O REFLEXO DE PRÁTICAS TUTORIAIS NA APRENDIZAGEM DE ALUNOS NA MODALIDADE DE ENSINO A DISTÂNCIA Karina Gomes Rodrigues1 - PUCPR Eixo Temático: Comunicação e Tecnologia Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo O objetivo da pesquisa é mostrar a importância de práticas tutoriais na educação superior à distância, como forma de assegurar uma aprendizagem significativa no processo ensino e aprendizagem na Educação a Distância - EAD. A pesquisa apresenta as práticas tutorias realizadas em uma instituição de ensino superior na modalidade de ensino a distância em Curitiba – PR, cada Pólo de apoio presencial vinculado a instituição é incentivado pela a aprimorar suas práticas tutoriais, que consiste em todo o exercício profissional que o tutor desenvolve em beneficio da do aluno em EAD, para o melhor desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem. Além de sua atividade rotineira, os tutores elaboraram práticas tutoriais como: visitas técnicas, workshops e grupos de estudos, que são implementadas de acordo com a realidade de cada Pólo de Apoio Presencial - PAP. A verificação periódica do processo ensino e aprendizagem é a melhor opção para uma aprendizagem significativa, articulando teoria e prática na realidade acadêmica dos alunos. A pesquisa aborda o papel da mediação pedagógica e da avaliação como instrumento de apoio a serviço da aprendizagem. Nesse sentido, destaca-se a necessidade de contribuir para o aprofundamento da prática pedagógica dos professores, para ajudá-los a buscar uma prática que possibilite a aprendizagem crítica, criativa e transformadora, sustentada pelo paradigma inovador. A partir de levantamentos preliminares é possível se perceber os benefícios dessas práticas de mediação pedagógicas. A participação dos alunos nos projetos de práticas tutoriais tem se intensificado, com os estímulos de melhores resultados nas avaliações. Nesta pesquisa optouse por adotar como abordagem a pesquisa qualitativa exploratória, pois proporciona um caráter mais humanístico e permite identificar necessidades e percepções das evidências. Palavras-chave: Práticas tutoriais. Ensino. EAD. Avaliação. Mediação Pedagógica Introdução A mediação pedagógica no processo de ensino e aprendizagem na EAD vem ao encontro da necessidade das escolas em consolidar um novo fazer educacional, pois se opera mais facilmente a integração disciplinar e o estabelecimento de conexões entre as diversas 1 Mestranda em Educação pela PUCPR, Especialista em Tutoria em Educação a Distância, Professora da Rede Estadual do Paraná. 12736 áreas do conhecimento, além de incentivar a produção individual e coletiva entre alunos e professores, por meio de uma prática pedagógica inovadora, o que pode levar a novas descobertas e superar o trabalho educacional tradicional, por meio de uma caminhada dialógica, autônoma e inovadora. Com isso busca-se compreender: É possível assegurar uma aprendizagem significativa através de um trabalho de mediação pedagógica com práticas tutoriais para alunos da EAD? O objetivo da pesquisa é mostrar a importância das práticas tutoriais na educação superior à distância, como forma de garantir uma aprendizagem significativa no processo ensino e aprendizagem na EAD. A educação a distância acontece e se expande cada vez mais, desde o mundo corporativo a educação em geral. Nesta pesquisa optou-se por adotar como abordagem a pesquisa qualitativa exploratória, pois proporciona um caráter mais humanístico e permite identificar necessidades e percepções das evidências. Flick (2004, p. 20) cita os principais aspectos da pesquisa qualitativa: A probabilidade de métodos e teorias, que é a adequação de ideias para a investigação, possibilidade de uma ação ser estudada empiricamente, perspectivas de participantes e sua diversidade, que diz respeito e as práticas dos participantes, reflexividade do pesquisador e da pesquisa, onde a subjetividade do pesquisador e das partes que estão sendo estudadas fazem parte do processo da pesquisa, variedade de abordagem e método. A pesquisa foi realizada por meio de observação participante. Seu desenvolvimento ocorreu em três etapas. A primeira fase foi constituída da fundamentação teórica, a segunda fase pela coleta dos dados a partir das observações nas aulas e, a terceira e última fase foi reservada para a elaboração de considerações e verificações. Os registros das interações ocorridas ao longo das unidades curriculares forneceram uma importante base de dados para análise e reflexão sobre a postura dos participantes dos cursos