Química Orgânica I Formas de representação de moléculas orgânicas e interações intermoleculares Aula 3 Profa. Alceni Augusta Werle Profa Tânia Márcia Sacramento Melo 2- Formas de representação de moléculas orgânicas Fórmula química • Maneira que os químicos possuem de representar a constituição das moléculas. 2.1 - Fórmula empírica • Indica o tipo de átomos que formam uma molécula e a proporção em que se encontram. Ex.: CH2 CH3 C6H12O6 2 2.2 - Fórmula molecular • Indica o tipo e a quantidade de átomos que formam uma molécula. (Não indica a maneira pela qual os átomos estão ligados, nem a disposição desses no espaço.) Ex.: C2H4 C2H6 CH2O 2.3 - Fórmula estrutural • Fornece a ordem de ligação (conectividade) dos átomos. • Existem várias maneiras de representar as fórmulas estruturais de compostos orgânicos. Ex.: Para um composto com fórmula molecular C3H8 3 H H H H C C C H H3CCH2CH3 H H H Fórmula de traços Fórmula condensada Fórmula de linhas • Considerando a fórmula molecular C4H10O, têm-se as seguintes possibilidades de fórmula estrutural: H H H H H C C C C H H H OH H H3CCH2CH(OH)CH3 OH 4 • Compostos cíclicos (fórmula de traços e fórmula de linhas) CH2 CH2 Cl CH CH CH3 Cl 2.4 - Fórmulas tridimensionais • Fornece informação sobre como os átomos de uma molécula estão arranjados no espaço. 5 6 Isômeros: a importância das fórmulas estruturais Isômeros: compostos diferentes que têm a mesma fórmula molecular. Exemplo: Dois compostos isoméricos com fórmula molecular C2H6O Temperatura de ebulição em °C Temperatura de fusão °C Reação com Na0 C2H6O C2H6O 78.5 –24.9 –117.3 –138 Libera H2 Não reage 7 Dois compostos diferentes na conectividade de seus átomos H H H C C H H H O H H C H Álcool etílico H O C H H Éter dimetílico São isômeros constitucionais 8 Isômeros constitucionais • Têm a mesma fórmula molecular, mas diferentes conectividades dos átomos (diferentes fórmulas estruturais). Para o composto de fórmula molecular identificamos os seguintes compostos: C4H8O, OH OH O O O O OH O O 9 3- Polaridade das ligações covalentes e das moléculas Tipos de ligação covalente: 3.1 – Ligação covalente APOLAR • Ocorre entre átomos que eletronegatividade iguais. apresentam valores de 10 3.2 – Ligação covalente POLAR • Ocorre entre átomos de eletronegatividades diferentes. • Quanto mais eletronegativo for o átomo mais fortemente ele atrairá os elétrons. Dipolo gerando um momento dipolo (µ) Extremidade positiva Extremidade negativa 11 3.2.1 - Momento de dipolo da ligação • Uma ligação polar possui uma extremidade positiva e uma negativa. •A magnitude dessa polarização é denominada de momento dipolar ou momento de dipolo (µ), dado pela seguinte fórmula: Momento de dipolo (D) = µ = e x d (µ em Debye) (e): magnitude da carga no átomo, em Coulomb (d): distância entre os polos, em metro µ= momento de dipolo ( a unidade mais usada é Debye, e seu valor no SI é de 3,33564 x 10-30 C/m) 12 13 3.2.2 – Momento de dipolo da molécula • Moléculas poliatômicas - o momento de dipolo será a resultante da soma vetorial dos momentos de dipolo de todas as ligações. • Moléculas POLARES ( µ ≠ 0 ) - Átomos de eletronegatividades diferentes, cujos momentos de dipolo NÃO se anulam. 14 • Moléculas APOLARES ( µ = 0 ) - Átomos de mesma eletronegatividade. - Átomos de eletronegatividades diferentes, cujos momentos de dipolo se anulam GEOMETRIA da molécula. Mapa de potencial eletrostático Vermelho < alaranjado < amarelo < verde < azul Mais negativo Mais positivo 15 Éter dimetílico • Existem moléculas formadas por ligações polares, mas que são apolares (possuem μ = 0). Fórmula µ(D) Fórmula µ(D) H2 0 CH4 O Cl2 0 CH3Cl 1,87 HF 1,91 CH2Cl2 1,55 HCl 1,08 CHCl3 1,02 HBr 0,42 CCl4 0 HI 0,42 NH3 1,47 BF3 0 NF3 0,24 CO2 0 H2O 1,85 Observar geometria das moléculas 16 4- Propriedades físicas e forças intermoleculares O conhecimento das propriedades físicas como temperatura de ebulição, temperatura