ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I Versão Online 2009 O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE Produção Didático-Pedagógica SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ - UNIOESTE MATERIAL DIDÁTICO PEDAGÓGICO A RESOLUÇÃO DA EQUAÇÃO DO 2º GRAU UTILIZANDO O MÉTODO DE “COMPLETAR QUADRADOS”. IBEMA 2010 1 SILVIA ADELI DROSS A RESOLUÇÃO DA EQUAÇÃO DO 2º GRAU UTILIZANDO O MÉTODO DE “COMPLETAR QUADRADOS”. Proposta de Unidade Didática apresentada no PDE como produção didática pedagógica sob orientação da Professora Fabiana Garcia Papani IBEMA 2010 2 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO.......................................................................................................4 EQUAÇÃO DO 2º GRAU ............................................................................................5 UMA ABORDAGEM HISTÓRICA: COMO SURGIU A EQUAÇÃO DO 2º GRAU? ....7 MÉTODOS DE SOLUÇÕES .................................................................................... 15 O MÉTODO DE “COMPLETAR QUADRADO”..........................................................17 RECURSOS DIDÁTICOS .........................................................................................24 REFERÊNCIAS..........................................................................................................28 3 Apresentação O que fundamenta esta pesquisa histórica é o posicionamento da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, através das Diretrizes Curriculares da Educação Básica, na qual diz que A abordagem histórica deve vincular as descobertas matemáticas aos fatos sociais e políticos, às circunstâncias históricas e às correntes filosóficas que determinaram o pensamento e influenciaram o avanço científico de cada época. A história da Matemática é um elemento orientador na elaboração de atividades, na criação das situações-problema, na busca de referências para compreender melhor os conceitos matemáticos. Possibilita ao aluno analisar e discutir razões para aceitação de determinados fatos, raciocínios e procedimentos. A história deve ser o fio condutor que direciona as explicações dadas aos porquês da Matemática. “Assim, pode promover uma aprendizagem significativa, pois propicia ao estudante entender que o conhecimento matemático é construído historicamente a partir de situações concretas e necessidades reais” (DCEs, 2008, p. 66). O material didático pedagógico encontra-se na forma de uma seqüência didática, pois contém uma série de atividades planejadas, articuladas e orientadas com o objetivo de promover uma aprendizagem significativa e contextualizada do conteúdo “Equação do Segundo Grau”. Tem como objetivo auxiliar alunos e professores com relação ao conteúdo proporcionando-os conhecer novos caminhos durante seu trabalho em busca das soluções de uma equação do segundo grau. Esta seqüência didática está dividida em etapas: uma abordagem histórica. Realizada pelos alunos em forma de pesquisa bibliográfica; Atividades propostas após realização de exemplos para enriquecimento e revisão do conteúdo apresentado. Atividades com o material manipulável ALGEPLAN. Este material será apresentado através de slides e posteriormente será construído pelos alunos; Todas as atividades serão desenvolvidas pelos alunos sob a orientação e acompanhamento do professor. 