BOLETIM GESTÃO 2013-2015 | EDIÇÃO JANEIRO DE 2014 Sociedade Brasileira de Neuropsicologia - www.sbnp.com.br 1 03 TEXTO INICIAL O LADO MÉDICO DA NEUROPSICOLOGI A: REFLEXÕES INTERDISCIPLINARES 07 CARTA CARTA DO PRESIDENTE DA SBNp 08 RELATO DE PESQUISA DESENVOLVIMENTO DE UM TRATAMENTO COGNITIVOCOMPORTAMENTAL COMPUTADORIZADO PARA SINTOMAS OBSESSIVOS-COMPULSIVOS Sociedade Brasileira de Neuropsicologia - www.sbnp.com.br 2 BOLETIM SBNp TEXTO INICIAL O LADO MÉDICO DA NEUROPSICOLOGIA REFLEXÕES INTERDISCIPLINARES VITOR GERALDI HAASE A LEANDRO MALLOY-DINIZ da outro lado, este interesse acarre- pouca coisa. Mas é bem menos do neuropsicologia é um dos temas ta, a nosso ver, o risco de uma que já foi. mais caros à Sociedade Brasileira de certa banalização, de um certo Examinando o programa do evento Neuropsicologia (SBNp), uma associ- esvaziamento da neuropsicologia. científico anteriormente mencionado, ação científica que nasceu, cresceu e A situação da neuropsicologia no e para o qual contribuímos, ficamos se desenvolve alimentada pelo diálo- Brasil é sui generis. O interesse com a impressão de que o termo neu- go entre profissionais das mais varia- pela neuropsicologia é crescente. ropsicologia está sendo usado no das áreas. A interdisciplinaridade é o Proliferam os cursos de especiali- Brasil de forma perigosamente ampli- nosso “feijão-com-arroz”, a nossa zação na área e mais de 1000 ada e por vezes equivocada: em al- causa mais importante (Haase et al., pessoas acorreram ao XII Con- guns momentos como sinônimo de 2012). E não poderia ser diferente. A gresso Brasileiro de Neuropsicolo- neurociência, em outros, como uma Neuropsicologia tem a sua origem na gia/IV Reunião Anual do IBNeC, vertente da avaliação psicológica. medicina, mas muito cedo, e por vo- recentemente realizado no Paraí- Associada à neurociência, é vista co- cação usufruiu e contribuiu para o so em São Paulo. A alta da neu- mo sinônimo de um projeto investiga- trabalho interdisciplinar tornando-se ropsicologia no Brasil contrasta tivo bem mais amplo e heterogêneo uma disciplina com objeto próprio. O com sua baixa no panorama mun- do qual participa. Mas participa mo- interesse pela neuropsicologia foi dial. A neuropsicologia não foi destamente. Tem o seu papel, mas fundamental para o surgimento e inteiramente suplantada pela neu- deixou de ser a vedete. Temos obser- consolidação de diversas profissões rociência cognitiva como um mé- vado uma tendência a hipergenerali- de saúde que anteriormente não todo de investigação das bases zar o termo neuropsicologia. Parece existiam. neurais do comportamento e da que tudo que tem a ver com compor- cognição. Mas o interesse pela tamento, cognição e cérebro está Estamos parafraseando o título de neuropsicologia como método de sendo chamado de neuropsicologia um belo livro sobre o “lado neurológi- investigação da arquitetura mental no Brasil. A análise da programação co (Cytowic, restringiu-se bastante. Enquanto deste e de outros eventos científicos 1996) para fazer algumas reflexões os métodos de neuroimagem fun- da área nos últimos anos mostra cla- sobre as origens médicas da neu- cional nos mostram as áreas cere- ramente um enorme envolvimento ropsicologia e sobre sua própria es- brais potencialmente envolvidas com alguns temas, tais como a me- sência. Consideramos que estas re- com uma função, a neuropsicolo- mória de trabalho e o funcionamento flexões são oportunas por um lado, gia tem poder apenas de mostrar executivo. Temas que são interessan- pelo interesse crescente que a neu- quais áreas são cruciais para um tes por si e que são muito relevantes, ropsicologia desperta no Brasil. Por dado processo psicológico. Não é p. natureza da interdisciplinar