XI Salão de Iniciação Científica PUCRS A Disposição das Empreiteiras e População do Município de São Miguel do Oeste (SC), Na Obtenção e Projetos de Construções Sustentáveis e Materiais Alternativos, Suas Causas e Conseqüências. Felipe Bueno Amaral1 , Prof. Msc. Vitor Luiz Scartazzini Bocalon1 (orientador) 1 Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Resumo O presente trabalho discorre sobre o impacto ambiental gerado pelas construções civis em todo o processo, da extração à utilização das residências. Neste recorte pôde-se visualizar a relação sociedade- natureza, bem como suas causas e efeitos. A questão ambiental tem sido freqüentemente discutida e muita das ações sociais têm sido pautadas por ela; este trabalho ressalta a inevitabilidade de uma nova concepção ante a tradição e necessidade de residir e também de uma reformulação do hermetismo com que é tratada a causa ambiental de modo geral. O método utilizado foi através de revisão bibliográfica e pesquisa de campo aplicada tanto para as construtoras quanto para parcela da população que havia recentemente construído suas edificações. Essa metodologia permitiu analisar as práticas e processos sociais no que diz respeito às moradias e também para a construção da análise cultural que ilustra a real complexidade ambiental. Ao fim, foi possível mensurar os impactos e danos causados pela atividade de construção civil e apurar suas contribuições para a degradação ambiental. Concluiu-se que as teorias epistemológicas estabelecidas para gestão ambiental, não dão conta de mitigar os impactos gerados pela sociedade estudada, devido a própria disseminação e difusão da cultura ocidental capitalista. Introdução A causa ambiental emerge no ideário contemporâneo em forma de crise e representarse nesse cenário de forma primeira como crise econômica, em sua parcela de extração de recursos necessários aos indivíduos e como crise da humanidade, considerando que os XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010 1758 indivíduos se significam e representam no e através do espaço natural, definido terminologicamente aqui como natureza (DIEGUES, 1986; LEFF, 2002). Sob a percepção de que essa crise atinge todos os campos da atividade humana, nosso objeto de estudo foi o comportamento social em seus domicílios e prioritariamente a própria estrutura das edificações, e os impactos que elas causam na natureza, uma vez que, no mundo 75% dos recursos naturais são utilizados pelo setor de construção civil (CONSELHO BRASILEIRO DE CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL, [20--]) e os hábitos da cultura ocidental, em busca de conforto colaboram para agravar a crise ambiental através do mass media (TIEZZI, 1988). Metodologia Foi realizado um estudo cuja abordagem é qualitativa, mas também quantitativa, sendo considerado estudo tipo exploratório e classificada quanto aos procedimentos como estudo de caso. Assim, foi desenvolvido com bases em entrevistas com a população migueloestina e construtoras, e também na revisão bibliográfica, onde se permeou a problemática ambiental sob os aspectos sociológicos e ambientais. Resultados (ou Resultados e Discussão) Na fase de campo realizou-se entrevistas com os proprietários das construtoras e população, cujo objetivo geral dos questionários era saber se havia interesse por parte de ambas em adquirir materiais alternativos e também em alterar hábitos cotidianos e padrões estéticos das residências. Por parte das construtoras, percebeu-se a falta de acesso das mesmas aos materiais alternativos e em decorrência, pouca ou nenhuma capacitação para emprego dos mesmos. Ao mesmo tempo, a amostra da população entrevistada, não demonstrou interesse em alterar os hábitos de consumo nem tampouco padrões estéticos, apesar da maioria da população se mostrar ciente da causa ambiental, confirmando que a mudança cultural é laboriosa, complexa e lenta (BENEDICT, 1982). Conclusão A pesquisa de campo e a revisão da literatura permitiram uma ampliação da visão da problemática das construções e ao mesmo tempo uma análise que questiona a epistemologia XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010 1759 ambiental e o desenvolvimento sustentável. Quando se constatou os impactos decorrentes das fases de construção e utilização das residências, deparou-se com dois importantes e difíceis problemas – a cultura e a complexidade ambiental. Não se pode ignorar e contemplar que a despeito da enorme problemática que engloba a construção civil como um todo, tem de se considerar os aspectos de sobrevivência das sociedades (conforto, segurança, abrigo, etc.) por um lado, e a dificuldade de se considerar os problemas ambientais ante a diversidade cultural que abarca múltiplas concepções e apreensões de natureza, e quais suas verdadeiras necessidades frente a sociedade capitalista (DIEGUES, 1998). O resultado obtido não desencantou a essência do presente trabalho; apenas se transformou no meio do caminho, saindo do hermetismo das questões quantitativas e científicas e se transportando para uma análise da complexidade cultural, um choque entre cultura e meio ambiente que possibilitou assim um novo encanto, um novo olhar sobre o tema das construções. O conforto e a representação da classe social através das edificações contribuem para afetar o equilíbrio ecológico do qual dependemos (LACROIX, 1996). A questão é, portanto, paradoxal. Disto conclui-se que as formas contemporâneas de gestão ambiental são ineficientes para dirimir os conflitos da relação sociedade- natureza, e atingir os objetivos do desenvolvimento sustentável. Referências BENEDICT, Ruth. O desenvolvimento da cultura. In:SHAPIRO, Harry L. (Org.). Homem, cultura e sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 1982. cap. VIII. p. 235-249. CONSELHO BRASILEIRO DE CONSTRUÇÃO SUSTENTÁ VEL. Impactos da construção. São Paulo [20--] Disponível em: <http://www.cbcs.org.br/construcaosutentavel/introducao.php?>. Acesso em: 27 ju l. 2008. DIEGUES, Antonio Carlos Sant’ana. O mito moderno da natureza intocada. 2. ed. São Paulo : HUCITEC, 1998. LA CROIX, M ichel. Por uma moral pl anetária: contra o human icíd io. São Paulo : Pau linas, 1996. LEFF, Henrique. Epistemol ogia ambiental. 2. ed. São Pau lo: Cortez, 2002. TIEZZI, En zo. Tempos históricos,tempos bi ológicos . A terra ou a morte: os problemas da nova ecologia. São Paulo: Nobel, 1988. XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010 1760