de fusão, e solubilidade em determinados solventes, são de suma importância. Todas essas propriedades dependem diretamente de forças intermoleculares tais como: interação dipolo-dipolo permanente e dispersões de London (forças de Van der Waals). Essas forças são indiscutivelmente comparadas às ligações covalentes. mais fracas 17 Tipos de forças intermoleculares: - Íon-íon - Íon-dipolo - Dipolo-dipolo permanente - Ligação de hidrogênio - Dispersão de London (forças de Van der Waals) 18 4.1 - Força íon-íon • Mantém os íons unidos no estado cristalino. • São forças eletrostáticas de rede fortes. • É necessário grande energia térmica para separar os íons. fusão 19 4.2 - Força íon-dipolo • Atração entre íons e moléculas polares. • Presentes em solução contendo íon e solvente polar prótico (água e álcoois). Exs.: Solução aquosa de NaCl e acetato de sódio. 20 4.3 - Força dipolo-dipolo Moléculas POLARES (μ ≠ 0) ↓ Distribuição não-uniforme dos elétrons na molécula. Orientação das extremidades atrativas 21 4.4 - Ligação de hidrogênio • As ligações de hidrogênio aparecem em muitos sistemas químicos e biológicos e exercem neles uma grande influência estrutural. Devido a isso seu estudo passou a ser muito importante no entendimento e racionalização da pesquisa dentro desses sistemas. • Uma definição é dada por Desiraju, que diz que uma ligação de hidrogênio, X-H....A é uma interação onde um átomo de hidrogênio é atraído por dois átomos, X e A, e que o átomo de hidrogênio atua como ponte entre esses dois. • Outra definição: Uma interação X-H.....A é chamada de ligação de hidrogênio: i) se isso constitui uma ligação local; e ii) se X-H atua como próton doador para A. 22 Ligação de Hidrogênio: energias x força 23 • A ligação de hidrogênio é representada por uma linha pontilhada, e sua força tem intensidade da ordem de 4 a 40 kJ/mol, como pode ser observado nos exemplos a seguir: Os éteres, apesar de possuírem átomo de oxigênio, não têm hidrogênios ligados covalentemente ligados a ele, portanto, duas moléculas de éteres não são capazes de unir através de ligação de hidrogênio, como ocorre nos álcoois. 24 • Dois tipos de ligação de hidrogênio: – Intramolecular (ocorre na mesma molécula); – Intermolecular (ocorre entre duas moléculas). • Intramolecular com formação de anéis de 5 ou 6 membros. O– O N+ H O– O N+ O peb: 279oC pf: 113oC peb: 214oC pf: 45oC OH O HO O H 2,3-pentanodiol peb:188oC H OH 1,5-pentanodiol peb:238oC 25 4.5-Dispersão de London Moléculas APOLARES (µ = 0) ↓ Movimento de elétrons ↓ Dipolo TEMPORÁRIO Dipolos INDUZIDOS (atrativos) nas moléculas vizinhas 26 Influência da superfície na dispersão de London • A dispersão de London (força de Van der Waals) atua somente a distâncias muito pequenas. Ela será maior quanto maior for a área de contato entre as moléculas. • Para alcanos de mesmo nº de átomos de carbono, a temperatura de ebulição diminui com o aumento da ramificação da cadeia. Ex.: 36oC 28 oC 9,5 o 27 Interações intermoleculares: propriedades físicas Composto Massa molar Pe. (ºC) 58 0 Força intermolecular predominante Van der Waals H3COCH2CH3 60 8 Dipolo-dipolo H3CCOCH3 58 54 Dipolo-dipolo H3CCH2CH2CH2OH 60 98 Ligação de hidrogênio 60 118 Ligação de hidrogênio H3CCH2CH2CH3 H3CCO2H 28 4.6 - Solubilidade • Depende da interação entre as moléculas do solvente e do soluto. Solúvel em H2O H H O OH ligação de hidrogênio Insolúvel em H2O No processo de dissolver, as moléculas ou íons devem ser separados uns dos outros, e energia deve ser fornecida para ambas as mudanças. A energia requerida para romper o retículo cristalino ou atrações intermoleculares ou interiônicas vem da formação de novas forças atrativas entre o soluto e o solvente. OH parte hidrofílica parte hidrofóbica •Hidrofóbico: quer dizer incompatível com a água (hidro = água e fóbico = fobia); • Hidrofílico: quer dizer compatível como a água (fílico = busca). 29