ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
INTRODUÇÃO
O objetivo da Administração Financeira é maximizar o patrimônio dos acionistas. A
função do administrador financeiro é orientar as decisões de investimentos e
financiamentos a serem tomadas pelos dirigentes da empresa. O papel do contador é
fornecer as demonstrações financeiras para os acionistas, administradores financeiros e
dirigentes e outros.
A análise de balanços propicia as avaliações do patrimônio da empresa e das
decisões tomadas, tanto em relação ao passado – retratado nas demonstrações financeiras –
como em relação ao futuro – espelhado no orçamento financeiro. A análise financeira de
balanço é uma ferramenta poderosa à disposição das pessoas físicas e jurídicas relacionadas
à empresa, como acionistas, dirigentes, bancos, fornecedores, clientes e outros. Começa
onde termina o trabalho do contador.
Daí o contador ser de fundamental importância para a análise de balanços, pois, é o
contador quem elabora as demonstrações financeiras.
HISTÓRICO
É comum afirmar que a Análise das Demonstrações Contábeis (ou Financeira) é tão
antiga quanto a própria Contabilidade. Se nos reportarmos para o início provável da
Contabilidade (+ ou – 4000 a. C.), em sua forma primitiva, encontraremos os primeiros
inventários de rebanhos (o homem que voltava a sua atenção para a principal atividade
econômica: o pastoreio) e a preocupação da variação de sua riqueza (variação do rebanho).
A análise da variação da riqueza realizada entre a comparação de dois inventários em
momentos distintos leva-nos a um primeiro sintoma de que aquela afirmação (análise tão
antiga quanto a própria Contabilidade) é possível.
Todavia, remonta de época mais recente o surgimento da Análise das
Demonstrações Contábeis (ou Financeiras) de forma mais sólida e mais adulta. É no final
do século XIX que observamos os banqueiros americanos solicitando as demonstrações
(praticamente o Balanço) às empresas que desejavam contrair empréstimos. E por se exigir,
de início, apenas o Balanço para a Análise, é que se introduz a expressão Análise de
Balanços, que perdura até nossos dias.
A Análise de Balanços tornou-se praticamente obrigatória em 1915 nos Estados
Unidos. No Brasil a Análise de Balanços começou a ser utilizada mais freqüentemente em
1968, pois neste ano foi criado o SERASA, empresa que passou a operar como central de
Análise de Balanços de bancos comerciais.
OBJETIVOS DA ANÁLISE DE BALANÇOS
A Análise de Balanços, objetiva extrair informações das Demonstrações Financeiras
para a tomada de decisões.
As demonstrações financeiras oferecem uma série de dados sobre a empresa, de
acordo com regras contábeis. A Análise de Balanços transforma esses dados em
informações e será tanto mais eficientes, quanto melhores informações produzir.
Distinção entre dados e informações:
 Dados: são números ou descrição de objetos ou eventos que, isoladamente, não
provocam nenhuma reação no leitor.
 Informações: representam, para quem as recebe, uma comunicação que pode
produzir reação ou decisão, freqüentemente acompanhada de um efeito-surpresa.
A ANÁLISE DE BALANÇOS COMEÇA ONDE TERMINA A CONTABILIDADE
Para o contador a preocupação básica são os registros das operações. Na aquisição
de uma máquina, por exemplo, quais os custos que comporão o custo de aquisição, a taxa
de depreciação, qual será sua classificação no balanço. O contador procura captar,
organizar e compilar dados.
O analista de balanços preocupa-se com as demonstrações financeiras que, por sua
vez, precisam ser transformadas em informações que permitam concluir se a empresa
merece ou não crédito, se vem sendo bem ou mal administrada, se tem ou não condições de
pagar suas dívidas, se é ou não lucrativa, se vem evoluindo ou regredindo, se é eficiente ou
ineficiente, se irá falir ou se continuará operando.
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUSCETÍVEIS DE ANÁLISE
 Balanço Patrimonial (BP);
 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE);
 Demonstração de Origem e Aplicações de Recursos (DOAR);
 Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (ou Mutação do PL);
Maior ênfase será dada para as duas primeiras demonstrações, uma vez que, por
meio delas, são evidenciadas de forma objetiva a situação financeira (identificada no BP) e
a situação econômica (identificada no BP e, em conjunto, na DRE).
SUGESTÃO DE ROTEIRO PARA AVALIAR A QUALIDADE
CREDIBILIDADE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
E
A
A. O ideal seria:
a. Demonstrações Contábeis publicadas em jornais que atendam aos requisitos
legais (Lei das Sociedades Anônimas).
b. Assinadas por contador, com Relatório da Diretoria e Notas Explicativas
completas.
c. Parecer de auditoria de Pessoa Jurídica e que não esteja auditando a empresa
analisada por mais de quatro anos.
B. Situações encontradas que requerem alguns cuidados do analista:
a. DC em que há relatório da Diretoria sucinto demais e / ou Notas
Explicativas incompletas.
b. DC com parecer de auditoria que não preencham todos os requisitos do
subitem “c” do item acima.
c. DC publicadas que não atendam todos os requisitos legais.
C. Situações que requerem do analista profundos cuidados:
a. DC não publicadas em jornais.
b. DC sem parecer da auditoria ou parecer com ressalva.
c. DC que não atende boa parte dos requisitos legais e outras situações não
previstas nos itens A e B.
