Pelo Mundo Tijolos no forno Pesquisadores ingleses acabam de revelar mais uma técnica de datação de materiais antigos. Mais especificamente, o método se aplica a tijolos de argila utilizados em construções remotas. O truque é... assá-los! Partindo do princípio de que os tijolos lentamente incham ao longo do tempo (pois absorvem umidade) e de que sua exposição ao calor faz com que sequem, a pesquisadora Moira Wilson e seus colegas do Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade de Manchester (Inglaterra) concluíram que o encolhimento dos blocos indica quão antigos são, pois é proporcional ao tempo em que estiveram absorvendo água. O grupo realizou uma série de experiências com tijolos novos e antigos. Primeiramente, descobriram que blocos cozidos recentemente e envelhecidos naturalmente ao ar livre por vários meses voltam ao seu tamanho original após algumas horas de aquecimento a 450oC. Depois, trabalharam com tijolos envelhecidos artificialmente por exposição a vapor bem quente (poucas horas desse tratamento tinham um efeito similar a alguns séculos de envelhecimento natural). O aquecimento desse material também resultou na volta ao tamanho original. Por fim, os pesquisadores foram surpreendidos pela descoberta de uma relação similar entre o encolhimento e a idade para blocos com 20 anos, 120 e amostras romanas de 1.900 anos. Atualmente, os arqueologistas determinam a idade de cerâmicas utilizando a termoluminescência, método preciso apenas quando os artefatos têm, no mínimo, algumas centenas de anos. A nova técnica pode funcionar para materiais fabricados mais recentemente, além de promover debates sobre os mais antigos. O resultado das pesquisas foi publicado no último número da revista Physical Review Letters. maio|2003 Mais dos primos Uma nova demonstração relacionada aos números primos (inteiros divisíveis exatamente apenas por si mesmos e por um) deixou os círculos matemáticos excitados. Dan Goldston (San Jose State University, EUA) e Cem Yildirin (Bogaziçi University, Turquia) conseguiram provar que os primos podem ocorrer em intervalos menores do que os que em média acontecem, independentemente do quanto se avança na seqüência dos números. O trabalho foi apresentado por Goldston em março, em uma reunião do Instituto Americano de Matemática. O novo resultado não altera a visão de que os primos ocorrem de forma aleatória; porém, revela que há agrupamentos na desordem. Há tempos já se sabe que esses números ficam mais esparsos conforme se avança na seqüência numérica. Primos pequenos são freqüentemente separados por 2, como, por exemplo, 11 e 13, 29 e 31, 59 e 61 (chamados primos gêmeos). Além disso, eles às vezes vêm em pequenos blocos, como na seqüência 101, 103, 107, 109, 113. Embora existisse a suspeita de que os primos gêmeos e os blocos continuassem a ocorrer independentemente do quão longe se avançasse na seqüência, na ausência de qualquer prova, continuava sendo possível também que eles simplesmente desaparecessem. A descoberta de Goldston e Yildirin agitou os matemáticos não só pelo resultado em si, mas também pela maneira como chegaram até ele, significativamente diferente dos métodos utilizados anteriormente. Vários dos mais importantes problemas matemáticos ainda sem solução dizem respeito aos números primos. Há no momento, por exemplo, um prêmio de um milhão de dólares sendo oferecido a quem provar a Hipótese de Rieman, uma conjectura na teoria dos números bastante relacionada à distribuição dos primos. 61