O ENSINO DE MORAL E CÍVICA NA ESCOLA NORMAL SÃO MARCELINO CHAMPAGNAT, DURANTE O PERÍODO DA DITADURA MILITAR Vanessa Janaína V. de Oliveira1 Geraldo Barroso Filho2 RESUMO A década de 70 foi marcada, dentre outros aspectos, pelo revezamento de três generais das Forças Armadas no comando do país. O regime político instaurado superou todas as expectativas de duração e autoritarismo. Um das fases desse autoritarismo foi a introdução do conteúdo “Educação Moral e Cívica” no currículo de todos os níveis de escolaridade, na esperança de formar cidadãos que respeitassem a pátria e obedecessem às leis. Nesse contexto, esse estudo teve por objetivo, investigar o processo histórico vivido no Brasil e em Pernambuco, durante a ditadura militar, caracterizando em especial o cotidiano da Escola Normal São Marcelino Champagnat, e dentro dela, o papel da disciplina Educação Moral e Cívica ministrada na época. Para respondermos às inquietações que originaram este estudo, utilizamos uma pesquisa qualitativa, apresentando entrevistas com ex - membros da comunidade escolar, como também documentos que permitiram uma investigação mais detalhada sobre a disciplina Moral e Cívica. Os dados analisados, por sua vez, permitiram verificar a imensa satisfação dos entrevistados de fazerem parte daquela comunidade escolar, naquela época. PALAVRAS CHAVE - Ditadura Militar, Educação década de 70, Disciplina Moral e Cívica. INTRODUÇÃO – JUSTIFICATIVA O presente estudo busca informações relevantes para a compreensão da educação do país nessa etapa da vida social brasileira, durante o regime militar. Investigamos o processo histórico de uma Escola Pública Normal do Recife, São Marcelino Champagnat, buscando analisar o seu período de fundação, na época da ditadura militar, cuja práxis era marcada pelo patriotismo. As raízes deste estudo estão fincadas no exercício da minha própria função educacional como aluna, durante a convivência com a disciplina História da Educação no Brasil, que me proporcionou o entusiasmo por esse objeto de estudo. 1 2 Con c lu in te do cur so d e P ed agog ia- Cen tro d e Edu ca ç ão- UF PE . N [email protected] r Prof es sor do Cen tro d e Edu c aç ão- UF PE . geb af i@ c lick21 .co m.br OLIVEIRA, V.J.V. & BARROSO FILHO, G. O ensino de Moral e Cívica na Escola Normal São Marcelino Champagnat, durante o período da ditadura militar. IN R. BORBA & A.BOTLER (ORG) Caderno de Trabalhos de Conclusão do Curso de Pedagogia – v.1 - 2004.1 – 2004.2 - 2005.1. Recife, Centro de Educação, UFPE, 2006, 21p. 2 Entender o patriotismo vigente nas escolas na década de 70, exige uma retrospectiva, uma seleção de informações e interpretação de fatos de formulações passadas, comparando-as com os padrões valorativos de hoje. Em 1964 foi instalada no Brasil uma ditadura militar que controlou o poder no país durante 21 anos. Os militares intervieram diretamente em todos os setores da sociedade brasileira. A tomada do poder pelos militares exigiu da sociedade um arranjo de forças, no qual os vitoriosos, em sua ação, trabalhariam para implantar inúmeras modificações, no sentido de implementação de uma nova racionalidade nas dinâmicas de funcionamento dessa sociedade. O governo militar armou uma extensa estrutura de controle social e repressão aos que se opunham ao regime. A repressão surtiu efeito, pois as organizações políticas de oposição foram desmanteladas e os principais líderes foram presos ou mortos. Em 1969 o general Emílio Médici foi escolhido como o novo presidente do Brasil, substituindo o então Marechal Arthur da Costa e Silva, que por motivo de doença, deixou cedo o poder, falecendo pouco tempo depois. Durante o governo, do general Médici, que se estendeu de 1969 até 1974, a repressão, a censura e os abusos contra os cidadãos atingiram o estado mais crítico de todo o período militar. Durante todo esse período de repressão em que o país foi regido por Atos Institucionais, paralelos e superiores ao próprio diploma constitucional, coube ao governo julgar se os professores faziam bom ou mau uso da liberdade. Como a ditadura declarava-se defensora do regime democrático, os professores que nas escolas, afirmassem que a ditadura militar era ditadura estavam subvertendo a ordem. Foi grande o número de professores presos, exilados, demitidos, perseguidos, torturados, ameaçados. A idéia de que era preciso, mesmo no campo educacional, gerar lucros, como forma de mostrar eficiência, acabou gerando grandes distorções, pois era difícil imaginar, por exemplo, uma universidade pública funcionando em regime de eficiência. A universidade ou a escola pública de modo geral, não faz aparecer lucros, essa não é sua meta. Por isso, durante todo o regime militar foram feitos inúmeros investimentos em escolas privadas. Nesse contexto afirma Comparato: “O militar chegando ao poder, deixou de ser o tradicional caudilho latino americano e passou a se comportar como diretor de uma grande empresa, buscando sobretudo eficiência.” ( 1987, pg.69 ) A política educacional da ditadura militar teve, sobretudo no ensino profissionalizante, uma das suas realizações mais ambiciosas. Foram feitos acordos com a USAID (órgão norte – americano de “cooperação internacional”), submetendo a política educacional do Brasil a técnicos americanos, que podiam intervir de forma direta em todos os setores referentes à educação. Daí viria o disciplinamento por meio do uso de diversos mecanismos impostos, seja no campo cultural, político, educacional, econômico, institucionalizado OLIVEIRA, V.J.V. & BARROSO FILHO, G. O ensino de Moral e Cívica na Escola Normal São Marcelino Champagnat, durante o período da ditadura militar. IN R. BORBA & A.BOTLER (ORG) Caderno de Trabalhos de Conclusão do Curso de Pedagogia – v.1 - 2004.1 – 2004.2 - 2005.1. Recife, Centro de Educação, UFPE, 2006, 21p. 3 por um princípio de segurança nacional baseado num discurso de crescimento econômico, observado na fórmula dos países desenvolvidos. Um dos usos desse disciplinamento foi à introdução do conteúdo “Educação Moral e Cívica”, com nomes diferentes, no currículo de todos os níveis de escolaridade, desde do primário até a pós-graduação, que visava, segundo o regime, formar cidadãos que tivessem respeito pela pátria, obedecessem às leis, e fossem convictos e fiéis ao cumprimento dos seus deveres. Essa pesquisa foi realizada na busca de algumas respostas sobre esse pensamento, que evidenciou uma prática pedagógica em todo país e sobretudo exercida pela Escola Normal São Marcelino Champagnat, principalmente após 1968, durante toda década de 70. A partir daí, buscamos esclarecer algumas idéias a respeito da temática, escolhida como objeto de pesquisa, considerando-a como um dos entraves do processo educativo na época, e também como