I I CONSCIENCIA um grande remédio [ 28 ] setembro/outubro 2004 diga lá nº 39 A CORPORAL, A preocupação com a saúde é hoje uma constante na vida de todos nós. Mas, freqüentemente, por não conhecermos bem o nosso corpo, acabamos causando prejuízos às vezes irreversíveis. Para evitar esses problemas, os médicos recomendam: conhecer o próprio corpo é o primeiro passo para uma vida mais saudável. PATRÍCIA COSTA diga diga lá lá nº 39 setembro/outubro 2004 [ 29 ] ILUSTRAÇÕES GUTO LINS Não adianta negar: todos se preocupam com o seu corpo, uns mais, outros menos. De um lado, somos bombardeados com imagens de corpos saudáveis e perfeitos, que nos levam a buscar esse ideal, mesmo que o preço a pagar seja seguir dietas malucas e praticar exercícios em excesso. De outro lado, vivemos uma vida agitada, sob permanente estresse, sofrendo com a falta de tempo, comendo fast-food, e tudo isso acaba contribuindo para o desequilíbrio da nossa saúde. A explicação dos especialistas para esses desequilíbrios está no fato de não nos conhecermos bem e, por isso, acabamos cometendo erros que prejudicam nosso corpo. No trabalho, por exemplo, basta uma cadeira torta para desalinhar a coluna, causando desconforto e dor. Passar muitas horas em pé provoca problemas circulatórios. Fumo e café em excesso alteram a qualidade do sono. Doenças como obesidade, hipertensão e diabetes estão surgindo cada vez mais cedo e com maior freqüência. Isso sem falar do estresse, presente em 10 entre 10 diagnósticos dos males da vida moderna. Uma pesquisa inédita divulgada em julho pelo Ministério da Saúde mostra que quase metade dos brasileiros se encontra acima do seu peso ideal. Feita em 14 capitais além do Distrito Federal, a pesquisa calculou o IMC - Índice de Massa Corporal (que corresponde ao peso dividido pela altura elevada ao quadrado) dos entrevistados, e concluiu que 40,3% das pessoas com mais de 18 anos estão acima do peso considerado normal – faixa que vai de 18,5 a 24,9 –, sendo que 10,9% são obesas e 29,4% estão com sobrepeso. O Rio de Janeiro é o campeão no número de pessoas com sobrepeso e obesidade: 48,1%. Em segundo lugar vem Porto Alegre (45,1%), depois Curitiba (43%) e São Paulo (42,8%). E mesmo quem opta por uma vida mais saudável, praticando atividades físicas, muitas vezes não sabe se está fazendo a coisa direito. [ 30 ] setembro/outubro 2004 diga lá nº 39 EPIDEMIA de dores musculares Os consultórios de ortopedistas, reumatologistas e fisioterapeutas que antigamente cuidavam predominantemente de idosos hoje vêm recebendo um número crescente de pessoas mais jovens. Um estudo feito recentemente pela Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, detectou um aumento de lesões no aparelho músculo-esquelético provocadas pela prática inadequada de exercícios. Isso porque cresceu a procura por tratamentos para tendinites, bursites, artrites e miosites em clínicas fisioterápicas. Segundo a autora do estudo, a fisioterapeuta Christianne Dardenne, cada pessoa possui características corporais específicas e é preciso que ela seja bem orientada na prática de exercícios: “Alguns possuem pernas mais curvas, como se estivessem montando a cavalo, outros têm a angulação do joelho desviada para fora, e para cada uma dessas características é recomendada uma atividade diferente.” “Muitas das lesões de pessoas mais jovens hoje são provocadas por excessos cometidos nas academias”, confirma o reumatologista e fisiatra Antônio d’Almeida, do Centro de Reumatologia e Ortopedia Botafogo, no Rio de Janeiro. Ele garante que se as pessoas conhecessem e, principalmente, respeitassem os limites do seu corpo, muitos desses problemas poderiam ser evitados: “O corpo tem seus mecanismos de defesa. Se está desidratado, você sente sede. Se algum músculo ou articulação está sendo forçado, aparece a dor ou um desconforto. Mas a maioria das pessoas acaba convivendo com esse desconforto, o que vai causando danos maiores à área afetada.” Apesar de os cuidados com a saúde fazerem parte do cotidiano de muitas pessoas, o médico não acredita que isso reflita uma maior consciência corporal: “Elas estão no meio do caminho, ou seja, estão preocupadas com a saúde, querem melhorar seu corpo, mas não sabem como devem fazer isso, o que é mais perigoso. A diferença