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Iniciação Científica
PUCRS
Visitas Domiciliares: visão dos usuários das Estratégias de
Saúde da Família referente à assistência prestada. 1
Lívia de Almeida Faller 1, Suzane Beatriz Frantz Krug1, Vanessa Amábile Martins1 Ari Nunes
Assunção (orientador) 2.
1
Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Endereço: Av. Independência, 2293 – 96815-900 –
Santa Cruz do Sul – RS. Grupo de Estudo e Pesquisa em Saúde (GEPS),
Resumo
O presente trabalho enfoca a satisfação dos usuários em relação às visitas domiciliares
realizadas pelos profissionais de saúde atuantes em unidades com Estratégias de Saúde da
Família (ESFs). Essa é uma questão que integra o corpus da pesquisa Saúde da Família: um
olhar sobre a estratégia no município de Santa Cruz do Sul”, realizada entre março de 2007 a
dezembro de 2008, cuja proposta foi o conhecimento e a análise das ESFs no município.
Introdução
A Pesquisa foi desenvolvida com o apoio da Universidade de Santa Cruz do Sul,
mediante o Programa UNISC de Iniciação Científica – PUIC, em parceria com a Secretaria
Municipal de Saúde.A referida pesquisa organizou-se em torno da estratégia da saúde da
família, focando-se em algumas diretrizes, entre elas, no desempenho das ações de saúde, nas
condições de saúde da comunidade e na satisfação do usuário. O recorte aqui apresentado
enfoca uma das questões do roteiro de entrevistas realizadas com os usuários das nove ESF´s
do município de Santa Cruz do Sul, em relação a satisfação dos mesmos com as visitas
domiciliares realizadas pelos profissionais de saúde. A percepção dos usuários sobre a prática
da estratégia de saúde da família é de suma importância. A comunidade é a razão da
existência do mesmo e deve ser identificada como sujeito capaz de avaliar e intervir,
modificando o próprio sistema, fortalelecendo, assim, o fazer democrático da saúde. A
abertura para a avaliação do sistema de saúde pelo usuários favorece a humanização do
serviço, exercita a aceitação da visão e percepção do outro. ( TEIXEIRA, 2004, p.80 )
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Metodologia
Os caminhos da investigação seguiram a trajetória qualitativa, utilizando-se como
instrumento de coleta de dados entrevistas com duzentos e sessenta e cinco usuários de
unidades da saúde da família, sendo as mesmas analisadas à luz do método de Análise de
Conteúdo. Com os dados coletados
elaboramos também estratificações numéricas que
possibilitaram a quantificação dos mesmos.A pesquisa foi fundamentada em princípios éticos
de acordo com a Resolução 196/96, Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas
envolvendo Seres Humanos, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que orienta e
regulamenta estudos envolvendo seres humanos. O projeto de pesquisa foi analisado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), sob protocolo
Nº 3755/07.
Resultados e Discussão
Ao serem questionados quanto às visitas domiciliares, 36% dos usuários disseram que
recebem visitas dos profissionais da saúde (dentista, médico, enfermeiro, técnico de
enfermagem e Agentes Comunitários de saúde (ACS). Sobre como foi a visita, colocaram que
gostaram muito do atendimento e que foram bem tratados. Outros afirmam que os
profissionais fazem atendimento somente para quem não pode ir ao posto e que vão nas casas
“ mais críticas”. Ainda como resultados, 25% afirmaram que nunca receberam visitas, 24%
que não recebem visitas porque nunca precisaram, ao passo que 12% dos usuários afirmaram
que só receberam visita das ACS e 3% dos entrevistados não souberam responder ou ainda
não opinaram. Mediante a análise dos dados foi possível evidenciar, que a maioria dos
usuários refere receber visitas dos profissionais de saúde atuantes nas estratégias de saúde da
família, somente quando apresentam alguma situação mais crítica em relação a sua saúde ou
em casos onde não podem se deslocar até a unidade de saúde do seu bairro. Percebe-se
também que quando as visitas são realizadas, os usuários colocaram que gostam muito do
atendimento. É possível inferir que os resultados encontrados destoam das diretrizes das
Estratégias de Saúde da Família, como lembra Rosa e Labate (2005) o Programa de Saúde da
Família (PSF) se apresenta como uma nova maneira de trabalhar a saúde, tendo a família
como centro de atenção, onde não espera a população chegar à unidade para ser atendida, uma
vez que suas ações envolvem a atenção preventiva à saúde, inclusive em sua morada. Neste
mesmo viés, Teixeira (2004) pontua que para o PSF tornar-se de fato “saúde da família”, o
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foco da atenção deve ser a família e sua morada, sendo que a visita domiciliar deve ser
realizada por todos os integrantes da equipe. Quanto mais o profissional se limita ao
atendimento na unidade de saúde, se restringindo ao atendimento em casos de doença a
domicílio, mais difícil se torna a reversão do modelo centrado na doença e mais se distancia
dos propósitos filosóficos do próprio PSF. É muito mais agradável visitar para promover a
saúde do que para tratar a doença. A família deve ser o eixo norteador das ações de saúde, que
desejam ir além da dimensão curativa, alcançando as áreas preventivas e de promoção à
saúde.
Conclusão
Os dados encontrados nos indicam caminhos para um maior aprofundamento no que diz
respeito da satisfação dos usuários com a assistência prestada nas visitas domiciliares pelas
estratégias de saúde da família do município de Santa Cruz do Sul, mas, no entanto, não são
tomados como conclusões, que encerram uma verdade sobre essa realidade.
Referências
ROSA, Walisete; LABATE, Renata. Programa de Saúde da Família: a construção de um
modelo de assistência. Revista Latino-Americana de Enfermagem, p.1027-1034, nov./dez.,
2005.
TEIXEIRA, S. A. Avaliação dos Usuários sobre o Programa de Saúde da Família em Vitória
da Conquista – Bahia – Brasil. Experiências e desafios da atenção básica e saúde familiar:
caso Brasil. Afra Suassuna Fernandes/Juan A. Seclen-Palacin (orgs.). Brasília: Organização
Pan-Americana da Saúde, 2004.
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