FATORES QUE DIFICULTAM A APRENDIZAGEM DO ENSINO DE QUÍMICA DOS
ALUNOS DO 1º ANO DE UMA ESCOLA ESTADUAL DE BREVES-PA
Heriberto Rodrigues Bitencourt1, José Ciríaco Pinheiro2, Geziel Nascimento de Moura3, Victor Wagner Bechir Diniz4,
Íris Fátima de Almeida Alcântara5, Lete Maria da Conceição Cunha5
1
UFPA/ICEN/FAC QUÍMICA ([email protected]); 2 UFPA/ICEN/FAC QUÍMICA ([email protected]); 3 SEDUC
([email protected]); 4 UEPA ([email protected]); 5 Discente/UFPA/ICEN/FAC QUÍMICA
([email protected]).
RESUMO: Este trabalho trata do estudo dos fatores que dificultam a aprendizagem do Ensino de Química
dos alunos do 1º ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Médio Prof.ª Maria Elizete Fona Nunes
localizada no Município de Breves-PA. Para constatar essas dificuldades foi feita uma pesquisa com 200
alunos de quatro turmas utilizando um questionário contendo dez questões abertas e fechadas sobre a
situação do ensino da disciplina de Química na referida escola. Pela análise do questionário consta-se que a
maioria dos alunos possui dificuldades em assimilar os conteúdos químicos. Essas dificuldades surgem
devido à forma como esses conteúdos são repassados: conteúdos abstratos e sem nenhuma relação com o
cotidiano do aluno, ministrados de forma tradicional. Constatou-se também que a experimentação é a
atividade didático-pedagógica que desperta o maior interesse dos aprendizes para o ensino da Química.
Entretanto, essa experimentação nem sempre é realizada em sala de aula devido as dificuldades para a
execução das aulas experimentais, tais como: a falta de laboratório na escola, a falta de reagentes e materiais
de laboratório e até mesmo a falta de interesse por parte dos professores em planejar as atividades práticas.
Diante dessa situação foram propostas algumas estratégias metodológicas para a melhoria do ensino de
Química. Dessa forma, os alunos terão a oportunidade de aprender os conceitos químicos e entender os
fenômenos que ocorrem ao seu redor de forma prazerosa e dinâmica.
PALAVRAS-CHAVE: Ensino. Química. Dificuldade de aprendizagem.
ENSINO DA QUÍMICA (ENQUI)
INTRODUÇÃO:
De acordo com as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2008), a importância da
área de Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias no desenvolvimento intelectual do
estudante do Ensino Médio, esta na qualidade e não na quantidade de conceitos, ao qual se busca
dar significado nos quatro componentes curriculares: Física, Química, Biologia e Matemática.
Assim, cada componente tem sua razão de ser, seu objeto de estudo, seu sistema de conceitos e seus
procedimentos metodológicos, associados a atitudes e valores, mas, no conjunto, a área corresponde
às produções humanas na busca de compreensão da natureza e sua transformação, do próprio ser
humano e de suas ações, mediante a produção de instrumentos culturais e interações sociais.
Nesse sentido, os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs de Química do Ensino Médio
deixa claro que as ciências que compõem a área têm em comum a investigação sobre a natureza e o
desenvolvimento tecnológico, e é com ela que a escola compartilha e articula linguagens que
compõem cada cultura científica, estabelecendo medições capazes de produzir o conhecimento
escolar, na inter-relação dinâmica de conceitos cotidiano e científicos diversificados, incluindo o
universo cultural da Química.
Apesar dessas Orientações Curriculares Nacionais, o ensino de Química transformou-se em
preocupação premente nos últimos anos, tendo em vista que hoje além das dificuldades
apresentadas pelos alunos em aprender Química, muitos não sabem o motivo pelo qual estudam esta
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disciplina, visto que nem sempre esse conhecimento é transmitido de maneira que o aluno possa
entender a sua importância. A forma como os conteúdos de química são ministrados, na maioria das
vezes, prioriza a transmissão de informações, definições e leis isoladas, memorização de fórmulas
matemáticas e aplicação de "regrinhas" sem qualquer relação com a vida do aluno. Essa prática tem
influenciado negativamente na aprendizagem dos alunos, uma vez que não conseguem perceber a
relação entre aquilo que estuda na sala de aula, a natureza e a sua própria vida (MIRANDA e
COSTA, 2007).