a distância. Prática Tutorial: perspectivas e práticas A prática pedagógica vivenciada pelos alunos do PAP, tem seus princípios a abordagem centrada no aluno. Busca-se complementar o ensino e a aprendizagem, através de práticas tutoriais realizadas presencialmente no polo. Nessa relação, em vez do enfoque ser o 12737 ensino, por meio de monólogo vertical do professor regente, que indica através da tele aula aos aprendizes as fontes de conhecimento, onde eles devem buscar preceitos para estudar e adquirir as habilidades para o futuro trabalho profissional, nos momentos de mediação pedagógica, é reforçado um novo tipo de comunicação educativa, por meio de um diálogo horizontal entre Tutores e alunos, no qual o importante é a aprendizagem, realizada no caminho de descoberta e construção do conhecimento, dentro das capacidades e estratégias individuais de cada aprendiz. O conhecimento, assim transposto, desconstruído e reconstruído, deverá articular-se com os objetivos e as situações didáticas que favoreçam uma aprendizagem ativa e significativa. Neste sentido Behrens (2008, p. 20) ressalta: A revolução tecnológica aliada à sociedade do conhecimento provocou um grande encontro da Era oral, escrita e digital. Essa triangulação vem se formando e tem como base o capital humano e intelectual. Para tanto, a sociedade precisa proporcionar processos de aprendizagem que envolva a criação e a busca de desenvolvimento de talentos nos seres humanos. Neste ponto é pertinente tratarmos das questões estruturais na Educação, a partir do paradigma da complexidade, que tem como foco o pensamento complexo, a visão de totalidade. Isto posto, Behrens (2008, p. 20) argumenta que esse novo paradigma exige uma formação docente e discente que supere a visão linear e torne-se mais integradora, crítica e participativa. O paradigma da complexidade inclui a educação holística que inclui a idéia de integralidade ou de globalidade. Como se sabe, a clientela “curitibana” é bastante exigente e as demandas por aprendizagem aumentaram constantemente em função do mercado. Há muito que aprender de modo mais profundo e em menos tempo do que anteriormente se projetava. Seria ingênuo esperar que sistemas centralizados de organização e gestão de processos de ensino possam atender a nossas múltiplas, reais e específicas necessidades, sem uma mediação pedagógica adequada. A prática tutorial não obrigatoriamente é estanque, deve ser adaptada de acordo com a realidade cultural de cada polo de apoio presencial, do cenário econômico de cada região, da 12738 capacidade de aprendizagem dos aluno. Desta forma a participação dos tutores se torna fundamental, no sentido de refletir e colocar em ação uma prática tutorial que esteja de acordo com as expectativas dos alunos. Peters (2001, p. 37) manifesta que, no ensino a distância, os estudantes devem ser motivados, precisam ser orientados para o estudo autoplanejado e auto-organizado, estimulados para a comunicação formal e informal e para a cooperação com seus colegas. Com a ajuda de um sistema de assistência que trabalha de maneira diferenciada, eles devem ser acompanhados, avaliados e orientados individualmente. Neste sentido, cada ação deve trabalhar integrada com as demais, para que a instituição de ensino consiga enxergar globalmente a situação, a partir dessa visão global, criar alternativas para melhorias nos processos. Sendo assim, todos devem se unir para construção de práticas tutorias em um ambiente de harmonia e com propostas que trabalhem para evolução do ensino com competência e qualidade. A partir desse tipo de prática cria-se um clima de confiança e liberdade de expressão, onde cada aluno sente-se realmente acolhido, sente-se genuinamente aceito, compreendido, respeitado e freqüentemente aliviado de sentimentos dolorosos ou difíceis. O Planejamento das Práticas Tutoriais São os procedimentos usados pelos tutores para realizar a prática pedagógica dirigida, com o intuito de que os alunos tomem os ensinamentos e os transformem em aprendizagem significativa e seja capaz de elaborar seus próprios conceitos. A cada fase do módulo é elaborado um cronograma com dias, horários, local e tutor responsável para desenvolver alguma atividade acadêmica com os alunos. O cronograma é divulgado em edital e encaminhado via correio eletrônico para cada aluno. Para elaboração do cronograma local, se analisa antecipadamente as disciplinas que serão ministradas, é feito um levantamento prévio das competências técnicas e habilidades de cada tutor para identificar se está apto a trabalhar determinado conteúdo, pois é necessário conhecimento teórico para articulação com a prática, com as premissas definidas é feito planejamento dos recursos materiais necessários (espaço físico, DVD, datashow, áudio, etc). Nas atividades propostas, metodologicamente tenta-se de exemplos lúdicos, trabalhar e integrar a teoria e a prática, para melhor compreensão dos conteúdos. Um dos fatores de sucesso é a questão da equipe ser interdisciplinar e bem diversificada. 