neuropsicologia” Sociedade Brasileira de Neuropsicologia - www.sbnp.com.br ex., para psicopatologia e 3 psiquiatria. Enquanto isto, outros te- dos modelos neuropsicológicos O localizacionismo do Século XIX era mas fundamentais em neuropsicolo- para os paradigmas de avaliação realizado em termos macroscópicos, gia tais como as agnosias, apraxias, é substituído pela ênfase no resul- através de um sistema tridimensional heminegligências, apraxia construtiva tado das análises fatoriais. Brotam de coordenadas cartesianas. Mas os etc. estão assim meio que como de- construtos e seguindo essa lógica, “localizacionistas” do Século XIX não modé. O povo está com a atenção cabe ao cérebro se adequar ao eram tão localizacionistas como mui- toda voltada para as funções menos que os testes medem. tas vezes se supõe. P. ex., Gage e Hickok (2005) fizeram uma análise localizáveis, mais integrativas, correndo o risco de perder de vista os Ficamos preocupados com esta detalhada da obra de Carl Wernicke fundamentos metodológicos da nos- tendência que detectamos, de mostrando que ele não era tão sa disciplina. As pessoas acabam se ampliar o campo referencial da “localizacionista” assim como muita esquecendo do método anátomo- neuropsicologia a tal ponto que gente gostaria. Ao contrário do que se clinica. E localizacionismo, por vezes, implica em um risco de descarac- possa pensar, Wernicke não tinha a é usado como xingamento. Assim terização. É por este motivo que concepção ingênua das correlações como “positivista”. julgamos oportuna uma reflexão anátomo-clnicas que muitas vezes lhe sobre a natureza da neuropsicolo- é atribuída, como centros neurais es- Soma-se a isso a ênfase em procedimentos de avaliação que traz a noção equivocada de que os meios suplantam os fins. A psicometria em Neu- “ ropsicologia é meio, e nunca pecíficos de forma relativamente O que faz de um neuropsicólogo, um neuropsicólogo, é o isolada. Ao contrário, raciocínio subjacente à interpretação do que avalia será seu fim. Ganhamos com ela, mas não dependemos dela funcionando ” ele concebia o cérebro como um sistema altamente dinâmico e integrado, tendo, inclusive, antecipado diversas para sobreviver. A recente incursão gia bem como das suas origens que os psicólogos da área de avalia- na medicina. A neuropsicologia fundamentam as doutrinas conexio- ção fizeram na Neuropsicologia tem nasceu no Século XIX da necessi- nistas de processamento distribuído e sustentado essa lógica, que ao nosso dade enfrentada pelos médicos de paralelo. Ou seja, nem nós somos tão ver, é uma distorção. Você não se encontrar um método que permi- espertos, nem nossos antepassados torna neuropsicólogo ao avaliar a tisse a localização das doenças. O eram tão burros assim. memória, funções executivas ou lin- localizacionismo é essencial à guagem. Psicólogos e Fonoaudiólo- medicina. Da Renascença a esta Paralelamente ao aperfeiçoamento da gos fazem isso muito bem! O que faz época, os processos patológicos tecnologia de localização lesional, de um neuropsicólogo, um neuropsi- têm sido progressivamente locali- outros desenvolvimentos importantes cólogo, é o raciocínio subjacente à zados em referenciais espaço- ocorreram. A participação mais efeti- interpretação do que avalia. temporais mais refinados: dos va da psicologia na empreitada neu- órgãos aos genes, passando pe- ropsicológica se iniciou a partir da A ênfase psicométrica do neuropsicó- los tecidos, células e componen- Década de 1930, mesma época em logo brasileiro tem como consequên- tes subcelulares. A localização que a fonoaudiologia se constituiu cia a proliferação de “fenocópias” que dos processos patológicos permite como disciplina independente. É im- estão mais preocupadas com os