Segundo Chassot (1990) “A Química é uma linguagem e que, por isso o Ensino de Química
deve ser um facilitador da leitura do mundo, facilitando as inúmeras relações no mundo em que
vivemos”.
Em geral, nos programas escolares verifica-se uma quantidade enorme de conteúdos a serem
desenvolvidos, com minuciosidades desnecessárias, visando única e exclusivamente preparar o
aluno para enfrentar o vestibular, de modo que os professores se veem obrigados a correr com a
matéria, amontoando um item após outro na cabeça do aluno. Percebe-se um currículo de Química
divergente das propostas defendidas pela comunidade de pesquisadores em Educação Química, que
consideram nos processos de construção do conhecimento escolar a inter-relação dinâmica de
conceitos cotidianos e químicos, de saberes teóricos e práticos, não na perspectiva da conversão de
um no outro, nem da substituição de um pelo outro, mas, sim pelo diálogo capaz de ajudar no
estabelecimento de relações entre conhecimentos diversificados, pela constituição de um
conhecimento plural capaz de potencializar a melhoria da vida.
É importante que os professores estejam atentos a enorme distância que tende a se
estabelecer entre o mundo da química e o mundo do cotidiano, distância essa que o academismo
exagerado da escola pode tornar ainda maior. Convenções, enunciados, conceitos, teorias, modelos
e leis podem, à primeira vista, serem tão incompreensíveis quanto às palavras e frases de uma
língua estrangeira. Como consequência, os alunos acabam encarando a química como “um bicho de
sete cabeças”, concluindo o Ensino Médio sem entender a importância dessa disciplina e como a
mesma está presente em nosso cotidiano.
A forma como os conteúdos de química são ministrados no decorrer do ano letivo, reflete na
construção de conhecimentos dos alunos e na importância que eles darão a disciplina de química.
Dessa forma, os alunos precisam aprender a enxergar que, a química faz parte do seu cotidiano e
que a sua complexidade não deve ser encarada de forma negativa.
Uma dessas alternativas é a experimentação, que surge como uma maneira eficiente de
melhorar o entendimento dos conteúdos de química, facilitando a aprendizagem. Há professores que
defendem o uso da experimentação em sala de aula e utilizam o argumento do aumento do
interesse, da motivação e da ludicidade.
No entanto, a realidade de nossas escolas é bastante frustrante, haja vista que, a grande
maioria delas, não dispõe de laboratório e, aquelas que possuem, nunca são utilizados devido a
vários fatores como: falta de recursos para compra de componentes e materiais de reposição para a
realização das aulas experimentais, falta de tempo do professor para planejar a realização de
atividades experimentais, laboratório fechado e sem manutenção. Além disso, outro fator que
impede a utilização do laboratório nas aulas de química é o fato de que a grande maioria dos
professores sentirem-se inseguros na realização de experimentos, pois não tiveram acesso a
laboratórios durante a sua formação em cursos de licenciatura.
É isso que constata Barbieri (1990):
Embora o Ensino de Ciências através de experiências seja apontado por todos (...)
como condição básica para a aprendizagem, o ensino experimental não se viabiliza
nas escolas. Os professores têm dificuldades em realizar experimentos
principalmente porque, durante a sua formação em cursos de Licenciatura, muitos
não têm acesso a laboratórios.
Tendo em vista essas preocupações, busca-se, sistematicamente, por meio deste estudo,
compreender os fatores que dificultam o processo de ensino e aprendizagem de Química, na 1ª série
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do Ensino Médio da Escola Prof.ª Maria Elizete Fona Nunes e, a partir desta análise, propor
metodologias alternativas que possam despertar no aluno o interesse por esta Ciência.
A educação para a cidadania é função primordial da educação básica nacional, conforme
dispõe a Constituição Brasileira e a legislação de ensino. Além disso, tal função tem sido defendida
pelos educadores para o ensino médio, o qual inclui o ensino de química. Mas o que significa
ensinar química para o cidadão? Será que o cidadão precisa de conhecimentos em química? Será
que o ensino de química que temos ministrado em nossas escolas tem preparado nossos jovens para
o exercício consciente da cidadania? Será que ensinar química para o cidadão é o mesmo que
preparar alunos para o vestibular? Tais questões têm sido objeto de discussão nos Encontros de
Ensino de Química.