entre remédio e veneno está na dose. É assim também na ginástica: as pessoas exageram na dose dos exercícios e acabam provocando lesões.” Além disso, o estilo de vida de muitos contribui para o agravamento desses problemas. São pessoas que dormem em colchões ruins, usam sapatos com saltos muito altos ou com formato inadequado, sentam de forma incorreta para comer, trabalhar ou ver tevê, enfim, vivem cometendo erros cotidianos. Muitas empresas já despertaram para a importância de oferecer um local de trabalho saudável. Como médico do trabalho, o Dr. Antônio já elaborou diversos projetos de ergonomia – estudo que analisa a relação do homem com o seu trabalho, equipamentos e o meio ambiente: “Essas adaptações no mobiliário melhoraram muito a qualidade de vida dos trabalhadores e reduziram o número de faltas ao trabalho. Todos saíram ganhando.” Outras empresas já oferecem a ginástica laboral, prática de movimentos e atividades físicas realizados pelos funcionários com o objetivo de prevenir e minimizar os efeitos adversos da atividade profissional. Mas, infelizmente, a maioria ainda não tem acesso a esses benefícios. No caso dos profissionais do esporte, as lesões fazem parte da rotina de trabalho (ver boxe). FOTO: WASHINGTON ALVES-COB-DIVULGAÇÃO A frase da supervisora da Seleção Brasileira de ginástica artística, Eliane Martins, ilustra como o mundo esportivo encara a dor muscular. Daiane dos Santos, até então nossa maior esperança de medalha de ouro individual nas Olimpíadas de Atenas, sofreu uma cirurgia no joelho direito em junho para retirar um pedaço de cartilagem que provocava muitas dores e estava atrapalhando seu desempenho. Mesmo após a operação, ela continua competindo com dores, pois tanto ela quanto outros desportistas encaram a dor como algo que faz parte da sua rotina de atleta. Outro ídolo brasileiro que tem enfrentado problemas físicos é o tenista Gustavo Küerten. No seu caso, as dores afetam a virilha e o quadril, e já o levaram a desistir de algumas partidas decisivas, mesmo depois de uma cirurgia. Em janeiro, exames diagnosticaram uma lesão no lado direito do quadril que, por vezes, chegou a provocar tendinite nos músculos da coxa. Por isso, o atleta teve de descansar e fazer um intenso tratamento fisioterapêutico a fim de se recuperar para as Olimpíadas. Mas foi eliminado logo no primeiro jogo, por não estar em plena forma. Não foi à toa que ele declarou: “Meu sonho é acordar um dia sem dor.” E quem não se lembra da rótula do joelho do jogador de futebol Ronaldo saltando para fora em pleno jogo? A cena que chocou o mundo aconteceu no dia 12 de abril de 2000. O Fenômeno operou o joelho direito pela primeira vez em 1996 para retirar uma calcificação, mas continuou jogando com dores controladas com analgésicos. Em novembro de 1999, durante outro jogo, ele rompeu o tendão da rótula e foi novamente operado. Meses de intensa reabilitação o trouxeram prematuramente de volta aos campos naquele dia de abril, quando novamente foi parar numa mesa de operação, com a patela do joelho rompida. Muitos especialistas acharam que ali era o fim de sua carreira, mas Ronaldo não desistiu e manteve uma recuperação, dessa vez lenta e gradual, que culminou com sua participação na Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2002, quando marcou dois gols na vitória do Brasil contra a Alemanha. O Fenômeno estava de volta. diga lá nº 39 setembro/outubro 2004 [ 31 ] VANDERLEI CORDEIRO DE LIMA GANHA A MEDALHA DE BRONZE NA MARATONA EM ATENAS. Uma DOR normal A dor é, geralmente, sinal de alguma disfunção ou algum processo inflamatório e precisa ser investigada e tratada por um especialista. Dependendo do caso, a atividade física deve ser interrompida até que o problema seja sanado. Na maioria das vezes, o atleta pode se recuperar, se fizer um bom tratamento de reabilitação e souber respeitar os limites impostos pelo seu organismo. “Acontece que, quase sempre, o atleta não tem limites”, afirma a fisioterapeuta e instrutora de Pilates do Espaço Consciência, no Rio, Beatriz Costa Martins. “Ser atleta é lidar com a superação da dor. Mas é claro que forçar demais o corpo vai trazer prejuízo; por isso a carreira do atleta é tão curta.” Crianças DOENTES O Dr. Antônio d’Almeida alerta para outro fato