Informática e a Educação Especial*
Tiago Nonoai Flores Corrêa1
1
Acadêmico do Curso de Ciência da Computação da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Santa Maria,RS - Brasil
[email protected]
Resumo. Este artigo trata da implantação do Ministério da Educação com
investimentos em equipamentos e recursos de informática para alunos
especiais e recursos de informática na área da Educação Especial no país.
Com o objetivo de integrar cada vez mais a área à computação, foram
desenvolvidos softwares e programas para obter uma melhor avaliação de
sujeitos com alguma deficiência, além da formação de profissionais para
atuarem de forma correta, elevando assim as maneiras de avaliarem o
processo de aprendizagem e incentivando a melhor contextualização do
sujeito no mundo atual.
1. Introdução
A relação do homem com a máquina vem alcançando cada vez mais um
amadurecimento em relação a sua inserção em inúmeras áreas. As ciências biológicas,
exatas, enfim, uma ampla gama de setores vem sendo melhorada nos quesitos da
evolução.
Mas o homem precisa evoluir na questão humana, e para isso são desenvolvidas
diretivas para tornar o computador não apenas um armazém de informações, mas um
instrumento a fim de auxiliar o desenvolvimento daqueles que necessitam de ajuda e
apoio.
Para isso, o sistema educacional necessita acompanhar o crescimento
tecnológico, inserindo o computador na educação especial, tendo como meta a questão
humana, como levar o indivíduo ao êxito ampliando suas próprias capacidades.
2. MEC e a Educação Especial
O Ministério da Educação, utilizando da criação de projetos voltados a educação
especial, implantou equipamentos em escolas públicas e investiu mais de R$ 1,5 milhão
na compra de computadores, impressoras em Braille, fones de ouvido, monitores de
vídeo, material pedagógico, mobiliário especial entre outros.
Após receber cada material, cada escola indicará dois professores para
participarem de um curso de capacitação com duração de 140 horas, sendo 20 horas
presenciais e 120 horas a distância através de um programa especial de educação.
3. Projetos na Educação Especial
Tendo por objetivo a inserção do aluno que necessita de cuidados especiais, a
Secretaria de Educação do MEC (SEESP) vem desenvolvendo algumas diretivas e
projetos usando a informática na educação especial. Dentre eles, destaca-se o Projeto de
Informática na Educação Especial (Proinesp).
3.1. Projeto de Informática na Educação Especial
O Proinesp tem por objetivo estender aos alunos com necessidades especiais o acesso
às novas oportunidades educacionais. O projeto também consiste na instalação de
laboratórios especializados para escolas que tenham alunos matriculados com
deficiência, juntamente com a formação de professores para a respectiva atuação. Em
2003, foram implantados 60 laboratórios de informática; em 2004, mais 100
laboratórios de informática com a formação de 328 profissionais elevando assim os
objetivos do Proinesp.
Para o fim desse ano (2005), terão no total 440 salas de informática na educação
especial funcionando em todo o país.
Os alunos de informática do Centro de Reabilitação e Prevenção de
Deficiências, que é uma das unidades de atendimento do complexo OSID (Obras
Sociais da Irmã Dulce) com sede em Salvador, Bahia, mostram exemplos de tentativas
de superação bem sucedidas: ele tem 38 anos, tetraplégico. Porém, Raimundo escreve,
desenha, joga, realiza atividades no computador, através da adaptação de um software
que permite a transmissão de comandos pelos sopros da pessoa com um microfone.
Como conseqüência, Raimundo agora fala em som mais audível; está sendo
alfabetizado e consegue um ligeiro movimento em uma das mãos: obra do mouse
adaptado.
Com um período de duas a três aulas por semana, os professores ensinam seus
alunos, graças à implementação da Informática Aplicada na Educação Especial, que é
uma iniciativa do Proinesp auxiliando com preparação específica para adolescentes
com paralisia cerebral ajudando-os a ler e escrever trabalhando com o estimulo da autoestima.
3.2. Núcleo de Informática na Educação Especial
O NIEE surgiu com a desativação do PRONINFE, que era um programa coordenador
de Informática na Educação do país. Através da Pró Reitoria de Recursos Humanos e
de Serviços à Comunidade Universitária, a UFRGS (Universidade Federal do Rio
Grande do Sul) criou o Núcleo de Informática na Educação Especial com a
transformação do CIES/EDUCOM, que ao longo dos últimos 13 anos desenvolveu
experiências; pesquisas; softwares e formação de recursos humanos na área de
informática na educação geral e especial.
O núcleo atende com objetivos de construção de ambientes de aprendizagem
focalizando grupos marginalizados, sejam eles sujeitos com dificuldades de
aprendizagem, sujeitos excepcionais portadores de deficiência mental ou mesmo física
(auditivo-visuais-motoras).
Além disso, o NIEE também atua na produção de software, visando o
desenvolvimento cognitivo e sócio-afetivo. Entre alguns, o Simulador de teclado para
portadores de deficiência motora. Para usuários com paralisia cerebral ou deficiência
física, um novo recurso pedagógico foi criado onde um ambiente interativo explora
simuladores de teclas através de processos de varredura, além do desenvolvimento de
simuladores de hardware.
Mesmo com reconhecimento nacional e internacional, o que mais gratifica o
grupo são os resultados alcançados graças a esses estudos que possibilitam uma melhor
avaliação do sujeito, e, mais ainda, oportunizando abertura de espaços para seu
crescimento, comunicação e melhor integração no contexto social.
3.3. Laboratório de Informática na Educação
Criado através do convênio entre a UFF (Universidade Federal Fluminense) e o FNDE,
o LIEE (Laboratório de Informática na Educação Especial) tem como objetivo a
formação docente para o acesso de alunos com necessidades educacionais especiais às
novas tecnologias da informação e da educação.