12739 Vejamos alguns exemplos de instrumentos utilizados pelos tutores nas práticas tutoriais: • Grupos de estudo: o objetivo é desenvolver pesquisas e estudos sobre determinados temas, com a finalidade de esclarecer as dúvidas em relação aos conteúdos ministrados pelos professores regentes. • Seminários temáticos: recurso utilizado especialmente com as turmas de pedagogia, o objetivo é fazer os alunos a desenvolverem o hábito da oratória e analisar sua postura didática de apresentação, a cada módulo é realizado pelo menos um seminário. • Cine Debate: essa prática é bastante procurada pelos alunos, por ser diferenciada e inovadora. O objetivo é que os alunos possam identificar as peculiaridades dos assuntos abordados em aula em diferentes situações do cotidiano. A escolha do filme a ser analisado é com base no conteúdo programático das disciplinas em andamento, para que possam através da observação, participar de forma interdisciplinar. • Palestras: pode ser ministrada pelo próprio tutor, por um aluno, ou por um convidado externo. O objetivo é estimular um diálogo mais construtivo entre os participantes, para que se estabeleça uma aprendizagem colaborativa. Geralmente são emitidos certificado de participação, o que aumenta a efetiva participação dos alunos. A periodicidade é de pelo menos uma a cada trimestre. • Mini-Curso: com objetivo de ampliar os conhecimentos dos alunos, os mini-cursos são ministrados pelos tutores especialistas ou convidados externos, também são certificados pelo polo, com apoio da secretaria acadêmica da EAD. A oferta dos minicursos ocorre um a cada semestre. Ex. Iniciação a Ciência Política, Oratória: Como falar em público, Produção de Texto, Produção de Artigos e TCC, e outros. • Atendimento personalizado: o acompanhamento individualizado é dado aos alunos que apresentam algum tipo de dificuldade de aprendizagem. O tutor tem o dever de acompanhar a vida acadêmica de cada aluno que é de sua responsabilidade, ao identificar qualquer desvio na curva de aprendizagem, o tutor conversa com o aluno e monta um plano de ação. Ex. alunos com maior faixa etária que não têm familiaridade com recursos tecnológicos. O objetivo desses acompanhamentos metodológicos é o de promover uma melhor qualidade no ensino e a garantia da auto-aprendizagem dos alunos. Pois a auto-aprendizagem não é o aprendizado do afastamento, da solidão, mas aprendizagem auto-dirigida com base em 12740 informação recebida e compartilhada, quer dizer, em comunicação com outro e outros. Portanto, a figura do tutor não desaparece, apenas se amplia e troca de função: deixa de ser somente docente, para ampliar-se em orientador, guia. Quanto aos instrumentos ou técnicas de mediação Masetto (2008, p.143), diz: As técnicas precisam ser escolhidas de acordo como que se pretende que os alunos aprendam. Como o processo de aprendizagem abrange o desenvolvimento intelectual, afetivo, o desenvolvimento de competências e de atitudes, pode-se deduzir que a tecnologia utilizada deverá ser variada e adequada a esses objetivos. Não podemos ter esperança de que uma ou duas técnicas, repetidas a exaustão, dêem conta de incentivar e encaminhar toda a aprendizagem esperada. A ênfase no aluno exige que se trabalhe com técnicas que incentivem a participação dos alunos, a interação entre eles, a pesquisa, o debate, o diálogo, que promovam a produção do conhecimento, que permitam o exercício de habilidades humanas importantes como pesquisar em bibliotecas, trabalhar em equipes com profissionais da mesma área ou áreas afins, apresentar trabalhos e conferências, fazer comunicação, dialogar. Há necessidade de variar estratégias tanto para motivar o aprendiz, como para responder aos mais diferentes ritmos e formas de aprendizagem, nem todos aprendem do mesmo modo e ao mesmo tempo. É preciso respeitar o tempo de cada aluno. A pesquisa avaliativa realizada ao longo do processo educacional ajuda a compreender a realidade social e instrucional, visando o autoconhecimento, seja dos agentes, seja do sistema, contribuindo para