4 A Equação do 2º Grau Uma equação é uma sentença aberta expressa por uma igualdade envolvendo expressões matemáticas, ou seja, a equação é composta por incógnitas e coeficientes. Exemplos: 3 sen2 x cos 2 x 4 b) 4 x 5 y 2 z 42 a) senx cos x c) x 2 2 x 3 0 d) =3 Uma equação algébrica são as equações em que as incógnitas são submetidas apenas às chamadas operações algébricas, ou seja, soma, subtração, multiplicação, divisão, potenciação inteira e radiciação. Operação algébrica linear. Exemplos: a) 4 x 5 y 2 z 42 b) x 2 2 x 3 0 =3 c) Uma equação algébrica na qual as incógnitas são submetidas apenas a soma (subtração) e ao produto é chamada equação polinomial. Exemplos: a) b) 5 c) d) x3 – 2x2 + x – 2 = 0 Toda equação polinomial sobre IR, pode ser representada sob a forma: anxn + an-1 xn-1 + an-2 xn-2 + … + a0 = 0, an Uma equação do segundo grau é toda equação polinomial do tipo: ax2 + bx + c = 0, a, b e c IR e a ≠ 0. Exemplos a) 2x2 - 5x + 3 = 0 b) c) Uma solução de uma equação é um número real que ao ser atribuído à variável transforma a equação numa sentença matemática verdadeira. Exemplo ½ é raiz da equação 2x2 + 7x + 3 = 0, pois 2.(½)2 + 7.(½) + 3 = 0 2 . (1/4) – (7/2) + 3 = 0 2 – 14 + 12 =0 4 -14 + 14 = 0 0 = 0 (sentença verdadeira) Decidir se determinado número real é ou não solução de uma dada equação é tarefa simples, agora resolver uma equação é o encontrar o conjunto formado por todas as soluções da equação. Sabemos que uma equação polinomial do tipo anx n + an-1 xn-1 + an-2 xn-2 + … + a0 = 0, a n 0 tem no máximo n raízes em IR. Assim, no caso das equações do segundo grau, ax2 + bx + c = 0, a ≠ 0 o conjunto solução poderá ser vazio, unitário ou ter dois elementos. 6 Uma abordagem histórica: Como surgiu a equação do 2º Grau A equação do 2º grau teve diversas formas de representação e resolução desde o antigo Egito até os dias atuais. Dentro deste período histórico a representação e resolução da referida equação recebeu as seguintes denominações: retórica, geométrica, sincopada e simbólica. Retórica: representação da equação e sua solução através de palavras. Exemplo: Qual é o lado de quadrado se a área menos o lado dá 870? Tome a metade de um (coeficiente de x), que é 0,5, e multiplique 0,5 por ele mesmo, o que dá 0,25. Some o resultado a 870 (termo independente, ou seja, o termo não acompanhado da incógnita), o que dá 870,25. Isto é, na verdade o quadrado de 29,5, que, somado a metade de um vai dar o lado do quadrado, que é igual a 30 (Fragoso, 2999, p.17) Atualmente este problema seria solucionado através da equação Geométrica: representação e solução feitas através de figuras geométricas. O Método geométrico que exploraremos neste texto é um exemplo dessa denominação. Sincopada: utilização de palavras abreviadas e ou letras iniciais na representação das equações. Exemplos α Δ ι γ ε (incógnita ao quadrado 13, incógnita 5) 13x2 + 5x. 7 ηΔε α ((incógnita 8) menos (incógnita ao quadrado 5, unidades 1)) -5x2 + 8 x – 1. Simbólica: utilização de símbolos para representar e solucionar as equações. Trata-se da simbologia adotada nos dias atuais. Vejamos um pouco mais da história da álgebra: Egito: A álgebra surgiu no Egito quase que ao mesmo tempo em que na Babilônia; a julgar pelos Papiros Rhind e de Ahmes- documentos egípcios que datam de cerca de 1850 a.C. e 1650 a.C., respectivamente, mas refletem métodos matemáticos de um período anterior. Para equações lineares, os egípcios usavam um método de resolução consistindo em uma estimativa inicial seguida de uma correção final - um método ao qual os europeus posteriormente deram o nome de "regra da falsa posição". A álgebra do Egito, como a da Babilônia, era retórica. No exemplo Aha, seu total, sua sétima parte, resulta 24. Aha é a quantidade indefinida, (hoje seria assim: x x 24 ). 