Duplicação da BR101: um estudo a partir das narrativas dos moradores do município de Terra de Areia, Rio Grande do Sul Mauricio de Oliveira Martins Carlosso1 Karine Santos Lopes¹ Lucio Nunes¹ Anderson de Fraga Gomes¹ Edson Luiz Saturnino2 O presente trabalho busca compreender as narrativas construídas pelos moradores de Terra de Areia, Litoral Norte do Rio Grande do Sul, acerca de suas expectativas em relação à duplicação da BR 101. A razão pela qual escolhemos investigar esta temática relaciona-se à intenção de problematizar os primeiros discursos sobre a obra, que sugeriam fortemente a ideia de progresso e satisfação de todas as populações das cidades atravessadas pela BR 101. No que diz respeito aos habitantes de Terra de Areia o otimismo extremo em relação à duplicação da rodovia necessita ser questionado, pois a não aprovação do projeto de construção da elevada no trecho que compreende a parte central da cidade, surtiu nos moradores o receio de que um muro fosse construído, resultando numa cidade dividida em duas partes desiguais, dificultando os processos de urbanidade e sociabilidade e afetando negativamente o desenvolvimento econômico do município. As entrevistas realizadas com os moradores de Terra d e Areia, na época da realização da obra, demonstraram a multiplicidade de discursos acerca da duplicação da BR 101, pois suas narrativas posicionavam-se a favor do empreendimento, mas contra a maneira como estava sendo executado. Os habitantes reivindicaram uma cidade unida por uma elevada e não um município dividido por um muro, fato que, infelizmente, terminou acontecendo. Terra de Areia, emancipada de Osório e Capão da Canoa em 13 de abril de 1988, situa-se a 150 km da capital e a 60 km da divisa com o Estado de Santa Catarina, com vias de acesso pela BR 101, RS 486 (Rota do Sol) e RS 389 (Estrada do Mar). Sua economia gira em torno da produção primária, sendo a agricultura a principal atividade, com produção diversificada de fruticultura. O setor de comércio e serviços é constituído por micro e pequenas empresas, somado a pequenas indústrias, principalmente do ramo de móveis, esquadrias de madeiras, fábricas de calçados, serrarias e confecções. As narrativas dos moradores 1 2 Acadêmico(a) do Curso de História da FACOS – Faculdade Cenecista de Osório. Professor orientador. Anais da III Mostra Integrada de Iniciação Científica – CNEC Osório Ano 3 – N° 3 – Vol. 3 – Jun/2012 94 sustentam que a partir das obras de duplicação da BR 101 o município ficou dividido em duas partes: de um lado, chamado carinhosamente de BRASIL, localizam-se os comércios e os prédios públicos; do outro lado, apelidado de PARAGUAI, localizamse residências e lavouras, acolhendo poucos pontos comerciais. A pesquisa considerou, ainda, a necessidade de políticas públicas, tanto educativas, quanto culturais e econômicas, para unir o município e contribuir positivamente com os processos identitários da cidade e dos moradores de Terra de Areia. Anais da III Mostra Integrada de Iniciação Científica – CNEC Osório Ano 3 – N° 3 – Vol. 3 – Jun/2012 95