Os conceitos químicos desempenham um papel de fundamental importância na vida das
pessoas, contribuindo para o entendimento de absolutamente tudo o que nos rodeia, propiciando a
contextualização do conteúdo químico com o cotidiano do aluno.
A aprendizagem de Química deve possibilitar aos alunos a compreensão das
transformações químicas que ocorrem no mundo físico de forma abrangente e
integrada, para que estes possam julgar, com fundamentos, as informações
advindas da tradição cultural, da mídia, na escola, com pessoas, etc. A partir daí, o
aluno será capaz de tomar decisões autonomamente e dessa forma, interagirá com o
mundo enquanto indivíduo e cidadão (PCN's. MEC/SEMTEC, 1999).
Além disso, os temas químicos permitem o desenvolvimento das habilidades básicas
relativas à cidadania, como a participação e a capacidade de tomada de decisão, pois trazem para a
sala de aula discussões de aspectos sociais relevantes, que exigem dos alunos posicionamento
crítico quanto a sua solução. Esse aprendizado deve possibilitar ao aluno a compreensão tanto dos
processos químicos em si, quanto da construção de um conhecimento científico em estreita relação
com as aplicações tecnológicas e suas implicações ambientais, sociais, políticas e econômicas.
Tudo o que está ao nosso redor é química cuja ciência elucida vários fenômenos
que ocorrem na natureza. Problemas que ocorrem no nosso cotidiano podem ser
passíveis de soluções simples e prática pela química. A Química tem propiciado o
desenvolvimento de novos medicamentos, materiais agrícolas, produtos e serviços
originados de processos industriais, dentre outros, beneficiando assim toda
a sociedade (SANTOS et al., 2008).
OBJETIVOS
Investigar os fatores que dificultam o processo de ensino-aprendizagem de Química, na 1ª
série do Ensino Médio.
Investigar o interesse dos alunos pela Química.
Diagnosticar junto aos alunos os principais fatores que dificultam o processo ensinoaprendizagem em Química.
Identificar os métodos e técnicas de ensinos utilizados pelos professores de Química,
buscando a compreensão de como estes interferem no aprendizado da disciplina.
Discutir estratégias metodológicas que possam facilitar o Ensino de Química.
METODOLOGIA
A Escola Estadual de Ensino Médio Professora Maria Elizete Fona Nunes fica localizada na
Rua Paes de Carvalho, nº2247, bairro: Centro no Município de Breves - Pará. Atualmente a escola
possui 62 (sessenta e dois) funcionários e 1.450 (hum mil, quatrocentos e cinquenta) alunos,
distribuídos em 33 turmas nos turnos manhã, tarde e noite, incluindo as 09 (nove) turmas do anexo
que funciona no período noturno na Escola Bom Jesus. Tem como diretora a professora Catarina
331
Beatriz da Silva que está na direção desde 2006, tendo como seu vice-diretor Lúcio Robson Braga
das Neves. Além disso, a escola conta também com o secretário Bezaleel Sena e 6 (seis) técnicos
em Educação, que ajudam a administrar a escola.
A escola desenvolve vários projetos nas diversas áreas do conhecimento como Mostras de
Química, Biologia, Literária, projeto Com Vida (que cuida do Meio ambiente), Festival Interno de
Dança e Feira Cultural. Promove os jogos internos e participa dos intercolegiais. Desenvolve
também os projetos Natal Solidário e Debate de Problemas Sociais (com distribuição de cestas
básicas para as pessoas carentes da comunidade). Participa da Olimpíada Brasileira de Matemática
das escolas públicas, aonde alguns alunos foram contemplados com certificados e bolsas de estudos
e da Olimpíada de Língua Portuguesa, medalha de bronze em 2010, conquistada na cidade de São
Paulo. Além disso, a escola participa também do Festival Brevense de Folclore (campeã por
diversas vezes).