produzir conhecimento novo e representando a base do processo decisório. E quanto a seus componentes qualitativos e quantitativos, embora muitas vezes sejam colocados em contraposição, têm, em verdade, uma natureza complementar. Uma abordagem quantitativa é dedutiva hipotética, mensurável e objetiva. A de natureza qualitativa é holística, dialética, interpretativa, contextualizada e subjetiva. A EAD vai além da dimensão metodológica e deve ser vista como parte do Projeto Pedagógico, que vincula a educação com a luta por uma vida pública na qual o diálogo, a tolerância, o respeito à diversidade estejam atentos aos direitos e condições que organizam a vida pública como uma forma social justa e democrática. No momento a educação a distância é um fato social e cultural cada vez mais necessário e significativo, tempo e lugares educativos se multiplicam e a educação institucional formal e presencial não é mais do que uma das formas entre todas as demais. A 12741 educação permanente, no entanto é a hipótese do futuro, ainda que as resistências a este conceito sejam bastante fortes. Para que o processo ensino e aprendizagem aconteça em EAD é de fundamental importância à presença do professor-tutor atuar como orientador da aprendizagem que acompanha e orienta de modo competente, tanto técnico como didaticamente o processo de desenvolvimento do aluno. O professor-tutor também desempenha papel importante como pessoa chave para ajudar os alunos, individualmente, a interagir com os materiais e para converter informações em conhecimentos. Considerações Finais A partir das discussões tenta-se demonstrar a importância das práticas tutorias como forma de favorecer a aprendizagem. O aluno a distância necessita receber motivação para acompanhar com segurança as aulas. Através das ações realizadas pelo polo, pode-se perceber a importância de efetivá-las como suporte ao aluno, para que alcance os objetivos propostos pelo curso em questão. O planejamento das atividades de mediação, juntamente com a escolha do instrumento de mediação é fator primordial para o sucesso da atividade e aprendizagem do aluno. As práticas pedagógicas realizadas no pólo, comprovadamente, contribuem para a melhora da qualidade do ensino e consequentemente melhora desempenho dos estudantes nas avaliações periódicas. A verificação periódica do processo ensino e aprendizagem é a melhor opção para uma aprendizagem significativa, articulando teoria e prática na realidade acadêmica dos alunos. A participação dos alunos nos projetos de práticas tutoriais tem se intensificado, com os estímulos de melhores resultados nas avaliações e, outros como certificação aos participantes. A produção do conhecimento, o diálogo, a postura critica e efetiva também podem ser notados nos encontros. A partir de levantamentos preliminares é possível se perceber os benefícios dessas práticas de mediação pedagógicas. REFERÊNCIAS BEHRENS, Marilda Aparecida. Paradigma da complexidade: metodologia de projetos, contratos didáticos e portfólios. Ed. 2, Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. 12742 BOTH, Ivo J. Avaliação Planejada, Avaliação Consertiva: é ensinando que se avalia, é avaliando que se aprende. Curitiba:IBPEX, 2008 BRITO, Gláucia da Silva; PURIFICAÇÃO, Ivonélia. Educação e tecnologias: um re-pensar. Curitiba, PR: Editora IBPEX, 2006. DEMO, Pedro. O Porvir: desafio das linguagens do séc. XXI. Curitiba: IBEPEX, 2007. FLICK, Uwe. Uma introdução à pesquisa qualitativa. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2004. FREIRE, P.. Pedagogia da autonomia. São Paulo : Paz e Terra, 1999. GADOTTI, Moacir. Boniteza de um sonho: ensinar-e-aprender com sentido. São Paulo: Editora e Livraria Instituto Paulo Freire, 2008. MASETTO, Marcos T. Mediação pedagógica e o uso da tecnologia. In: MORAN, J.M. MASETTO, M.T. BEHRENS, M.A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2008. MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Ed. 10, São Paulo: Cortez, 2005. MOSER, Alvino. Complexidade e Educação a Distância. Curso de Especialização para Formação de Docentes e de Orientadores Acadêmicos. Curitiba: Grupo Uninter, 2010. PALLOF, R.M. & PRATT, K. Construindo comunidades de aprendizagem no ciberespaço. Porto Alegre: Artmed, 2002. PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Tradução: Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre, 2000. PETERS, Otto. Didática do ensino a distância. São Leopoldo, RS: Unisinos, 2001. PRETI, Oreste. Fundamentos e Políticas em Educação a Distância. Curitiba: IBPEX, 2002.