Na graduação em pedagogia, o LIEE ofereceu Atividades com os temas:
“Introdução à Informática”, “Educação Especial na Internet” e pela segunda vez
oferecendo “Informática Aplicada à Educação Especial”. Além disso, tem favorecido a
realização de trabalhos monográficos e pesquisas.
4. Educação Especial e Recursos da Informática
Com a evolução da informática desenvolveu-se uma infinidade de programas
computacionais que são utilizados na Educação Especial e com diferentes objetivos
pedagógicos como aplicativos (editores de desenho, de texto, de apresentações), jogos
educativos, simulações, hipertextos, linguagens de programação, correio eletrônico,
chats, programas multimídia, entre outros. Também se encontram dispositivos que
facilitam o acesso de sujeitos com diferentes tipos de problemas (deficientes físicos,
surdos, cegos) ao computador, utilizando telas sensíveis ao toque, sintetizadores de voz,
mouses, teclados especiais, capacetes com ponteiros, etc.
Como exemplo, existe sistemas de comunicação que se baseiam no uso de
acionadores e de softwares com recursos de varredura desenvolvidos para sujeitos com
dificuldades de produção grave (por exemplo, paralisia cerebral, afasia acompanhada
de hemiplegia, distrofia muscular progressiva, autismo, surdez).
O funcionamento dos acionadores, que substituem o mouse, consiste num
disparo com um simples balanço da cabeça e é extremamente sensível, sendo indicado
para sujeitos com graves transtornos motores. Já os programas de varredura apresentam
na tela algumas figuras (imagens, símbolos, letras, números, palavras) e um cursor
luminoso, que vai percorrendo a tela e o sujeito dispara o acionador ao atingir a figura
desejada. Também os cegos podem utilizar sistemas que fazem à leitura da tela e de
arquivos por meio de um alto falante; teclados especiais que têm pinos metálicos e se
levantam formando caracteres sensíveis ao tato “traduzem” as informações que estão na
tela ou que estão sendo digitadas e ainda impressoras que imprimem em código braille.
4.1. Exemplos de programas
Embora não ter sido desenvolvida com o objetivo voltado a área da Educação Especial,
a linguagem Logo tem sido usada na compreensão de diferentes níveis de dificuldade
de sujeitos com déficit de atenção, visão subnormal e paralisia cerebral. Próteses
caseiras são utilizadas para promover a interação. Por exemplo, tampas de caneta
esferográfica acopladas a um dedo da mão ou a colocação de placas de acrílico com
furos sobre o teclado convencional são usados a fim de melhorar a digitação do sujeito
com paralisia cerebral; ou mesmo aumentar o tamanho das letras e mudar a cor do
fundo da tela e da escrita proporcionando assim um maior contraste para sujeitos com
visão subnormal.
O trabalho utilizado com a linguagem Logo tem dado bons resultados. Porém, a
formação de facilitadores é mais trabalhosa e em Logo não existe nada pronto, nem
desenhos, nem efeitos especiais. Assim, tem-se usado outros softwares com crianças
especiais que tem, ao menos, pequenas seqüências de botões para apertar.
Um destaque especial é dado ao desenvolvimento de um software, MOTRIX,
para o uso de computadores por deficientes motores. Esse trabalho foi desenvolvido
pelo professor José Antonio dos Santos Borges do Núcleo de Computação Eletrônica
da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) através de um estudo da evolução de
reconhecimento automático de voz, histórico, características fisiológicas observadas;
tecnologias que reúnem hardware e software para o reconhecimento e processamento
de comandos através da voz humana.
5. Conclusão
De acordo com o presente artigo, nota-se a crescente evolução dos recursos que cabem
a adoção da informática na Educação Especial. As diretivas adotadas suprem cada vez
mais os objetivos adotados para alcançar patamares como promover a auto-estima e
levar ao deficiente a experimentar o sucesso. Apóia-se, assim, o desenvolvimento
cognitivo com a criação de softwares voltados a área, desenvolvendo a criatividade, a
autonomia e o trabalho cooperativo, que facilita a integração do individuo com o
mundo respeitando seus próprios ritmos.
6. Referências
Andrade, J. M. P. D. “O Uso da Informática na Educação Especial”
http://www.cciencia.ufrj.br/Publicacoes/Artigos/EduBytes96/InformEducEspecial2
.htm
Garcia, M. L. G. “Computador na Educação Especial: instrumento de aprendizagem ou
jogo de espelhos?” http://www.ecof.org.br/destaques/down/lucia.htm
Filho, T. A.G. “A Telemática no Desenvolvimento de Projetos Pedagógicos: vivências
da
educação
especial
no
CRPD”
http://www.educacaoonline.pro.br/art_a_telematica.asp?f_id_artigo=439
MEC
–
Secretaria
da
http://www.mec.gov.br/seesp/perguntas.shtm
Educação,
“Perguntas”
MEC – Secretaria da Educação, “Projeto de Informática na Educação Especial PROINESP” http://www.mec.gov.br/seesp/projeto2.shtm.
NIEE, “Histórico” http://www.niee.ufrgs.br/geral.htm
República
Federativa
do
Brasil,
http://www.brasil.gov.br/emquestao/eq338.htm
“em
questão”
SERPRO, “MEC implanta programa de informática para alunos especiais”
http://www.serpro.gov.br/noticiasSERPRO/20040227_02
Informática – A folha Online, “Qual a relação entre Educação e Informática?”
http://www.sul-sc.com.br/afolha/pag/eduinfor.htm.
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* Trabalho apresentado à Profª Andrea Schwertner Charão, como requisito parcial da disciplina de
Computadores e Sociedade, Curso de Ciência da Computação, Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM), em setembro de 2005.
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