O estudo foi realizado em 04 (quatro) turmas de 1ª série do Ensino Médio da Escola Profª
Maria Elizete Fona Nunes, sendo 02 (duas) turmas do turno da manhã e 02 (duas), do turno da
tarde, tendo como sujeitos 200 alunos com faixa etária de 15 (quinze) a 20 (vinte) anos de idade.
Este estudo propõe investigar mais detalhadamente os fatores que dificultam o processo
ensino e aprendizagem de Química no 1º ano do Ensino Médio da escola Estadual de Ensino Médio
Profª Maria Elizete Fona Nunes, com base em uma metodologia pautada em um estudo descritivo,
de base empírica e natureza quanto-qualitativa, por considerar que os paradigmas de pesquisa
quantitativa e qualitativa se complementam na análise do fenômeno investigativo (GAMBOA,
1997).
A pesquisa teve início no dia 12 de março de 2012, com o levantamento bibliográfico e a
elaboração do questionário. No mês subsequente, deu-se continuidade ao trabalho, com a seleção da
escola a ser desenvolvida a pesquisa. Feita a escolha, realizou-se uma reunião com a direção e
coordenação da escola para a apresentação do objetivo da pesquisa, onde ocorreu a escolha aleatória
de quatro turmas, com 50 alunos em cada uma delas. Participaram da pesquisa, portanto, 200 alunos
regularmente matriculados na 1ª série do Ensino Médio da referida escola, aos quais se aplicou o
questionário contendo 09 (nove) perguntas abertas e fechadas relacionadas às dificuldades de ensino
e aprendizagem de Química.
Posteriormente, realizou-se a análise dos dados obtidos nos questionários entregues aos
alunos, observando-se e discutindo-se estatisticamente as opiniões e concepções dos alunos a cerca
das dificuldades de aprendizagem enfrentadas em sala de aula, bem como de suas sugestões para
melhorar o Ensino de Química. Esses dados foram tabulados em gráficos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O diagnóstico dos fatores que dificultam o processo ensino- aprendizagem de Química na 1ª
série do Ensino Médio da Escola Profª. Maria Elizete Fona Nunes foi coletado através das
informações recolhidas na aplicação de questionários a uma amostra de 200 alunos da série
supracitada. Os questionários aplicados aos alunos continham questões abertas e fechadas sobre as
dificuldades encontradas, pelos mesmos, em relação ao processo ensino e aprendizagem, a
disponibilidade e utilização de recursos didáticos nas aulas de Química, a relação teoria-prática, a
contextualização e, outros fatores que foram julgados importantes para o ensino e aprendizagem da
disciplina.
Quando questionados se gostam da disciplina de Química, 67,5% dos alunos afirmam não
gostar da disciplina e, somente 32,5% gostam da disciplina.
Os dados mostram que uma pequena parcela dos alunos gosta de estudar a disciplina de
Química, enquanto que a maioria deles, não gosta. Do percentual de alunos que gostam de química,
46,1% justificam dizendo que os conhecimentos químicos são importantes e úteis em suas vidas,
assim também como na futura profissão que pretendem exercer; 30,8% dos alunos acreditam que a
química ajuda a conhecer e a entender os fenômenos da natureza e 23,1% dos alunos gostam de
estudar química devido ao fato desta disciplina possibilitar a realização de aulas práticas.
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Percebe-se que a maioria dos alunos assume que gosta de estudar química pelo fato de
perceberem que esta disciplina é de extrema importância na sua vida, podendo possibilitar
futuramente, a cada um deles, uma profissão promissora, haja vista, à grande carência de
profissionais que atuam nesta área. Outros possuem um enorme interesse em conhecer e entender as
substâncias, os fenômenos da natureza e do cotidiano, para assim poder refletir e construir um saber
científico. Já uma pequena parcela dos alunos afirma que gostam, mas expressam a necessidade da
realização de aulas práticas, que não são realizadas.
Já em relação aos alunos que afirmam não gostar de química, 55,5% justificam dizendo que
esta disciplina aborda muito conteúdo e temas abstratos, totalmente desvinculados da realidade do
aluno; para 37% dos alunos, o fato desta disciplina envolver muitas fórmulas e cálculos dificulta a
assimilação dos conteúdos e 7,4% dos alunos não gostam da química porque, de acordo com eles,
os conteúdos são repassados de forma confusa e superficial.
