524 IX Salão de Iniciação Científica PUCRS CONTROLE SOCIAL: a participação dos usuários frente à tomada de decisões das equipes de estratégia de saúde da família no município de santa cruz do sul - uma análise qualitativa 1 Vanessa Amábile Martins 1, Ari Nunes Assunção 1, Lívia de Almeida Faller1, Suzane Beatriz Frantz Krug1 (orientador) 2 Grupo de Estudos e Pesquisa em Saúde (GEPS),Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Endereço: Av. Independência, 2293 – 96815-900 – Santa Cruz do Sul – RS. Resumo O trabalho a seguir descreve um recorte da pesquisa “Saúde da Família”: um olhar sobre a estratégia no município de Santa Cruz do Sul “, enfocando a participação dos usuários nas tomadas de decisões das nove Estratégia de Saúde da Família – ESF. A pesquisa foi desenvolvida com o apoio da Universidade de Santa Cruz do Sul, através do Programa UNISC de Iniciação Científica – PUIC, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, no período de março de 2006 a dezembro de 2008, onde almejamos conhecer e analisar a estratégia de saúde da família -ESF deste município através do segmento dos usuários, gestores e profissionais da equipe”. Introdução O enfoque aqui apresentado pontua o viés da participação dos usuários nas tomadas de decisões da equipe da Estratégia de Saúde da Família - ESF nas nove unidades de saúde do município de Santa Cruz do Sul, permitindo uma reflexão a respeito do exercício do controle social no processo de gestão destas unidades. Esta pesquisa foi desenvolvida com o auxílio da coordenação municipal da Estratégia Saúde da Família (ESF) na coleta de dados para desenvolvimento da “Avaliação para Melhoria da Qualidade da Estratégia Saúde da Família”, do Projeto de Expansão e Consolidação da Saúde da Família (PROESF), e desenvolvido em cooperação técnica com a Organização Panamericana de Saúde (OPAS) – podes retirar esse parágrafo em rosa. A pesquisa teve como um dos objetivos analisar a Estratégia de Saúde da Família no município de Santa Cruz do Sul, enfocando o controle social. Conforme o X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009 525 Ministério da Saúde (2000), a ESF tem como objetivo reorganizar a prática assistencial, passando a enforcar a família e seu ambiente físico e social. Essa estratégia pode ser entendida como “um modelo de atenção que pressupõe o reconhecimento de saúde como um direito de cidadania, expresso na melhoria das condições de vida “.No tocante aos serviços de saúde, essa melhoria deve ser traduzida em serviços mais resolutivos, integrais e principalmente humanizados, indo ao encontro das perspectivas desta pesquisa e, justificando assim, a relevância desse estudo, uma vez que os resultados desta pesquisa foram apresentados aos respectivos serviços e gestores, podendo ser utilizados como ferramentas na busca de melhorias na atenção à saúde da comunidade. Metodologia A pesquisa foi fundamentada por princípios éticos de acordo com a Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde (CNS) sobre Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas envolvendo Seres Humanos e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), sob o protocolo Nº 3755/07.0. Como instrumentos de coleta de dados foram utilizados entrevistas com duzentos e sessenta e cinco (265) usuários cadastrados nas nove ESF do município, sendo as mesmas analisadas à luz do método de Análise de Conteúdo. A pesquisa seguiu uma trajetória qualitativa, a partir das diretrizes traçadas para o estudo, as categorias de análise foram construídas e complementadas a partir do contato com a realidade empírica. Resultados e Discussão Ao serem questionados sobre sua participação nas decisões da ESF, cento e dezesseis entrevistados, ou seja, 43,77 % da comunidade nunca participaram e nem ouviram falar sobre essa possibilidade de participação. Os mesmos relataram que não se envolvem muito e por este motivo não sabem prestar maiores informações sobre essa questaõ e acrescentam que “ a comunidade não é muito unida “. Setenta usuários que corresponde a 26,41% dos entrevistados afirmaram participar e opinar em reuniões que acontecem em igrejas, bairro, grupos e escolas, e acrescentam que a integração da comunidade ocorre no Centro de Tradições Gaúchas - CTG, através de festas da comunidade organizadas pelas agentes comunitárias de saúde –ACS. Já alguns dos entrevistados não sabem dizer como essa integração ocorre. Sessenta e cinco usuários - 24,52% - referiram que não participam destas X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009 526 atividades. Alguns se referiram ao posto como “ um lugar fechado e sem abertura” para a participação da comunidade: outros afirmaram não participar por questões pessoais. Outros se prontificam a participar afirmando que “se for preciso à gente ajuda”. Dos que participam por meio de reuniões e encontros, alguns citam que os horários de atendimento do posto foram alterados por sugestão da comunidade e outros disseram que a equipe de saúde os convida, complementando que as ACS realizam esse convite “ por meio de papéis”. Após a analise dos dados é possível afirmar que a maioria dos usuários não participa da tomada de decisões da equipe de estratégia de saúde da família por diferentes fatores. Esse resultado vem ao encontro do referido por Borges (2007), que descreve a participação popular como uma prática social complexa, interligada a realidade destas famílias, compondo a co – responsabilidade das ações que acontecem nestes territórios. Os dizeres de Teixeira (2004) relatam a dificuldade de participação da comunidade em função da falta de tradição do povo em movimentos sociais e no exercício da cidadania. Conclusão Diante destes dados, observa-se importância da busca de meios efetivos para o processo de construção e manutenção do controle social na Estratégia de saúde da família, que se estabelece com a participação ativa de diversos atores da sociedade, neste caso os usuários, revelando um desafio para a prática diária da gestão em saúde nestas unidades. Estes são dados norteadores, que não encerram a veracidade sobre essa realidade, remetem-nos ao aprofundamento sobre o processo de trabalho na estratégia de saúde da família, bem como sobre o exercício do controle social dos usuários da ESF em Santa Cruz do Sul/RS. Referências BORGES, C.C. O Construcionismo Social no Contesto da Estratégia de Saúde da Família: articulando saberes e praticas.2007. Tese ( Doutorado em Saúde Pública) – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto,2007. TEIXEIRA, S. A. Avaliação dos Usuários sobre o Programa de Saúde da Família em Vitória da Conquista – Bahia – Brasil. Experiências e desafios da atenção básica e saúde familiar: caso Brasil. Afra Suassuna Fernandes/Juan A. Seclen-Palacin (orgs.). Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2004. X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009