tes- restringir o campo de busca por portante mencionar dentre os princi- tes do que com modelos neuropsico- um nosológico/ pais avanços propiciados pela contri- lógicos que eles medem. Mais do etiológico. Permite também formu- buição interdisciplinar, a introdução que isso, o caminho lógico que parte lar intervenções mais eficazes. dos diagnóstico Sociedade Brasileira de Neuropsicologia - www.sbnp.com.br concepções teóricas que atualmente métodos psicométricos em 4 neuropsicologia, por pioneiros como trutural mais avançadas. A abor- frente e passou para a retaguarda. A Ombredane (1929), bem como as dagem funcional se tornou obsole- neuropsicologia não é mais edgy. análises neuropsicolingüísticas das ta no momento em que passamos Não é mais possível fazer neuropsi- afasias conduzidas por Alajouanine, a dispor de tecnologias para in- cologia cognitiva como se fazia anti- Ombredane e Durand (1939), respec- vestigar as correlações estrutura- gamente, a partir de uma perspectiva tivamente, um neurologista, um psi- função ao vivo e a cores. E o mais puramente funcional. Se existem mé- cólogo e uma linguista. A caracteriza- interessante da história é que es- todos para analisar padrões de ativa- ção psicolinguística das afasias por tas novas técnicas ampliam porém ção e conectividade funcional no cé- Alajouanine e colegas pode ser con- também confirmam as observa- rebro tais resultados precisam e estão siderada um passo precursor ao sur- ções e inferências dos nossos sendo incorporados à neuropsicologia gimento da neuropsicologia cognitiva. ancestrais do Século XIX (Catani (Shallice & Cooper, 2012). et al., 2012). O localizacionismo A neuropsicologia cognitiva consiste estrito, um espantalho retórico ao Precisamos então refletir sobre o quê da utilização de modelos cognitivos, qual nenhum pesquisador sério enfim é a nossa neuropsicologia atu- principalmente de processamento de em neuropsicologia jamais aderiu al. Qual é a nossa especificidade? informação, para interpretar os pa- (Gage & Hickok, 2005) foi definiti- Pensamos que os nossos dois gran- drões de funções preservadas e comprometidas nos pacientes neuropsicológicos com o intuito de compreen- der os comprometimentos “ Precisamos então refletir des diferenciais são trabalhar com pacientes neuropsiquiátricos sobre o quê enfim é a nossa neuropsicologia atual. e utilizar o método ” Qual é a nossa especificidade? em termos de disfunções de uma arquitetura cognitiva. anátomo-clinico. Neuropsicologia pra nós é isto. Fora disto é outra São considerados estudos fundado- vamente substituído por um locali- res da neuropsicologia cognitiva, os zacionismo dinâmico e distribuído. mais valor. Mas que não é neuropsi- estudos de Marshall e Newcombe Mas, ainda assim, localizacionis- cologia. Instrumentos psicometrica- (1966, 1973) sobre o modelo da du- mo. Um localizacionismo com a mente validados são muito importan- pla-rota de leitura de palavras e de nossa cara cibernética, digital. tes em neuropsicologia. Mas quem Warrington e Shallice (1969) sobre a coisa. Outra coisa que pode até ter estiver trabalhando apenas a partir de síndrome da memória verbal de curto O progresso é grande, sim. Mas um referencial psicométrico não vai prazo. A neuropsicologia cognitiva também há continuidade. E a con- estar fazendo neuropsicologia. Da pode ser considerada assim, a cereja tinuidade é o método anátomo- mesma forma, atender pessoas doen- do bolo, antes do surgimento da neu- clinico. Primeiro só tinha o método tes sempre exige algum tipo de atitu- rociência cognitiva. anátomo-clinico, depois surgiram de psicoterapêutica. Mas só terapia, a psicometria, a psicolinguística, a sem correlação anátomo-clinica, tam- No início a neuropsicologia