Abordagem Psiquiátrica de
Casos Clínicos 2012.2
Casos e Revisão
Professor: Marcus André Vieira
Primeiro caso
“…Conta que, no trabalho, por exemplo, em cada setor que
andava, pegava papéis no chão, abria portas para os outros,
como se fosse ‘um domínio sem conseguir se controlar’. Passou
a perceber que o repórter da televisão o observava. Sentia em
seu corpo pessoas o manipulando, que o faziam realizar
inúmeras tarefas, como comer, vomitar, beijar, escrever e
masturbar-se, e também agredir-se, queimando-se com cigarros
e tentando, certa vez, furar seus próprios olhos com uma
tesoura. Referia ver raios luminosos vermelhos que saíam de
seus olhos e que seriam reflexo de um espelho que possuiria no
interior de sua cabeça, que permitiria que outras pessoas o
vissem, mesmo estando em outro cômodo, e que lessem seus
pensamentos. Queixava-se também que raios provenientes da
televisão entravam por seu corpo.”
Professor Marcus André Vieira
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Diagnóstico
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Selecione trechos do caso para justificar cada um dos sete
elementos da súmula proposta.
Justifique a escolha feita discordando ou concordando com a
súmula.
Súmula:
(a) Lúcido,
(b) apresentando vivências de influência (alteração da atividade do
eu),
(c) publicação do pensamento (oposição eu/mundo),
(d) alterações de sua vivência corporal,
(e) alucinações visuais e cenestésicas,
(f) ideação delirante de cunho persecutório e;
(g) presença de atos compulsivos de masturbação e automutilação.
Professor Marcus André Vieira
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Segundo caso ( parte 1)
Encontro com o paciente na enfermaria que me cumprimenta cordialmente
quando me apresento. Traja vestes próprias – camiseta, bermuda e
chinelos - e limpas. Cabelos e bigode bem aparados. Testa franzida. Olhame às vezes enviesado. Responde claramente e prontamente a todas as
perguntas feitas e narra espontaneamente sua história.
Fala que quando ficou doente, as pessoas começaram a fazê-lo escutar vozes,
ver espelhos nos olhos, a se masturbar, a vomitar, a escrever mal. Relata:
“certa vez ao beijar minha noiva, senti que era outra boca que beijava e não
a sua”. Diz: “eu tenho um espelho na cabeça, que reflete nos olhos. Se
uma pessoa está lá no pátio, pode ler meu pensamento e ver o que tem
aqui dentro através desse espelho”. “Eles podem me ver em qualquer
lugar”, completa. Refere escutar vozes que ora falam bem, ora falam mal
dele e que, às vezes, o mandam fazer algo. Relata: “Elas dizem: vai, vem,
acabou, ta, tem. Parece que falam dentro da minha boca. Acho que de um
dente meu que está doendo. Colocaram algum mecanismo nele, como um
prego enfiado”. Diz que deve ter uma outra língua dentro da sua, num outro
idioma, que tem uma voz de mulher. “Parece a voz da Soraia,filha da D.
Luci, que fez feitiçaria para mim. Às vezes eu penso que sou o Marcelinho”.
