AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES HIGIÊNICAS E DA QUALIDADE FÍSICOQUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DE QUEIJOS COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE GARANHUNS/PE Kelly Cristina dos Santos1, Anna Carolina da Silva1, Avylla do Nascimento1, Amância Patriota D. de Freitas1, Jucleiton José R. de Freitas2, Rodrigo da Silva Lima1, Arnaldo Gonçalves de Medeiros Júnior1, Vânia A. Macário Lima1, João Rufino de Freitas Filho1 1 Universidade Federal Rural de Pernambuco/ Unidade Acadêmica de Garanhuns [email protected] 2 Universidade Federal Rural de Pernambuco/ Departamento de Química Palavras – chave: Queijo, condições higiênicas, qualidade microbiológica INTRODUÇÃO: O consumo de queijos no Brasil a partir da década de 70 aumentou significativamente. Os queijos e outros produtos lácteos são importantes na alimentação porque apresentam teor relevante de lipídios, proteínas, minerais e vitaminas, sendo, portanto um alimento completo (ABIQ, 2005). Em Garanhuns, assim como na maior parte dos municípios brasileiros, o queijo de coalho é comumente comercializado por supermercados e vendedores ambulantes que estão distribuídos em vários pontos da cidade. A maioria dos vendedores não possui instalações compatíveis, nem orientações adequadas, que permitam a obtenção do produto em condições higiênico-sanitárias apropriadas. Do ponto de vista de saúde pública, a população deve ter ao seu alcance alimentos de boa qualidade, dentro de padrões pré-estabelecidos, não só em valores nutritivos, como, também, quanto às condições higiênicas, que propiciem segurança para a saúde do consumidor. Assim, o presente trabalho visou avaliar as condições higiênicas e a a qualidade físico-química (umidade e pH) e microbiológica (coliformes fecais, Staphylacocus coagulase positivo e Salmonella) dos queijos comercializados em supermercados e feiras livres na Cidade de Garanhuns/PE. Material e Métodos: A amostragem foi realizada no período de março a dezembro de 2007, no município de Garanhuns/PE, em 04 (quatro) feiras livres e 11 (onze) supermercados distribuídos no centro e em bairros periféricos da cidade. O trabalho foi dividido em dois momentos: I - Pesquisa de campo e II - Pesquisa experimental. Para a realização da pesquisa de campo propõem-se: a) seleção aleatória dos supermercados e feiras livres a serem visitados; b) elaboração de um roteiro adaptado à realidade do estudo e baseado nas recomendações da Portaria nº. 326/97 do Ministério da saúde e na resolução RDC nº. 216/04 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); c) realização de visitas in locus a supermercados e feiras livres e, em cada visita, aplicação de questionário aos responsáveis pelos estabelecimentos e d) coleta de 18 amostras para análise físico-química. A pesquisa experimental foi conduzida no laboratório de Química da Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade acadêmica de Garanhuns e consistiu na análise físico-química, onde foram determinados o teor de umidade - feito por secagem em estufa a 120°C no período de 18h; o pH – utilizou-se o pHmetro Marconi; e presença de amido através de um teste utilizando o reagente Lugol. A análise microbiológica das amostras foi avaliada com relação aos parâmetros estabelecidos pela Resolução ANVISA visando o isolamento de coliformes fecais, Staphylacocus coagulase positivo e Salmonella [2,3,4]. Resultados Quanto ao levantamento das condições – higiênicas dos queijos comercializados em feiras livres de Garanhuns/PE, nenhum pontos de vendas possuíam equipamento de refrigeração para armazenamento dos queijos frescos, na maioria das vezes o produto estava exposto em bancadas improvisadas em caixotes de madeira. Foram observadas também condições inadequadas de limpeza e conservação e também a presença de equipamentos para pesagem descalibrados. Nas feiras livres muitos comerciantes não tenham balança de pesagem e usavam balanças de outros comerciantes - que eram utilizadas para outra finalidade, por exemplos, para pesagem de frango ou outros alimentos. Com relação aos supermercados pesquisados apenas um dos pontos de venda visitados não possuía equipamento de refrigeração para armazenamento dos queijos frescos e os outros supermercados mantinham os queijos refrigerados enquanto estavam fora do expediente. Foram observadas, na maioria dos estabelecimentos (90,9%) as boas condições higiênicas do local onde o produto era exposto para venda e em apenas um deles, o queijo era mantido junto a produtos como carne, latas de refrigerante e outros, capazes de contaminá-lo. No que se refere ao grau de refrigeração ótimo em que o queijo in natura deve ser mantido, todos os entrevistados apresentaram dúvidas; e obteve-se variados graus de refrigeração de um supermercado para o outro – inclusive, supermercados de uma mesma rede. Os teores de umidades nas amostras analisadas (tanto das feiras como dos supermercados) variaram entre de 47% a 61%. Sendo que 30% das amostras não atenderam à legislação. Foi detectada a presença de amido em algumas amostras. Os valores de pH das amostras analisadas variaram de 5,28 a 5,81. Valores mais elevados foram observados para queijo vendido em supermercados pequenos. Com relação à análise microbiológica das amostras de queijo coalho coletadas em feiras livres constatou-se que todas as amostras apresentaram números de colônias de coliformes totais bem acima dos limites toleráveis pela ANVISA. De acordo com a análise houve crescimento de Staphylococcus coagulase positivo em apenas uma amostra e com quantitativo de colônia dentro dos limites permitido pela ANVISA. No meio TSI e Agar Macconkey, houve crescimento de coliformes nas 12 (doze) amostras analisadas com quantitativo superior às permitidas pela ANVISA. CONCLUSÕES: Inúmeras irregularidades foram detectadas nos pontos de venda que comercializam queijo, más condições de higiene de equipamentos, estrutura precária das barracas, falta de higiene pessoal dos ambulantes, queijo sem procedência, temperatura de conservação inadequada, queijos expostos em caixote etc. Os teores de umidades nas amostras analisadas variam entre de 47% a 61%. Quanto à análise microbiológica constatou-se que houve crescimento de Staphylococcus coagulase positivo. Houve crescimento de coliformes nas 12 (doze) amostras com quantitativo superior às permitidas pela ANVISA. AGRADECIMENTOS: Os autores do trabalho agradecem a PRAE/UFRPE, pelo apoio financeiro. BIBLIOGRAFIA [1] ABIQ - Associação Brasileira das Indústrias de Queijo. Benefícios nutricionais dos queijos. ABIQ, 2005. [2] BEHMER, M.L.A. Tecnologia do leite: leite, manteiga, queijo, caseína, sorvetes e instalações; produção, industrialização, análise. 7ª ed. São Paulo, Nobel, 1977. [3] FURTADO, M.M. A arte e a ciência do queijo. 2ª ed. São Paulo, Globo, 1991. [4] SILVA, J. Evolução do controle de qualidade do leite na produção, industrialização e comercialização. Rev. Inst. Latic. Cândido Tostes, 36: 21-3, 1981