ID: 55678306
12-09-2014
Tiragem: 2754
Pág: 2
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 26,19 x 20,20 cm²
Âmbito: Regional
Corte: 1 de 2
Portugal não tem falta de médicos na maioria das regiões
Durante o debate, José Manuel Silva apresentou vários indicadores que confirmam que
o SNS está 'bem de saúde', sobretudo quanto ao número de médicos. “Existem quatro
por cada 1.00o habitantes, não há razão para dizer que há falta de médicos", sublinhou.
Leiria
“Portugal tem o melhor Serviço
Nacional de Saúde do Mundo”
Leiria Na semana da comemoração dos 35 anos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Leiria acolheu
um debate sobre o tema, onde a principal questão discutida foi a sustentabilidade do sistema
Bruna Santos
Foi com números e estatísticas
que o bastonário da Ordem
dos Médicos, José Manuel
Silva, justificou que "Portugal
tem o melhor Serviço Nacional
de Saúde (SNS) do Mundo". "É
um sistema universal, é barato,
sobretudo para o Estado, e
proporciona bons cuidados de
saúde", defendeu.
A afirmação foi feita durante
o debate '35 anos do SNS', que
decorreu quarta-feira na Sede
Distrital de Leiria da Ordem
dos Médicos. A iniciativa, inserida na semana das comemorações dos 35 anos do SNS,
promovida pela Secção Regional Centro da Ordem dos Médicos, contou ainda com a presença do director clínico da pediatria do Centro Hospital de
Leiria, Bilhota Xavier, do advogado João Cunha e do historiador José Vitorino Guerra,
além de vários convidados ligados à área.
A questão da "sustentabilidade" foi a mais discutida. Sobre o assunto, José Manuel
Silva frisou que "o SNS já viveu
melhores dias" e que "há falta
de sustentabilidade no país",
sendo que "os actuais problemas decorrem do modelo de
governação, que urge mudar,
para que possamos preservar
o SNS no futuro". "Todos os
hospitais estão a atravessar sérias dificuldades, o país continua com falta de médicos em
algumas regiões e cada vez
emigram mais profissionais jovens. Aliás, estamos a exportar
servos a custo zero que custam
milhões a formar", acrescentou.
Apesar dos actuais problemas, o bastonário da Ordem
dos Médicos apresentou vários
indicadores positivos, decorrentes nos últimos 35 anos,
como a redução da taxa de
mortalidade infantil, que, segundo ele, "é uma das mais baixas do Mundo, passando de
44,8 em cada mil para 3,4 em
LUIS FILIPE COITO
Convidados cantaram os parabéns ao SNS, que tem já 35 anos
cada mil". José Manuel Silva
afirmou também que a "esperança média é superior ao que
era esperado tendo em conta
o nosso PIB" e que "conseguimos melhores resultados que
países mais ricos". Ainda assim, há que lembrar que "o financiamento do SNS tem
vindo a ser reduzido" e, hoje,
"26% das despesas com a
saúde já são pagas pelos cida-
dãos". "Por isso é que o sistema
é barato para o Estado. As famílias têm mais gastos com a
saúde, maiores até quando
comparados com a média da
OCDE", acrescentou José Manuel Silva.
As reformas antecipadas dos
médicos e a existência de profissionais com dois contratos
de trabalho foram outros dos
temas abordados pelo basto-
nário, que garantiu "não ver
mal" no facto de "haver médicos com um segundo contrato" porque "os hospitais precisam deles mais horas". "Só
não posso é tolerar que as pessoas comecem a morrer por
falência do SNS", disse.
Bilhota Xavier, director clínico da pediatria do Centro
Hospitalar de Leiria, afirmou
não considerar que o país "tem
o melhor SNS do Mundo, porque existem fragilidades", mas
que tem "dos melhores. "Ainda
assim, apesar de termos um
rácio de médicos dos maiores
da Europa, há caos nas urgências. (...) Não sou contra que se
fechem hospitais porque se
continuam a construir como
há 40 anos atrás, sem atender
ao facto de o país ter encolhido
50% e de a taxa de natalidade
ter diminuído", acrescentou.
A emigração foi uma das realidades comentadas também
por Bilhota Xavier, bem como
o encerramento de consultó-
rios médicos e o valor baixo de
gastos que o país tem com os
doentes. O director clínico afirmou que "temos que nos orgulhar do nosso sistema e fazer
parte das soluções, (...) evidenciando a qualidade dos cuidados prestados".
"Sustentabilidade" foi um
termo também usado pelo advogado João Cunha, que sublinhou que "estamos num período em que andamos com
as 'calças na mão' e a confrontar-nos com uma equação difícil de resolver: saber se o SNS
é ou não sustentável", acrescentando que "todos nós sabemos que a saúde é um bem
essencial, é aquilo que é imediato, uma inevitabilidade".
O historiador José Vitorino
Guerra disse, já no fim do debate, que "o SNS português é,
no geral, bom, mas pode melhorar" e que "transformou radicalmente a saúde dos portugueses". "Antigamente, o médico rivalizava com o padre em
questões de saúde", mas acabava por ser "uma espécie de
parceria público-privada a
muito baixo custo", recordou
o historiador, acrescentando
alguns dados sobre Leiria.
"Chegámos a ter oito médicos
no distrito, o hospital das Caldas da Rainha era o mais importante e não havia enfermeiros... mas havia freiras e misericórdias"|
ID: 55678306
12-09-2014
Portugal tem
o melhor sistema
de saúde público
Bastonário | P2
Tiragem: 2754
Pág: 1
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 5,02 x 6,04 cm²
Âmbito: Regional
Corte: 2 de 2
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“Portugal tem o melhor Serviço Nacional de Saúde do Mundo”