preocupante: vem crescendo o número de crianças com problemas posturais: “É um crime a quantidade de material escolar que elas são obrigadas a carregar. E a lei que estabelece limite de peso, no Rio e em outros estados, não ajuda. Relacionar o peso da criança com o da mochila é uma tarefa complicada, seria preciso instalar uma balança na porta das escolas para verificar se o peso da mochila está adequado ao peso da criança.” Além disso, a vida que os pais levam hoje faz com que seus filhos fiquem cada vez mais dentro de casa, vendo tevê, jogando De olho na POSTURA das crianças O fisiatra Antônio d’Almeida dá algumas dicas fáceis para que os pais possam fazer avaliações periódicas de como anda a postura de seus filhos. A avaliação deve ser feita com crianças entre 6 e 10 anos. • Examinar as solas dos sapatos ou dos tênis da criança, principalmente no calcanhar. Se estiverem gastas por igual, tudo bem; mas, se um lado estiver mais gasto, é sinal de que a criança está pisando torto. • Verificar como a roupa fica no corpo da criança depois que ela a vestiu; quando existem alterações posturais, o short fica meio de lado, ou a camiseta fica fora do prumo – sinais claros de postura incorreta. • Encostar a criança numa parede, sem sapatos e sem camisa. Colocar uma mão esticada em cada ombro da criança e depois pedir para ela sair. Se as mãos ficarem em alturas diferentes, isso pode indicar uma escoliose. • Com a criança encostada na parede, olhar de lado e ver se, na altura do umbigo, há uma curva acentuada atrás. Isso significa a presença de lordose. Nessa idade, a coluna deve ser muito reta, quase sem nenhuma curva. [ 32 ] setembro/outubro 2004 diga lá nº 39 no computador, sem se exercitar. O resultado são desvios na coluna que poderiam ser facilmente evitados caso as crianças passassem por uma avaliação postural. A fisioterapeuta Carmen Jardim, do Centro de Terapias Integradas, no Rio de Janeiro, concorda: “Como os ossos das crianças ainda têm um grande percentual de líquido em relação aos sais minerais, elas têm uma plasticidade que favorece o aparecimento de deformidades como a escoliose, a cifose e a lordose.” No entanto, essa mesma plasticidade pode ajudar a corrigir esses problemas, mas é preciso que haja atenção por parte de pais e professores: “Seria maravilhoso se fossem implantados nas escolas públicas e particulares programas que possibilitassem, por meio do exame físico das crianças, detectar o mais precocemente possível as deformidades posturais de forma a que, com um trabalho de reeducação da postura e do movimento e mudanças de hábitos viciosos, pudéssemos prevenir a possível estruturação dessas deformidades.” Nos Estados Unidos já existe um programa como esse, chamado Back School, em que as crianças passam por uma avaliação postural e são ensinadas a se sentar e a andar corretamente, sendo levadas a conhecer como usam seu corpo no espaço. Mas, enquanto essa novidade não chega por aqui, cabe aos pais ficarem atentos à postura de seus filhos (ver boxe). A vez das TERAPIAS ALTERNATIVAS Os especialistas concordam que conhecer o próprio corpo e suas limitações não é fácil, e, portanto, qualquer iniciativa para estimular isso deve ser apoiada. Não é à toa que cada vez mais médicos estão optando por adotar métodos complementares de tratamento para ajudar seus pacientes a conhecerem melhor suas estruturas corporais. Foi-se o tempo em que um tratamento para dores musculares se resumia a fisioterapia tradicional, medicação e repouso. A RPG - Reeducação Postural Global é a modalidade de tratamento complementar que mais cresce hoje em dia. Criada em 1980 pelo fisioterapeuta e físico nuclear francês Philipe Souchard, a RPG considera o corpo como uma máquina cujas engrenagens precisam estar em perfeito funcionamento. Se uma peça está com problemas, o conjunto todo se desequilibra. A dor ou tensão muscular provoca uma reação no conjunto corporal, que se reajusta para compensar o incômodo. Quando ela passa, a postura errada já estará instalada e será preciso corrigi-la. É aí que entra a RPG. “É um tratamento de longo prazo que, além de curar dores e corrigir posturas, leva o paciente a aprender sobre seu corpo, entender como funciona o seu andar, qual é a melhor posição para dormir, o melhor