem, ao “recuo da teoria”. (DUARTE, 2003. p. 620). Os espaços acadêmicos de formação de professores devem ter como objetivo a implantação de metodologias especificas para o ensino de história, melhorando assim o conhecimento e a prática educativa. Este processo permite 92 Historien (Petrolina). ano 4, n. 9. Jul/Dez 2013: 86-97 Joedson Andrade/Regina Souza uma forma de interação do futuro docente com a realidade escolar, permitindo ao mesmo interagir e melhorar esses espaços o que trará benefício para as instituições de ensino e para a sociedade. O estágio supervisionado implantado de maneira adequada permite inculcar valores e transformar os professores em investigadores, essa prática contribui também para à construção da identidade profissional. A legislação sobre o estágio no Brasil também carece de ser revista, uma vez que a pesquisa (tão importante para a prática docente) comparece apenas na atividade docente, como foco no processo de ensino e de aprendizagem, e não no processo de formação dos professores. Um revigoramento da disciplina de História depende de um esforço múltiplo de professores e difusores de novas teorias. É necessário também reflexões sobre o livro didático, este ás vezes, é duramente criticado, porém indispensável para os docentes, é o norte das suas abordagens. Os livros didáticos precisam ser utilizados de forma correta, permitindo ao professor uma orientação do quê ensinar e para quê. “Os livros didáticos são “os mais usados instrumentos de trabalho integrantes da “tradição escolar” de professores e alunos, faz parte do cotidiano escolar há pelo menos dois séculos” (BITTENCOURT, 2011, p.299). O livro é parte da cultua e da educação, logo seria estranho, se não houvesse livro didático, pois, os recursos tecnológicos oferecidos nas escolas ainda são insuficientes. Além disso, a série de mídias disponíveis para o alunado, sem a devida percepção ou utilidade, não trazem para o ensino novas concepções para o saber. Sem dúvida que a informação chega pela mídia, mas só se transforma em conhecimento quando devidamente organizada. E confundir informação com conhecimento tem sido um dos grandes problemas de nossa educação...Exatamente porque a informação chega aos borbotões, por todos os sentidos, é que se torna mais importante o papel do bom professor. (KARNAL, 2010, p. 22). Assim, o livro é necessário, porém o professor deve se apegar a outros meios, de forma a tornar o ensino de História mais prazeroso. Nesse contexto, a disciplina oferece muitas possibilidades, mais exige um pouco mais de inquietude Historien (Petrolina). ano 4, n. 9. Jul/Dez 2013: 86-97 Ensino de história dos seus propagadores. A história na sala de aula deve ser encarada como um desafio constante, a disciplina assim exige. O professor de história deve ser dotado de conteúdos, mais saber ensinar é fundamental, está apito a novas propostas é dar um passo em favor de uma história mais prazerosa, que atenda aos anseios da sociedade do seu tempo, é o que se espera de um bom profissional da área. O ensino de história deve ser pensado de forma a atingir um mundo em transformação. Essa busca deve ser constante e influenciar os vários espaços do saber. Pensar na formação docente, na escola, na universidade como espaços interligados é buscar uma ampliação e melhoria do ensino, tanto de Historia, como de outras disciplinas. A melhoria só virá com novas propostas, com quebra de paradigmas, com união entre as instituições de ensino. No Brasil é fácil perceber o abismo entre Universidade e escola, uma parte da população sequer tem referência sobre o papel da universidade na transformação da sociedade, fica evidente a necessidade de desburocratizar esse espaço, aproximá-lo tanto dos cidadãos como das unidades de ensino básico. O livro didático não é visto como referência para o ensino apenas pelos professores, mas também pela sociedade, ou seja, pelos pais e pelos próprios estudantes. Dessa forma, o livro adquiriu com o passar dos tempos um status dentro da escola e do sistema educacional, que o coloca em destaque na prática dos professores. (SCHMIDT In BITTENCOURT, 2004, p. 170). O ensino sem o livro didático ficaria fragmentado, pois assim como o professor, o livro auxilia na produção do conhecimento. O livro serve para acompanhamento de conteúdos ministrados. Com o descaso do governo para o sistema educacional, muitas instituições estaduais ou municipais acabam ficando sem acesso ao livro didático. A falta dos livros gera logo inquietações, pois a comunidade escolar em geral sente a falta que o livro faz. “o livro didático de História exerceu e, ainda na medida do possível, exerce um papel fundamental no ensino de História, pois é subsídio teórico para a construção dos saberes históricos na sala de aula”. (SCHMIDT In BITTENCOURT, 2004, p. 170). É importante ressaltar, que o livro está condicionado ao modo como o professor utilizará junto a outras ferramentas no processo de ensino. 