um dos responsáveis pelo tradicionalismo exacerbado ainda hoje encontrado em algumas escolas. Segundo CUNHA: “Essa disciplina, Educação Moral e Cívica”, apoiando-se nas tradições nacionais”, teria por finalidade: a- a defesa do princípio democrático, através da preservação do espírito religioso, da dignidade da pessoa humana e do amor à liberdade com responsabilidade, sob a inspiração de Deus; b- a preservação, o fortalecimento e a projeção dos valores espirituais e éticos da nacionalidade; c- o fortalecimento da unidade nacional e do sentimento de solidariedade humana; d- o culto à pátria, aos seus símbolos, tradições, instituições, e os grandes vultos de sua história; e- o aprimoramento do caráter, com apoio na moral, na dedicação à família e à comunidade; f- a compreensão dos direitos e deveres dos brasileiros e o conhecimento da organização sócio- político- econômico do país; g- o preparo do cidadão para o exercício das atividades cívicas, com fundamento na moral, no patriotismo e na ação construtiva visando ao bem comum; o culto da obediência à lei, da fidelidade ao trabalho e da integração na comunidade.” (Apud Cunha, 1985, pg.75) Diante disso, buscamos saber como era ensinada a disciplina Educação Moral e Cívica na época; a opinião de ex-alunas sobre a disciplina; qual era a rotina da escola em relação ao patriotismo e quais eram as suas condições de funcionamento. Essa representação do passado não busca criticar, nem julgar sobre o que é certo ou errado, e sim resgatar um pedaço da história da Escola Normal São Marcelino Champagnat, sem negá-la. Aprender com ela, preservá-la como fonte de aprendizado. O registro de memórias de ex-alunas, ex-diretoras e exprofessoras, algumas ainda atuantes, nos atraem pelas inúmeras versões de experiências, que estimulou este estudo, além de romper as OLIVEIRA, V.J.V. & BARROSO FILHO, G. O ensino de Moral e Cívica na Escola Normal São Marcelino Champagnat, durante o período da ditadura militar. IN R. BORBA & A.BOTLER (ORG) Caderno de Trabalhos de Conclusão do Curso de Pedagogia – v.1 - 2004.1 – 2004.2 - 2005.1. Recife, Centro de Educação, UFPE, 2006, 21p. 4 barreiras da história deste período, através de informações daqueles que vivenciaram esta época. Por fim, procuramos reviver esse passado de nossa história, retratando a vivência com a disciplina Educação Moral e Cívica, durante o período da ditadura militar, conhecendo o cotidiano da Escola Normal São Marcelino Champagnat, como ela surgiu. Sua identidade como instituição escolar e seu passado como forma de aprendizado. 2. O BRASIL E O ENSINO NORMAL NO PERÍODO DE 1964 A 1985. 2.1. A DITADURA MILITAR De 1964 a 1985 o Brasil viveu o período da Ditadura Militar. Durante duas décadas o governo do Brasil foi palco para o revezamento de cinco generais das Forças Armadas, e se pautou em termos educacionais pela repressão, privatização do ensino, exclusão de boa parcela das classes populares do ensino elementar de boa qualidade, tecnicismo pedagógico e desmobilização do magistério através de abundante e confusa legislação educacional. O golpe de estado de 1964 depõe o presidente João Goulart e põe fim à “República Populista” iniciada em 1946. Fruto de uma aliança civil e militar, o golpe configura o surgimento de um novo bloco no poder, que envolve uma articulação entre o conjunto das classes dominantes, ou seja, a burguesia industrial e financeira, nacional e internacional, latifundiários e militares, bem como uma camada de intelectuais e tecnocratas. Nesse contexto acrescenta Oliveira: “O Governo que se implantou tencionava apenas o fortalecimento da classe alta nos seguintes moldes: Implantação do polo industrial via capital internacional; expropiação das terras de pequeno agricultores; formação de grandes latifúndios; além de uma política de arrocho salarial imposta militarmente à classe trabalhadora”. (1994, pg.23) Havia uma ausência do controle social sobre o poder político, consolidando uma notável autonomia das forças armadas que exerceram o comando do estado brasileiro entre 1964 a 1985. Ao assumirem o poder em 64, os militares implantaram um regime autoritário, caracterizado por um poder sem limites, ditatorial, com elevado grau de violência. O autoritarismo traduziu-se, pela tentativa de controlar alguns setores da sociedade civil, intervindo em sindicatos, extinguindo partidos políticos, e uma exclusão total da população dos direitos de participação. Em 1968, o poder de fato estava concentrado nas mãos de uma junta militar, composta pelo general Arthur da Costa e Silva, o almirante Augusto Rademaker e o brigadeiro Correia de Mello. Prometiam sobretudo, eliminar o perigo de subversão e do comunismo. Todo opositor, na época, era considerado suspeito de subversão. No entanto, algumas ações desencadeadas tomaram o sentido contrário do que havia sido proclamado. Assim, logo no dia 09 de abril de 1964 foi assinalado o OLIVEIRA, V.J.V. & BARROSO FILHO, G. O ensino de Moral e Cívica na Escola Normal São Marcelino Champagnat, durante o período da ditadura militar. IN R. BORBA & A.BOTLER (ORG) Caderno de Trabalhos de Conclusão do Curso de Pedagogia – v.1 - 2004.1 – 2004.2 - 2005.1. Recife, Centro de Educação, UFPE, 2006, 21p. 5 ato institucional nº 1 (AI-1), pelo comando revolucionário, através do qual atraiu para si poderes constituintes, enfraquecendo, portanto, o legislativo, controlando o judiciário e fortalecendo o executivo. “O AI-1 foi apenas o começo da “montagem” institucional da ditadura. (Germano, 1994, pg.58) Aos poucos foram criados outros atos institucionais, como o AI-2, que incorporava as prerrogativas do executivo contidas no AI-1, ampliando-as, e trazia novidades como a extinção de todos os partidos políticos até então existentes. O AI-3 estabelecia normas para as eleições federais, estaduais e municipais. A inquietação da sociedade civil repercute no Congresso Nacional, e mais uma vez, emerge o conflito entre o Executivo e o Legislativo. Em menos de 24 horas, no dia 13 de dezembro de 1968, foi baixado o Ato Institucional nº 5 (AI-5), para conter a população, numa indicação que a “linha dura” havia chegado. Na história do país não existiu algo mais repressivo e antidemocrático que o AI-5, assinado pelo general Costa e Silva. Ele suspendia os direitos políticos dos cidadãos, fechava o Congresso Nacional por tempo indeterminado e, além disso, o presidente teria a possibilidade legal de confiscar os bens daqueles que pudessem ter enriquecido ilegalmente, segundo investigação governamental. Os direitos individuais e coletivos foram praticamente liquidados. Em tal contexto, todas as pessoas foram transformadas em inimigos potenciais do governo. Segundo Ghiraldelli Júnior, “O povo brasileiro tornou-se, de um dia para o outro, culpado, sem no entanto saber que crime cometera”. (1994, pg.179) Alguns historiadores admitem ainda que o AI-5 foi “O golpe dentro do golpe”. As forças repressivas passaram a atuar sem nenhum controle, instaurando o terror no país: prisões arbitrárias, torturas, assassinatos de presos políticos, faziam parte da cena brasileira na época. Sendo assim, o controle dos militares sobre o país implica uma determinada forma de dominação e, por conseguinte de atuação prática em diversos campos da vida econômica, social e política, na qual se situa a política educacional. 