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Ano 1 | Número 25 | Terça, 25 de agosto de 2015
DCI
Exportações brasileiras para países do Brics
caem puxadas pela China
Desaceleração do PIB chinês e crise na Rússia são principais causas da diminuição
nas vendas de produtos brasileiros para o bloco econômico. Expectativa para o final
de 2015 não é animadora
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As vendas de produtos brasileiros para os emergentes do Brics tiveram quedas de dois dígitos nas últimas
comparações mensal e anual. A desaceleração da economia chinesa é a principal causa da diminuição nessas
exportações.
Nos sete primeiros meses de 2015, o Brasil vendeu 19% menos para seus parceiros emergentes do que em
igual período do ano passado. O acumulado das vendas para Rússia, Índia, China e África do Sul ficou abaixo
dos US$ 27 bilhões entre janeiro e julho deste ano. No período do ano passado, o resultado superou os US$
33 bilhões. Em 2015 a queda se intensificou no sétimo mês: foram US$ 4,9 bilhões em exportações em julho
contra US$ 5,2 bilhões em igual período de 2014, baixa de 11%.
Para Renato Flores, professor da FGV, a queda nas exportações pode ser explicada pela situação não
favorável vivida pela maioria dos países integrantes do Brics: "a Rússia sofre com sanções comerciais e com
a queda no preço do petróleo, a China se adapta a uma velocidade de crescimento menor e a Índia não teve o
crescimento que se esperava". Flores ressalta que a fase dos emergentes é "coerente com a conjuntura
internacional, que também é frágil e não favorece as vendas de produtos brasileiros".
A economia chinesa, que puxou o crescimento dos países emergentes na primeira década do milênio, começa
a trazer preocupações. Ontem, o Ibovespa chegou a marcar queda de 6% depois que a bolsa chinesa
despencou 8%, puxada pelas dúvidas sobre o crescimento econômico do próprio gigante asiático. A
instabilidade do mercado financeiro da China e os resultados recentes de seu Produto Interno Bruto (PIB) são
duas importantes causas da queda nas exportações brasileiras para o grupo dos Brics.
"O enfraquecimento chinês é acompanhado por uma diminuição da demanda e, consequentemente, dos preços
das commodities, que são os principais produtos exportados pelo Brasil", afirma Paulo Dutra, coordenador do
curso de economia da FAAP. "Ainda que o dólar esteja em alta, o que favoreceria vendas, a demanda menor
acaba não ajudando as exportações brasileiras", completa. Entre janeiro e julho deste ano, as exportações
brasileiras para a China atingiram US$ 22 bilhões. Em igual período de 2014, o resultado foi de US$ 28
bilhões.
O banco do Brics foi criado há pouco mais de um ano, em julho de 2014. A instituição tem como objetivo
principal promover maior cooperação financeira entre os países do bloco. Dutra acredita que a iniciativa é
boa, mas não "refresca a situação atual, já que a nova instituição tem capital geral baixo, de US$ 100
bilhões". O especialista aponta a necessidade de uma melhora rápida na infraestrutura brasileira, para que
aconteça aumento das exportações.
Renato Flores também defende mudanças internas para aumentar as vendas brasileiras para o exterior. "O
Brasil tem total condição de vender mais, mas precisa resolver problemas de competitividade. Precisa,
especialmente, aumentar o investimento no setor manufatureiro do País."
Outra saída para intensificar um pouco as exportações brasileiras poderia estar na Rússia. Com as tensões
políticas e econômicas causadas pelos conflitos na Ucrânia, o país diminuiu suas relações comerciais com a
União Europeia e com os Estados Unidos. Flores acredita que o Brasil poderia suprir a demanda causada por
essa mudança , "especialmente ao ampliar as vendas de alimentos, como carnes, para compradores russos".
Porém, ao falar sobre o futuro das relações comerciais do Brasil com os Brics, os economistas não trazem
perspectivas animadoras para o curto prazo. "Tenho muita dificuldade em ver uma melhora, já que China e
Rússia passam por crises que devem ser mais duradouras", afirma Dutra. "O cenário não deve mudar rápido,
em seis meses. Mas, com ajustes econômicos, talvez tenhamos resultados melhores em um ano", defende
Flores.
Ainda que as vendas para emergentes estejam em queda, a balança comercial (exportações menos
importações) do Brasil com os países do Brics está positiva em 2015. O resultado é possível graças à
diminuição das compras brasileiras, causada pelo desaquecimento da economia nacional. Houve baixa de
10% nas importações brasileiras de outros Brics quando é feita a comparação entre os sete primeiros meses
deste ano e igual período de 2014.
Balança comercial
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) divulgou ontem os dados
atualizados da balança comercial brasileira com o resto do mundo. Na terceira semana de agosto, houve
superávit de US$ 699 milhões, com exportações de US$ 3,822 bilhões e importações de US$ 3,123 bilhões.
Em 2015, as exportações acumulam US$ 123,966 bilhões e as importações US$ 117,263 bilhões, o que gera
um superávit anual de US$ 6,703 bilhões.
O último relatório Focus, análise do Banco Central que busca antecipar os índices econômicos brasileiros,
aponta para superávit da balança comercial brasileira de US$ 8 bilhões em 2015. Para o ano que vem, é
esperado saldo positivo de US$ 16,80 bilhões.
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