Isso pode ser reflexo da forma como o conhecimento químico é comumente ministrado nas
escolas de Ensino Médio, tendo em vista que, a maioria dos alunos que não gostam de Química
considera que essa disciplina envolve muito assunto e temas abstratos que são abordados de forma a
distanciar o aluno da sua realidade, tornando-se assim, pouco interessantes. Para outros, a Química
envolve disciplinas exatas como a física e a matemática que acabam dando ênfase à memorização
de fórmulas, priorizando os cálculos e desvalorizando a experimentação e a construção do
conhecimento científico dos alunos. Além disso, os alunos ressaltam também que apresentam
dificuldades em assimilar os conceitos químicos porque os assuntos são repassados de forma
confusa e superficial.
Os recursos didáticos têm caráter motivador na aprendizagem dos alunos, podendo ser
utilizados como facilitador do processo ensino e aprendizagem. Mas, infelizmente nem todos os
professores utilizam esses recursos, haja vista que, 78,5% dos alunos afirmam que os únicos
recursos utilizados para ministrar as aulas de química são quadro, giz e livro didático e apenas
21,5% dos alunos relatam que os professores, além dos recursos citados anteriormente, utilizam
também o data-show.
Embora a metodologia utilizada pelo professor seja marcante para incentivar a motivação no
aluno, pode-se perceber que os alunos são pouco incentivados a pesquisa, pois a maioria dos
professores utiliza uma metodologia tradicional para ministrar suas aulas, ficando presos somente
ao livro didático, ao quadro e ao giz, que são os recursos mais acessíveis, fazendo com que os
alunos sintam-se desestimulados. Já o computador e o data show, embora a escola disponha desses
recursos, eles quase sempre não são utilizados pelos professores.
Os professores apresentam uma certa resistência quanto a utilização de recursos
audiovisuais, preferindo, na maioria das vezes, o quadro. É importante destacar que
a eficácia na utilização dessas ferramentas depende do uso que se faz delas, de
como e com que finalidade elas são empregadas, cabendo ao professor planejar a
sua aplicação em sala de aula. Dessa forma, quando bem empregados, esses
recursos trazem uma contribuição para o aprendizado do aluno, que passa a dispor
não somente da verbalização, mas, principalmente de estímulos visuais e auditivos,
garantindo uma melhor compreensão e assimilação dos conteúdos ministrados
(CÓRDOVA & PERES, 2008).
Sobre a importância das atividades experimentais em sala de aula 92,5% dos alunos
acreditam que a realização de experimentos contribui para a assimilação dos conteúdos de química
e, somente 7,5% dos alunos, responderam que a experimentação não é o método mais viável para
assimilar os conteúdos.
A experimentação em sala de aula contribui para a assimilação dos conteúdos de química,
pois nas de aulas práticas o aluno tem a oportunidade de entrar em contato direto com o mundo da
química, vivenciando novas experiências para compreender melhor como os fenômenos ocorrem ao
seu redor. Os experimentos facilitam a compreensão da natureza da ciência e dos seus conceitos;
auxiliam no desenvolvimento de atitudes científicas e no diagnóstico de concepções não científicas.
Além disso, contribuem para despertar o interesse pela Ciência.
333
Giordan (1999) considera que a experimentação desperta interesse entre os alunos,
independente do nível de escolarização, uma vez que tem caráter motivador, lúdico, vinculado aos
sentidos. Em decorrência disso, pode aumentar a capacidade de aprendizado. Portanto, quanto mais
integrada, a teoria e a prática, mais sólida se torna a aprendizagem.
Apesar dessa constatação, quando se questiona sobre a realização de experimentos em sala
de aula para explicar os conteúdos de química, o resultado obtido foi surpreendente, haja vista que,
os alunos foram unânimes em responder que os professores nunca realizaram nenhum tipo de
experimento em sala de aula. Para justificar essa situação, 86,5% dos alunos relatam que, a não
realização de experimentos, surge como consequência da falta de laboratório de ciências na escola,
10,0% dos alunos afirmam que os experimentos não são realizados devido à dificuldade em adquirir
os materiais necessários para a realização dos mesmos, enquanto que 3,5% dos alunos acreditam
que os experimentos não são realizados devido à falta de interesse por parte dos professores.