2.2. A EDUCAÇÃO NO REGIME MILITAR O governo ditatorial, em matéria de educação, reproduziu nas escolas a ideologia do golpe. As gerações vindouras a serem formadas não poderiam perceber a corrupção e a opressão que estava mantendo tal regime. O regime político instaurado define seus projetos de equalização social, produz um discurso de valorização da educação e transforma a política educacional numa estratégia de hegemonia, num veículo para obtenção do consenso. Com efeito, apesar da constante valorização da educação, no OLIVEIRA, V.J.V. & BARROSO FILHO, G. O ensino de Moral e Cívica na Escola Normal São Marcelino Champagnat, durante o período da ditadura militar. IN R. BORBA & A.BOTLER (ORG) Caderno de Trabalhos de Conclusão do Curso de Pedagogia – v.1 - 2004.1 – 2004.2 - 2005.1. Recife, Centro de Educação, UFPE, 2006, 21p. 6 discurso, o país se depara, num limite de ordem material: a escassez de verbas para educação pública. Em síntese, a política educacional se desenvolveu em torno dos seguintes eixos: controle político e ideológico da educação escolar, em todos os níveis, incentivo à pesquisa vinculada acumulação de capital, descomprometimento com o financiamento da educação pública e gratuita, negando, na prática, o discurso de valorização da educação. No campo da educação foram assinados entre junho de 1964 e janeiro de 1968, doze acordos MEC-USAID, que submetia a política educacional do país à determinação dos americanos. Além disto, podemos verificar que todo o sistema foi atrelado ao modelo imposto pela USAID no período de vigência desses acordos. Os Estados Unidos podiam reivindicar o direito de acesso ilimitado, a todos os dados socioculturais do Brasil, incluindo os dados referentes à educação, que serviriam de suporte para investigações desenvolvidas nos Estados Unidos, devolvidos após processados. Além disso, previam a idéia de alguns jovens educadores brasileiros enviados como bolsistas e estagiários, aos Estados Unidos, servindo como burocratas de pesquisa, que foram aprender educação num país mais rico, para reproduzir no mais pobre. Nesse contexto, afirma Fazenda: “Esses acordos, embora de forma implícita, constituíram-se em modelos para remodelação do ensino. Entretanto, esses modelos, por utilizarem a tecnologia pela tecnologia, acabaram por isolar a educação do contexto global da sociedade, embotando todo sistema educacional já que este estava amarrado e financeiramente dilapidado pelos gastos advindo do cumprimento dos acordos”.(1985, pg. 63) A USAID atingiu de forma completa não somente o sistema de ensino vigente na época, como também o controle da publicação de livros didáticos. Foi a época que o MEC entregou a reorganização do sistema educacional brasileiro aos técnicos da USAID. Uma das propostas firmadas no acordo MEC-USAID, visava uma profunda alteração no sistema educacional brasileiro, preparando o aluno para o mercado de trabalho caso não conseguisse ingresso no ensino superior. “Observa-se que após 64, os problemas sócio-econômicos deflagrados exigiram uma política econômica e um sistema educacional que se moldasse a essa política emergente. Justifica-se, desse modo, determinada forma de atividade pré-profissionalizante dos educandos”.(Riani, 1996 pg. 57) Essa proposta da USAID, não deixou brechas para manifestações contrárias, apenas alguns alunos e professores com muita persistência, evitaram uma demissão em massa no processo decisório da educação nacional. Durante um certo período o Brasil viveu diversas reivindicações, movimentos de cultura e educação popular, que visavam uma produção cultural, OLIVEIRA, V.J.V. & BARROSO FILHO, G. O ensino de Moral e Cívica na Escola Normal São Marcelino Champagnat, durante o período da ditadura militar. IN R. BORBA & A.BOTLER (ORG) Caderno de Trabalhos de Conclusão do Curso de Pedagogia – v.1 - 2004.1 – 2004.2 - 2005.1. Recife, Centro de Educação, UFPE, 2006, 21p. 7 e a alfabetização das camadas populares, elevando o nível de consciência social, transformando e impulsionando a educação como instrumento de libertação. Contudo, os regimes ditatoriais juntamente com os acordos realizados com a USAID, acabaram com todos os movimentos de educação e cultura popular que acontecia no Brasil antes de 1964. Na educação, a partir desse contexto, inúmeras reformas foram elaboradas. Essas reformas foram baseadas na lei nº 5.692, promulgada em 11 de agosto de 1971, fixando as diretrizes e bases para o ensino de 1º e 2º graus, que teve por objetivo geral proporcionar ao educando a formação necessária de suas potencialidades como elemento de auto realização, preparação para o trabalho e para o exercício consciente da cidadania, como determinava a lei 5.962/71 Art. 1. A lei de diretrizes e bases do ensino de 1º e 2º graus (lei 5692/ 71) acabou com o exame de admissão ao ginásio, fundiu diversos ramos do ginásio num só e o ligou, sem solução de continuidade, ao primário. Assim, a escolaridade obrigatória dos jovens de 07 a 14 anos deixava de ficar restrita ao ensino primário. Dobrava o tempo da escolaridade obrigatória de 04 para 08 anos. O Brasil deixava de ter uma das mais baixas exigências de escolaridade obrigatória, para ter uma das mais altas do mundo. Era o tempo do “Brasil Grande”, do “ame-o ou deixe-o”. O equívoco maior desta lei foi ter transformado todo o segundo grau em profissionalizante, desativando também, a escola normal, transformando-a em “Habilitação Magistério”, que na prática passou a ser reservada aos alunos que não conseguiam vagas nas outras habilitações que poderiam encaminhar para o 3º grau. A análise da proposta da lei nº5.962/71, para o magistério do 2º grau, evidencia a influência tecnicista predominante na época. Desse modo, a formação de professores para o ensino básico sobre uma profunda transformação, passando a ser uma mera habilitação profissional, dentre as sugeridas pela lei 5692/71, que impõe ao ensino de 2º grau um sentido profissionalizante. 