calçado para caminhar etc. É preciso se conhecer para se manter saudável”, explica o Dr. Antônio d’Almeida. Sua eficácia está tão comprovada que muitos planos de saúde privados já aceitam a RPG como tratamento clínico. A mesma coisa acontece com a acupuntura, técnica de tratamento milenar originária da medicina oriental, cujo objetivo é a manutenção da saúde com o estímulo de pontos específicos do corpo. Apesar de ter sido introduzida no Brasil há mais de 100 anos pelos primeiros imigrantes japoneses, só recentemente a acupuntura deixou de ser considerada um método alternativo e passou a ser complementar em tratamentos alopatas. Seus benefícios foram reconhecidos pela Organização Mundial de Saúde, que a recomenda para inúmeros tratamentos por não ter efeitos colaterais. No Brasil, foi reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina em 1995. O Estado do Rio de Janeiro foi o primeiro no Brasil a implementar, em 1992, um Programa de Acupuntura e Terapias Afins (shiatsu, tui-na, seitai, quiroprática, shantala). Usando agulhas descartáveis ou individuais, é possível tratar desde dores musculares localizadas até problemas diga lá nº 39 setembro/outubro 2004 [ 33 ] como a obesidade e a insônia. Hoje, vários estados e municípios já oferecem programas semelhantes. Segundo a Sociedade Médica Brasileira de Acupuntura, existem atualmente cerca de 5 mil médicos que praticam essa técnica no país. A explosão do PILATES Apesar de ainda ser inacessível para a maioria das pessoas – cada aula custa, em média, de R$ 25 a R$ 40 –, o Pilates tem ganhado força entre os praticantes de atividades físicas, principalmente aqueles que têm algum desvio postural ou já sofreram lesões musculares. O método foi criado pelo alemão Joseph Pilates no início do século passado. Por ter nascido com raquitismo e outros problemas de saúde, o terapeuta resolveu pesquisar técnicas de ginástica para desenvolver seu corpo. O método criado mistura técnicas orientais – que destacam o alongamento, a concentração e o autoconhecimento – com técnicas ocidentais que enfatizam o fortalecimento dos músculos. Ele também criou os aparelhos onde os exercícios são executados. Morto em 1967 com quase 90 anos, Joseph Pilates deixou discípulos que deram prosseguimento ao seu trabalho, mas somente na década de 1990 o seu método ficou mais conhecido. A instrutora de Pilates Beatriz Costa Martins acredita que a técnica veio para ficar: “As pessoas hoje estão mais informadas e buscam atividades que não provoquem lesões nem sejam muito repetitivas. E, como as aulas são individuais ou com poucas pessoas, o instrutor tem a oportunidade de orientar melhor o aluno.” Para ela, o Pilates ajuda no processo de autoconhecimento, além de propiciar benefícios diretos – melhora o condicionamento físico, a flexibilidade e a capacidade respiratória – e indiretos – aumenta a qualidade do sono, do funcionamento dos órgãos internos e da auto-estima, principalmente para os idosos: “Quase todos dizem que ficam mais bemdispostos, com mais pique, mais vivos e alegres.” [ 34 ] setembro/outubro 2004 diga lá nº 39 Outras técnicas orientais como a ioga, o tai-chichuan e o shiatsu também caíram no gosto das massas. A ioga é uma técnica oriental antiga que se concentra na respiração, enquanto o corpo vai assumindo uma série de posições que aumentam o nível de oxigênio, aprimorando a flexibilidade e a circulação. O tai-chi-chuan, originalmente destinado à autodefesa, também tem como foco a respiração. A execução dos movimentos – mais de 100 – exige concentração e disciplina e ajuda a tonificar o corpo e a aliviar o estresse. Já o shiatsu é uma massagem oriental aplicada com a pressão dos dedos e da palma da mão sobre os canais de energia do corpo – os chamados meridianos – e os pontos que têm ligação direta com os órgãos internos. A intenção é “dissolver” as tensões e fazer com que a energia circule pelo corpo, proporcionando relaxamento, uma sensação de bemestar e o equilíbrio das funções orgânicas. IDOSOS em movimento Segundo dados do IBGE, existem hoje no Brasil mais de 14 milhões de pessoas com mais de 60 anos. E a previsão é que, em 2020, esse número chegue a 25 milhões. A melhoria da qualidade de vida dos idosos é uma das causas desse crescimento. Com a idade, a