A análise evidencia que os experimentos não são realizados devido à falta de laboratório e
de materiais na escola, embora isso não impeça a realização de alguma atividade prática, uma vez
que não é necessário um laboratório para que haja uma aula prática, a mesma pode ser realizada na
própria sala de aula com materiais de baixo custo. Outro fator apontado pelos alunos é a falta de
interesse por parte dos professores, que mesmo cientes de que os experimentos podem ser
realizados com materiais alternativos, pouco se preocupam em utilizá-los como incentivador da
aprendizagem em sala de aula.
Uma forma intermediária entre ter e não ter um laboratório é a
proposta da realização de experimentos com material de baixo custo
ou sucata (por exemplo, para medir-se o tempo, basta um relógio
digital de pulso de marca popular, que garante a precisão da medida).
Sobre a questão da utilização de materiais de baixo custo ou sucata,
vale lembrar que, ela tem sido sinônimo de lixo, na qual experimentos
são improvisados com resultados muitas vezes pífios e que não
revelam nada de substancial (SILVA e ZANON, 2000).
Embora os experimentos possam ser realizados com materiais de baixo custo, 65% dos
alunos desconhecem essa alternativa e apenas 35% afirmam saber que os experimentos podem ser
realizados utilizando materiais alternativos e de baixo custo.
Pela a análise pode-se constatar que a grande maioria dos alunos acredita que os
experimentos só podem ser realizados em laboratórios equipados com vidrarias e reagentes,
desconhecendo o fato de que, com simples materiais do seu dia-a-dia, é possível constatar muitos
dos fenômenos que ocorrem ao nosso redor.
Aulas que utilizam o recurso da experimentação são ferramentas poderosas para adquirir e
testar conhecimentos, mas por si só não são suficientes para fornecer conhecimentos teóricos. Uma
matriz teórica particular sempre conduz a um experimento. Desta forma, um dos maiores e mais
danosos mitos da aprendizagem é a não interdependência experimento/teoria.
A experimentação de baixo custo representa uma alternativa cuja importância reside no fato
de diminuir o custo operacional dos laboratórios e gerar menor quantidade de lixo químico (além de
permitir que mais experiências sejam realizadas durante o ano letivo) (VIEIRA et al., 2007).
CONCLUSÕES
A análise aqui apresentada evidencia a necessidade urgente de se buscar um
redirecionamento para o Ensino de Química atual e um levantamento de subsídios para sua
transformação, haja vista que cada vez mais temos jovens concluindo o Ensino Médio com uma
visão deturpada da disciplina de Química. Conclui-se, assim, que a implantação do Ensino de
Química para formar o cidadão implica na busca de um novo paradigma educacional que venha
reformular a atual organização desse ensino. E, nesse sentido, não basta apenas incluir alguns temas
334
sociais, dinâmicas de simulação ou debates em sala de aula. É preciso ter claro que ensinar para a
cidadania significa adotar uma nova maneira de encarar a educação, pois o novo paradigma vem
alterar significativamente o ensino atual, propondo novos conteúdos, metodologias, organização do
processo de ensino e aprendizagem e métodos de avaliação.
Para que isto ocorra, torna-se imprescindível o comprometimento dos professores no sentido
de recuperar a verdadeira função da educação, buscando, por meio de uma nova postura frente ao
aluno, contribuir de fato para a construção de uma sociedade democrática, cujos membros sejam
cidadãos conscientes e comprometidos com a própria transformação dessa sociedade.
Os resultados da pesquisa revelam que grande parte dos alunos não tem afinidade com a
Química, e suas maiores dificuldades estão associadas à linguagem, ao método de ensino, ao uso de
cálculos, à memorização de fórmulas e à falta de aulas práticas. Partindo dessas constatações e das
sugestões apontadas pelos alunos para melhorar o seu aprendizado na disciplina, faz-se necessário
que o professor de Química adote uma metodologia onde a realização de aulas práticas, a
contextualização, a utilização de recursos audiovisuais e atividades extras (pesquisa, aula passeio,
jogos, etc.) sejam partes integrantes de suas abordagens didáticas, pois novas práticas de ensino são
necessárias para facilitar a aquisição do conhecimento.
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