2.3. O ENSINO NORMAL As escolas normais foram criadas no Brasil em vários estados, a partir de 1830. A primeira delas foi criada em Niterói, 1830, logo depois começaram a surgir em outros estados, como afirma Romanelli: “A escola normal da Bahia criada em 1836; a do Pará, em 1839; a do Ceará, em 1845; a da Paraíba, em 1854; a do Rio Grande do Sul, em 1870; a de São Paulo, como a Segunda e terceira tentativa, em 1875/1878; a escola normal livre, na Corte, em 1874 e, depois, a oficial em 1880; a de Mato Grosso, em 1876; a de Goiás em 1881”. (1978, pg.163) Em Pernambuco o ensino normal foi instituído em 1864. Os governos que se sucederam não esqueceram o problema do ensino normal, que não obstante, por longos anos ficaria sem solução, pois não havia em OLIVEIRA, V.J.V. & BARROSO FILHO, G. O ensino de Moral e Cívica na Escola Normal São Marcelino Champagnat, durante o período da ditadura militar. IN R. BORBA & A.BOTLER (ORG) Caderno de Trabalhos de Conclusão do Curso de Pedagogia – v.1 - 2004.1 – 2004.2 - 2005.1. Recife, Centro de Educação, UFPE, 2006, 21p. 8 Pernambuco como no resto do Brasil, condições, nem clima para o empreendimento, o que só viria a ocorrer nesse ano de 1864, quando foi votada pela Assembléia Legislativa a lei de 13 de maio, sob o nº 598, criando a primeira escola normal de Pernambuco. Assim, com o passar dos tempos, abrindo novos cursos, além do normal, crescendo cada vez mais as suas matrículas, com um corpo docente que reunia professores recrutados nos escalões mais altos da vida intelectual e social do Recife, as Escolas Normais se tornaram uma das mais beneméritas instituições de ensino de Pernambuco. Durante vários anos o Ensino Normal passou por inúmeras reformas, adotando uma atitude pioneira em relação aos direitos do sexo feminino, mudanças no currículo, etc. Na sua existência, a Escola Normal mudou de nome várias vezes: Escola Normal Oficial, desde 1944, e mais tarde em 1953, Instituto de Educação de Pernambuco. No início, as escolas só eram freqüentadas por alunos do sexo masculino, pois nesta época, apesar das idéias liberais que norteavam o país, não se permitiam que as mulheres freqüentassem as escolas com os homens. Houve quase um clamor público quando em 1875, a escola normal começou a receber alunas do sexo feminino, de mistura com o sexo masculino para qual a instituição fora criada. As escolas normais não contavam com uma legislação própria. Sua organização era fundada, após a proclamação da república, em diretrizes estabelecidas pelo Governo Federal, em 1889. Assim, o ensino primário e o profissional, (inclusive as escolas normais), eram assunto dos Estados, ficando restrita às reformas que os estados promovessem. Já no século XX, em 2 de janeiro de 1946, pela primeira vez, foi promulgada uma lei Orgânica do ensino normal (Decreto –lei nº8.530), que tinha como finalidade: 1Promover a formação docente necessária às escolas primárias; 2Habilitar administradores escolares destinados às mesmas escolas; 3Desenvolver e propagar conhecimento e técnicas relativas à educação da infância. O decreto estabelecia os objetivos do ensino primário: a) iniciação cultural em vista do conhecimento da vida nacional; b) prática de virtudes morais e cívicas; c) elevação do padrão de conhecimentos úteis à vida familiar; d) proteção da saúde; e) iniciação à vida de trabalho; f) desenvolver a personalidade do educando. O ensino normal ficou subdividido em cursos de dois níveis. O primeiro com a duração de quatro anos, destinando-se a formar o regente de ensino primário, funcionando nas Escolas Normais Regionais. O segundo, com três anos, continuava preparando professores primários, nos estabelecimentos chamados de Escolas Normais. OLIVEIRA, V.J.V. & BARROSO FILHO, G. O ensino de Moral e Cívica na Escola Normal São Marcelino Champagnat, durante o período da ditadura militar. IN R. BORBA & A.BOTLER (ORG) Caderno de Trabalhos de Conclusão do Curso de Pedagogia – v.1 - 2004.1 – 2004.2 - 2005.1. Recife, Centro de Educação, UFPE, 2006, 21p. 9 O currículo do curso normal foi determinado pelo artigo 7º, e as disciplinas estavam assim distribuídas (anexo - tabela 01) “Esses cursos de especialização e habilitação que determinava a lei, só poderiam funcionar nos Institutos de Educação, seriam ministrados a fim de especializar professores para a educação pré-primária, ensino complementar primário, ensino supletivo, desenhos e artes aplicadas e música, assim como para habilitar pessoal em administração escolar ( direção de escolas, orientação de ensino, inspeção escolar, estatística escolar e avaliação escolar).” ( Xavier, 1994 pg. 197 ) A Lei Orgânica do Ensino Normal ratificou o direito adquirido pela normalista de ingressar nos cursos superiores. Os alunos que desejassem outro tipo de formação superior deveriam freqüentar após o curso normal, outro curso de 2º grau, o clássico, o científico ou técnico. O ano de 1964, apesar de não ter representado um instante de absoluta “quebra” na história brasileira, constitui-se num momento de ruptura política que produziu uma completa reorganização dos aparelhos políticos do estado, em função dos objetivos propostos pelo regime, que deveriam atender aos interesses que determinavam. Na educação não foi diferente, com a promulgação da lei 5692, de 11 de agosto de 1971, que fixava as diretrizes e bases para o ensino de 1º e 2º graus, a influência norte- americana consolida- se no setor educacional. Percebe-se uma crescente ênfase na tecnologia educacional e na priorização dos objetivos comportamentais em educação. Os objetivos da educação passam a ter vinculação direta com a produtividade. A qualificação ao nível médio de caráter tecnicista, é implantada, estabelecendo uma relação direta, imediata e de subordinação da educação à produção. Os currículos do ensino de 1º e 2º graus passam a ter um núcleo comum, obrigatório em âmbito nacional e fixados pelo Conselho Federal de Educação. Em seus currículos plenos foram acrescentadas as disciplinas: programa de saúde, educação artística, educação moral e cívica e ensino religioso. Assim, no currículo do ensino normal, após lei 5692/71, as disciplinas ficaram assim distribuídas. (anexo- tabela -02) 3. A DISCIPLINA EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA Os regimes ditatoriais sempre procuravam substituir as instituições livres da sociedade para, na escola, impor a educação moral e cívica, servindo para consolidar o seu poder. Os militares achavam que as instituições sociais não eram capazes de educar o povo segundo os padrões morais e cívicos, dando brecha para a entrada de idéias consideradas “subversivas”, como por exemplo, o Comunismo. OLIVEIRA, V.J.V. & BARROSO FILHO, G. O ensino de Moral e Cívica na Escola Normal São Marcelino Champagnat, durante o período da ditadura militar. IN R. BORBA & A.BOTLER (ORG) Caderno de Trabalhos de Conclusão do Curso de Pedagogia – v.1 - 2004.1 – 2004.2 - 2005.1. Recife, Centro de Educação, UFPE, 2006, 21p. 10 “Para evitar