985 X Salão de Iniciação Científica PUCRS Rotas críticas: a trajetória das mulheres na superação das violências Débora da Silva Monteiro1, Betânia Muller2, Fernanda Bairros3, Lidiane da Rocha3, Marceli Collaaziol2, Stela Nazareth Meneghel 1 (orientador), 1 Administração de Serviços de Saúde,UERGS, 2 Psciologia,UNISINOS, 3 Nutrição, UNISINOS Resumo Introdução A violência de gênero é um fenômeno social que afeta grandes contingentes populacionais, e que foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um problema de saúde pública. Chama-se violência de gênero pelo caráter de discriminação em relações às mulheres e pelo existência da cultura machista e patriarcal que fomenta a violência (Saffiotti, 2005; Biglia, 2007). Nos anos 1990 foi realizado um estudo em 10 países americanos para conhecer a “Rota Crítica”, o contexto percorrido pelas mulheres em situação de violência no momento de pedir ajuda (Sagot, 2000). A violência representa uma violação dos direitos humanos das mulheres afetadas, conforme a lei Maria da Penha que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Antes da lei, no Brasil, a violência doméstica era tratada como um crime de menor potencial ofensivo, e e apenas 2% dos agressores eram condenados. O objetivo principal é estabelecer a trajetória de mulheres em situação de violência de gênero em Porto Alegre, identificando os pontos críticos e propondo medidas de intervenção. Metodologia Esta pesquisa de abordagem qualitativa foi inspirada no projeto inicial desenvolvido pela OPAS sobre a Rota Crítica de mulheres afetadas pela violência (Sagot, 2000). A investigação está sendo realizada na cidade de Porto Alegre. A metodologia inclui entrevistas em profundidade com mulheres e operadores sociais dos setores saúde, educação, jurídico, X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009 986 policial e comunitário. Os protocolos para coleta de dados foram traduzidos e adaptados tranculturalmente para serem usados no Brasil. A idéia é conhecer a "rota crítica" das mulheres em situação de violência no trajeto que realizam para pedir ajuda e enfrentar a situação. A pesquisa utilizará o referencial das práticas discursivas para analisar o material produzido nas entrevistas. Resultados (ou Resultados e Discussão) A maioria das mulheres entrevistadas desconhece o papel dos serviços existentes e como podem ajudá-las a enfrentar a situação de violência. Por outro lado, muitos serviços e instituições perpetuam a “revitimização” por não possuírem organização, procedimentos e normas de atendimento adequados, contribuindo muitas vezes com indiferença, culpabilização, exigências, zombaria e questionamentos, expressando uma relação de poder autoritária e abusiva com as mulheres maltratadas. Após a Lei Maria da Penha houve um aumento na procura dos serviços jurídico-policiais, porém há poucas mulheres que concluem os processos, muitas desistem de continuar e outras tantas se reconciliam com os agressores. A atenção jurídica, ao fazer a mediação dos casos, atua de modo rápido e focalizado em relação a um evento que é complexo e cujo desenlace, na maioria das ocasiões, requer um tempo maior de reflexão e avaliação por parte das vítimas. Conclusão Os resultados preliminares desta pesquisa mostram que apesar dos avanços obtidos nos últimos anos, ainda persistem muitos “nós críticos” no trajeto das mulheres para denunciar, romper e superar as violências. Com esta pesquisa, pretendemos ajudar a fortalecer a rede de enfrentamento à violência contra a mulher. Referências BIGLIA, B & SAN MARTIN C. Estado de wonder bra. Entretejiendo narraciones teministas sobre las violencias de género. Barcelona: Virus Editoral, 2007. SAFFIOTTI, H. Gênero e Patriarcado. PUC-SP [mimeo]. 1999. SAGOT, M. Ruta critica de las mujeres afectadas por la violência intrafamiliar en América Latina: estudios de caso de diez paises. OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde). 2000. X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009