D. Situações em que não se deveria fazer análise com base nas DC:
a. Quando a empresa trabalha à base do Lucro Presumido, sem fazer
Contabilidade (nesses casos, as DC podem ser montadas especialmente para
a análise).
b. Quando há contradições nas DC ou “exageros” facilmente detectáveis.
c. Quando é facilmente identificado que a empresa não valoriza a
Contabilidade e / ou as DC não refletem a realidade.
O QUE INCLUIR NO RELATÓRIO
Podemos listar as seguintes informações produzidas pela Análise de Balanços:
 Situação financeira;
 Situação econômica;
 Desempenho;
 Eficiência na utilização de recursos;
 Pontos fortes e pontos fracos;
 Tendências e perspectivas;
 Quadro evolutivo;
 Causas das alterações na situação financeira;
 Causas das alterações na rentabilidade;
 Evidência de erros da administração;
 Providências que deveriam ser tomadas e não foram;
 Avaliação de alternativas econômico-financeiras futuras.
METODOLOGIA DE ANÁLISE
Na maioria das ciências, o processo de tomada de decisões obedece mais ou menos
à seqüência abaixo:
1. Escolha de indicadores;
2. Comparação com padrões;
3. Diagnóstico ou conclusões;
4. Decisões.
1.
2.
3.
4.
Na Análise de Balanços aplica-se este mesmo raciocínio científico:
Extraem-se índices das demonstrações financeiras;
Comparam-se os índices com os padrões;
Ponderam-se as diferentes informações e chega-se a um diagnóstico ou conclusões;
Tomam-se decisões.
TÉCNICAS DE ANÁLISE
 Análise através de índices;
 Análise vertical e horizontal;
 Análise de capital de giro.
USOS E USUÁRIOS DA ANÁLISE DE BALANÇOS
Um dos elementos mais importantes na tomada de decisões relacionadas a uma
empresa é a análise das suas demonstrações financeiras. A Análise de Balanços é um
trabalho fascinante para as áreas de Finanças e Contabilidade. É através dela que se podem
avaliar os efeitos de certos eventos sobre a situação financeira de uma empresa, como por
exemplo: Como o aumento de vendas afetou a situação financeira da empresa? Estará ela
em posição mais sólida após a obtenção de financiamento para a automação da produção?
A política financeira de uma empresa tem reflexo nas demonstrações financeiras e é
através da sua análise que se podem conhecer os seus objetivos. O conhecimento de tal
informação é de especial relevância quando se trata de demonstrações financeiras de
concorrentes. Através da sua análise pode-se descobrir que a política do concorrente é
crescer o mais rápido possível para ganhar mercado, ainda que dependendo de capitais de
terceiros e com o sacrifício da rentabilidade.
Usuários da Análise de Balanços:
1. Fornecedores (Vendedor)
a. O fornecedor de mercadoria a prazo, precisa conhecer a capacidade de
pagamento de seus clientes, ou seja, sua liquidez. A profundidade da análise
do fornecedor depende da importância do cliente.
2. Clientes (Compradores)
a. Raramente o comprador analisa a situação do fornecedor. Em geral ocorre
análise por parte do comprador quando depende de fornecedores que não
possuam o mesmo porte dele ou que possam de alguma forma oferecer
riscos, exceto em consórcios e outros do gênero.
3. Bancos Comerciais
a. Como os bancos comerciais concedem crédito a curto prazo, devem, além de
observar a situação atual do cliente, procurar conhecer ou obter alguma
informação sobre a situação futura dele.
4. Bancos de Investimentos
a. Diferentemente dos bancos comerciais, os de investimentos concedem
financiamentos a um número menor de empresas, porém a um prazo mais
longo. Nesse caso, o financiamento concedido depende da situação futura do
cliente.
5. Sociedades de Crédito Imobiliário
a. Essas sociedades concedem financiamento a construtoras por prazos
superiores a um ano. A análise delas, feita pela sociedade de crédito
imobiliário, geralmente fica no meio termo entre a análise de um banco
comercial e de um de investimento.
6. Sociedades Financeiras
a. Essas sociedades concedem crédito diretamente aos consumidores. As lojas
vendem para seus clientes e estes recebem o crédito da Sociedade
Financeira, sendo que a loja intervém como avalista dos empréstimos.
7. Corretoras de Valores e Público Investidor
a. As corretoras de valores e o público investidor fazem análise para
investimento em ações. Além da análise financeira, levam em conta outros
fatores relacionados especificamente ao preço e à valorização de ações.
8. Concorrentes
a. A análise dos concorrentes de uma empresa é de vital importância: o
conhecimento profundo da situação de seus concorrentes pode ser fator de
sucesso ou de fracasso da empresa no mercado.
9. Dirigentes
a. A Análise de Balanços, para os administradores da empresa, é instrumento
complementar para a tomada de decisões. Ela será utilizada como auxiliar na
formulação de estratégia da empresa, e tanto pode fornecer subsídios úteis
como informações fundamentais sobre a rentabilidade e a liquidez da
empresa hoje, em comparação com as dos balanços orçados.
10. Governo
a. O governo utiliza intensamente a Análise de Balanços em diversas situações.
Por exemplo, numa concorrência aberta, em que provavelmente escolherá,
entre duas propostas semelhantes, apresentadas por empresas em
determinada concorrência, aquela que estiver em melhor situação financeira.
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