Professor Marcus André Vieira
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Segundo caso ( parte 2)
Aponta-me sua barriga e fala “sinto que eu tenho uma bola de gás com água
dentro da barriga. Acho que é por isso que tem chovido tanto. Sempre que
estou internado chove. Os alunos vão saber que eu estou aqui quando
virem a chuva. Acho que já enviaram um documento para o diretos falando
da minha internação.” Pensa que às vezes possui dois corpos saindo de
uma pessoa só, mas “com tudo fora do lugar, máscara, barriga d´água,
pênis pequeno, intestino grosso”, acrescenta. Relata que sente uma
máscara escura pregada em um lado de seu rosto, “penso, às vezes, que
metade nem tem bigode” e que tem uma pessoa escura presa nas suas
costas, “que mexe em minha espinha e me faz ter essa impulsão na mão”,
explica. “Estou desconfiado que foi a D. Luci que fez isso comigo. Ela era
como uma mãe para mim, mas mudou de repente”. Queixa-se de ver uns
quadradinhos vermelhos, quando esfrega os olhos e fala: “Acho que tenho
uma lente pregada neles”. “Tenho também uma miragem de uma estante
com espelho e um retrato dentro, que quando abre as portas parece que
abrem os olhos no retrato”. Solicita-me que realize um EEG: “Pois devo ter
um objeto não identificado dentro da cabeça”. Em um certo momento, pára
o que está dizendo e relata estar ouvindo uma voz falando “cachorrão”, a
qual não sabe se é de seu pai ou de uma mulher.
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Segundo caso ( parte 3)
Relata que, há uma semana, começou a ver fardas e pessoas que julga serem
de alto poder e que todas estas entravam em comunicação com ele,
através dos pensamentos e dos sonhos. Diz que hoje, quando se dirigia ao
hospital, agrediu uma pessoa na rua por ter ouvido o barulho de um tambor
de revólver e ter visto que várias fardas e uma pessoa em especial que
portava um fardamento todo condecorado e dizia: “Vai acontecer”. Ele
afirma: “Eu não quero fazer isso, mas é minha mão que agride”.
Permanece sentado na mesma posição durante toda a entrevista, sem
gesticular muito ou alterar sua mímica facial. Sabe a data e o local onde
estamos e repete três palavras ditas por mim cinco minutos após. Enumera
os meses do ano na seqüência certa e inversa. Realiza contas simples com
exatidão. Fala da diferença entre um anão e uma criança: “Um anão é igual
uma criança com aparência de velho”. Interpreta o ditado “de grão em grão
a galinha enche o papo” dizendo “em pouquinho, em pouquinho, vou
enchendo os bolsos de dinheiro”.
Diz que não sente seus ossos, que acredita ter um mecanismo na perna que o
faz andar. “Não sinto o meu coração bater e às vezes penso que ele não
existe,”. “Acho que não tenho cérebro. Se eu não tivesse, eu estaria
morto?”, pergunta. Fala que sua cura estaria nas mãos de seu pai, “será
que ele morreu sem me curar?”.
Pretende, após a alta, ir ao dentista “para extrair o dente e ver se as vozes
somem”, justifica. Fala em voltar a trabalhar.
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Que alterações você relacionaria com cada um
dos trechos destacados?
1)
2)
3)
4)
5)
6)
7)
8)
9)
10)
“parece que falam dentro de minha boca, acho que de um dente que está doendo, deve ter uma
outra língua dentro da minha”.
“tenho uma miragem de uma estante...”
“escuto vozes que às vezes me mandam fazer coisas”
“um pessoa presa às minhas costas mexe na minha espinha e me faz ter essa impulsão na mão”
“eu não quero fazer isso, mas é minha mão que agride” “tem uma mecanismo que faz a perna
andar”
“às vezes acho que sou o Marcelinho”
“eu tenho um espelho na cabeça que reflete nos olhos. Se tem uma pessoa lá no pátio pode ler
meus pensamentos e ver o que tem aqui dentro”
“as vozes vem de minha boca, acho que é de meu dente que está doendo”
“tenho uma bola de gás dentro da barriga, acho que é por isso que tem chovido tanto”
“permanece sentado na mesma posição durante toda a entrevista, sem gesticular ou alterar a
mímica facial
“sinto que tenho uma bola de gás com água dentro da barriga”, “Acho que eu não tenho cérebro”,
“não sinto meu coração bater, às vezes penso que ele não existe”, “diz que não sente seus osso”
Distinga “Depressão”. “Episódio Depressivo” e “Transtorno Depressivo
Maior”
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Terceiro Caso
Professor Marcus André Vieira
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