cognitiva psicologia cognitiva etc. Até que bém não é neuropsicologia. Nem o adotou uma perspectiva puramente apareceram as fantásticas tecno- treino cognitivo na escola é Neuropsi- funcional (Shallice, 1988). Como não logias de neuroimagem. A neuro- cologia. Os professores já fazem isso havia métodos para reduzir os acha- ciência cognitiva interpreta os pa- há anos e nunca requisitaram esse dos psicológicos à estrutura e função drões de ativação e conexão cere- status para si. O tchan da neuropsico- cerebral, os estudos se restringiam a bral durante a realização de tare- logia é usar instrumentos diagnósti- descrições e inferências cognitivas. fas psicológicas em termos de cos validados e precisos para inter- Isto mudou com o advento das técni- modelos cognitivos. Com isto, a pretar padrões de correlação estrutu- cas de neuroimagem funcional e es- neuropsicologia saiu da linha de ra-função nos sintomas de pacientes Sociedade Brasileira de Neuropsicologia - www.sbnp.com.br 5 neuropsiquiátricos, de modo que isto são, a neuropsicologia estará con- (http://neuropsicolatina.org/index.php/ auxilie na formulação de um diagnós- denada. Felizmente, a neuropsico- Neuropsicologia_Latinoamericana/article/ tico mais preciso e de intervenções logia passa ao largo deste risco. view/125). mais eficientes. Mas convém não perder de vista a nossa especificidade, sob pena de Sem correlação anátomo-clinica não nos descaracterizarmos. Marshall, J. C. & Newcombe, F. (1966). Syntactic and semantic errors in paralexia. Neuropsychologia, 4, 169-176. tem neuropsicologia. O construto validador dos instrumentos neuropsico- Marshall, J. C. & Newcombe, F. (1973). lógicos e que os diferencia dos ins- REFERÊNCIAS Patterns of paralexia: a psycholinguistic trumentos psicológicos é a correla- Alajouanine T., Ombredane A. & Du- approach. Journal of Psycholinguistic Re- ção anátomo-clinica. E a correlação rand M. (1939). Le syndrome de dé- search, 2, 175-199. sintégration Ombredane, A. G. (1929). Les troubles anátomo-clinica, a integração de observações sistemáticas de conheci- phonétique dans l.aphasie. Paris: mentaux de la sclérose en plaques. Paris: Masson. PUF. mentos oriundos da neuropatologia Catani, M., Dell'Acqua, F., Bizzi, A., Shallice, T. (1988). From neuropsychology somente é possível em um contexto Forkel, S., Williams, S., Simmons, A., to mental structure. Cambridge: Cambrid- interdisciplinar. Ninguém vira neu- Murphy, D. & de Schotten, M. T. ge University Press. ropsicológo nem (2012). Beyond cortical localisation in aprende neuropsicologia em apenas clinico-anatomical correlation. Cortex, Shallice, T. & Cooper, R. P. (2012). The uma faculdade. A formação do neu- 48, 1262-1287. organisation of mind. Oxford: Oxford Uni- mentos psicológicos com conheci- na graduação ropsicológo exige um árduo trabalho pós-graduado e interdisciplinar que se prolonga por anos de atividade versity Press. Cytowic, R. (1996). The neurological side of neuropsychology. Cambridge, Warrington, E. K. & Shallice, T. (1969). MA: MIT Press. The selective impairment of auditory ver- teórica e prática. bal short-term memory. Brain, 92, 885-96. Gage, N. & Hickok, G. (2005). Multire- A neuropsicologia não constituiu uma gional cell assembilies, temporal bin- panacéia, Também não é mais a li- dng, and the representation of con- nha de frente do progresso científico. ceptual knowldege in cortex: a mo- VITOR GERALDI HAASE Atualmente a neuropsicologia é um dern theory by a "classical neurolo- Professor titular do Departamento de empreendimento bem mais modesto, que lida com a aplicação de progressos e conhecimentos oriundos de gist", Carl Wernicke, Cortex, 41, 823832. Haase, V. G., Salles, J. F., Miranda, psicologia da UFMG