isso, só mesmo a educação Moral e cívica nas escolas, com professor, programa, prova e nota!” (Cunha, 1985, pg. 73) O papel da nova disciplina seria de preencher o vazio ideológico deixado na mente do povo, para que não fosse preenchido pela idéias materialistas e esquerdistas. A disciplina visava dar ao aluno conhecimentos básicos para o exercício da cidadania e a consciência de seus deveres cívicos. Ela servia para suprir a deficiência da educação familiar. No entanto, foi criada para não pertencer aos currículos escolares e sim apenas uma prática educativa, visando formar nos educandos e no povo em geral o sentimento de apreço à pátria, de respeito às instituições, de fortalecimento da família, de obediência à lei, de fidelidade ao trabalho, de tal forma que todos se tornassem responsáveis, cooperativos e solidários, cidadãos honestos e sinceros ao cumprimento de seus deveres. Mas após baixado o AI-5, a junta militar que ocupou a presidência da república, determinou que a disciplina Educação Moral e Cívica deveria obrigatoriamente integra-se ao currículo escolar em todos os níveis de ensino, do primário até a pós graduação. “A influência educadora da escola precisa prolongar-se ao lar do aluno. Para isso, o professor se esforçará, a fim de dar hábitos de boa disciplina às crianças e insistirá sempre em conselhos úteis. Nas vésperas das grandes datas nacionais, deve explicar os fatos históricos que elas comemoram e, sempre que for possível, realizar festas cívicas, com hinos e recitativos referentes à data. Terá assim excelentes oportunidades para ir desenvolvendo os sentimentos nobres das crianças. Na educação moral, pouco ou nada valem as preces decoradas. O que importa é dar bons hábitos e oferecer ocasiões de praticar o bem. Durante os receios e jogos, o professor cuidadoso tem sempre o momento propício para uma lição viva de boa conduta”.(Sousa, 1957 pg. 62). Os programas dessa disciplina eram elaborados pelo Conselho Federal de Educação, com a colaboração da Comissão Nacional de Moral e Civismo, composta por seis pessoas nomeadas pelo Presidente da República. A Comissão Nacional de Moral e Civismo reunia entre seus membros, alguns generais, que se articulavam com a censura federal, e civis militantes de direita. Os conteúdos atribuídos a essa disciplina se caracterizavam como: A dignidade, o caráter, os hábitos, os direitos e deveres dos cidadãos, a pátria e a segurança nacional, todos impostos pelo OLIVEIRA, V.J.V. & BARROSO FILHO, G. O ensino de Moral e Cívica na Escola Normal São Marcelino Champagnat, durante o período da ditadura militar. IN R. BORBA & A.BOTLER (ORG) Caderno de Trabalhos de Conclusão do Curso de Pedagogia – v.1 - 2004.1 – 2004.2 - 2005.1. Recife, Centro de Educação, UFPE, 2006, 21p. 11 governo, mediante a um caráter dissimulador que atravessava todo o país. Buscava-se formar nos educandos um sentimento de apreço à pátria, e a todos os conceitos delimitados pela disciplina, eliminando todo e qualquer pensamento crítico, desestimulando à criatividade. Toda e completa forma de poder e controle perante a sociedade. “O sentimento de pátria é, pois, um sentimento de devotamento e de amor. Devotamento porque a pátria é o nosso solo, o lar comum dos brasileiros, que procuramos defender contra qualquer perigo que o ameace. Amor porque a pátria resulta do trabalho de nossos antepassados, que a construíram e nos legaram, o resultado do esforço de nossas vidas e a garantia de sobrevivência de nossos sucessos”.(Matos, 1982 pg. 113). No curso médio (Ginásio e Colégio), o conteúdo da disciplina era ideológico: o trabalho como um direito do homem, o sistema de governo brasileiro, a responsabilidade do cidadão com a segurança nacional aceitando o monopólio do patriotismo e os objetivos nacionais dos militares. “Em suma, o ensino da Moral e do Civismo teria por lema Deus, Pátria e família como a doutrina do integralíssimo...” (Cunha, 1985, pg. 79) Tudo acontecia em nome da moral e do civismo. No ano de 1971 foi decretada a lei nº 68.065 que regulamentava a existência de um Centro Cívico nas escolas de todos os graus e modalidades, com o intuito de ser uma força de coesão e uma orientação dentro da escola, ou seja, buscando mais uma vez a cultura do integralismo e do controle social. “Sua existência segundo as normas do decreto nº 68.065 de 14/01/71*, que no artigo 32, dispõe: “Nos estabelecimentos de qualquer nível de ensino, público e particulares, será estimulada a criação de Centro Cívico, o qual funcionará sob a assistência de um orientador, elemento docente designado pelo diretor do estabelecimento, e com a diretoria eleita pelos alunos, destinado à centralização, no âmbito escolar, e à erradicação, na comunidade local, das atividades de Educação Moral e Cívica, e à cooperação na formação ou aperfeiçoamento do caráter do educando. Foram aprovados, por resolução de 21/10/71, do Secretário de Educação do Estado de São Paulo, as instruções para elaboração de estatutos de centro cívico nos estabelecimentos de ensino. Deverão ser observadas, entre outras, algumas normas gerais com relação aos seguintes aspectos: - denominação – nome do estabelecimento de ensino onde se localiza; - organização- nos termos da legislação em vigor; - finalidade- aprimorar a educação moral e cívica; OLIVEIRA, V.J.V. & BARROSO FILHO, G. O ensino de Moral e Cívica na Escola Normal São Marcelino Champagnat, durante o período da ditadura militar. IN R. BORBA & A.BOTLER (ORG) Caderno de Trabalhos de Conclusão do Curso de Pedagogia – v.1 - 2004.1 – 2004.2 - 2005.1. Recife, Centro de Educação, UFPE, 2006, 21p. 12 - atividades culturais, esportivas e recreativas, além de outras julgadas interessantes à difusão dos princípios de Educação Moral e Cívica que proporcionem maior integração com a comunidade local; - estrutura- direitos e deveres dos membros; - os cargos e suas atribuições.” *decreto nº 68.065 de 14 de janeiro de 1971. Regulamenta o decreto-lei nº 869, de 12 de setembro de 1969, que dispõe a inclusão da disciplina Educação Moral e Cívica como obrigatória. Diário oficial da união de 15/01/1971. (Brejon, 1974 pg. 61) A finalidade da Educação Moral e Cívica representava uma forte fusão do pensamento contra a liberdade do povo, juntamente com a cúpula católica conservadora da época e a doutrina da segurança nacional pregada com ênfase pelos militares. À custa de algumas artimanhas de professores que não aceitavam essa política educacional, conseguiam desenvolver com os alunos atividades produtivas de resistência à ideologia, contornando os programas oficiais, desenvolvendo uma atitude crítica. Infelizmente, o número deles foi pequeno, não só por causa das perseguições, como também pelo grande número de candidatos dispostos a propagar todo aquele conteúdo. No entanto a Educação Moral e Cívica resistiu por muito tempo. O processo foi longo e sinuoso. Em 1989, algumas universidades públicas declaram extinto esse conteúdo. Mas, no 1º e 2º graus, o conteúdo de Educação Moral e Cívica permaneceu no currículo de todo país até o fim de 1990. O máximo que o governo de José Sarney fez foi extinguir a Comissão Nacional de Moral e Civismo, com a desculpa de reforma administrativa para economizar recursos, essa medida foi decretada em 21 de novembro de 1986, sob o nº 93.613. 