Ablação de taquicardia atrial em paciente com transposição de grandes vasos corrigida Anderson Berni Cristofari1, Letícia Lanzarin Gehm1, Basem Juma Abdalla Abdel Hamid2 1Universidade de Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil 2Hospital Santa Cruz, Rio Grande do Sul, Brasil [email protected] Introdução: A transposição dos grandes vasos (TGV) é uma cardiopatia congênita na qual existe, concomitantemente, discordância atrioventricular e ventrículo-arterial. É uma anomalia pouco frequente, que abrange aproximadamente 1% das doenças cardíacas congênitas (DCC). Os defeitos mais frequentes são a comunicação interventricular, estenose pulmonar, bloqueio atrioventricular total e disfunção ventricular direita. Em decorrência da cicatrização de muitos dos procedimentos cirúrgicos, patches, linhas de sutura e fibrose adjacentes, um meio arritmogênico é criado e arritmias atriais são cada vez mais reconhecidas nestes grupos. Por esta razão, o uso de marcapasso é necessário em até 80% dos pacientes que tenham sido submetidos à cirurgia de correção da TGV. Várias considerações existem para o implante de marcapasso nesses pacientes sendo necessários estudos de imagem, pois o acesso às câmaras cardíacas frequentemente coloca dificuldades neste grupo. A ablação por cateter é atualmente utilizada em muitos pacientes adultos com DCC e taquiarritmias atriais. Embora a taxa de sucesso precoce seja excelente mesmo nos defeitos mais complexos, as taxas de recorrência em longo prazo permanecem altas, porém mesmo que a arritmia retorne há melhora da sintomatologia e diminuição de internações. Objetivo: Debater sobre surgimento de arritmias tardias pós transposição de grandes vasos corrigida e efetividade do procedimento corretivo. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa do tipo estudo de caso. Paciente oriundo de um hospital de ensino do interior do Rio Grande do Sul. Paciente assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Descrição do caso: R.M.S., masculino, 18 anos, nasceu com transposição dos grandes vasos da base associado à comunicação interventricular e interatrial, sendo feitas duas cirurgias com correção apenas da TGV. Primeiramente realizada bandagem da artéria pulmonar aos 2 meses de idade e cirurgia de Fontan aos 3 anos. Permaneceu estável até os 18 anos quando começou a apresentar episódios de palpitações taquicárdicas repetidas e eventos arrítmicos sustentados com necessidade de reversão medicamentosa na emergência em vários episódios. Paciente passou por sucessivas avaliações onde foram realizados ecocardiograma, angiotomografia, holter e ergometria, sendo optado por realizar estudo eletrofisiológico terapêutico com sistema eletroanatômico (sistema de carto). Figura 1. Pontos de macroreentrada. Figura 2. Pontos de realização da ablação. Constatou-se, circuito de taquicardia atrial direita macroreentrante. Foi realizada ablação com reversão da taquicardia durante aplicações de radiofrequência em área de fibrose cirúrgica prévia. Paciente não apresentou intercorrências durante o procedimento e está há 5 meses sem arritmia. Figura 3. Indução da Taquicardia Atrial . Figura 4. Interrupção da Taquicardia Atrial. Conclusão: A técnica de ablação mostrou-se efetiva em relação à arritmia associada à TGV e o paciente seguiu assintomático nas reavaliações. Referências: 1. 2. 3. 4. 5. Menahem S, Ranjit MS, Stewart C, Brawn WJ, Mee RB, Wilkinson JL. Cardiac conduction abnormalities and rhythm changes after neonatal anatomical correction of transposition of the great arteries. British Heart Journal. 1992;67(3):246-249. Song, Mi Kyoung et al. Intra-atrial reentrant tachycardia in adult patients after Fontan operation. nternational Journal of Cardiology , Volume 187 , 157 – 163 Groot, Natasja M.S. et al. Ablation of focal atrial arrhythmia in patients with congenital heart defects after surgery: Role of circumscribed areas with heterogeneous conduction. Heart Rhythm , Volume 3 , Issue 5 , 526 – 535. Rudolph JL, Schreiber KA, Culley DJ, et al. Measurement of postoperative cognitive dysfunction after cardiac surgery: a systematic review. Acta anaesthesiologica Scandinavica. 2010;54(6):663-677. YAP, S.-C., HARRIS, L., DOWNAR, E., NANTHAKUMAR, K., SILVERSIDES, C. K. and CHAUHAN, V. S. (2012), Evolving Electroanatomic Substrate and Intra-Atrial Reentrant Tachycardia Late After Fontan Surgery. Journal of Cardiovascular Electrophysiology, 23: 339–345.