Coordenador do Laboratório de Neuropsicologia do Desenvolvimento diversos campos relacionados às M. C., Malloy-Diniz, L., Abreu, N., Ar- neurociências com o intuito de aper- gollo, N., Mansur, L. L., Parente, M. A. LEANDRO MALLOY-DINIZ feiçoar o diagnóstico e tratamento M. P., Fonseca, R. P., Mattos, P., Lan- Professor Adjunto do Departamento das disfunções e doenças neuropsi- deira-Fernandez, J., Caixeta, L. F., de Saúde Mental da Faculdade de quiátricas. A história interdisciplinar Nitrini, R., Caramelli, P., Teixeira Jr. A. Medicina da UFMG do nosso campo de atuação e pes- L., Grassi-Oliveira, R., Christensen, C. Coordenador do Laboratório de Inves- quisa explica o nosso sucesso. Uma disciplina científica que se fecha sobre si mesma, que se restringe a H., Brandão, L., Corrêa da Silva Filho, H., da Silva, A. G. & Bueno, O. F. A. tigações em Neurociência Clínica (2012). Neuropsicologia como ciência interdisciplinar: consenso da comuni- uma comunidade funcional está con- dade brasileira de pesquisadores/ denada à esclerose. No dia em que clínicos em neuropsicologia. Neu- se tornar propriedade de uma profis- ropsicologia Latinoamericana, 4, 1-8 Sociedade Brasileira de Neuropsicologia - www.sbnp.com.br 6 ENTREVISTA BOLETIM CARTA DO PRESIDENTE DA SBNp SBNp LEANDRO MALLOY-DINIZ Prezados(as) Associado(as) da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia No dia 8 de outubro de 2011, assumimos a diretoria da SBNp e apresentamos em assembleia geral as principais diretrizes de atuação de nossa gestão durante o biênio: a) aumento do alcance nacional da SBNp. b) retomada da publicação do Boletim Bimestral da SBNp e da série Temas em Neuropsicologia. c) continuidade na luta pela prática multidisciplinar da neuropsicologia. d) participação mais ativa na discussão sobre políticas públicas relacionadas à área. Durante esses dois anos, expandimos o número de regionais (agora somos representados em 18 Estados), aumentamos significativamente o número de associados e realizamos/apoiamos diversos eventos científicos nas diversas regiões do país. Retomamos o boletim da SBNp com periodicidade mensal e lançamos o primeiro volume da série Temas em Neuropsicologia - Neuropsicologia Geriátrica - organizado pelos Professores Antônio Lúcio Teixeira Jr (UFMG) e Leonardo Caixeta (UFG). Também criamos a fan page da SBNp no facebook tendo atualmente cerca de 6000 seguidores. Participamos de diversos debates sobre a prática multiprofissional da neuropsicologia, defendendo fortemente a argumentação de que a formação em neuropsicologia transcende a graduação e pode ser feita por pessoas de diferentes formações na área de saúde. Como resultado, implementamos durante o XII Congresso Brasileiro de Neuropsicologia e IV Reunião Anual do IBNEC a prova de Certificação em Neuropsicologia. A prova, organizada pela SBNp e IBNEC, embora não seja um título de especialista, confere um selo de qualidade e atesta o conhecimento na área a partir da análise de experts nacionais em neuropsicologia. O projeto, que surgiu em gestões anteriores, ainda precisa ser aprimorado, mas já é uma realidade. Conselho Fiscal: Por fim, participamos ativamente de discussões relacionadas à prática da Neuropsicologia, como a luta em defesa de portadores de transtornos do desenvolvimento (ex.: defesa do projeto de lei 7081/10 que dispõe sobre o diagnóstico e tratamento do TDAH na rede pública de ensino e o projeto de criminalização da psicofobia). Rodrigo Grassi Oliveira (UFRGS) Não menos importante, um de nossos alvos foi a aproximação e a formalização de parcerias com sociedades como a Associação Brasileira de Psiquiatria e o Instituto Brasileiro de Neuropsicologia e Comportamento. Acreditamos que as parcerias com