7 Para se resolver esta equação pelo método da falsa posição deve-se inicialmente escolher um valor qualquer para x ("aha"), digamos x = 7. Com este valor computa-se a expressão x x 8 . Deste modo o fator de correção deve ser 7 24 3 , pois este vezes 8 resulta o lado direito da equação original (24), ou seja, o 8 valor correto de "aha", ou x, deve ser 3 * 7 21 . O método da falsa posição, considerado pelo babilônios como uma receita infalível e descrito acima demonstra que a proporcionalidade já era conhecida. valor suposto da incógnita novo resultado = valor real da incógnita resultado enunciado no problema 8 O sistema de numeração egípcio, relativamente primitivo em comparação ao babilônio, ajuda a explicar a falta de sofisticação da álgebra egípcia. Os matemáticos europeus do século XVI tiveram de estender a noção indo-arábico de número antes de poderem avançar significativamente além dos resultados babilônios de resolução de equações. Já apresentavam uma abordagem para a equação do 2º grau, apesar de não disporem de um simbolismo algébrico. Mesopotâmia: O problema seguinte mostra o relativo grau de sofisticação da álgebra da Mesopotâmia, denominada álgebra babilônica e registrada em placas de argila. Na explanação, naturalmente, usa-se a notação decimal indo-arábico em vez da notação sexagesimal cuneiforme (escrita usada em pedras e tabuinhas de barro cozido e cujos caracteres tinham a forma de cunha). Entre parênteses fornecemos as passagens correspondentes em notação moderna. Etapa 1 ( Formulação do problema): Comprimento, largura. Multipliquei comprimento por largura, obtendo assim a área: 252. Somei comprimento e largura: 32. Pede-se: comprimento e largura. (Determine o comprimento e a largura de um retângulo de área 252, sabendo que a soma dessas medidas é 32.). Etapa 2 – apresentação dos dados: 32 soma; 252 área.( x+y=k = 32 xy = P = 252). Etapa 3 – apresentação da resposta: 18 comprimento; 14 largura. Etapa 4 – explicação da solução: Tome metade de 32 (que é 16) 16 x 16 = 256 256 - 252 = 4 A raiz quadrada de 4 é 2. 16 + 2 = 18 comprimento. 16 - 2 = 14 largura (Em linguagem atual: k/2 (k/2)2 (k/2)2 - P = t2 9 (k/2) + t = x. (k/2) - t = y. Etapa 5 Prova: Multipliquei18 (comprimento) por 14 (largura). 18 x 14 = 252 área (((k/2) +t) ((k/2)-t) = (k2/4) - t2 = P = xy) A "receita" acima era usada repetidamente em problemas semelhantes. Ela tem significado histórico. Grécia Quanto aos gregos podemos distinguir duas épocas diferentes: a via de inspiração geométrica com Euclides (séc. III a.C.) e a via de inspiração aritmética com Diofanto (séc. M d.C). Na época de Euclides, os problemas do 2° grau eram de natureza geométrica, resolvidos geometricamente e acompanhados sempre de uma demonstração também geométrica. Desta forma, o raciocínio algébrico era em Euclides totalmente expresso de uma forma geométrica. Já com Diofanto, os problemas considerados eram de natureza aritmética, sendo a resolução dada de índole algébrica. Em Diofanto encontramos ao que se pensa a primeira utilização sistemática de símbolos algébricos. Grécia Quanto aos gregos podemos distinguir duas épocas diferentes: a via de inspiração geométrica com Euclides (séc. III a.C.) e a via de inspiração aritmética com Diofanto (séc. M d.C). Na época de Euclides, os problemas do 2° grau eram de natureza geométrica, resolvidos geometricamente e acompanhados sempre de uma demonstração também geométrica. Desta forma, o raciocínio algébrico era em Euclides totalmente expresso de uma forma geométrica. 