Determinação do fator de correção da hepatimetria obtida pela semiotécnica da percussão, através de estudo comparativo com a ultra-sonografia. (Medicina) Acadêmico Marcelo Vasconcelos Siqueira, Profa. Dra. Rosemeri Maurici da Silva, Acadêmico Rodrigo Becker Pereira - PUIC. Curso de Medicina – Tubarão. Introdução O método clínico é amplamente utilizado para avaliação da hepatimetria, utilizando sempre a percussão e quando possível a palpação. A determinação da acurácia desta semiotécnica, bem como a sua variação entre os observadores e intra-observador é altamente desejável, uma vez que as alterações encontradas no exame físico determinam investigações posteriores com exames complementares. Como sabidamente o método de determinação do tamanho hepático pelo exame físico, e especialmente pela percussão, subestima os valores reais do órgão, o conhecimento exato de quanto o valor é subestimado pode trazer subsídios importantes ao clínico, pois otimizaria as investigações posteriores no que tange a classificação dos indivíduos em portadores ou não de hepatomegalia. Objetivos Determinar o fator de correção da hepatimetria obtida pela técnica da percussão comparada com a hepatimetria ultra-sonográfica. - Estimar o valor médio da hepatimetria obtido pela percussão em indivíduos do gênero masculino e feminino. - Estimar o valor médio da hepatimetria obtido pela ultra-sonografia em indivíduos do gênero masculino e feminino. - Avaliar o grau de correlação entre os valores obtidos pelos dois métodos empregados. Metodologia Foi realizado um estudo com delineamento transversal, entre os meses de agosto de 2007 e abril de 2008, em serviço de radiologia na cidade de Tubarão - SC. A população alvo foi formada por demanda de pacientes maiores de 18 anos que iriam submeter-se ao exame de ultra-sonografia abdominal. Todos os pacientes foram esclarecidos a respeito do projeto de pesquisa e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. Foram excluídos pacientes com deformidades torácicas, ascite, que realizaram pneumectomia direita, portadores da síndrome de Chilaiditi (detectada no momento do exame ultra-sonográfico), além de qualquer outra condição que afetasse a realização do exame físico ou da ultra-sonografia, e aqueles que não concordassem em participar do estudo. Todos os participantes foram submetidos a dois procedimentos no mesmo momento, sendo eles o exame físico e o exame ultra-sonográfico abdominal. Primeiro foi realizada a percussão hepática no sentido da linha hemiclavicular direita, onde os pontos de início e término da macicez serão marcados. O trajeto entre esses pontos foi medido em centímetros. Foram feitas duas medidas de percussão, a média entre elas determinou a hepatimetria clínica do paciente. Em seguida foi realizada a ultra-sonografia sobre o mesmo local demarcado pela percussão, determinando a hepatimetria ultra-sonográfica do paciente. Foi elaborado um banco de dados, e a análise estatística foi realizada com o auxílio do software SPSS 16.0®. A correlação das medidas hepáticas realizadas pelo método clínico com as medidas realizadas pelo método ultra-sonográfico foram calculadas através do coeficiente de correlação de Pearson. Foi calculado o fator de correção matemático a partir das linhas de correlação obtidas com as medidas das duas técnicas. O projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de ética e pesquisa em Seres Humanos da Unisul. Resultados Foram avaliados consecutivamente 81 pacientes, 43 (53,1%) mulheres e 38 (46,9%) homens, com média de idade de 24,72 anos (DP±5,62). A média da hepatimetria pela percussão foi de 8,76 cm (DP±1,75), e pela ultrasonografia foi de 11,63 cm (DP±2,63). Comparando as médias da hepatimetria pela percussão com as médias da hepatimetria pela USG, observou-se uma diferença estatisticamente significativa (p<0,01). Não houve diferença estatisticamente significativa entre a média da hepatimetria pela percussão e pela USG quando estratificadas por gênero (p>0,01). O coeficiente de correlação de Pearson para as duas medidas foi de 0,42 em um nível de significância estatística de 99%. O coeficiente de correlação de Pearson apenas satisfatório e a falta de linearidade entre as médias obtidas não permitiram o cálculo de um fator de correção que aumentasse a correlação além daquela obtida. Medidas (cm) Média Hepatimetria pela Percussão 8,76 Hepatimetria pela USG 11,63 Desvio Padrão 1,75 2,63 Mínimo 5,3 6,0 Máximo 15 16,5 Conclusões Houve diferença estatisticamente significativa entre as medidas da hepatimetria obtidas pela percussão e pela USG, sendo que o método clínico tende a subestimar o tamanho hepático. A aplicação do fator de correção não elevou o grau de correlação além do obtido (0,42). A correlação das medidas clínicas com as medidas ultra-sonográficas foi apenas satisfatória, não demonstrando linearidade entre as medidas. Bibliografia Castel DO, O’Brien KD, Muench H, Chalmers TC. Estimation of liver size by percussion in normal individuals. Ann Intern Med. 1969; 70: 1183-9. Hessel G. Hepatometria na infância: comparação entre o método clínico e ultrasonográfico. [Dissertação] Campinas (SP): Unicamp; 1991. Apoio Financeiro: Unisul PEGASUS – Grupo de Pesquisa em Pneumologia e Semiologia da Unisul.