sociedades de interesses semelhantes aos da SBNp é uma importante forma de potencialização dos nossos esforços. Apresentamos os resultados de nossa gestão no dia 22 de novembro de 2013 durante a Assembléia Geral da SBNp. Nessa mesma assembléia, fomos re-eleitos para mais dois anos à frente da Sociedade, tendo a nova diretoria a seguinte composição: Presidente: Leandro Fernandes Malloy-Diniz (UFMG) Vice-Presidente: Neander Abreu (UFBA) Conselho Deliberativo: Breno S. O. Diniz (UFMG) Daniel Fuentes (USP) Secretária Executiva: Carina Chaubet D'Aucante Alvim Secretário Geral: (UNIFESP) Thiago Rivero Tesouraria Executiva: Eliane Fazion dos Santos Tesouraria Geral: Deborah Azambuja. O Prof. Dr. Paulo Mattos, ex presidente da SBNp em duas gestões e membro da gestão anterior permanecerá atuante na atual gestão como consultor externo. A ele, agradecemos todo o apoio que tem sido dedicado à SBNp desde sua fundação. Para os próximos dois anos de gestão, além de continuar os investimentos supracitados, iniciamos mais um importante desafio: a criação da SBNp Jovem. Com o intuito de estimular os novos neuropsicólogos não apenas à produzir conhecimento de qualidade como também a de participar da agenda política na área, a SBNp jovem congregou alunos de Doutorado, Mestrado e iniciação científica de diversas regiões do país. Caberá a ela cuidar de toda a nossa mídia social, do boletim e da organização do Fórum Anual de Jovens Pesquisadores em Neuropsicologia. Agradecemos mais uma vez a confiança em nosso trabalho e nos colocamos à disposição de todos os nossos associados para que, juntos, possamos crescer ainda mais a Neuropsicologia brasileira. Gabriel Coutinho (I'Dor - RJ) Jerusa Fumagali (UFRGS) de Salles Lucia Iracema Mendonça (PUCSP e USP) Vitor Haase (UFMG) Sociedade Brasileira de Neuropsicologia - www.sbnp.com.br 7 BOLETIM SBNp RELATO DE PESQUISA Desenvolvimento de um tratamento cognitivo-comportamental computadorizado para sintomas obsessivos-compulsivos por GERSON SIEGMUND O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é uma doença que afeta uma parcela significativa da população, aproximadamente de 2% a 3% (Crino, Slade, & Andrews, 2005). O prejuízo causado pelos sintomas deste transtorno é considerável, podendo afetar diversas áreas da vida do indivíduo. Seus dois principais sintomas são: a presença de pensamentos ou imagens intrusivas, denominados obsessões; e comportamentos ou atos mentais repetitivos execu- tados com o objetivo de evitar ansiedade ou neutralizar as obsessões, denominados compulsões/rituais (American Psychiatric Association [APA], 2000). Os prejuízos cognitivos e neuropsicológicos do TOC têm recebido considerável atenção por parte dos pesquisadores em saúde mental. Porém, ao procurar especificar quais funções cognitivas seriam mais afetadas, os resultados divergem (Abramovitch, Schweiger, & Hermesh, 2011, Moritz et al., 2002). A falta de consenso pode ser devido à heterogeneidade do TOC. Ainda assim, existe uma tendência nos estudos apontando para um prejuízo nas funções executivas. É considerado até mesmo que estas teriam um papel determinantes para o prejuízo encontrado nos outros campos. Particularmente, há fortes indícios de que prejuízos na flexibilidade cognitiva, na inibição e na fluência verbal possam ter impacto direto nos sintomas do TOC (Kuelz, Hohagen & Voderholzer, 2004, Greisberg & McKay, 2003). Dentre os tratamentos disponíveis, a TCC, associando a abordagem de Exposição e Prevenção de Resposta com técnicas da Terapia Cognitiva, tem sido considerada o tratamento psicológico de esco- GERSON SIEGMUND | Mestrando em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), atualmente desenvolvendo pesquisa sobre intervenção