10 Já com Diofanto, os problemas considerados eram de natureza aritmética, sendo a resolução dada de índole algébrica. Em Diofanto encontramos ao que se pensa a primeira utilização sistemática de símbolos algébricos. Arábia Os matemáticos Árabes, influenciados pela habilidade algébrica dos Babilônios e pelo rigor científico dos Gregos, foram os primeiros a sistematizar a resolução das equações do 2º grau, resolvendo os problemas por um processo algébrico e apresentando uma demonstração geométrica. Como ainda não eram aceitas as soluções e os coeficientes negativos, havia a necessidade de dividir as equações do 2º grau em vários tipos e, consequentemente, continuavam a existir diferentes algoritmos de resolução. Há a destacar o proeminente matemático Al Khowarizmi, que conseguiu com clareza e simplicidade resolver tais problemas apresentando demonstrações geométricas originais relativamente a Euclides. Abu Kamil, outro matemático árabe também merecedor de destaque, utilizava nas demonstrações apresentadas para a resolução dos mesmos tipos de equações, proposições dos Elementos de Euclides, tomando assim as demonstrações mais rápidas. Outra grande inovação deste matemático consistiu na introdução de um novo método de resolução das equações quadráticas, que permitia obter diretamente o valor do quadrado. Nas demonstrações apresentadas para este método, Abu Kamil aceitava que um segmento de reta pudesse representar um quadrado, pondo assim de lado a aritmetização dos segmentos. Assistiu-se à evolução, embora lenta, da resolução dos problemas na forma sincopada. Índia Em 628, Brahmagupta forneceu a primeira solução geral para a equação quadrática: Na Índia as equações polinomiais do 2.o grau eram resolvidas completando quadrados. Esta forma de resolução foi apresentada geometricamente por Al-Khowarizmi, no século IX. Eles descartavam as raízes negativas, por serem "inadequadas" e aceitavam as raízes irracionais. Tinham 11 também uma "receita" para a solução das equações de forma puramente algébrica. No século XII d.C., Bhaskara (1114-1185), em duas das suas obras, apresenta e resolve diversos problemas do segundo grau. Antes de Bhaskara, no princípio do século IX d.C., o matemático árabe Al-Kowarismi, influenciado pela álgebra geométrica dos gregos, resolveu, metodicamente, as equações do segundo grau, chegando à fórmula do modo descrito a seguir. Al-Kowarismi interpretava, geometricamente, o lado esquerdo da equação x2 + px = q como sendo uma cruz constituída por um quadrado de lado x e por quatro retângulos de lados p/4 e x. Então, como mostra a figura abaixo, "completava" esta cruz com os quatros quadrados pontilhados de lado p/4, para obter um "quadrado perfeito" de lado x + p/2. p2 16 p2 16 px 4 px 4 p2 16 p2 16 Usando este artifício geométrico, Al-Kowarismi demonstrou que se adicionando 4 vezes p2/16, soma das áreas dos quatros quadrados de lado p/4, ao lado esquerdo da equação x2 + px = q, obtinha-se (x + p/2)2, que é a área do quadrado de lado x + p/2, isto é, x2 + px + 4 p2/16 = (x + p/2)2. Portanto, a 12 equação x2 + px = q poderia ser escrita como (x + p/2)2 = q + p2/4 implicando que x p p2 q , que é a formula conhecida como fórmula de Bhaskara. 2 4 China A abordagem chinesa para a resolução destas equações foi o método fanfan, publicado por Zhu Shijie (também chamado de Chu Shih-Chieh), no século XIII, no seu Tratado das Nove Seções. O método foi redescoberto no século XIX, pelos ingleses William George Horner e Theophilus Holdred e, um pouco antes, pelo algebrista italiano Paolo Ruffini. O método fan-fan ficou conhecido na Europa como método de Horner. Na verdade, ele já tinha sido antecipado por Isaac Newton em 1669. Europa Os matemáticos Europeus que contribuíram nesta área foram: Girard que aceitou já as soluções negativas; Descartes