4. A ESCOLA NORMAL SÃO MARCELINO CHAMPAGNAT A Escola Normal São Marcelino Champagnat é uma instituição que faz parte da história de Pernambuco, e tem levado adiante a tradição de formar professores a nível de segundo grau (atualmente nível médio), através da habilitação do magistério, hoje chamada de curso normal médio, há mais de três décadas. A escola foi instituída pelo decreto-lei nº 1.343 de 1 de dezembro de 1966, no governo de Paulo Pessoa Guerra. A escola foi batizada com este nome, para homenagear o Padre Marcelino Champagnat, da ordem dos Maristas, onde o governador Paulo Pessoa Guerra estudou toda a sua vida. Neste ano também foram fundadas as escolas normais: IEP, Santo Inácio de Loyola e Dom Bosco. A escolha do diretor era feita por indicação do governo do estado. A primeira diretora da escola foi escolhida e convidada pelo próprio governador, a dirigir a escola, tendo o privilégio de escolher toda a sua equipe de trabalho: professores funcionários da secretaria, serventes, etc. Esta gestão permaneceu na escola durante duas décadas, sendo substituída logo após o término da ditadura militar. OLIVEIRA, V.J.V. & BARROSO FILHO, G. O ensino de Moral e Cívica na Escola Normal São Marcelino Champagnat, durante o período da ditadura militar. IN R. BORBA & A.BOTLER (ORG) Caderno de Trabalhos de Conclusão do Curso de Pedagogia – v.1 - 2004.1 – 2004.2 - 2005.1. Recife, Centro de Educação, UFPE, 2006, 21p. 13 Segundo o depoimento de ex-alunas, ex-professoras e ex-gestoras da escola, ela desfrutava de elevado prestígio, sendo considerada uma escola modelo, um referencial, dentre as escolas públicas, pertencente ao estado de Pernambuco. Contudo, a procura pela escola era maior que a oferta, tendo a mesma que realizar exames de admissão, um processo seletivo. Assim, conheciam a clientela, que em sua maioria eram pessoas da comunidade, e garantiam a oportunidade de desenvolver um comportamento social “democrático”. A escola inicialmente foi criada para a formação do magistério. Mas, em 1982 houve a implantação das turmas do pré-escolar, atendendo alunos na faixa etária de cinco anos, e servindo de campo de estágio para as professoras que ali estavam sendo formadas. Desde a sua fundação, a escola criou um ciclo de pais e mestres, contando sempre com a presença dos pais numa participação efetiva na educação dos seus filhos, como também, foi instituída a semana pedagógica, evento anual, que contava com a presença de educadores, psicólogos, sociólogos, ministrando palestras, conferências e seminários. Pelo visto, compreende-se que a preocupação com a educação e com a ação pedagógica era presente naquela escola. Em 1972, foi criado na escola o Centro Cívico, inaugurado pelo Secretário da Educação Coronel Costa Cavalcanti, que tinha como objetivo desenvolver nos alunos um comportamento social ético, patriótico e cívico, febre que dominava o país naquela época, e objeto central de nosso estudo. A escola contava com biblioteca, com LAD (Laboratório de Apoio Didático) e com outros projetos desenvolvidos na época, como: o aluno colaborador, projeto iniciado em 1977, que visava uma integração maior do aluno com a equipe pedagógica. Foi instituído também o escritório de técnicas comerciais, montado com equipamentos como: Máquina de datilografar, bureau, (simulando um escritório). O banco BANDEPE contribuiu, montando um mini-banco, (Bandepinho), com professores específicos ensinando técnicas e conhecimentos bancários para os estudantes, procurando atrelar a escola ao mercado de trabalho. Um outro elemento instaurado como projeto na escola, foi o centro de habilidades manuais, criado para desenvolver trabalhos manuais, visando a produção e qualificação de mão-de-obra. O grupo de danças, a banda de música marcial e o coral de alunos, também se destacaram como atividades desenvolvidas na escola, com intuito de transmitir o gosto pelo folclore do país. Durante a realização das entrevistas, pude verificar, que a Escola Normal São Marcelino Champagnat, durante essas primeiras duas décadas de sua fundação, se mostrava uma escola tradicional, atrelada aos valores cívicos e políticos da época. O hasteamento da bandeira, o canto do Hino Nacional eram tarefas diárias da comunidade escolar. A Escola Normal São Marcelino Champagnat nos foi escolhida, por se tratar de uma instituição cujo curso de Magistério funciona há mais de 30 anos, sendo responsável pela formação de muitos profissionais da educação da Rede Pública de OLIVEIRA, V.J.V. & BARROSO FILHO, G. O ensino de Moral e Cívica na Escola Normal São Marcelino Champagnat, durante o período da ditadura militar. IN R. BORBA & A.BOTLER (ORG) Caderno de Trabalhos de Conclusão do Curso de Pedagogia – v.1 - 2004.1 – 2004.2 - 2005.1. Recife, Centro de Educação, UFPE, 2006, 21p. 14 Recife. Ela faz parte da história de Pernambuco, pois foi considerada modelo, um referencial de excelência no ensino de magistério. 5. OPÇÃO METODOLÓGICA A opção metodológica foi a pesquisa qualitativa, através de um estudo de caso, apresentando entrevistas com ex-alunos, ex-diretores e ex-professoras, como também documentos que permitiam conhecer o conteúdo Educação Moral e Cívica no curso de magistério, na época. Demos prioridade aos relatos de experiência, pois os mesmos, proporcionaram conhecer a realidade do cotidiano escolar em diferentes linguagens, que estão ausentes dos documentos escolares. Nessa perspectiva, esta pesquisa teve como objeto a compreensão mais detalhada do período de fundação da escola, época da ditadura militar e, nesse período o ensino da disciplina Educação Moral e Cívica. Foi solicitado às entrevistadas que contassem a sua história no Marcelino Champagnat, utilizando um questionário (anexo) como norte da entrevista. O questionário contou com dez (10) perguntas abertas, na tentativa de submeter os entrevistados à espontaneidade. Esse repertório de questões pretendeu analisar o passado da escola, através dessas memórias, como também na orientação do direcionamento da pesquisa. Este contemplou os seguintes aspectos: • Formas de ingresso na escola: como os diretores, professores e alunos ingressaram na escola (concurso ou indicação), o ano de seu ingresso e a sua satisfação de fazer parte daquela escola. • O currículo vigente e o ensino de Moral e Cívica: os saberes e habilidades, os conteúdos específicos do período considerado, como também o ingresso da disciplina Educação Moral e Cívica no currículo. • A prática dos professores: o que ensinavam e como ensinavam. • Condições de funcionamento da escola: biblioteca, laboratórios, equipamentos de suporte para estudo. • Rotina dos alunos na escola: os alunos tinham acesso aos equipamentos de estudo? Participavam em outras atividades extra-curriculares. O destaque para esses aspectos vai se evidenciar no relato das entrevistas realizadas, mapeando toda realidade vivida no cotidiano dessa escola. Participaram da entrevista, 02 ex-gestoras (a primeira diretora da escola e sua substituta), 01 ex-professora de Moral e Cívica e 05 ex-alunas, sendo três do turno da noite e 2 da manhã. 