Cognitivo-Comportamental computadorizada para sintomas Obsessivo-Compulsivos. É membro do LaFEC (Laboratório de Fenomenologia Experimental e Cognição) e do BiosPheC (Laboratório de Biossinais em Fenomenologia e Cognição). Está realizando especialização em Terapia CognitivoComportamental pelo Centro de Psicoterapia CognitivoComportamental Wainer e Piccoloto (WP-Porto Alegre). Atuou como bolsista de Iniciação Científica no CPAD (Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas), projeto coordenado pelo Prof. Dr. Flávio Pechansky. Graduado em Psicologia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS - em são Leopoldo/RS. Desenvolveu o Trabalho de Conclusão de Curso com pesquisa na área dos Atendimentos Psicológicos Online. Fez estágio em serviço ambulatorial vinculado à Unisinos, onde realizou atendimento psicoterapêutico na linha Cognitivo-Comportamental, abordagem clínica de sua preferência. Ademais, tem interesse em Psicologia Cognitiva e Neuropsicologia. lha para o TOC, seja sozinha ou em conjunto com a medicação (Eddy, Dutra, Bradley, & Westen, 2004; National Institute for Health and Clinical Excellence [NICE], 2006). Em um tratamento cognitivo-comportamental de 12 sessões foi demonstrado que algumas das funções cognitivas Sociedade Brasileira de Neuropsicologia - www.sbnp.com.br 8 dos pacientes com TOC melhoraram (Wootton, Titov, Dear, Spence, & quanto outros países já acumulam ao longo do tratamento (Kuelz et al., Kemp, 2011b). dados sobre intervenções pela Inter- 2006). Existem controvérsias sobre e net, no Brasil este é um campo que se os prejuízos neuropsicológicos do computadorizadas já tem mostra- carece de pesquisas. Contudo, o TOC são uma característica de traço do eficácia para uma variedade de Conselho Federal de Psicologia já ou de estado (Bannon, Gonsalvez, situações clínicas como Depres- demonstra sua preocupação com o Croft & Boyce, 2006). Ainda assim, são e Trasntornos de Ansiedade tema seria uma importante constatação em geral. Pesquisas sobre inter- 011/2012, que possibilita a prática da para o campo das intervenções psi- venções online para TOC ainda orientação psicológica online, mas cológicas poder avaliar o efeito positi- são menos numerosas, porém restringe a terapia online apenas ao vo de uma intervenção no funciona- promissoras (Herbst et al., 2012). âmbito das pesquisas (CFP, 2012). mento neuropsicológico dos pacien- As adaptações variam, podendo O presente projeto tem como tes com TOC, especialmente nas ser por telefone, pela Internet, ou objetivo desenvolver um tratamento funções executivas. mesmo computadorizado Intervenções online autoadministradas por ao publicar a para resolução Transtorno Muito embora o TOC tenha computador. Os ensaios realiza- Obsessivo-Compulsivo com base nos uma alta incidência e a TCC logre dos até o momento tem demons- protocolos tradicionais de Terapia resultados notáveis, o acesso da po- trado resultados clinicamente sig- Cognitivo-Comportamental. Pretende- pulação ao tratamento psicológico nificativos na melhora dos pacien- se que o sistema contemple os com- ainda é baixo (Goodwin, Koenen, tes e geralmente apresentam boa ponentes de tratamento padrão e seja Hellman, relação custo-benefício positivo em termos da usabilidade 2002). Algumas das barreiras mais (Andersson et al., 2011; 2012; para os usuários. Trata-se de um es- importantes são a falta de diagnósti- Lack & Storch, 2008; Lovell & tudo que combina métodos qualitati- co apropriado, a escassez de profis- Bee, 2011; Wootton et al., 2011b). vos e quantitativos para o desenvolvi- sionais qualificados e treinados para A partir dos obstáculos mento de uma intervenção cognitivo- lidar com o transtorno, e a possível referentes ao tratamento