que, com a sua capacidade inventiva característica de mentes geniais, introduziu a notação que é usada nos dias de hoje. Descartes destaca-se também pelo fato de apresentar demonstrações geométricas, para problemas algébricos que se propunha resolver, originais em relação ao modo habitual de resolução característico do seu tempo. Somente a partir do século XVI, a álgebra simbólica começou a ser formalizada pelas mãos do advogado e matemática amador, o Francês François Viète, que ficou conhecido como o pai da álgebra. Em 1676 Leibniz, completou a descoberta do cálculo infinitesimal. Leibniz calculava através do infinitamente pequeno. Outra contribuição é do sinal para indicar a multiplicação através do ponto, 9 x 3 = 9. 3 Thomas Harriot, fundador da escola inglesa de álgebra e introdutor de vários símbolos e notações empregados em álgebra ainda hoje, como os sinais > 13 (maior que) e < (menor que). E que uma equação “n” tinha “n” raízes, supôs haver uma relação entre as raízes de uma equação e seus coeficientes. Por fim, MacLaurin, um matemático Britânico que apresentou no séc. XV a resolução das equações do 2° grau duma forma geral e cuja demonstração é a base daquela que é ensinada hoje em dia aos alunos do Ensino Básico. PERÍODO -1650___________EGITO – PAPIROS – Fases retóricas. -350 a - 300 GRÉCIA (ALEXANDRIA) Euclides (os elementos) Fase geométrica Diophanto Fase Sincopada 628___________________________________________ 830 a 1150 MESOPOTÂMIA Tabulas de Argila Fase Retórica IMPÉRIO ÁRABEA AL-Khowarizmi Abu Kamil Fase retórica Fase Geométrica ÍNDIA Brahmagupa Fase Sincopada Bháskara de Akaria Lilavati e Vija- Ganita Fase Retórica CHINA Chu Shih chieh (Ssu Yuan Yuchien Fase Retórica EUROPA François Viète 1300 a 1570 Fase Sincopada Harriot Descartes Leibniz 1620 a 1640_________________________________________ Fase Simbólica 1700 atualmente MUNDO ATUAL Fase Simbólica e Geométrica 14 Métodos de soluções Figura 1 http:/0 /www.educ.fc.ul.pt/icm/icm99/icm22/images/Image361.gif Como dissemos anteriormente encontrar a solução de uma equação é encontrar todos os números reais que são soluções desta equação. “Uma maneia bem conhecida de resolver estas equações é aplicar diretamente à “famosa” formula de Báskara que diz:” Dada uma equação quadrada ax2+bx+c=0, as soluções da equação são x1= x2= b b 2 4ac e 2a b b 2 4ac 2a 15 Exemplo: Nesse caso a = 1; b = -10 e c = 25. As raízes (soluções) dessa equação são: x1= x2= 10 100 100 =5 2 Exercício Encontre as soluções das equações, aplicando diretamente a fórmula de Báskara. a) b) c) (x + 3)2 =16 Motivados pela história da matemática, pensamos em trabalhar com os alunos, na busca das soluções de uma equação do segundo grau, o processo que originou a famosa fórmula, que chamamos de “Método de Completar Quadrados”, ao invés de trabalhar simplesmente com a aplicação da fórmula, como é feito tradicionalmente. Acreditamos que essa abordagem metodológica não só possibilita uma maior compreensão do conteúdo, como possibilita rever outros conteúdos tais como cálculo de áreas e produtos notáveis. Apresentamos abaixo o método em duas abordagens: simplesmente algébrica e utilizando a geometria como aliada do processo. 