94 Historien (Petrolina). ano 4, n. 9. Jul/Dez 2013: 86-97 Joedson Andrade/Regina Souza Apesar das dificuldades encontradas no âmbito das experiências, o futuro docente se encontra dentro de um triangulo (universidade, escola e estágio). Este constitui a base para a boa formação, quando se tem a visão da realidade e o reconhecimento da diferença, que enquanto agente produtor do saber pode contribuir de forma significativa para melhoria do ensino de história. Nesse embate entre universidade, escola e estágio, a experiência mostra uma realidade muito diferente da teoria. Como futuros docentes, percebemos que a sala de aula é um espaço que precisa ser repensado e aproximado da universidade. Muitas vezes a teoria não alcança os sujeitos, está restrita a academia. Trazer novas estratégias para melhorar o ensino, requer uma reconfiguração das estruturas de ensino como todo. Melhorar o ensino de História, não depende somente de novas abordagens e da utilização de novas mídias, ou do professor, depende sim, de romper com muitos padrões pré-concebidos que dificultam a difusão do conhecimento. O professor exerce o papel central na transmissão do saber histórico, portanto ter uma boa formação, baseada na pesquisa, consiste em preparar um profissional para os desafios que vem surgindo, é latente a necessidade de mudar a realidade na formação dos profissionais de educação. A reorganização das práticas de formação deve ser constantemente repensada pela universidade e pelos que produzem as legislações que regem a formação de professores. A construção da identidade profissional está diretamente ligada entre teoria e prática, o estágio supervisionado é um espaço de mediação reflexiva entre universidade, escola e sociedade. O estágio tem de ser reflexivo e não reduzido a uma orientação, só assim irá levar em conta a prática como ponto de partida e de chegada, possibilitando a construção do saber histórico em suas dimensões, contemplando sujeitos engajados na mesma tarefa: transformar o ensino de história numa abordagem prazerosa e consequente, modificando a visão do alunado em relação à disciplina. Assim, o ensino de história perpassa por várias questões, é importante refletir sobre as práticas e o ponto de partida para uma análise construtiva do saber histórico. Gestões, Professores, escolas e universidades são propagadores do conhecimento, estes devem firmar um compromisso com o educar e ensinar de Historien (Petrolina). ano 4, n. 9. Jul/Dez 2013: 86-97 Ensino de história forma a transformar a realidade. O ensino de história possibilita uma revolução, porém as dificuldades encontradas nas salas de aula ainda dificultam a compreensão da disciplina, seguramente mal interpretada. Transformar o ensino de história depende também de uma mudança radical na estrutura educacional brasileira. BIBLIOGRAFIA BITTENCOURT, Circe. Ensino de História: fundamentos e métodos. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2011. CASTELO BRANCO, Uyguacira Velôso. A difícil arte de ensinar História. In: FLORES, E. C.; BEHAR, Regina (Org.) A formação do Historiador: tradição e descobertas. João Pessoa: Universitária, 2004. CONTRERAS, José. A autonomia de professores. São Paulo: Cortez, 2002. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia – Saberes necessários a pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2009. FONSECA, Selva Guimarães. Didática e prática de ensino de História. 11 ed. Campinas/SP: Papirus editora, 2003. PIMENTA, Selma Garrido. Estágio e docência. São Paulo: Cortez, 2011. KARNAL, Leandro (Org.). História na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2007. RIOS, Terezinha Azeredo. Ética e competência. 11. Ed. São Paulo: Cortez, 2001. SCHMIDT, M. A. 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