6. ANÁLISE DOS RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir desse momento passamos a elaborar de acordo com as informações obtidas, um perfil da Escola Normal São Marcelino Champagnat na década de 70, como também dos entrevistados, buscando responder as questões abordadas. A análise dos dados coletados nas entrevistas propiciou uma reflexão acerca da compreensão de uma outra realidade educativa. A cultura que ali se praticava é herdeira de uma tradição que pinta o passado de cor-de-rosa. OLIVEIRA, V.J.V. & BARROSO FILHO, G. O ensino de Moral e Cívica na Escola Normal São Marcelino Champagnat, durante o período da ditadura militar. IN R. BORBA & A.BOTLER (ORG) Caderno de Trabalhos de Conclusão do Curso de Pedagogia – v.1 - 2004.1 – 2004.2 - 2005.1. Recife, Centro de Educação, UFPE, 2006, 21p. 15 A princípio não foi difícil encontrar os entrevistados, pois se tratava de uma escola de bairro onde as pessoas que estudavam eram da própria comunidade ou de bairros vizinhos. Primeiramente, visitamos a escola, onde lá tivemos contato com a segunda diretora da escola, hoje coordenadora pedagógica, que nos proporcionou um pouco do seu tempo para nossa entrevista. Numa segunda visita, conseguimos o telefone da primeira diretora da escola, tivemos um contato prévio e esclarecemos os objetivos da nossa pesquisa e da necessidade da colaboração do seu depoimento. Agendamos rapidamente uma entrevista, onde a mesma se destacou como uma grande colaboradora na realização desta pesquisa. Nos mostrou fotos, identificando algumas ex-alunas e ex-professoras, nos ajudando bastante. Observamos, em todas as falas, a satisfação de voltar no tempo e relembrar o passado, e mais ainda, a honra de ter estudado e/ ou trabalhado na Escola Normal São Marcelino Champagnat. Lembraram-se das disciplinas estudadas (português, matemática, artes plásticas, moral e cívica etc.), dos professores, afirmando sempre que os mesmos eram comprometidos com o ensino, não faltavam, não faziam greves, faziam provas e trabalhos, que eram ótimos. "Era uma escola de renome, melhor que as particulares..." (aluno 01)3 "O fardamento era exigido diariamente. Vínhamos do trabalho com a farda na bolsa para trocá-la. Os horários eram cumpridos rigidamente e ninguém ficava nos corredores".(aluno 04) Palavras de afeto e carinho aparecem com as suas lembranças aliadas a um sentimento de orgulho e prazer por tudo que foi vivido, naquela escola. Cada entrevistado destacava aquilo que lhe era importante reviver. Foi interessante ver a emoção de cada um, e perceber isso nas falas quando tratam da Escola Normal São Marcelino Champagnat com tanta intimidade chamando-a apenas de "Marcelino", como se estivesse falando de sua própria casa. Ao inter-relacionar os dados coletados, a partir da pesquisa bibliográfica, com as entrevistas, percebemos a importância dessas micro- histórias, e atribuímos a elas critérios valorativos, pois a vida de todo dia é uma realidade e cada detalhe faz parte desse cotidiano real. Descrevendo a Escola, recordaram de sua organização, da disciplina, e até mesmo da nota recebida no teste de seleção, tudo isso sob o comando de uma pessoa, que nos depoimentos, me pareceu admirada por todos, e que tinha a Escola São Marcelino Champagnat, como sua segunda casa. "Ela tinha um jeitinho muito especial de falar...." "Para descobrir algo das alunas ela era capaz de se esconder dentro do banheiro...".(aluna 03 ) 3 Par a p re se rv ar a id en tid ade dos entr ev is tados, iremo s id entificá-lo s como : aluno , prof essor ou d ir e tor nª. OLIVEIRA, V.J.V. & BARROSO FILHO, G. O ensino de Moral e Cívica na Escola Normal São Marcelino Champagnat, durante o período da ditadura militar. IN R. BORBA & A.BOTLER (ORG) Caderno de Trabalhos de Conclusão do Curso de Pedagogia – v.1 - 2004.1 – 2004.2 - 2005.1. Recife, Centro de Educação, UFPE, 2006, 21p. 16 Em seu depoimento, notamos o seu prestígio e o prazer de comandar aquela instituição com ordem e disciplina. "Contei com professores entusiasmados, dinâmicos, portadores de senso de responsabilidade e que se preocupavam em moldar crianças e adolescentes, em adultos portadores de noções de cidadania e assim, os profissionais do magistério que nos comprometemos a criar, se tornarem altamente qualificados."(diretor01) Como já foi destacado, todas as alunas entrevistadas passaram por um teste de seleção para o ingresso na escola, e apenas uma afirmou que, além do teste, também tinha uma “carta de apresentação”. "Tirei nota 07, mas também tinha uma "carta de apresentação" recomendada por uma amiga da diretora."(aluno 02) O Centro Cívico tinha um papel de sede organizadora dos eventos acontecidos na Escola, como também, um espaço reservado para as atividades que norteavam a disciplina Educação Moral e Cívica. "Lá houve uma lindíssima apresentação de uma peça teatral organizada por nós do Marcelino e eu participei... Ensaiamos bastante, tinha luz, figurino, cenário, nunca mais esqueci, foi lindo!". (aluno 02) O Centro cívico era composto por diretores, coordenadores, tesoureiro, oradora e alunos colaboradores. Algumas entrevistadas compararam o Centro Cívico com o grêmio estudantil de hoje. Uma de nossas entrevistadas era aluna oradora do Centro Cívico e ressaltou: "Em nossas apresentações, nas solenidades, eu sempre estava falando, agradecendo....". (aluna 03) As alunas, nos seus depoimentos, foram enfáticas em ressaltar a importância da disciplina Educação Moral e Cívica.Não houve registro de autoritarismo e disciplinamento, pelo contrário, as memórias contemplam positivamente todas as medidas adotadas pela escola. E lembram dos momentos com muitas saudades. Quando perguntei o que estudavam na disciplina educação Moral e Cívica, as respostas foram basicamente unânimes. "Tudo sobre o Brasil, as guerras, as festividades, os heróis, as datas comemorativas. Havia muita pesquisa e sempre apresentávamos no palco os trabalhos das datas cívicas".