presenci- comportamental computadorizada. O carência de terapeutas cognitivo- al do TOC e os benefícios poten- programa será reformulado a partir comportamentais nos sistemas públi- ciais, destaca-se a importância de das avaliações realizadas ao longo do cos de saúde, além da vergonha, desenvolver intervençoes que am- seu desenvolvimento. medo e estigma social (Goodwin et pliem o alcance e o acesso ao O conteúdo da intervenção al., 2002; Herbst et al., 2012; Shapi- tratamento psicológico para indiví- será baseado em manuais de trata- ro, Kavanagh, & Lomas, 2003). duos que sofrem de TOC. Inter- mentos presenciais bem estabeleci- Todavia, quando o assunto venções computadorizadas apre- dos, tanto nacionais (Cordioli, 2008a, são tratamentos pela Internet, as sentam diversas vantagens, tais 2009b) pessoas parecem se mostrar bastan- como a opção do anonimato, a (Abramowitz, 2006; Clark, 2004; Ra- te interessadas, conforme mostra um economia de tempo, e principal- chman, 2003; Salkovskis e Wahl, estudo realizado com pessoas diag- mente a possibilidade de atendi- 2004; Wilhelm & Steketee, 2006), nosticadas com Transtornos de Ansi- mento à distância. Estes fatores bem como na literatura sobre inter- edade Andrews, podem contribuir sensivelmente venções online para TOC (Andersson 2011). Um levantamento online reali- para a superação das dificulda- et al., 2011; Andersson et al., 2012; zado na Austrália com 129 partici- des, aumentando o acesso de Wootton et al., 2011a). Estudos sobre pantes mostrou que 86% das pesso- pacientes que sofrem com o trans- intervenções online para outros trans- as declararam que aceitariam realizar torno e potencializando o trabalho tornos um de terapeutas especializados. En- (Andrews, Davies, & Titov, 2011; Guardino, (Gun, & Titov, tratamento & pela Struening, Internet Sociedade Brasileira de Neuropsicologia - www.sbnp.com.br quanto também internacionais foram utilizados 9 Bergström et al., 2010; Christensen, Griffiths, Mackinnon, & Brittliffe, 2006; Proudfoot et al., 2011; Titov et al., 2009). O sistema será interativo, autoadministrado e autoguiado. Contará com emissão de feedbacks automáticos, exemplos práticos de exercícios e propostas de tarefa de casa. O andamento dependerá do ritmo e envolvimento do usuário, podendo durar entre 12 dias e 12 semanas. O conteúdo do programa pode variar de acordo com as opções que o usuário escolher (por exemplo, os exercícios serão direcionados para os sintomas que o paciente selecionará em uma lista). O tratamento consistirá em 12 módulos sequenciais, onde o usuário só poderá avançar para o módulo seguinte quando completar o módulo anterior. A estrutura de todos os módulos segue um padrão semelhante à estrutura de uma sessão terapêutica. As etapas principais do programa são a apresentação, avali- ações, psicoeducação, exposição e prevenção de respostas, reestruturação cognitiva, e prevenção de recaída. O programa passará pela avaliação de clínicos especialistas em TCC e pesquisadores da área de intervenções em Transtornos da An- siedade. A usabilidade do software será avaliada por 15 usuários, com sintomas leves de TOC, que testarão o programa. Espera-se que ao final do estudo, o programa esteja pronto para ser testado em um ensaio clínico. REFERÊNCIAS Abramowitz, J. S. (2006). 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Teldeschi (CNA-I'Dor ) Tesoureiro-Geral: Thiago da Silva Gusmão Cardoso (UNIFESP) Mídias e Divulgação: Andressa Moreira Antunes (UFMG) Isabella Sallum (UFMG) Adriana Binsfeld Hess (UFRGS) Isabella Starling (UFMG) Revisão: Isabela Sallum (UFMG) Editoração: Andressa Moreira (UFMG) Inda Lages (UFABC) Morgana Scheffer (UFRGS) Sociedade Brasileira de Neuropsicologia - www.sbnp.com.br 11