16 O método de “completar quadrado” Abordagem algébrica O método de “completar quadrados”, no qual se baseia a fórmula de Báskara, consiste em primeiramente transformar a equação ax2 +bx+c=0, que se encontra na forma geral, em outra forma mais conveniente, chamada forma canônica. Exemplos: 1) x2 + 10x – 39 ( forma geral) x2 + 10x – 39 = (x-5)2 – 64 (forma canónica) 2) -2x2 + 3x +2 ( forma geral) 2 2 3 9 3 25 3 -2x2 + 3x +2 = -2(x2 - x -1) = 2 x 1 2 x 2 4 16 4 16 (forma canónica) Generalização 2 2 b c b b2 c b b 2 4ac ax +bx+c = a (x + x + ) = a x 2 a x a a 2a a 2a 4a 2 4a 2 2 ax2+bx+c (forma geral) 2 b b 2 4ac a x (forma canónica) 2a 4a 2 Exercícios propostos Coloque as equações do segundo grau abaixo na forma canônica a) b) 2 c) d) 2 17 Usando o método de “completar quadrados”, encontre as raízes das equações: a) x2 + 10x – 39 = 0 b) -2x2 + 3x +2 = 0 Solução: a) x2 + 10x – 39 = 0 (x-5)2 – 64 = 0 (x-5)2 = 64 x-5 = 8 x = 5 8. Logo as raízes da equação são 13 e -3. 2 3 25 3 3 b) -2x + 3x +2 = 0 -2 (x - x -1) = 0 (x2 - x -1) = 0 x 2 2 4 16 2 2 2 3 5 3 5 3 25 = 0 x x x . 4 4 4 4 4 16 1 As raízes da equação são 2 e - . 2 Generalização 2 b c b c b b 2 4ac ax +bx+c = 0 a (x + x + ) = 0 (x2 + x + ) = 0 x = a a a a 2a 4a 2 2 2 b b 2 4ac b b 2 4ac b b 2 4ac 0 x x x 2a 2a 2a 4a 2 4a 2 4a 2 2 Exercícios propostos Use o método de “completar quadrados” e encontre as raízes das equações. a) b) c) Abordagem geométrica: A geometria ajudando a álgebra 18 Exemplos 1) x2 + 12x – 64 = 0 Soluções a) Passo 1) Primeiro, desenhe um quadrado de lado "x" para representar o termo x2. Depois, represente o termo 12x por quatro retângulos de lados 3 e "x", como mostra a figura 1, abaixo: Figura 1 Note que no centro temos um quadrado de lado "x", portanto sua área é x2. Em cada retângulo um dos lados mede "x" e o outro 3, portanto, a área de cada retângulo é 3x. Desta forma x2+12x é a soma das áreas do quadrado com as áreas dos 4 retângulo da figura. Como desejamos que x2 + 12x – 64 = 0 devemos ter x2+12x = 64, isto é, a área da figura 1 deve se 64. De modo a obter um quadrado, acrescente na figura 1 quatro quadrados de lado 3, obtendo a figura 2 19 Figura 2 Como a figura 1 tem área de 64, a figura 2 tem área 100 (64 + a área de 4 quadrados de lado 3 = 64+36). Sendo assim, o lado do quadrado formado tem medida 10. Figura 3 Logo, 3 + x + 3 = 10 e, portanto x = 4. b) 2x2 + 4x – 70 = 0 No caso em que a é diferente de zero, neste exemplo temos a = 2. Devemos proceder da seguinte maneira: 2 2x + 4x – 70 = 0 2(x2 + 2x – 35) = 0 x2 + 2x – 35 = 0. Devemos então repetir os passos do exemplo a) para resolver a equação x2 + 2x – 35 = 0. 20 Generalização Para encontrar as raízes da equação devemos proceder da seguinte forma: a) Passo 1) Primeiro, desenhe um quadrado de lado "x" para representar o termo x2. Depois, represente o termo bx por quatro retângulos de lados b 4 e "x", como mostra a figura 1, abaixo: Figura 1 Note que no centro temos um quadrado de lado "x", portanto sua área é x2. Em cada retângulo um dos lados mede "x" e o outro retângulo é b , portanto, a área de cada 4 bx . 4 Desta forma x2+bx é a área da figura 1. Como desejamos que x2 + bx + c = 0 devemos ter x2+12x = - c, isto é, a área da figura 1 deve ser –c.. De modo a obter um quadrado, acrescente na figura 1 quatro quadrados de lado b , obtendo a figura 2. 4 21 Figura 2 Como a figura 1 tem área de -c, a figura 2 tem área – c + quadrados de lado b2 (- c + a área de 4 4 b =). Sendo assim, o lado do quadrado formado tem medida 4 b2 c. 4 b2 c 4 Figura 3 Logo, b b +x+ = 4 4 b2 b2 b c e, portanto x = - + c. 4 2 4 22 È claro que na resolução geométrica, somente medidas positivas, fazem sentido. Observação: As raízes da equação ax2+bx+c são as mesmas da equação b c b c b c x2+ x+ uma vez que ax2+bx+c = 0 a (x2+ x+ ) = 0 x2+ x+ = 0. a a a a a a Sendo assim, sempre que a 0 para encontrar as raízes de ax2+bx+c = 0 devemos aplicar o método geométrico à equação x2+ b c x+ = 0. a a Exercícios propostos Faça em seu caderno a representação geométrica e use o método