(aluno 03) Ao falar da disciplina Educação Moral e cívica, a professora entrevistada ressaltou: OLIVEIRA, V.J.V. & BARROSO FILHO, G. O ensino de Moral e Cívica na Escola Normal São Marcelino Champagnat, durante o período da ditadura militar. IN R. BORBA & A.BOTLER (ORG) Caderno de Trabalhos de Conclusão do Curso de Pedagogia – v.1 - 2004.1 – 2004.2 - 2005.1. Recife, Centro de Educação, UFPE, 2006, 21p. 17 "As atividades eram baseadas em pesquisas, tanto nas excursões como nas datas comemorativas..." "Em minhas aulas havia sempre provas, pesquisas, trabalhos, apesar da matéria reprovar, tinha um baixo nível de reprovação".(professor 01) Se o momento histórico era de conflitos, prisões, censuras, na Escola Normal São Marcelino Champagnat, tudo parecia sempre em harmonia. O clima instalado no país, de acordo com as entrevistas, me pareceu não ter chegado até lá, e se chegou, talvez por interesses corporativos, tenham sido camuflados. Nos depoimentos, deixaram claro que na escola não havia “baderna”, com ar de muita honra e mérito. Exaltando que os anos vividos nesta escola, foram os “anos dourados da educação”. "Apesar de viver numa época histórica turbulenta, dentro do Marcelino não existia "revoluções", pois tudo era feito no Centro Cívico, eram realizados e planejados pelos próprios alunos, os quais se sentiam responsáveis".(professor 01) Tudo isso nos mostra que o processo histórico da educação no Brasil reflete, a cada momento/ lugar e sociedade pertencente, e compete a ela, dignificar e atribuir o sucesso ou o fracasso do seu próprio desenvolvimento. A educação se apresenta como um todo, em que as partes concorrem para um objetivo comum de desenvolvimento, e através deste, a realização de cada um. Vale ressaltar, que de todas as entrevistadas apenas duas(02) continuam exercendo a função, e hoje são diretoras de escola. Quando nos decidimos a trabalhar com esse objeto, nos deparamos com a compreensão de sua importância, e principalmente com as contribuições trazidas por ele, a nível institucional, comunitário e social. Pretendemos contar uma parte da história da Escola Normal São Marcelino Champagnat, sem negá-la, aprendendo com ela, e esse aspecto, foi alcançado com êxito. Aprendemos a resgatar e compreender o passado através de memórias, sabendo escutar, ultrapassando barreiras e respeitando a opinião de cada um. Para nós essa experiência foi bastante significativa. A História nos permite ver os conceitos, e a experiência nos permite enxergar a realidade. “A História é feita de muitas partes, mas também é única”. Somos parte de um mesmo processo que percorre o mundo e nos liga ao planeta. Perder o sentido da mudança é perder o sentido da vida e das oportunidades que ela nos dá, todos os dias, para transformá-la. (Herbert de Souza apud Gilberto Cotrim) OLIVEIRA, V.J.V. & BARROSO FILHO, G. O ensino de Moral e Cívica na Escola Normal São Marcelino Champagnat, durante o período da ditadura militar. IN R. BORBA & A.BOTLER (ORG) Caderno de Trabalhos de Conclusão do Curso de Pedagogia – v.1 - 2004.1 – 2004.2 - 2005.1. Recife, Centro de Educação, UFPE, 2006, 21p. 18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALENCAR, Ricardo. Educação Moral e Cívica: o homem e a pátria. São Paulo: Editora Nacional, 1983. BELLO, Ruy. Subsídios para a História da Educação em Pernambuco. Coleção Pernambucana. Governo do Estado de Pernambuco. Recife: Secretaria de Educação e Cultura, 1978. BREJON, Moisés. Estágios: Licenciaturas, Pedagogia, Magistério do 1º e 2º graus, Cursos Normais. São Paulo: Ed. Pioneira, 1974. COMPARATO, Fábio Konder. Educação, Estado e Poder. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1987. 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ANEXO - QUESTIONÁRIO 1- QUAL O ANO DE INGRESSO NA ESCOLA NORMAL SÃO MARCELINO CHAMPAGNAT? 2- QUAL O CURSO QUE FAZIA E O HORÁRIO? 3- QUE DISCIPLINAS ESTUDAVA? 4- O QUE E COMO OS PROFESSORES ENSINAVAM? 5- DO QUE TRATAVA A DISCIPLINA EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA? 6- NA ESCOLA HAVIA OUTROS AMBIENTES DE APRENDIZAGEM? 7- VOCÊ PARTICIPAVA DE ALGUMA ATIVIDADE EXTRA- CLASSE? 8- O QUE ERA O CENTRO CÍVICO, VOCÊ PARTICIPAVA DO MESMO? 9- NA ESCOLA HAVIA ALGUMA REGRA A SER CUMPRIDA RIGOROSAMENTE? 10- VOCÊ GOSTOU DE TER PERTENCIDO A ESCOLA NORMAL SÃO MARCELINO CHAMPAGNAT? OLIVEIRA, V.J.V. & BARROSO FILHO, G. O ensino de Moral e Cívica na Escola Normal São Marcelino Champagnat, durante o período da ditadura militar. IN R. BORBA & A.BOTLER (ORG) Caderno de Trabalhos de Conclusão do Curso de Pedagogia – v.1 - 2004.1 – 2004.2 - 2005.1. Recife, Centro de Educação, UFPE, 2006, 21p. ANEXO- TABELA – 01 Disciplina Português Matemática Geografia Geral Geografia do Brasil História Geral História do Brasil Ciências naturais Anatomia e Fisiologia Humanas Higiene Educação Física Desenho e Caligrafia Canto Orfeônico Trabalhos Manuais Psicologia e Pedagogia Didática e Pratica de Ensino Séries I II III IV I II III I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV IV Disciplina Português Matemática Física e Química Anatomia e Fisiologia Humanas Música e Canto Orfeônico Desenho e Artes Aplicadas Educação Física, Recreação e Jogos Biologia Educacional Psicologia Educacional Higiene, educação Sanitária Puericultura Metodologia do Ensino Primário Sociologia Educacional História e filosofia Educacional Pratica do Ensino Séries I I I I I II III I II III I II III II II III II III II III III III III 20 OLIVEIRA, V.J.V. & BARROSO FILHO, G. O ensino de Moral e Cívica na Escola Normal São Marcelino Champagnat, durante o período da ditadura militar. IN R. BORBA & A.BOTLER (ORG) Caderno de Trabalhos de Conclusão do Curso de Pedagogia – v.1 - 2004.1 – 2004.2 - 2005.1. Recife, Centro de Educação, UFPE, 2006, 21p. 21 ANEXO- TABELA -02 CURRÍCULO MÍNIMO DA HABILITAÇÃO ESPECÍFICA PARA O MAGISTÉRIO DE 1º A 4º SÉRIES DO 1º GRAU NÚCLEO FORMAÇÃO GERAL TOTAL FORMAÇÃO ESPECIAL TOTAL COMUM Comunicação e - Língua Portuguesa e 300 Fundamentos da 510 Expressão literatura brasileira horas Educação (abrangerão horas - Educação Artística aspectos históricos, - Educação Física psicológicos, sociológicos, e biológicos da educação) Estudos sociais - Geografia 240 - Estrutura e 150 - História horas Funcionamento do horas - Educação Moral e Cívica ensino de 1º grau - OSPB Ciências - Matemática - Ciências Físicas e Biológicas - Programas de Saúde 300 horas - Didática (abrangerá estudos relativos à metodologia e prática de ensino) - Estágio Supervisionado • Horas complementares às 2.200 horas que serão destinadas ao Estágio prático supervisionado. FONTE: Parecer nº 45/72 que normatiza aspectos da lei nº 5692/71 (Apud Mendes Sobrinho, 2002 pg. 74) 405 horas *