musculatura tende a encurtar, o que faz das atividades mais banais um sacrifício para o idoso. “Muitos já não conseguem fazer movimentos simples como coçar as costas, ou se erguer na ponta dos pés, ou até mesmo calçar os sapatos. Alguns idosos não conseguem nem ficar de pé, por conta da fragilidade da sua estrutura. Mesmo casos como esses são tratáveis com terapia de reabilitação. Os pacientes recuperam os movimentos, a autonomia, e até o nível de osteoporose cai. As pessoas precisam entender que a velhice faz parte da vida, mas que cabe a cada um decidir como vai envelhecer, com ou sem saúde”, diz o fisiatra Antônio d’Almeida. Já para a fisioterapeuta Carmen Jardim, que também trabalha com grupos de idosos na UnAti Universidade da Terceira Idade, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, é preciso implantar mais centros de convivência e de tratamento voltados para eles: “A RPG, a dança, a ioga, todas essas técnicas previnem e tratam as afecções mais comuns do idoso, como as osteoartroses, osteoporoses, fraqueza muscular, bloqueios articulares, falta de equilíbrio, habilidade, agilidade ou coordenação.” Segundo ela, esses problemas podem levar à imobilidade, causando depressão e tirando a autonomia. Fundamental em todas as fases da vida, a alimentação também merece especial atenção na velhice: “É preciso controlar o peso do idoso, pois o excesso de peso sobrecarrega estruturas que, com a idade, apresentam graus de degeneração. A ingestão freqüente de líquidos ajuda a nutrir os tecidos e a hidratar o organismo.” Todos os especialistas concordam que é preciso estimular o autoconhecimento, pois só assim será possível prevenir males posturais e orgânicos. “Nunca se falou tanto de saúde e de problemas posturais nos meios de comunicação como agora. Além disso, o sistema público de saúde, ao oferecer técnicas como a acupuntura e a RPG, ajudam a popularizá-las”, afirma Beatriz Martins. Para ela, a falta de conhecimento do próprio corpo é um fator cultural, e é preciso mudar essa mentalidade. Falar sobre o tema, propor discussões, oferecer os serviços na rede de saúde são medidas que contribuem para que as pessoas se conheçam melhor e aprendam a respeitar os seus limites. O que é FISIOTERAPIA • Universidade de São Paulo (SP) – www.usp.br Apesar de ainda ser oferecido por poucas universidades públicas, cresce a procura pelo curso de fisioterapia, uma vez que o mercado de trabalho para esses profissionais está em expansão no país. Segundo dados do Ministério da Educação, existem hoje 334 instituições de ensino superior, públicas e privadas, que oferecem o curso, 201 no Sudeste. A maioria dos que ingressam no curso (70%) é de mulheres. Especialistas alertam para a profusão de cursos de faculdades particulares, que estão saturando o mercado nas grandes capitais como Rio e São Paulo. “Entretanto, o mercado externo, como os Estados Unidos, oferece espaço para profissionais brasileiros. Por isso, o fisioterapeuta deve fazer cursos de especialização e estar sempre se atualizando”, explica Celso Carvalho, coordenador do curso de fisioterapia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Para exercer a profissão, é preciso fazer o curso por um período de quatro a cinco anos, com uma carga horária de pelo menos 4.500 horas de aulas teóricas e práticas em período integral. O fisioterapeuta é um profissional de saúde que pode atuar nas áreas de ortopedia, neurologia, traumatologia, pediatria, pneumologia, cardiologia, urologia, fisioterapia respiratória, estética, esportiva e até mesmo em pesquisa científica e na fabricação de aparelhos ortopédicos. Essas são algumas universidades que oferecem cursos de fisioterapia: • Universidade de São Paulo (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto) – www.fmrp.usp.br • Universidade Estadual de Londrina (PR) – www.uel.br • Universidade Federal de Minas Gerais – www.ufmg.br • Universidade Federal de Pernambuco – www.ufpe.br • UFSCar - Universidade Federal de São Carlos (SP) – www.ufscar.br • Faculdade de Medicina da UFRJ – www.medicina.ufrj.br • Faculdade Estadual de Educação Física e Fisioterapia de Jacarezinho (PR) – www.faefija.br • Universidade de Santo Amaro (SP) – Tel.: 0800-171796 – www.unisa.br diga lá nº 39 setembro/outubro 2004 [ 35 ]