de “completar quadrados” para determinar a raiz positiva de cada equação. a) X2 +6x -16 = 0 b) X2 +4x = 5 c) X2 + 10x -11 = 0 d) X2 +2x = 3 e) X2 + 8x – 33 = 0 f) X2 + 6x - 55 = 0 23 Recursos didáticos - O ALGEPLAN O algeplan é composto de 40 peças retangulares, coloridas, cujas medidas dos lados representam a unidade ou as variáveis. Manipulando algumas peças pode-se efetuar operações, fatorações e resolver problemas algébricos. Sua utilização facilita a compreensão das operações algébricas, das expressões algébricas, dos produtos notáveis e da resolução de equações com até duas variáveis. CONSTRUÇÃO DO ALGEPLAN Atividade 1: Construir, usando EVA: Quatro quadrados grandes, cujos lados medem x; (15x15); Quinze retângulos cujos lados medem u=1 (unidade comprimento) e x (1x15); Trinta quadrados pequenos cujos lados medem u (1x1) Atividade 2: Qual a área de cada uma dessas peças? Instrução para o uso do material Os quadrados pequenos serão chamados unidades Os retângulos serão chamados barras; 24 Os quadrados maiores serão chamados quadrados; Ao colocar uma peça justaposta à outra, estaremos adicionando; Ao colocar uma peça sobre a outra, estaremos subtraindo sua áreas (para visualizar melhor, colocar o subtraendo com outra cor). Modele as expressões Simplificação, Adição e Subtração Exemplo: Utilizando o Algeplan determine (x2 + 2x - 4) + (- 3x + 2). Para isso, primeiro modela-se, com as diferentes peças, as expressões x2 + 2x - 4 e -3x + 2. A seguir, efetua-se os cancelamentos/simplificações (de acordo com a regra estabelecida) e obtém-se o resultado. X2 + 2x - 4 x2 – x - 2 -3x + 2 + = Figura 6 Exercícios propostos: Utilizando o Algeplan determine: a) b) c) Exemplo Encontre as raízes da equação x2 + 2x + 1 = 0 Temos as peças: x x x 1 x 1 1 1 25 Agrupando estas peças temos um quadrado de medidas x+1. x+1 x+1 A área deste quadrado deve ser zero, isto é, (x + 1)2 = 0 x+1 = 0 x = -1 Exercícios Propostos 1) Fatore os trinômios usando as peças do Algeplan e depois resolva as equações: a) x2 +3x+2 b) x2 – 1 c) x2 – 9 d) x2 – 2x + 1 e) x2 – 4x + 4 f) x2 + x -2 g) x2 + 6x – 7 h) x2 –x -2 i) x2 – 3x j) 2x2 + 8x + 6 k) 2x2 + 7x + 6 l) x2 +3x+2 m) x2 – 1 n) x2 – 9 o) x2 – 2x + 1 p) x2 – 4x + 4 q) x2 + x -2 r) x2 + 6x – 7 26 s) x2 –x -2 t) x2 – 3x u) 2x2 + 8x + 6 v) 2x2 + 7x + 6 w) 2x2 + 13x + 15 x) 2x2 + 13x – 15 y) 3x2 + 10x + 8 z) x2 + 3x + 2 = 0 2) Sejam p e q as raízes da equação x² + bx + c= 0. Que relação existe entre p, q, e o número c? Que relação existe entre p e q e o número b? 3) Sejam p e q as raízes da equação ax² + bx + c= 0. Que relação existe entre p, q, e os números c e a? Que relação existe entre p e q e os números b e a? Atividades complementares Uso do livro “Equação do 2º Grau” de Imenes – Jacubo – Lellis. a) Seminário; b) Um ou dois exercícios em prova avaliando a leitura; c) Uma redação sobre o livro ou parte dele; d) Trabalho com a resolução das questões propostas pelo livro; 27 REFERÊNCIAS DANTE, L.R. Tudo é matemática. 8ª. Série. São Paulo : Ática, 2002. FANTI, E.L.C., Modelando expressões algébricas; resoluções de equações do primeiro grau e fatoração de trinômios. Notas de aula - Teia do Saber – UNESP - São José do Rio Preto, 2005. _______, E. L. C, ROSA, R. A., DIAS, F. M., MEDEIROS, L. T.; O Algeplan como um recurso didático na exploração de expressões algébricas e fatoração. In: III Bienal da SBM, 2006, Goiânia. Pôsteres da III Bienal da SBM, 2006. FRAGOSO, Wagner da Cunha. Equações do 2º Grau: Uma abordagem histórica. 2ª ed. Editora UNIJUI : Rio Grande do Sul, 1999. JAKUBO, J. LELLIS, M. 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