Bancos vão brigar pelo consignado
Blog Televendas e Cobrança, 26.04.2015 | Por Afonso Bazolli | Fonte: Valor Econômico
A baixa inadimplência aliada às novas condições de
prazo para aposentados e pensionistas devem tornar o
crédito consignado o principal objeto do desejo dos
bancos em 2015. No fim do ano passado, o Banco
Central ampliou de 60 meses para 72 meses o prazo
máximo para operações de crédito consignado para
aposentados e pensionistas do INSS, o que representa
um universo estimado em 33 milhões de pessoas,
segundo entidades do setor.
Para acirrar ainda mais a disputa por clientes, o BC regulamentou a portabilidade entre os saldos devedores
dos empréstimos de uma instituição para outra, o que deve causar como efeito uma “guerra de taxas” entre
os bancos, apesar de a legislação fixar em 2,14% ao mês o limite de juros para empréstimo, determinando
que o valor máximo da renda a ser comprometida permaneça em 30% do valor da pensão ou
aposentadoria. Hoje, as taxas variam entre 1,77% e 2,17% ao mês para aposentados.
Como o crédito consignado envolve valores relativamente pequenos, com tíquetes que raramente
ultrapassam R$ 8 mil (em razão do limite de 30% para a renda líquida), os principais bancos de varejo se
aliaram a instituições menores, que eram mais focadas neste público, ou desenvolveram braços próprios
como promotoras de crédito. Para alcançar mais clientes, expandiu-se a rede de correspondentes bancários
para poder atingir pessoas que têm dificuldades de se dirigir à agência.
“Queremos crescer 11% em 2015 e ampliar nossa participação junto aos aposentados”, afirma Edmar
Casalatina, diretor de empréstimos e financiamentos do Banco do Brasil. O BB é focado nas folhas de
pagamento de órgãos públicos, com 52 mil contratos, que representam 88% da carteira. Os aposentados
representam apenas 7,7%, mas este percentual deve subir significativamente, já que o banco possui uma
carteira de clientes com cerca de 6,2 milhões de aposentados e pensionistas ligados ao INSS. Para alcançar
seus objetivos, o BB vai unir a sua rede de agências e o potencial agregado do Banco Votorantim, com o
qual firmou parceria, no ano passado, para atuar na modalidade junto a esse público. Segundo Casalatina, a
parceria dará mais sinergia às operações em função da atuação da BV Financeira, que possui dezenas de
lojas espalhadas por capitais e cidades médias do país.
A parceria BB-Votorantim seguiu o caminho aberto em 2007 pelo Bradesco, que comprou o BMC e criou a
Bradesco Promotora, que hoje conta com 1.800 lojas e 27 filiais. Três anos depois, foi a vez da Caixa
Econômica Federal, com a compra do Banco Pan. Em 2014, duas novas operações movimentaram o
mercado. No primeiro semestre, o Itaú-Unibanco anunciou parceria com a área de consignado do BMG
(60%-40%), o que previa alta da carteira para volumes acima de R$ 20 bilhões.
Meses depois, o Santander e o banco Bonsucesso, que detinha uma carteira de R$ 1,3 bilhão em
consignado, criaram o Bonsucesso Consignado. A nova instituição trouxe como “plus” o cartão de crédito
consignado, que é um produto novo entre os bancos privados. Ao todo, são 200 mil clientes e 90 convênios,
que resultam em movimentações de R$ 500 milhões apenas com o cartão.
Segundo Oscar Rodríguez Herrero, vice-presidente executivo de novos negócios do Santander, o banco está
aberto a novas oportunidades. “Vamos buscar o público de aposentados e manter relação mais próxima
com os correspondentes bancários”, afirma.
Com cerca de 5 milhões de contratos e volume de R$ 29 bilhões em empréstimos, o Bradesco pretende
divulgar o uso de seus canais digitais para atingir o filão dos aposentados, diz Altair Antonio de Souza,
diretor adjunto. Segundo Altair, parte deste público deverá também ser alcançada pelos 2 mil
correspondentes bancários. A Bradesco Promotora vai se concentrar nos clientes do banco.
Apesar das baixas taxas de juros, Mauro Calil, especialista em investimentos, alerta o tomador de
empréstimo consignado sobre alguns cuidados, principalmente se atuar no setor privado. “Se for demitido,
o contrato se extingue e o saldo devedor se torna uma dívida”, diz. Calil recomenda também que o contrato
tenha o menor número de parcelas e que o devedor tenha consciência que, durante o período, o seu
contracheque virá sempre com o valor menor.
http://www.televendasecobranca.com.br/credito/bancos-vao-brigar-pelo-consignado-45737/
mercado
Em meio ao otimismo dos bancos, o setor de promotoras de créditos e correspondentes bancários está
insatisfeito com recente decisão do Banco Central, que limitou em 6% a comissão dos correspondentes no
fechamento de novos contratos. Segundo Edison João Costa, presidente da Associação Nacional das
Empresas Promotoras de Crédito e Correspondentes no País, a intenção da medida é positiva, mas a
inclusão do diferimento no pagamento das comissões ao longo das parcelas abalou as finanças das
promotoras. “A lei deveria punir o banco que oferecesse comissões irreais aos correspondentes”, afirma.
Costa critica ainda o modelo de portabilidade, classificado por ele como “lento e burocrático”.
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